Mostrando postagens com marcador 1965. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1965. Mostrar todas as postagens

Gláucio Gil

GLÁUCIO GUIMARÃES GIL
(32 anos)
Ator, Dramaturgo e Apresentador de Televisão

☼ Rio de Janeiro, RJ (18/08/1932)
┼ Rio de Janeiro, RJ (13/08/1965)

Gláucio Guimarães Gil, mais conhecido como Gláucio Gil, foi um ator, dramaturgo e apresentador de televisão nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 01/09/1932.

Gláucio Gil escreveu peças como "Toda Donzela Tem Um Pai Que é Uma Fera", "Procura-se Uma Rosa", que inspirou o filme italiano "Una Rosa Per Tutti", dirigido por Franco Rossi e estrelado por Claudia Cardinale. "Toda Donzela Tem um Pai que é Uma Fera" e o "O Bem Amado", foram dois dos maiores sucessos de Gláucio Gil no Teatro Santa Rosa.

No início da década de 1960, Gláucio Gil, Léo Jusi e Hélio Bloch abriram o Teatro Santa Rosa, assim batizado em homenagem ao artista plástico Tomás Santa Rosa.

Gláucio Gil era considerado pelos atores com quem trabalhou, como um empresário generoso. Ele era desconhecido até mesmo pela maioria dos funcionários do teatro que também leva o seu nome e cujas paredes não possuem sequer uma única foto sua.

Gláucio Gil e Agildo Ribeiro no programa "Show da Noite"
Além de ter sido um dos maiores comediógrafos do país, Gláucio Gil foi o precursor dos talk shows, ao se tornar apresentador do programa "Show da Noite", pela TV Globo e produzido por Domingos de Oliveira.

Léo Jusi, ex-sócio de Gláucio Gil no Teatro Santa Rosa, diretor de teatro e professor universitário aposentado da cadeira de Produção e Direção Teatral, conta que conheceu Gláucio Gil na turma de teatro, ainda nos tempos do Conservatório Nacional de Teatro, no final dos anos 40. A amizade entre os dois foi quase imediata.

Gláucio Gil tinha um humor arguto, uma capacidade de observação incomum.

Em abril de 1961, Léo Jusi, Hélio BlochGláucio Gil, adaptando um espaço antes destinado ao comércio, abriram o Teatro Santa Rosa, assim batizado em homenagem ao artista plástico Thomaz Santa Rosa, falecido em 29/11/1956 em Nova Délhi, Índia.

Joana Fomm e Gláucio Gil
O que pouca gente sabe é que Gláucio Gil e Ziraldo foram relações-públicas da revista "O Cruzeiro", uma publicação com tiragem semanal gigantesca para o seu tempo, mais de 700 mil exemplares. Gláucio Gil foi, também, muito ligado ao dramaturgo Nelson Rodrigues.

A atriz Íris Bruzzi lembra que atores e atrizes eram muito mimados por Gláucio Gil no Teatro Santa Rosa. Nas matinês, às quintas e domingos, tinham um farto buffet, antes e depois dos espetáculos. Rosas, bilhetinhos carinhosos, pagamentos extras eram constantes.

Apesar de dar seu nome a um teatro e a uma avenida no Rio de Janeiro, pouco se sabe sobre a vida de Gláucio Gil, que foi uma das personalidades mais populares da televisão brasileira, nos anos 60, e um dos importantes nomes do teatro carioca.

Gláucio Gil namorou com a atriz Joana Fomm de 1962 á 1963 e Vera Vianna de 1964 á 1965.

Morte

Gláucio Gil faleceu prematuramente na sexta-feira, 13/08/1965, aos 32 anos, no Rio de Janeiro, RJ, vítima de um infarto cardíaco fulminante, diante das câmeras de televisão, quando apresentava o programa "Show da Noite" na TV Globo, dez minutos depois da introdução, quando proferiu o texto:
"Hoje é sexta-feira, 13 de agosto. Dia aziago, mas até agora vai tudo caminhando bem, felizmente!"
Em artigo no Jornal do Brasil de 17/8/1965, Yan Michalski relatou:
"A fatídica sexta-feira, dia 13, proporcionou-nos uma experiência que nos deixará, por muito tempo, um gosto amargo na boca. Estávamos, por volta das 23 horas, assistindo ao Show da Noite, com Gláucio Gil entrevistando os seus convidados, como todas as noites, irradiando a sua simpatia tão pessoal, o seu estilo tão inimitável, e a sua enorme vitalidade, que tanto impressionava. No meio do programa, resolvemos mudar de canal, para assistir a um programa de noticiário. Poucos minutos depois, ainda dentro do noticiário, soubemos que, ao girar o botão do nosso receptor, havíamo-nos despedido para sempre de Gláucio Gil!"
A morte de Gláucio Gil causou comoção no Rio de Janeiro. Dona Carmem, sua mãe, não acompanhou o enterro e pediu para que os fotógrafos não fizessem "a triste foto da despedida".

