Guilherme Paraense

GUILHERME PARAENSE
(83 anos)
Militar e Atleta

* Belém, PA (25/06/1884)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/04/1968)

Nascido em Belém do Pará, no dia 25/06/1884, Guilherme Paraense foi ainda menino para o Rio de Janeiro, onde, aos 5 anos, começou a frequentar a Escola Militar de Realengo. A prática do tiro era exigida no exercício de suas atividades como militar. Sua tranquilidade o fazia atirar com mão firme, invariavelmente acertando o alvo, independente do formato que tivesse.

Seus atributos logo lhe renderam conquistas: no final da década de 1910, o tenente foi campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade tiro com revólver. Em 1914, junto a um grupo de atiradores, fundou, no Rio de Janeiro, o Revólver Clube, destinado a conferir maior atenção à prática do tiro esportivo, que vinha ganhando um número crescente de adeptos. O clube favoreceu a realização de torneios e aprimorou o desempenho de atletas dedicados à modalidade.

Guilherme Paraense foi o primeiro atleta brasileiro a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920. Permaneceu como o único campeão olímpico do país durante 32 anos, até que Adhemar Ferreira da Silva igualasse sua conquista no salto triplo, em Helsinque, em 1952. Primeiro-tenente do Exército Brasileiro, Guilherme Paraense foi campeão brasileiro de tiro em 1913, 1914, 1916 e 1917 e campeão carioca em 1915 e 1918. Tinha 35 anos quando competiu pela primeira vez nas Olimpíadas, no dia 03/08/1920. Ele foi atleta do Fluminense Football Club.

Guilherme Paraense embarcou para Antuérpia, em 1920, com mais sete companheiros a bordo do navio Curvello, todos por conta própria, e desceram em Lisboa, de onde prosseguiram de trem até a Bélgica, informados de que o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Depois de uma viagem de 27 dias, na conexão em Bruxelas parte das armas e a munição de Guilherme Paraense foram roubadas.


Com tantos percalços, a equipe brasileira chegou aos Jogos Olímpicos de moral baixa, com fome e sem material esportivo. Impressionados com a situação dos colegas, os atiradores americanos lhes emprestaram armas e munição, modernas e fabricadas especialmente pela Colt, e com elas os brasileiros derrotaram seus benfeitores, ganhando ouro, prata e bronze no Tiro.

As disputas do tiro realizaram-se em um campo de manobras do exército belga em Beverloo, vizinho a Waterloo, o famoso lugar onde o exército de Napoleão havia sido derrotado. Na prova de pistola de tiro rápido, que consistia em 30 tiros a uma distância de 30 metros do alvo, Guilherme Paraense acertou em cheio o último deles, que decidiu a medalha, em 03/08/1920. Fez 274 pontos contra 272 do segundo colocado, o americano Raymond Bracken, e foi medalha de bronze por equipe na prova de pistola livre.

Paraense também teve a honra de ser o primeiro porta-bandeira olímpico do Brasil. Como o desfile de abertura ocorreu somente em 16/08/1920, treze dias depois da conquista do ouro, seu nome foi uma unanimidade para carregar o símbolo máximo do país.

O primeiro herói brasileiro nunca mais voltou a competir em Olimpíadas e morreu esquecido, vítima de um enfarte, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, no dia 18/04/1968.

Em 1989, o pioneiro do ouro foi homenageado pelo Exército Brasileiro, que batizou com o nome Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense o conjunto de estandes de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende, RJ, onde, além disso, é realizado anualmente um torneio que também leva seu nome, válido para o calendário brasileiro de competições de tiro esportivo.


Atividades no Esporte

  • Participou dos VII Jogos Olímpicos de Antuérpia (1920) e tornou-se o 1º Medalhista de Ouro Olímpico do Brasil, vencendo a prova de revólver, superando o campeão norte americano Raymond Braecken por dois pontos.
  • Serviu vários anos na Vila Militar, DF, como instrutor de tiro.
  • Foi 2º Secretário do Revólver Clube, como 2º tenente (15/05/1914).
  • Detentor da 1ª Medalha Olímpica de ouro do Brasil e bronze por equipe nos Jogos Olímpicos de Antuérpia (1920).
  • No seu regresso das Olimpíadas, em 1922, foi homenageado pelo Presidente da República Epitácio Pessoa no Salão Nobre do Fluminense, juntamente com Afrânio Costa e outros companheiros de equipe, recebendo uma placa de prata da Liga de Defesa Nacional, sendo na ocasião saudado pelo famoso escritor Coelho Neto.
  • Vencedor da prova de revólver dos I Jogos Latino-Americanos, comemorativo do Centenário da Independência do Brasil (1922), com as provas realizadas no estande da Vila Militar.
  • Foi campeão carioca pelo Fluminense e pelo São Cristóvão.
  • Foi campeão brasileiro várias vezes pela Confederação do Tiro Brasileira (CTB), Diretoria Geral do Tiro de Guerra (DGTG), Revólver Club e pela Federação Brasileira de Tiro (FBT).
  • Conquistou os títulos nacionais de 1913, 1914, 1918, 1922 e 1927.
  • Encerrou a sua participação no tiro em 1927.

Indicação: Miguel Sampaio