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Cezar Zama

ARISTIDES CEZAR SPÍNOLA ZAMA
(68 anos)
Médico, Político, Escritor e Historiador

* Caetité, BA (19/11/1837)
+ Salvador, BA (20/10/1906)

A rica família Spinola, no município de Caetité, veio a legar diversos expoentes para o Brasil, como Anísio Teixeira, Aristides Spínola, dentre outros. Tendo Rita de Sousa Spínola Soriano se casado em segundas núpcias com o médico italiano Aristide Cesare Zama, natural da cidade de Faenza, região norte da Itália (que teria vindo para o Brasil junto ao colega Libero Badarò), teve com este um único filho: Aristides Cezar Spínola Zama.

Iracundo e galanteador, o médico Aristide Cesare Zama veio logo a granjear inimigos. Mas foi um seu escravo de nome Antônio que, após um castigo, apoderou-se da arma do senhor e, quando este atendia um chamado, assassinou-o. Era o ano de 1840 e tinha Cezar Zama dois anos de idade. Pelo crime foi acusado um carpinteiro, de nome Fiúza, que faleceu em face das torturas recebidas no cárcere. Descoberto o verdadeiro autor, este foi enforcado pelo crime - mas já a revolta havia se instalado na cidade, e foi destruída não somente a forca, mas ainda o pelourinho.

Mudou-se Rita de Sousa com os filhos dos dois casamentos para as Lavras Diamantinas (Lençóis, BA), e Cezar Zama foi enviado para estudar em Salvador.

A Guerra do Paraguai

Cursando o quarto ano da Faculdade de Medicina da Bahia, serviu Cezar Zama nos hospitais de sangue da Guerra do Paraguai, onde encetou a campanha para que também os quartanistas gozassem da promessa de receber o diploma, depois do serviço militar voluntário, tal como havia prometido o Imperador aos quintanistas. Foi sua primeira vitória.

Lutas Políticas - O Verbo Inflamado de Cezar Zama

Cezar Zama tornou-se um dos deputados mais atuantes no Império. Cerrou fileiras entre os abolicionistas e republicanos, em célebres debates que acendiam os ânimos, e demonstravam sua presença de espírito.

Desafiado pelo deputado escravocrata mineiro Valadares, que repudiava seus argumentos em prol da abolição, dizendo-lhe: "Vossa Excelência é médico, então fala com a jurisprudência da medicina", Cezar Zama respondeu:

"Não. Falo com a jurisprudência do Cristo, que pregava serem todos os homens iguais, e como quem tem no escravo um seu semelhante."

Proclamada a República, e atuando despoticamente o marechal Floriano Peixoto, Cezar Zama por diversas vezes o confronta. Torna-se, por conta disto, ferrenho adversário de Ruy Barbosa, a quem denuncia como o grande responsável por crimes contra a nação e povo brasileiro, a exemplo do encilhamento, do voto censitário e da Guerra de Canudos.

Passou a frequentar o Congresso fardado, pois conquistou a patente de coronel, e assim confrontar aquele que passou à História do Brasil como o "General de Ferro".

A inimizade de Ruy Barbosa valeu-lhe bem mais que o discurso "O Jogador", ou a "Resposta a Cezar Zama", bem como a referência irônica de Machado de Assis, solidário a Ruy Barbosa. Este transformou a eleição para o Senado, a que concorria, e de Cezar Zama para a Câmara, em verdadeiro plebiscito, forçando a Bahia a optar entre os dois. Venceu aquele que veio a se tornar o grande nome do Direito no Brasil.

Antes disto, em 1894, Cezar Zama fez o povo de Salvador cercar a residência do governador José Gonçalves da Silva, nomeado pela ditadura que se instalou com a República, pois este emprestara seu apoio ao fechamento do Congresso. Após verdadeira batalha, José Gonçalves da Silva renunciou, e a ditadura aumentou.

Carreira Literária

Afastado de seu mandato, dedicou-se o tribuno à pena. Escreveu em jornais da Bahia e do Rio de Janeiro, quer para lecionar o latim, quer para expressar suas denúncias.