Gláucio Gil  foi sepultado no domingo, dia 15/08/1965, no Cemitério São João Batista, com a presença de centenas de artistas e fãs. O cortejo teve mais de cem carros e, no momento do enterro, centenas de rosas foram jogadas em sua sepultura.

O "Show da Noite", sem o mesmo fôlego, continuou no ar por mais alguns meses, até 30/12/1965, apresentado por Paulo Roberto.

Fonte: Wikipedia e TV História
#FamososQuePartiram #GlaucioGil

Zé da Luz

SEVERINO DE ANDRADE SILVA
(60 anos)
Alfaiate e Poeta

☼ Itabaiana, PB (29/03/1904)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/02/1965)

Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, nascido em Itabaiana, PB, no dia 29/03/1904.

Severino de Andrade Silva foi "alfaiate de profissão" e um dos maiores poetas populares do Brasil. Marcou o imaginário nordestino com a genialidade de seus poemas e foi comparado ao também "poeta matuto" Patativa do Assaré.

Suas poesias são declamadas nas feiras, nas porteiras, na beirada das estradas, nas ruas e manguezais, se encontra na boca do povo, de quem tomou emprestada a voz, para dividi-la em forma de rima e verso. Perdeu-se do seu autor pois em livro não se encontra.

Seus poemas têm a cor do nordeste, o cheiro do nordeste, o sabor do nordeste. Às vezes trágico, às vezes humorado, às vezes safado. Quase sempre telúrico como a luz do sol do agreste.

Zé da Luz é tido como um dos realizadores da poesia matuta. Ele consagrou-se no folheto e na cantoria e também mostrou sua força diante da poesia tida como erudita. Por vezes, ele foi reverenciado como um poeta que trouxe na sua poesia, as vozes caladas do sertão, de Itabaiana e da Paraíba.

Com esta perspectiva de enaltecer a sua terra natal, expôs sentimentos de saudades, de homem forte, daquele que tem a coragem de mostrar publicamente, em versos e críticas sociais.

O paraibano Zé da Luz foi caracterizado como um autor que apresenta aspectos do romantismo, do lirismo, buscando, para além da crítica, uma estética para a sua construção literária.

Zé da Luz publicava suas obras em forma de literatura de cordel. Algumas poesias de sua autoria são: "Brasi Caboco", "A Cacimba", "As Flô de Puxinanã", "Ai! Se Sêsse!", "A Terra Caiu No Chão", "Confissão de Cabôco", entre outros.

Confira um trecho de "Brasil Caboco":

O que é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasi da capitá.
É um Brasi brasilêro
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!

A seguir as poesias "As Flô de Puxianã" "Ai! Se Sêsse!":

Bastos de Andrade e seu irmão Zé da Luz - Rio de Janeiro, 1959.
As Flô de Puxinanã
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)

Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.

A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.

Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.

A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.

Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.

Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.

Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!


Ai! Se Sêsse!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Haroldo Lobo

HAROLDO LOBO
(54 anos)
Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (22/07/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/07/1965)

Haroldo Lobo foi um compositor brasileiro nascido em uma família de músicos. O pai Quirino Lobo, tocava flauta e violão, e seu irmão Osvaldo Lobo (Badu) era compositor e baterista.

O primeiro trabalho como empregado aconteceu na Guarda da Polícia de Vigilância, depois na tecelagem da América Fabril, onde terminou seus estudos.

Seus estudos musicais (teoria e solfejo) foram iniciados na escola da América Fabril. Desde os 13 anos de idade, compunha sambas para o Bloco do Urso. Frequentador de cafés, era conhecido no meio pelo apelido de "Clarineta" por cantar em uma tessitura semelhante à do instrumento. Considerado, ao lado de Braguinha e Lamartine Babo, um dos três mais expressivos autores do repertório carnavalesco no Brasil.

