Yolanda Penteado

YOLANDA DE ATALIBA NOGUEIRA PENTEADO
(80 anos)
Fazendeira e Mecenas 

* Leme, SP (06/01/1903)
+ Stanford, Estados Unidos (14/08/1983)

Yolanda de Ataliba Nogueira Penteado era membro de umas das famílias mais tradicionais da aristocracia brasileira, filha de Juvenal Leite Penteado e de Guiomar de Ataliba Nogueira, descendendo por seu pai de João Corrêa Penteado e Izabel Paes de Barros.

Nasceu na riquíssima Fazenda Empyreo, no município de Leme, São Paulo, sendo fazendeira sensível aos rumos da produção rural no Brasil, e amante e incentivadora das artes, mulher pioneira e grande colecionadora. Também costumava frequentar a famosa casa do senador José de Freitas Valle, o senhor da Villa Kyrial, no bairro de Vila Mariana em São Paulo, o salão cultural mais importante da capital paulista, no início do século XX, sendo um dos idealizadores da Semana da Arte Moderna, em 1922, onde abrigou grandes nomes da arte, como Lasar Segall, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Sarah Bernhardt e tantos outros.

Sobrinha de Olívia Guedes Penteado, "Baronesa do Café" e também grande patronesse das artes de São Paulo, na década de 1920, teve um rápido relacionamento afetivo com o aviador e patrono da Aeronáutica Alberto Santos Dumont no fim de sua adolescência. Aos 16 anos conhece Assis Chateaubriand, um jovem jornalista de 27 anos, com quem estabelece uma amizade duradoura e que abusada, mas carinhosamente, a chamava de a "caipirinha de Leme", justo a ela, uma aristocrata refinada.

Yolanda Penteado e Ciccillo exibem óleo de G. De Chirico - (Banco de Dados: Folhapress)
Em 1921 casou-se com com Jayme da Silva Telles, amigo de sua família, de quem se desquitou após 13 anos, causando polêmica em São Paulo, e, em 1943, casou-se no México (ou "mexicou", como se dizia na ocasião, pois não era uma união válida no Brasil), com o ítalo-brasileiro Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo, uma pessoa muito rica e influente na época.

Não tiveram filhos, pois Yolanda Penteado tinha "útero infantil", e jamais poderia engravidar. Era extremamente ligada aos sobrinhos, especialmente à sobrinha Marilu Pujol Penteado Novaes, filha de Juvenal Penteado e Odila Pujol Penteado, que se casou com Otávio Novaes, filho da renomada pianista Guiomar Novaes. Marilu faleceu em desastre automobilístico aos 27 anos, exatamente quando se dirigia à Fazenda Empyreo

O casamento com Ciccillo Matarazzo, em 1947, dá início a seu envolvimento com as artes plásticas, gosto que compartilha com Assis Chateaubriand, que nesse ano inaugura o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em área na sede de seus Diários Associados.

Yolanda Penteado testando um invento de seu amigo Santos Dumont
Numa temporada em Davos, na Suíça, para recuperação da saúde de seu marido, ele e Yolanda Penteado conhecem o pintor Alberto Magnelli, que os assessora na aquisição da coleção de arte que iria formar o acervo inicial do Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado pelo casal em 1948. Na Itália adquirem o "Auto-Retrato", de Modigliani, e "O Cavalo", de Marino Marini.  

Inspirada nos moldes da Bienal de Veneza, a 1ª Bienal Internacional de São Paulo foi inaugurada em 20 de outubro de 1951, organizada por Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, com 1.800 obras e 21 países e, na 2ª Bienal, em dezembro de 1953, trouxeram de Nova York, onde estava guardada esperando o fim da ditadura de Franco para seu retorno a Espanha, a obra "Guernica", de Pablo Picasso, como presente à cidade de São Paulo, nos seus 400 anos, comemorados em 25 de janeiro de 1954.

Teve importante papel no estabelecimento do Museu de Arte Moderna de São Paulo e das Bienais, inclusive doando sua coleção particular e generosos recursos ao Museu de Arte Contemporânea da USP e colaborou com Assis Chateaubriand no Museu de Arte de São Paulo e na implantação dos Museus Regionais (Olinda, Campina Grande e Feira de Santana).

Médici abraçando Yolanda Penteado, em 1971 (Fonte: Estadão)
Yolanda Penteado ajudou na organização da 5ª Bienal, em 1959, com destaque para 30 telas de Vincent van Gogh. Em 1961, desligou-se da bienal e se separou de Ciccillo Matarazzo, com quem viveu por 14 anos.

Em 1962 a Bienal Internacional de São Paulo se dissocia do MAM/SP, com a criação da Fundação Bienal, e o patrimônio do museu foi transferido para a Universidade de São Paulo, dando origem ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP).

Em 1975 Yolanda Penteado escreveu sua biografia, intitulada "Tudo Em Cor-de-Rosa", com prefácio de Sérgio Buarque de Holanda.

Não foram poucas as marcas profundas deixadas por Yolanda Penteado, assim como abundam os episódios com personalidades e mesmo de sua vida pessoal, tal como a separação de Ciccillo Matarazzo ou a venda da Fazenda Empyreo, ao senador Pedro Piva, e a tristeza da área que restou dela, cortada pela rodovia.

A lendária Fazenda Empyreo, hoje propriedade da família Piva, no município de Leme, interior de São Paulo, tinha escritura em nome de Yolanda Penteado. Não era de marido nenhum, era dela.

Yolanda Penteado morreu vítima de câncer em 1983.


Minissérie é Inspirada em Yolanda Penteado

A minissérie "Um Só Coração", de Maria Adelaide Amaral, conta a história de São Paulo por meio de Yolanda Penteado. O papel de Yolanda Penteado foi de Ana Paula Arósio. Já o papel de Guiomarita, irmã de Yolanda Penteado, foi da estreante Gabriela Hess, de 28 anos, descendente direta de Yolanda Penteado. Guiomarita era sua bisavó na vida real.