(86 anos)
Empresário, Banqueiro e Lavrador
☼ Ribeirão Preto, SP (11/02/1904)
┼ São Paulo, SP (24/01/1991)
Amador Aguiar foi um empresário, banqueiro e lavrador
, diretor-presidente do banco Bradesco, que hoje disputa com o Banco do Brasil e Banco Itaú o posto de maior instituição financeira do Brasil.
De origem humilde, fez seus estudos primários no Grupo Escolar de Sertãozinho.
Trabalhou na terra, no cultivo do café, mas aos 16 anos, pretendendo
crescer na vida e brigado com seu pai, abandonou o campo,
transferindo-se para Bebedouro
onde conseguiu um emprego numa tipografia. Foi aí que, num acidente de
trabalho, perdeu o dedo indicador da mão direita.
Amador Aguiar dizem
que era brigado com o seu irmão Jaime Aguiar e assim quando este morreu
ele tomou conta de seus sobrinhos Araci Aguiar, Jura Aguiar, Jaime
Aguiar Filho e Ira Aguiar. Teve oito irmãos, mas pouco se sabe sobre
eles, exceto Mário Coelho Aguiar, que trabalhou no Bradesco e chegou a vice-presidente. Mas, curiosamente, ninguém da família Aguiar fez
carreira sucessória no banco, exceto os atuais assentos no Conselho por
força dos 10% de herança que os herdeiros detém no banco.
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Braguinha, Amador Aguiar e Lázaro Brandão, na época da fusão com o Bradesco. |
De Bancário a Banqueiro
Em 1926, com 22 anos de idade, obteve o emprego de office boy no Banco Noroeste, agência de Birigui. Iniciava assim, num posto humilde, a sua carreira de bancário. Com
muito esforço e, ao mesmo tempo, com muita determinação, percorreu todos
os cargos ali existentes, até o de gerente.
Em seguida, foi trabalhar na Casa Bancária Almeida Irmãos, com sede em Marília, instituição financeira fundada pelo Coronel Galdino de Almeida, cujo presidente era seu filho, José Alfredo de Almeida (Zezé), cargo que ocupou até a década de 1960,
sendo sucedido pelo seu cunhado, Drº José da Cunha Jr., que ficou até
1969. José Alfredo de Almeida alguns anos depois veio a fundar uma
companhia de aviação civil no país, mercado em que seguiu até o fim de
sua vida.
Sob o comando do então presidente e controlador, Dr. José da Cunha
Jr., a casa bancaria transformou-se em banco, passando a chamar-se Banco Brasileiro de Descontos.
Em 1946,
sua sede foi transferida para a Rua Álvares Penteado, em pleno centro
financeiro da cidade de São Paulo e, sete anos após, a administração do
banco foi levada para a denominada Cidade de Deus, Vila Yara, em Osasco. Já contava, então, com agências nas principais cidades de São Paulo e em quase todos os estados do Brasil.
Amador Aguiar, aliando-se a outros acionistas do banco e de alguns diretores
muito próximos, aguerridamente, lançava novos lotes de ações aos quais
subscrevia instantâneamente, montando assim a maioria de ações, tomando o
controle da instituição.
Em 1969, de superintendente, passou à presidência do banco, por ocasião da aposentadoria do Drº José da Cunha Jr.,
genro do coronel Galdino, que exerceu o cargo até sua morte.
Curiosamente, até mesmo a fundação do Bradesco conferem a Amador Aguiar
mas, tal não é verdade.
A partir desse momento e sob sua gestão, o banco ganhou enorme
desenvolvimento, enveredando por outras áreas afins e sempre crescendo,
transformou-se na maior instituição financeira privada do Brasil.
Ajudaram-no nessa empreitada, na fase de maior desenvolvimento do banco,
seu irmão Mário Coelho Aguiar, Laudo Natel, Jatil Sanches, Rui Mendes de Rosis, Manoel Cabete, Leonardo Gracia, Ageu Silva, Décio Tenerello e Lázaro de Mello Brandão que viria a sucede-lo na presidência do Grupo.
A controvérsia se Amador Aguiar foi ou não empresário ou simples empregado
contratado em 1943, ano em que o projeto de virar banqueiro começou a se
concretizar, está em uma assertiva que paira na mídia: "com amigos,
adquiriu a Casa Bancária Almeida, um banco falido de Marília (SP)"
Diz-se que não era nada disso. Os tais amigos, que não de Amador Aguiar, na
verdade cunhados, tinham fundado a Casa Bancária Almeida & Cia. A
instituição transformou-se em banco e ganhou um novo nome: Banco Brasileiro de Descontos, o Bradesco. No dia da inauguração, (dizem que
foi na véspera, outros, naquela semana), a morte repentina do escolhido
para dirigir o novo negócio fez de Amador Aguiar o diretor-presidente.
Na verdade, o Gerente do negócio, pois há relatos que era um
Superintendente (nem mesmo Diretor). Dizem ainda que, além de plenos
poderes, foi agraciado com um terço das ações do banco, que, por sinal,
naquele momento, nada valiam. Mesmo assim, é curioso alguém doar 1/3 de
um banco, por menor que seja, a um funcionário.
O Bradesco era tão insignificante que o próprio Amador Aguiar fazia piada da
sigla da instituição nascente. "Banco Brasileiro dos Dez Contos, se
há?", alguém perguntava, e ele respondia às gargalhadas: "Não há!". Isso
também é um mito plantado pelo próprio Amador Aguiar, nos anos 80 em
entrevista à Folha de São Paulo.