Em 1934, teve sua primeira música gravada, "Metralhadora", cujo texto fazia alusão à Revolução Constitucionalista,  feita em parceria com Donga e Luís Meneses, lançada por Aurora Miranda. Lançou o samba "De Madrugada" (Haroldo Lobo e Vicente Paiva), também gravado por Aurora Miranda. Compôs vários sambas em parceria com Milton de Oliveira, um dos quais "Juro" obteve prêmio da prefeitura do antigo Distrito Federal no carnaval de 1938, tendo sido lançado com sucesso por J. B. de Carvalho.

Para os carnavais de 1940-1941, lançou "O passarinho do Relógio" e "O Passo do Canguru", as duas em parceria com Milton de Oliveira,  trazendo em ambas uma temática que se tornou característica de sua produção, letras envolvendo animais. As duas músicas foram gravadas por Aracy de Almeida, sendo que a segunda chegou a ser gravada nos Estados Unidos com o título de "Brazilian Willy", lançada também por Carmen Miranda em 1942.

Em 1941, destacou-se com  o lançamento de "Alá-lá-ô", uma parceria com Nássara, gravada por Carlos Galhardo. A história da música começou de fato em 1940, quando um bloco do bairro da Gávea cantou nas ruas a marcha "Caravana", de autoria  de seu patrono Haroldo Lobo. Meses depois, preparando o repertório para o carnaval de 1941, Haroldo Lobo pediu a Nássara para completar a composição, que  fez então a segunda parte da música.  Destaca-se ainda nesta gravação a atuação de Pixinguinha, que fez às pressas  um arranjo primoroso para o qual criou  a introdução e partes instrumentais executadas ao longo da música. Ainda em 1941, lançou "O Bonde do Horário Já Passou" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e, "Essa Vida Não é Sopa" (Haroldo Lobo e Wilson Batista), ambas gravadas por Patrício Teixeira.

Em 1942, lançou "Emília" (Haroldo Lobo e Wilson Batista), gravada por Vassourinha e, "A Mulher do Leiteiro" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), gravada por Aracy de Almeida.  Utilizava em muitas de suas composições temas do cotidiano da  cidade e mesmo do país, como, por exemplo, a marcha "Oito em Pé", que comentava a autorização pública para que oito passageiros viajassem em pé nos coletivos por racionamento de gasolina. Um outro exemplo, também, a marcha "Tem Galinha No Bonde",  cuja letra mencionava a regulamentação do transporte de galinhas no bonde. Ambas foram gravadas por Aracy de Almeida.

Nos anos de 1943, também na linha  de comentário social,  lançou "Que Passo é Esse, Adolfo?" (Haroldo Lobo e Roberto Roberti) e, "As Ruas do Japão" (Haroldo Lobo e Cristóvão de Alencar), em cujas letras satirizava práticas peculiares ao eixo beligerante, Alemanha e Japão respectivamente.

Em 1945, obteve o  primeiro lugar no concurso de músicas para o carnaval, promovido pela prefeitura do Distrito Federal, com a marcha "Verão do Havaí" (Haroldo Lobo e Benedito Lacerda), gravada por Francisco Alves e Dalva de Oliveira. Ainda neste ano, fez sucesso com o samba "Rosalina" (Haroldo Lobo e Wilson Batista), gravado por Jorge Veiga.

Em 1946, venceu mais uma vez o concurso de músicas carnavalescas com a marcha "Espanhola"(Haroldo Lobo e Benedito Lacerda), lançada por Nelson Gonçalves.

Haroldo Lobo era folião dos mais animados e preparava suas músicas de carnaval com muito cuidado e grande antecedência. Sua dedicação resultava sempre em um grande sucesso popular para cada ano de folia. Dentre estes, destacam-se "O Passo da Girafa" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), lançado em 1949 por Aracy de Almeida.

Em 1951, o êxito veio com "O Retrato do Velho", cuja letra comentava  a prática instituída pelo Estado Novo, e sustentada pelos governos posteriores, que recomendava a colocação de retratos do presidente nas paredes das repartições públicas. Feita em  parceria com Marino Pinto,  compositor que  sempre teve admiração pelo presidente Getúlio Vargas, esta marcha, na qual a volta do líder ao poder foi simbolizada no retorno do retrato à parede, foi gravada com enorme sucesso por Francisco Alves.  A marcha só não foi apreciada pelo próprio Getúlio Vargas, que detestava ser  considerado velho.

Em 1955, obteve sucesso no carnaval com a marcha "Tira Essa Mulher da Minha Frente" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira),  gravada na Copacabana por Jorge Veiga, e que foi escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como um das dez mais populares marchas do carnaval daquele ano.

