Assis Valente

JOSÉ DE ASSIS VALENTE
(46 anos)
Compositor

* Santo Amaro, BA (19/03/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/03/1958)

Assis Valente foi um compositor brasileiro conhecido por compor diversos sucessos para Carmem Miranda, além da canção "Brasil Pandeiro", que foi recusada por ela, mas tornou-se um imenso sucesso com os Anjos do Inferno e principalmente os Novos Baianos.

Era filho de José de Assis Valente e Maria Esteves Valente. Segundo relatava, foi criado por uma família que o tirou dos pais. Viveu em Santo Amaro, passou dificuldades desde criança. Tratado como empregado, mudou-se para a capital baiana onde estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e se especializou em próteses dentárias, área profissional que atuou até o fim da vida. 

Aos dez anos de idade revelava-se admirador de grandes poetas, como Castro Alves e Guerra Junqueiro, cujos versos declamava, encantando aos que ouviam.

Em 1927 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se empregou como protético e conseguiu publicar alguns desenhos. Na década de 30 compôs seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres.

Muitas de suas composições alcançaram o sucesso, nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho e muitos outros. Sua admiração por Carmem Miranda o fez até procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora, o que não procedia. A paixão não impediu que, para ela, compusesse várias canções, sempre presentes em seus discos.

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1942 nasceu sua única filha, Nara Nadyli, e separou-se da esposa.


O Suicídio

Em 13 de maio de 1941 tentou suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado. Na queda, bateu na copa de uma árvore, frondosa o suficiente para amortecê-lo e livrá-lo da morte. Ele teve que administrar o próprio chabu, que rendeu-lhe não mais que umas costelas quebradas. Foi um caso único no até então 100% fatal cartão postal do Rio de Janeiro. Não bastasse ser uma figura conhecida na cena carioca de sua época, ganhou as páginas dos jornais no dia seguinte como o único sujeito a escapar da morte pulando do famoso morro. Viveu mais algum tempo, o suficiente para legar à humanidade mais algumas dezenas de obras-primas.

Em outra ocasião, graças a uma dívida cobrada por Elvira Pagã, que lhe cantou alguns sucessos, junto com a irmã, tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos, igualmente fracassada.

Outra vez desesperado com as dívidas, Assis Valente foi ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só conseguiu um calmante. Telefonou aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão.

Ao pôr do sol na Praia do Russel, sentando-se num banco de rua, ingeriu um guaraná batizado com formicida, e lá ficou se contorcendo sob o efeito do veneno, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueis em atraso. Morreu às 18:00 hs. No bilhete, o último verso:

"Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo."

Carmem Miranda e Assis Valente
Composição e Poética

Seu trabalho foi um dos mais profícuos da música, constando que chegava a compor quase uma canção por dia, muitas delas vendidas a baixos preços para outros, que então figuravam como autores.

Seu primeiro sucesso, ainda de 1932, foi "Tem Francesa no Morro", cantando por Aracy Cortes.

Foi autor, também, de peças para o Teatro de Revista, como "Rei Momo na Guerra", de 1943, em parceria com Freire Júnior.

Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente redescoberto nos anos 1960, nas vozes de grandes intérpretes da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, e vários outros.

Suas canções foram muitas vezes regravadas, mesmo depois de sua morte, atingindo sucessivas gerações, no Brasil. Suas composições trazem um conteúdo poético, que buscam emocionar, algumas com um teor mais reflexivo. Alguns exemplos:

Já faz tempo que eu pedi
mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu
ou então felicidade
É brinquedo que não tem.
(de: "Boas Festas")

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar.
(de: "Brasil Pandeiro")


Discografia e Homenagens

  • 1956 - Marlene Apresenta Sucessos de Assis Valente (Marlene)
  • 1970 - Assis Valente - RCA Victor / Abril Cultural
  • 1977 - Assis Valente - Abril Cultural
  • 1977 - A Rede Globo dedicou-lhe todo um programa da série "Brasil Especial"
  • 1980 - A Rede Globo usou um título de uma composição sua para nominar um programa: "Brasil Pandeiro"
  • 1989 - Assis Valente - Funart
  • 1999 - Assis Valente Com Dendê - Sons da Bahia (Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia)
  • 2004 - "Brasil Pandeiro - Assis Valente" (Coleção "Canta um Conto")

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

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