Dizem que na verdade o Bradesco cobrava
10 contos de réis para descontar títulos da época (ex.: uma duplicata),
um valor abaixo dos demais bancos, que cobravam um percentual. Daí veio
o apelido, "O Banco dos Dez Contos".
Pesquisando em "A História do Fundador do Bradesco",
há uma errata - que muda tudo o que se diz. Vejamos:
"Ao ser contratado
como diretor-gerente da Casa Bancária Almeida, de Marília, Amador
Aguiar recebeu 10% das ações e não um terço delas; na ocasião, a
instituição já se chamava Bradesco e não estava falida; em 1951, Aguiar
assumiu a superintendência e só se tornou presidente do Bradesco em
1969, em substituição a José da Cunha Jr., genro do fundador do banco,
José Galdino de Almeida."
O mais curioso é que ele conseguiu plantar a
imagem de fundador tanto do Bradesco como da Fundação Bradesco,
eliminando totalmente a família Almeida da história do banco.
Genial nos negócios, empresário de visão e grande empreendedor,
Amador Aguiar não dedicou sua vida profissional apenas ao Bradesco. Teve maior
ou menor grau de envolvimento e participação, entre outras, nas
seguintes empresas: Cia. Porto Seguro de Seguros Gerais, Casa Ouvidor S.A., Cia. Comercial de Café São Paulo-Paraná e Companhia Antarctica Paulista. Além disso, foi proprietário de diversas fazendas, revivendo nelas suas origens de trabalhador da terra.
Amador Aguiar era um homem de gênio difícil. Retraído, sempre sério,
não cultivava muitas amizades. Rigoroso com seus funcionários e consigo
mesmo, tinha uma vida espartana e praticamente toda dedicada ao
trabalho. Portava-se como um homem humilde, sem luxos e com modestos
lazeres. Porém, era bastante vaidoso pelo império econômico que
construíra, traço que tentava esconder ou dissimular, mas perceptível
para os que o cercavam. Sua fama de homem duro e de forte personalidade
poderia levar à ideia de que fosse um egocêntrico que pensasse somente
nos seus interesses pessoais.
Entretanto, na realidade, em que pese as histórias lendárias que
circulavam a seu respeito, foi um homem generoso. Graças a ele, Osasco
ganhou sua primeira companhia telefônica, posteriormente incorporada à Telesp. A Prefeitura da cidade foi várias vezes beneficiadas com obras
de urbanismo pagas pelo banco. Da mesma forma, o fórum recebeu
instalações condignas devido à contribuição do poderoso banqueiro.
Se
não fosse por sua ajuda, Osasco não teria a conceituada Faculdade de
Direito, instalada em 1969,
onde Amador Aguiar exigiu também o curso de Administração de Empresas, e não
só foi atendido como a faculdade passou a se chamar Faculdade de
Administração Amador Aguiar, onde se formaram vários alunos, futuros e
alguns atuais dirigentes do Bradesco até hoje, 40 anos depois.
Auxiliou o
professor Edmundo Vasconcellos e equipar a Gastroclínica, por ele fundada ao lado da Av. Ruben Berta,
em São Paulo. Estes são alguns exemplos do muito que realizou em
benefício dos funcionários e da população em geral. O São Paulo Futebol Clube também teve uma mãozinha de Amador Aguiar, pois Laudo Natel foi, junto
com Amador Aguiar, Diretor do Bradesco e do São Paulo Futebol Clube. Até hoje o São Paulo Futebol Clube tem um posto
de serviços bancários do Bradesco em suas dependências.
Nunca se saberá porque Amador Aguiar adorava colher excentricidades sem
tê-las. Talvez tivesse algumas poucas, mas, por exemplo, dizer que não
usava meias nem talões de cheques, basta uma olhada em fotos antigas no
Museu Bradesco, na Cidade de Deus, Osasco, que veremos que ele em várias
fotos está calçando meias. Quanto aos talões, ele não os usava porque
não precisava, pois andava com dinheiro ou mandava algum subordinado do
banco pagar, debitando diretamente da conta do Banco.
É verdade que
dirigia seu próprio fusca, como dizem, mas isso na década de 60, pois é
sabido que na década de 80, por exemplo, vinha trabalhar com motorista
particular e de Landau. Talvez todos os Diretores dirigiam fuscas na
década de 60. Adorava andar a pé pelas dependências do Banco, o que não é
excentricidade, pelo contrário, os atuais diretores deveriam seguir
esse nobre hábito, comum em empresários que vêem a empresa como suas
obras. Enfim, era um homem bom e um empresário como qualquer outro,
talvez mais simples apenas.
Os poucos anos em que frequentou regularmente a escola, mostraram a
Amador Aguiar a necessidade de disseminar a educação entre os jovens.
Provavelmente, daí ter surgido a ideia da instituição da Fundação Bradesco,
da qual muito se orgulhava e que hoje mantém escolas espalhadas pelo
Brasil inteiro, sendo um instituto de educação modelar. Foi ela a sua
maior realização de cunho social.
Antes de morrer doou grande parte de suas ações para a Fundação Bradesco, que tornou-se a controladora do Bradesco. Desta forma, os
presidentes do Bradesco não são seus donos. Como a Diretoria controla a
Mesa Regedora da Fundação Bradesco, o banco tornou-se um banco "de
diretores". Porém, sua neta, Denise Aguiar, está à frente do projeto
educacional da Fundação Bradesco, além de ter assento no Conselho de
Administração, já que a família Aguiar tem aproximadamente 10% das ações
com direito a voto no Bradesco.
Fonte: Wikipédia