Francisco Matarazzo Júnior

FRANCISCO MATARAZZO JÚNIOR
(77  anos)
Empresário

☼ São Paulo, SP (1900)
┼ São Paulo, SP (27/03/1977)

Francisco Matarazzo Júnior, também conhecido como Conde Chiquinho, foi um empresário brasileiro que dirigiu durante quatro décadas, desde 1937, com o falecimento do fundador, seu pai Francesco Matarazzo, até sua morte, as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, durante muito tempo o maior complexo industrial da América Latina.

Penúltimo dos treze filhos do fundador do complexo industrial, foi escolhido pelo pai para sucedê-lo no comando do grupo após a morte do filho anteriormente escolhido, Ermelino Matarazzo. A escolha gerou conflitos familiares.

Francisco Matarazzo Júnior protagonizou grandes desavenças com Assis Chateaubriand, como na questão da desocupação do prédio para a construção do Edifício Matarazzo, hoje sede da prefeitura paulistana.

Francisco Matarazzo Júnior teve cinco filhos e escolheu como sucessora a caçula, Maria Pia Esmeralda Matarazzo. A escolha também desagradou os outros herdeiros, gerando inclusive disputas judiciais.

Fonte: Wikipédia

Lina Bo Bardi

ACHILLINA BO BARDI
(77 anos)
Arquiteta

☼ Roma, Itália (05/12/1914)
┼ São Paulo, SP (20/03/1992)

Achillina Bo Bardi, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira. Foi casada com o crítico de arte Pietro Maria Bardi e é conhecida por ter projetado o Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Lina Bo estudou na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma durante a década de 30 mas mudou-se para Milão, onde trabalhou para Giò Ponti, dono de uma casa chamada Domus. Ganhou certa notoriedade e estabeleceu escritório próprio, mas durante a II Guerra Mundial enfrentou um período de poucos serviços, chegando a ter o escritório bombardeado em 1943.

Conheceu o profissional e arquiteto Bruno Zevi, com quem fundou a revista semanal A Cultura Della Vita. Neste período Lina Bo ingressou no Partido Comunista Italiano e participou da resistência à invasão alemã em 1943.

Casou-se com o jornalista Pietro Maria Bardi em 1946 e neste ano, em parte devido aos traumas da guerra e à sensação de destruição, partiu para o Brasil, país que a acolheu como lar e onde passou o resto de sua vida. Em 1951 naturalizou-se brasileira.

No Brasil, Lina Bo encontrou uma nova potência para suas idéias. Existia, para a arquiteta, uma possibilidade de concretização das idéias propostas pela arquitetura moderna, da qual Lina Bo inseriu-se diretamente, num país com uma cultura recente, em formação, diferente do pensamento europeu.


Ao chegar no Brasil, Lina Bo desejou morar no Rio de Janeiro. Encantou-se com a natureza da cidade e o edifício moderno do Ministério da Educação e Saúde Pública, Edifício Gustavo Capanema, projetado por uma equipe de jovens arquitetos liderados por Lúcio Costa que tiveram consultoria de Le Corbusier. Instala-se porém em São Paulo, projetando e construindo, mais tarde, uma casa no bairro do Morumbi, a Casa de Vidro.

No Brasil, Lina Bo desenvolveu uma imensa admiração pela cultura popular, sendo esta uma das principais influências de seu trabalho. Iniciou então uma coleção de arte popular e sua produção adquiriu sempre uma dimensão de diálogo entre o Moderno e o Popular. Lina Bo falava em um espaço a ser construído pelas próprias pessoas, um espaço inacabado que seria preenchido pelo uso popular cotidiano.

Os Bardi tornam-se personagens constantes na vida intelectual do país, relacionando-se com personalidades diversas da cultura brasileira. Tendo conhecido Assis Chateaubriand neste período, Lina Bo aceita o pedido do projeto da sede um museu sugerido pelo jornalista.

No final dos anos 50, aceitando um convite de Diógenes Rebouças, vai para Salvador proferir uma série de palestras. É o início de uma temporada na Bahia, onde dirigiu o Museu de Arte Moderna e fez o projeto de recuperação do Solar do Unhão. Dona Lina, como os baianos a chamavam, permaneceu em Salvador até 1964.

No final da década de 70 executou uma das obras mais paradigmáticas, o SESC Pompéia, que se tornou uma forte referência para a história da arquitetura na segunda metade do século XX.

Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi, 1951
Esteve em Salvador ainda na década de 80, período de redemocratização do país, quando elaborou projetos de restauração no centro histórico de Salvador, reconhecido pela United Nations Educational, Scientific And Cultural Organization (UNESCO) como Patrimônio da Humanidade. Nesta ocasião os projetos para a Casa do Benin e do Restaurante na Ladeira da Misericórdia contaram com a parceria do arquiteto João Filgueiras Lima.

Lina Bo manteve intensa produção cultural até o fim da vida, em 20/03/1992. Faleceu realizando o antigo sonho de morrer trabalhando, deixando inacabado o projeto de reforma da Prefeitura de São Paulo.

"Eu tenho projetado algumas casas, mas só para pessoas que eu conheço. Tenho horror em projetar casas para madames, onde entra aquela conversa insípida em torno da discussão de como vai ser a piscina, as cortinas (...) Gostaria muito de fazer casas populares."
(Lina Bo Bardi)

A frase mostra o estilo pessoal de Lina Bo e o seu horror à futilidade. Seus projetos, como a Casa Valéria Cirell e o SESC Pompéia, refletem essa marcante característica. Completamente antifeminista, afirmava:

"Como ser feminista? As feministas tem voz de galinha e falta de conteúdo!"

Principais Obras

Além das obras de arquitetura, Lina Bo produziu para o teatro, cinema, artes plásticas, cenografia, desenho de mobiliário, entre outros. Também participou da curadoria de diversas exposições. No campo da arquitetura, entre suas obras de destaque se encontram:

  • 1951 - Instituto Pietro Maria Bardi, São Paulo (Originalmente a residência do casal, o edifício é conhecido como a Casa de Vidro).
  • 1958 - Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo (Considerada sua obra prima).
  • 1963 - Casa da Cultura de Pernambuco, Recife (Não acompanhou as atividades da reforma do prédio, que abrigava a antiga detenção da cidade).
  • 1976 - Igreja do Espírito Santo do Cerrado, Uberlândia, MG.
  • Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador.
  • 1990 - Teatro Oficina, São Paulo.
  • 1990 - SESC Pompéia - Fábrica.
  • 1992 - Reforma do Palácio das Indústrias, São Paulo (Inconclusa).
  • 1986 - Reforma do Teatro Politeama, Jundiaí (Concluído em 1996).

Fonte: Wikipédia

Pietro Bardi

PIETRO MARIA BARDI
(99 anos)
Jornalista, Ensaísta, Galerista, Marchand, Historiador, Crítico, Colecionador, Expositor e Negociador de Obras de Arte

☼ La Spezia, Itália (21/02/1900)
┼ São Paulo, SP (10/10/1999)

Pietro Maria Bardi foi um jornalista, historiador, crítico, colecionador, expositor e negociador de obras de arte. Pietro Maria Bardi ou simplesmente P.M. Bardi foi, junto com Assis Chateaubriand, o responsável pela criação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), sendo seu diretor por 45 dedicados anos consecutivos.

Filho de Pasquale Bardi e Elisa Viggioni, Pietro era o segundo de quatro irmãos. Diziam que era de poucos amigos e que sua vida escolar foi bastante atribulada. O próprio Pietro Bardi declarou, em inúmeras entrevistas, ter sido reprovado quatro vezes na terceira série do ensino fundamental.

Abandonou a escola ainda novo, desanimado pelo insucesso, e atribuía sua inteligência a um acidente doméstico, após uma queda em que feriu a cabeça, onde a partir daí tomou gosto pela leitura. Lia absolutamente tudo que podia durante sua adolescência, hábito que o acompanhou por toda a vida.

Pietro Bardi ao lado da estátua de Assis Chateaubriand
Jornalismo

Ainda rapaz, Pietro Bardi trabalhou como operário assistente no Arsenale Marittimo e, em seguida, tornou-se aprendiz em um escritório de advocacia. Em 1917 foi convocado para integrar o Exército italiano e partiu de La Spezia para não mais retornar.

É nessa fase que ele iniciou de fato sua carreira jornalística, antes já esboçada em alguns artigos e colaborações a jornais como Gazzetta di Genova e o Indipendente e com a publicação, aos 16 anos, de seu primeiro livro, um ensaio sobre colonialismo.

Instalado em Bérgamo desde a baixa na carreira militar, Pietro Bardi encontrou trabalho no Giornale di Bergamo. Mais tarde, integrou a equipe do Popolo di Bergamo, Secolo, Corriere della Sera, Quadrante, Stile e muitos outros.