Foi assim que, já sem mandato, publicou o volume "Libelo Republicano" acompanhado de comentários sobre a campanha de Canudos o primeiro livro no Brasil a denunciar o massacre da Guerra de Canudos como "o requinte da perversidade humana", uma guerra onde a instituição criada para defender o povo brasileiro era enviada para assassinar este mesmo povo - como descreveu. Publicado em 1899, menos de um ano após o término das batalhas contra Antônio Conselheiro, ali também reuniu escritos contra os desmandos que Ruy Barbosa capitaneava à frente da economia, além de outros desvios que então se praticavam.

Mas foi como historiador que Cezar Zama teve maior reconhecimento. Desta sua faceta, declarou Pedro Celestino da Silva, que tinha "intuição do passado". Suas principais obras foram:

  • Os Três Grandes Oradores da Antiguidade
  • Os Três Grandes Capitães da Antiguidade

Citações

Algumas frases de Cezar Zama:

"Loucos sempre existiram e existirão: como tal sou qualificado pelos adversários… Felizmente já estou velho e não tardará que encontre no túmulo o esquecimento dos vivos…"
"Bella matribus detestada! Flagelo horrível da humanidade, que a civilização moderna ainda não conseguiu extirpar, maldita guerra! Que chega até a inverter a ordem e as leis da natureza!"
"Quem, como nós, porém, escreve, não uma apologia, mas a história real de um homem, é obrigado a dizer aquilo que em sua convicção é a verdade, luz sempiterna e divina, que todos devem procurar ver."
"Acatamos as leis do país, e ainda mais as leis morais, que, por não serem escritas, não absolvem todavia os seus transgressores da reprovação geral. Se nos submetemos aos abusos, que diariamente se multiplicam entre nós, é porque não temos meios e recursos para reagir contra os seus autores; nunca, porém, abdicaremos o último dos direitos dos vencidos – o de protestar com energia contra os demolidores da pátria e da república."
"Deus fez-nos racional e pensante; exercemos um direito inerente à nossa natureza. Só os vermes toleram ser calcados aos pés sem protestarem."

Homenagens

Cezar Zama é nome de rua em Salvador. No Rio de Janeiro, uma avenida relembra sua figura e uma rua em sua homenagem, no bairro de Lins de Vasconcelos onde se encontra o Hospital Naval Marcílio Dias. Contrastando com o imponente Fórum Ruy Barbosa de Salvador, o maior fórum da Bahia fora da capital, na sua terra natal Caetité, tem o nome de Cezar Zama.

Fonte: Wikipédia

Barão de Marajó


JOSÉ COELHO DA GAMA E ABREU
(74 anos)
Político e Historiador

* Belém, PA (12/04/1832)
+ Lisboa, Portugal (25/11/1906)

José Coelho da Gama e Abreu, o Barão de Marajó foi um político, historiador brasileiro e membro da Academia das Ciências de Lisboa.

Filho de um oficial da marinha portuguesa, sua família sofreu muito por causa dos acontecimentos políticos de 1831 a 1835 no Brasil, fazendo com que se refugiassem em Portugal quando ele tinha cinco anos.

Em Lisboa passou sua infância, estudou e fez o curso secundário. Quando completou catorze anos adoeceu e retornou ao Pará. Recuperou a saúde aos dezessete anos e fez nova viagem a Portugal, formou-se em filosofia pela Universidade de Coimbra e também em matemática.

Retornou ao Pará em 1855, tendo lecionado matemática no Liceu Paraense, sido diretor das obras públicas da província do Pará, quanto foi responsável por obras como o Bosque Rodrigues Alves e o Palácio Antônio Lemos.

Foi deputado, presidente da província do Amazonas, de 25 de novembro de 1867 a 9 de fevereiro de 1868 e, depois, presidente da província do Pará de 1879 a 29 de março de 1881, intendente de Belém, hoje prefeito. Devido aos bons serviços prestados a nação recebeu o título de Barão do Marajó.

Escreveu "Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bósphoro e Danúbio". "Apontamentos de Viagem", 1874-1876, editado em Lisboa em três tomos de 291, 273 e 284 páginas; "A Amazônia, As Províncias do Pará e Amazonas e o Governo Central do Brazil", Lisboa, 1883, 125p.; "Um Protesto. Respostas às Pretenções da França a Uma Parte do Amazonas, Manifestadas Pelo Mr. Delande", Liboa, 1884, 45p.; 

Fonte: Wikipédia