Em 1961, mais um grande sucesso com "Índio Quer Apito" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), uma das composições que mais renderam direitos autorais.

Seu último grande sucesso foi "Tristeza" (Haroldo Lobo e Niltinho), lançado em 1965 por Jair Rodrigues e que acabou sendo executada, a partir de 1967 em todo o mundo, transformando-se em sua única música internacionalmente reconhecida.

Um dos mais talentosos autores de marchas carnavalescas, foi o compositor de músicas de carnaval que mais teve obras no repertório do espetáculo musical "Sassaricando" que por quatro temporadas mostrou o universo das marchas carnavalescas.

Em 2010, em comemoração aos centenário de seu nascimento foi homenageado com a série de espetáculos "Eu Quero é Rosetar - Cem Anos de Haroldo Lobo" idealizado pelo pesquisador Carlos Monte. Os shows foram apresentados pelo grupo Sururu Na Roda no Centro Cultural Carioca, e contou com arranjos e direção musical do acordeonista e pianista Marcelo Caldi. Nesses espetáculos foram interpretadas 35 obras de sua autoria como as clássicas marchas carnavalescas "Alalaô", "Eu Quero é Rosetar", "Coitado do Edgar", "Índio Quer Apito", "O Passarinho do Relógio""Retrato do Velho", entre outras, além de sambas como "Tristeza" e "Emília".

Em 2013, seu samba "Tristeza", lançado em 1965, por Jair Rodrigues, voltou a ser cantado nas ruas do Rio de Janeiro em manifestações dos professores em greve.

Astrojildo Pereira

ASTROJILDO PEREIRA DUARTE SILVA
(76 anos)
Escritor, Jornalista, Crítico Literário e Político

* Rio Bonito, RJ (08/11/1890)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/11/1965)

Astrojildo Pereira Duarte Silva foi um escritor, jornalista, crítico literário e político brasileiro, fundador do Partido Comunista Brasileiro / Partido Comunista do Brasil, em 1922.

Aos 16 anos abandonou os estudos, no terceiro ano do o curso ginasial no Colégio Anchieta, de Nova Friburgo. Começou nesta época sua militância anarquista, em oposição à fé religiosa difundida pela Igreja e contra o militarismo, estimulado pelas greves operárias de 1906, sob o impacto do fracasso da Campanha Civilista de Ruy Barbosa e repressão à Revolta da Chibata do marinheiro João Cândido no Rio de Janeiro e pela execução do pedagogo anarquista Francisco Ferrer, na Espanha, Astrojildo fez uma curta viagem a Europa, que serviu para amadurecer as suas convicções de antagonismo à ordem social.

Na juventude, como gráfico, fez parte de organizações operárias de orientação anarcossindicalistas, sendo um dos organizadores do 2º Congresso Operário Brasileiro, em 1913.

Astrojildo Pereira e sua esposa Inês Dias
Próximo aos principais líderes da Confederação Operária Brasileira, casou-se com a filha do anarquista Everardo Dias, Inês Dias.

Iniciou na imprensa operária sua carreira de jornalista, atividade a que se dedicaria durante a maior parte de sua vida.

Em 1918, foi preso por participar da frustrada Insurreição Anarquista, sendo libertado em 1919.

De 1918 a 1921, o anarquismo viveu um período de crise interna. Astrojildo, inicialmente definia-se como "um intransigente libertário". Ganhou um premio em dinheiro na loteria e fez uma doação de vários contos de réis para o jornal anarquista A Voz Do Povo. Pouco a pouco, porém, o anarquista convicto passou a rever as teorias que serviam de base às suas convicções políticas e filosóficas. Sob o impacto mundial das conseqüências da Revolução Bolchevique, fascinado pelo que estava acontecendo no recém-fundado Estado Soviético, acabou aderindo ao comunismo.

Fundou em 1921 o Grupo Comunista do Rio de Janeiro. No ano seguinte, em março de 1922, reuniu os vários grupos bolchevistas regionais para criar o Partido Comunista Brasileiro, em março de 1922, reconhecido dois anos depois como Seção Brasileira da III Internacional.

Sua primeira viagem à União Soviética foi em 1924, na condição de secretário-geral do partido. No ano seguinte, junto com Octávio Brandão, iniciou a publicação do jornal A Classe Operária, órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro. Em 1927, viajou à Bolívia para entrar em contato com o líder tenentista refugiado Luís Carlos Prestes, a fim de aproximá-lo do marxismo-leninismo. Em 1928, passou a ser um dos integrantes do Comitê Executivo da III Internacional.