Escrever foi sua principal atividade profissional até a morte, a maneira encontrada para manifestar seu estilo polêmico e a crítica baseada no conhecimento profundo e na vivência cotidiana da arte, da política e principalmente da arquitetura.

Arte

Em 1924, Pietro Bardi transferiu-se para Milão e casou-se com Gemma Tortarolo, com quem teve duas filhas, Elisa e Fiorella. Foi em Milão que ele começou uma aventura como marchand e crítico de arte, com a aquisição da Galleria dell'Esame.

Em 1929 tornou-se diretor da Galleria d'Arte di Roma e mudou-se para a capital.

Trazendo uma exposição a Buenos Aires, passou pelo Brasil pela primeira vez em 1933. Foi nessa ocasião que viu a Avenida Paulista, futuro endereço do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Após a Segunda Guerra Mundial, Pietro Bardi conheceu a arquiteta Lina Bo no Studio d'Arte Palma, em Roma, onde ambos trabalhavam. Ele divorciou-se e casou-se com Lina Bo em 1946. No mesmo ano, atiraram-se à aventura da vinda para o Brasil, país com a perspectiva de prosperidade e cenário de uma arquitetura talentosa e promissora, situação oposta à da Europa, que amargava a reconstrução nos anos pós-guerra.

O casal alugou o porão de um navio cargueiro, o Almirante Jaceguay. Partiram de Gênova trazendo uma significativa coleção de obras de arte e peças de artesanato que seriam organizadas numa série de mostras. Transportaram também a enorme biblioteca do marchand. Chegaram ao Rio de Janeiro em 17/10/1946.

Lina Bo e Pietro Bardi
Com as obras trazidas da Itália, Pietro Bardi organizou a Exposição de Pintura Italiana Moderna, em cujos salões conheceu o empresário Assis Chateaubriand, que o convidou para montarem juntos um museu há muito tempo idealizado.

De 1947 a 1996 Pietro Bardi criou e comandou o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Paralelamente, manteve sua atividade de ensaísta, crítico, historiador, pesquisador, galerista e marchand.

Publicou, em 1992, seu 50º e último livro, "História do MASP".

Em 1996, já adoecido, afastou-se do comando do museu.

Fundou, ao lado de Massimo Bontempelli, a revista Quadrante, importante periódico no qual diversos arquitetos modernos italianos, como Giuseppe Terragni, puderam publicar suas obras.

Abatido e com sua saúde debilitada desde a morte de Lina Bo, em março de 1992, morreu em 10/10/1999, tendo cumprido quase um século de vida a provar sua definição de si próprio, em resposta ao parceiro Assis Chateaubriand"Sim, sou um aventureiro".

Fonte: Wikipédia

Salgado Filho

JOAQUIM PEDRO SALGADO FILHO
(62 anos)
Advogado e Político

☼ Porto Alegre, RS (02/07/1888)
┼ São Francisco de Assis, RS (30/07/1950)

Joaquim Pedro Salgado Filho nasceu em Porto Alegre, RS, no dia 02/07/1888 e foi um advogado e político brasileiro. Era filho de Joaquim Pedro Salgado e de Maria Josefa Artayeta Palmeiro.

Advogado, concluiu a Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro em 1908.

Em 1930, deu apoio à candidatura oposicionista de Getúlio Vargas à presidência da República, lançada pela Aliança Liberal. Apesar de derrotado nas urnas, Getúlio Vargas acabou sendo levado ao poder pelo movimento político-militar que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do candidato eleito, Júlio Prestes.

Com a posse do novo governo, em novembro de 1930, Salgado Filho foi nomeado delegado auxiliar de polícia na capital federal. Meses depois, assumiu a chefia da Polícia do Distrito Federal.

Em abril de 1932, foi nomeado ministro do Trabalho, Indústria e Comércio em substituição a Lindolfo Collor, após a crise política que afastou diversos representantes gaúchos do governo federal. Durante sua gestão no ministério, instituiu comissões mistas para julgar conflitos entre empregadores e empregados, promoveu a regulamentação do trabalho feminino e do horário de trabalho na indústria e no comércio, ocupou-se da organização de sindicatos profissionais e instituiu a carteira profissional.


Deixou o ministério em julho de 1934, elegendo-se, a seguir, deputado federal classista, representação prevista na Constituição promulgada naquele ano, como representante dos profissionais liberais.

Em novembro de 1937, apoiou o golpe de Estado promovido por Getúlio Vargas que implantou o Estado Novo.

Em 1938, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar (STM), aposentando-se em janeiro de 1941. Dois dias depois foi designado para dirigir o recém-criado Ministério da Aeronáutica, tornando-se o seu primeiro titular. Desempenhou papel importante nas negociações entre os governos brasileiro e norte-americano que acabaram levando o Brasil a ceder pontos de seu litoral como bases militares dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Durante esse conflito, visitou as bases da Força Aérea Brasileira (FAB), na Itália. Deixou o ministério em outubro de 1945, após a deposição de Getúlio Vargas.

Em 1947, elegeu-se senador pelo Rio Grande do Sul na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), agremiação estruturada sobre as bases sindicais vinculadas ao Ministério do Trabalho. Em 1948, passou a ocupar a vice-presidência nacional do PTB. Na prática, o cargo equivalia à presidência de fato, já que Getúlio Vargas exercia a presidência em caráter honorário.

Nas eleições presidenciais de 1950, exerceu importante papel de ligação entre Getúlio Vargas, novamente candidato, e elementos do Partido Social Democrático (PSD), que acabaram o apoiando. Nesse mesmo pleito foi indicado, pelo PTB, candidato ao governo gaúcho.

Salgado Filho foi um dos criadores do Correio Aéreo Nacional (CAN) e da Escola de Aeronáutica, que resultou na separação da Força Aérea Brasileira do Exército. Estimulou a criação de aeroportos para aviação comercial no Brasil.

Morte

Candidato a governador do Rio Grande do Sul, faleceu em um acidente aéreo, quando o bimotor Lodestar que o levava rumo a um encontro com Getúlio Vargas, na fazenda do ex-presidente em São Borja, se chocou com uma colina, Cerro dos Cortelini, no Rincão dos Dornelles, segundo distrito de São Francisco de Assis.

O piloto do avião era o comandante Gustavo Ernesto de Carvalho Cramer, pioneiro da aviação nacional, sendo fundador da Sociedade Anônima Viação Aérea Gaúcha (SAVAG). O avião foi o primeiro dos três aviões adquiridos da Panair, apelidado de "Cidade de São Pedro do Rio Grande".

Busto de Joaquim Pedro Salgado Filho, no Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, RS.
Homenagens Póstumas

O Aeroporto Internacional Salgado Filho SBPA em Porto Alegre, e o Aeroporto Salgado Filho SDZC em São Carlos, SP, foram assim denominados em sua homenagem.

Além das homenagens supracitadas, são várias as manifestações de apreço ao político gaúcho espalhados pelo Brasil, como por exemplo:

  • O município paranaense de Salgado Filho.
  • O bairro Salgado Filho na cidade de Belo Horizonte, MG, e na cidade de Aracaju, SE.
  • A Escola Municipal Salgado Filho em Belo Horizonte, MG.
  • A Avenida Senador Salgado Filho em Curitiba, PR e em Natal, RN.
  • o Instituto Estadual de Educação Salgado Filho, em São Francisco de Assis, RS.
  • O Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro.
  • Praça Pedro Salgado, localizado na Vila Campesina em Osasco, SP.
  • Praça Ministro Salgado Filho onde se localiza o aeroporto do Recife, PE.
  • Na cidade de Porto Velho, RO, existe uma avenida que leva o seu nome.
  • E várias outras homenagens espalhadas pelo Brasil aqui não mencionadas.


O Documentário

O documentário "Salgado Filho - O Herói Esquecido" foi aplaudidíssimo no Teatro da Poupex, em Brasília, DF, em noite organizada pelo Ministério da Aeronáutica, pelos 70 anos de sua fundação. No dia anterior, foi mostrado no Festival do Rio, também muito elogiado.

O filme, com muitos depoimentos, conta a vida e a trajetória do político gaúcho, advogado, ex-ministro do Trabalho, ex-presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ex-Senador, entre tantas outras coisas. É ele quem dá nome a um hospital municipal no Rio de Janeiro, o Hospital Salgado Filho, no Méier. Se vivo fosse, talvez preferisse não ver seu nome associado a tudo que se passa ali, com todo tipo de negligência.

O documentário é baseado numa biografia assinada por Maisa Salgado, sua nora, depois de 20 anos de pesquisa. O diretor é Ricky Ferreira, casado com Bia Salgado, neta de Salgado Filho.