Por volta de 1929, com a colaboração de Octávio Brandão, Paulo de Lacerda e Cristiano Cordeiro, Astrojildo Pereira havia delineado um grupo dirigente do movimento operário, e iniciado a primeira tentativa de esboçar uma teoria da revolução brasileira que vislumbrava no latifúndio e no imperialismo os inimigos principais da classe operária, no campesinato, na pequena burguesia urbana e seus intelectuais, os seus aliados. A questão agrária e a questão nacional seriam assim o fulcro da revolução democrática no Brasil. Como ficou bem demonstrado no texto "Agrarismo E Industrialismo" de Octávio Brandão que ele ajudou a escrever.

Após viver em Moscou entre fevereiro de 1929 e janeiro de 1930, voltou ao Brasil com a missão de impor a uma dúbia política de proletarização do partido, combatendo as influências anarquistas e substituindo intelectuais por operários. No entanto, essa política de "obreirização" acabou atingindo ele próprio em novembro do mesmo ano, quando foi afastado da secretaria-geral do Partido Comunista Brasileiro. No ano seguinte, desligou-se do partido e e passou a colaborar no jornal carioca Diário de Notícias e na revista Diretrizes. Como crítico literário, especializou-se nas obras de Machado de Assis e Lima Barreto.

Em 1945, retornou ao Partido Comunista Brasileiro, passando a colaborar com sua imprensa partidária. No entanto, após a cassação do partido, em 1947, a diretriz política sectária ordenada por Luís Carlos Prestes até 1956, acabaram o afastando novamente do Partido Comunista Brasileiro.

Após a instauração do governo militar, em 1964, foi preso no mês de outubro, por três meses, já em estado de saúde precário.

Astrojildo Pereira faleceu no Rio de Janeiro, em 21/11/1965.

Foi somente na fase declinante da ditadura militar que o nome de Astrojildo Pereira começou a receber o devido reconhecimento, não só como o principal fundador do Partido Comunista Brasileiro, mas como o primeiro marxista, leninista e como um intelectual ativo na organização do mundo da cultura e que ofereceu preciosos indicativos de interpretação e pesquisa.

Astrojildo Pereira, sua mãe Isabel e sua esposa Inês Dias
Instituto Astrojildo Pereira e Fundação Astrojildo Pereira

Em 2 de agosto de 1982, intelectuais então vinculados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) fundaram o Instituto Astrojildo Pereira (IAP), uma associação civil sem fins lucrativos, com sede em São Paulo e de abrangência nacional. Tendo como referencial a teoria social fundada por Karl Marx, o Instituto Astrojildo Pereira pretende ser um espaço de convergência de esforços de diferentes setores do mundo intelectual e do espectro político para construção coletiva de referências teóricas e culturais que incidam sobre as lutas democráticas da sociedade brasileira na perspectiva socialista.

Em 2000 o Partido Popular Socialista cria a Fundação Astrojildo Pereira (FAP), com o objetivo de preservar a memória do fundador do Partido Comunista Brasileiro e dos militantes comunistas brasileiros através de estudo e pesquisa.

Fonte: Wikipédia e Fundação Getúlio Vargas (CPDOC)

Corifeu

CORIFEU DE AZEVEDO MARQUES
(58 anos)
Jornalista, Radialista e Político

* (20/05/1907)
+ (29/08/1965)

Foi um expoente jornalista brasileiro da primeira metade do século XX, e importante militante e dirigente do Partido Comunista Brasileiro nos anos 1930, eleito para o seu Bureau Político durante a Conferência Nacional ocorrida em janeiro de 1934.

Desenvolveu uma carreira de radialista no O Grande Jornal Falado Tupi, como também atuou na Rádio Tupi, Diários Associados e na Rádio Difusora.

Nos últimos anos de sua carreira, ganhou respeito em todo o Brasil por seu envolvimento com o movimento muncipalista e, principalmente, pelos comentários profundos e abalizados que fazia no Grande Jornal Falado Tupi e no Matutino Tupi. Seus comentários eram perspicazes, curtos e, ao mesmo tempo, profundos, todos feitos de improviso.

Em sua homenagem, o seu nome foi utilizado para batizar a Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no bairro do Butantã, São Paulo.

Fonte: Wikipédia