Fonte: Wikipédia e Fundação Getúlio Vargas CPDOC

Geremia Lunardelli

GEREMIA LUNARDELLI
(76 anos)
Proprietário Rural

☼ Mansuè, Itália (20/08/1885)
┼ São Paulo, SP (09/05/1962)

Geremia Lunardelli foi um proprietário rural ítalo-brasileiro. Recebeu o epíteto de "Rei do Café" por ter chegado a possuir 18 milhões de pés de café espalhados por suas numerosas propriedades nos estados de São Paulo, Paraná e no sul de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul. Também tinha terras em Goiás e no Paraguai.

Pelo papel que teve na agricultura brasileira recebeu em 1933 a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Com exceção da etnia italiana, do nome e da alcunha de "Rei do Café", a trajetória de Geremia Lunardelli não tem nenhuma relação com a da malévola personagem Geremia Berdinazzi, interpretada por Raul Cortez na telenovela "O Rei do Gado" (1996). O autor da telenovela simplesmente deu o nome de Geremia e a etnia italiana à personagem.

Geremia Lunardelli, o quinto e último dos assim chamados "Rei do Café" no Brasil, era natural da província de Treviso, nordeste da Itália. Tinha menos de dois anos de idade quando a sua família, em 1887, desembarcou no Porto de Santos, tendo sido nesta ocasião dirigida para trabalhar em uma fazenda de café no interior de São Paulo.

Na adolescência Geremia Lunardelli foi colono, carroceiro, e depois sitiante. Aprendeu a ler e a escrever por conta própria e, graças ao tino comercial e duro trabalho conseguiu, antes mesmo de completar os 30 anos, a emancipação econômica, quando então era um destacado agricultor e forte comerciante de café em Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto, SP.


Em 1915, mudou-se para Olímpia, SP, adquiriu fazendas de café e aumentou sobremaneira o seu patrimônio, mas enfrentou também sérias dificuldades. A geada intensa em 1918 fê-lo liquidar as suas posições vendidas de café na praça de Santos e obter, com a ajuda de comissárias exportadoras, empréstimos para atravessar os anos de crise. Nessa cidade foi ainda prefeito e presidente da Câmara Municipal.

Em 1922 transferiu a sua residência para São Paulo, capital.

No final dos anos 20, cultivava cerca de 15 milhões de pés de café ocasião em que se tornou conhecido como "Rei do Café". Veio então o Crash de 1929 na Bolsa de New York, os preços do café, assim como o valor das suas propriedades, despencaram. O governo brasileiro proibiu o plantio de café e promoveu uma queima espetacular dos seus estoques - aproximadamente 80 milhões de sacas nos anos subsequentes.

Ao acreditar no café, e sobretudo em si mesmo, e com o apoio financeiro de tradicionais casas exportadoras de Santos e de bancos comerciais em São Paulo, Geremia Lunardelli atravessou incólume mais esta crise, a despeito do desaparecimento de inúmeras fortunas vinculadas ao setor. Nesta época, aproveitou as oportunidades de terras baratas e crédito pessoal para ampliar e consolidar os seus negócios.


Diversificou a produção, em especial na região Noroeste do Estado de São Paulo, onde chegou a manter 10 mil alqueires de invernadas com 30 mil cabeças de gado e 5 mil alqueires de algodão.

A partir dos anos 40 deu inicio a investimentos em outros Estados da Federação. Estendeu as suas atividades para no Norte do Paraná, sendo que em meados dos anos 50 possuía na região 55 mil alqueires de terras, a maior parte revendida depois na forma de colonização.

Abriu também fazendas de café e pecuária em Mato Grosso do Sul, Goiás e até no Paraguai. Em sociedade com o irmão, Ricardo, fundou em Porecatu, PR, a usina de açúcar Central do Paraná, que na gestão de seu sobrinho-neto Ricardo Lunardelli, ampliou sua capacidade construindo a Nova Usina Central Paraná, a maior usina de açúcar do Brasil na época.

Em retribuição aos serviços prestados à nação foi-lhe conferida, entre outras comendas, a Medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul. E, face aos diligentes apelos de Assis Chateaubriand, tornou-se um importante doador de valiosas obras que fazem parte do acervo original do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Geremia Lunardelli morreu em 09/05/1962, em São Paulo, deixando viúva Albina Furlanetto, nove filhos e 36 netos.

Fonte: Wikipédia