Floriano Peixoto

FLORIANO VIEIRA PEIXOTO
(56 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Maceió, AL (30/04/1839)
+ Barra Mansa, RJ (29/06/1895)

Floriano Vieira Peixoto foi um militar e político brasileiro. Primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, presidiu o Brasil de 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado "Marechal de Ferro" e "Consolidador da República".

Origem e Carreira Político-Militar

Nascido em Ipioca, distrito da cidade de Maceió, AL, numa família pobre de recursos, mas ilustre e ativa na política: seu avô materno, Inácio Accioli de Vasconcellos, foi revolucionário em 1817. Foi criado pelo padrinho e tio, coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Floriano Peixoto foi matriculado numa escola primária em Maceió e aos 16 anos foi para o Rio de Janeiro, matriculado no Colégio São Pedro de Alcântara.

Assentado praça em 1857, ingressou na Escola Militar em 1861. Em 1863 recebeu a patente de primeiro-tenente, seguindo sua carreira militar. Floriano Peixoto era formado em Ciências Físicas e Matemáticas.

Floriano Peixoto ocupava posições inferiores no exército até a Guerra do Paraguai, quando chegou ao posto de tenente-coronel. Ingressou na política como presidente da província de Mato Grosso, passando alguns anos como ajudante-geral do exército.

No dia da Proclamação da República, encarregado da segurança do ministério do Visconde de Ouro Preto, Floriano Peixoto se recusou a atacar os revoltosos e assim justificou sua insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:

"Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e aqui somos todos brasileiros!"
(Floriano Peixoto)

Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floriano Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo, Visconde de Ouro Preto.

Após a Proclamação da República, assumiu a vice-presidência de Deodoro da Fonseca durante o Governo Provisório, sendo depois eleito vice-presidente constitucional e assumiu a presidência da república em 23 de novembro de 1891, com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca. O êxito dos planos de Deodoro da Fonseca dependia da unidade das Forças Armadas o que não ocorria na gestão anterior.

Floriano Peixoto em 1881
Presidência da República

O marechal Floriano Peixoto encarnava uma visão da República não identificada com as forças econômicas dominantes. Pensava construir um governo estável, centralizado, vagamente nacionalista, baseado sobretudo no exército e na mocidade das escolas civis e militares. Essa visão chocava-se com a da chamada "República dos Fazendeiros", liberal e descentralizada, que via com suspeitas o reforço do Exército e as manifestações da população urbana do Rio de Janeiro.

Mas, ao contrário do que se poderia prever, houve na presidência de Floriano Peixoto um acordo tácito entre o presidente e o Partido Republicano Paulista (PRP). As razões básicas para isso foram os riscos, alguns reais, outros imaginários, que corria o regime republicano. A elite política de São Paulo via na figura de Floriano Peixoto a possibilidade mais segura de garantir a sobrevivência da República, a partir do poder central. Floriano Peixoto, por sua vez, percebia que sem o Partido Republicano Paulista não teria base política para governar.

Seu governo teve grande oposição de setores conservadores, como a publicação do Manifesto dos 13 Generais. A alcunha de "Marechal de Ferro" devia-se à sua atuação enérgica e ditatorial, pois agiu com determinação ao debelar as sucessivas rebeliões que marcaram os primeiros anos da República do Brasil. Recebeu também o título de "Consolidador da República".

Entre as revoltas ocorridas durante seu período, destacam-se duas Revoltas da Armada no Rio de Janeiro, chefiadas pelo almirante Saldanha da Gama, e a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul. A vitória de Floriano Peixoto sobre essa segunda revolta gerou a ainda controversa mudança de nome da cidade de Nossa Senhora do Desterro, para Florianópolis ("Cidade Floriana") em Santa Catarina.

Em seu governo determinou a reabertura do Congresso e, entre outras medidas econômicas em decorrência dos efeitos causados pela crise financeira gerada pelo estouro da bolha financeira do Encilhamento, o controle sobre o preço dos gêneros alimentícios de primeira necessidade e os aluguéis.

Apesar da Constituição versar no Art. 4 novas eleições quando o presidente renunciasse antes de dois anos, Floriano Peixoto permaneceu em seu cargo, alegando que a própria constituição abria uma exceção, ao determinar que a exigência só se aplicava a presidentes eleitos diretamente pelo povo, assumindo assim o papel de Consolidador da República.

Entre o final de 1891 e 15 de novembro de 1894, o governo de Floriano Peixoto foi inconstitucional, pois estava a presidência da República sendo exercida pelo vice-presidente sem que tivessem acontecido novas eleições presidenciais, como exigia a Constituição.

Floriano Peixoto entregou o poder em 15 de novembro de 1894 a Prudente de Moraes, falecendo um ano depois, em sua fazenda. Deixou um testamento político, no qual diz que "Consolidador da República" foram, na verdade, as diversas forças que fizeram a República.

Início da Ditadura

Consta que Floriano Peixoto lançou uma ditadura de salvação nacional. Seu governo era de orientação nacionalista e centralizadora. Demitiu todos os governadores que apoiaram Deodoro da Fonseca. Na chamada Segunda Revolta da Armada agiu de forma contundente, vencendo-a de maneira implacável, ao contrário de Deodoro da Fonseca.

Em abril de 1892 decretou estado de sítio, após manifestações e divulgação de manifestos na Capital Federal. Prendeu opositores e desterrou outros para a Amazônia. Quando Ruy Barbosa ingressou com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal em favor dos detidos, Floriano Peixoto ameaçou os ministros da Suprema Corte: "Se os juízes concederem habeas corpus aos políticos, eu não sei quem amanhã lhes dará o habeas corpus de que, por sua vez, necessitarão". O Supremo Tribunal Federal negou o habeas corpus por dez votos a um. (Fonte: Marco Antônio Villa, "A História das Constituições Brasileiras", p. 133)

Floriano Peixoto e a Revolta da Armada numa ilustração de Angelo Agostini
A Segunda Revolta da Armada

Aconteceu em 1893, desta vez contra o presidente, marechal Floriano Peixoto. Esta também foi chefiada pelo almirante Custódio de Melo, depois substituído pelo almirante Saldanha da Gama. Floriano Peixoto não cedeu às ameaças e assim, o almirante ordenou o bombardeio da capital brasileira. No ano seguinte Floriano Peixoto e o exército brasileiro obtiveram apoio da marinha de guerra norte-americana no rompimento do bloqueio naval imposto pela marinha brasileira. Assim, o movimento desencadeado pela marinha de guerra brasileira no Rio de Janeiro terminou em 1894, com a derrota e fuga dos revoltosos para Buenos Aires.

Marechal de Ferro

Floriano Peixoto, em seus três anos de governo como presidente, enfrentou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, iniciada em fevereiro de 1893. Ao atacá-la, apoiou Júlio Prates de Castilhos. O apelido de "Marechal de Ferro" se popularizou devido à força com que o presidente suprimiu tanto a Revolução Federalista, que ocorreu na cidade de Desterro (atual Florianópolis), como a Segunda Revolta da Armada.

O culto à personalidade de Floriano Peixoto, o florianismo, foi o precursor dos demais "ismos" da política do Brasil: o getulismo, o ademarismo, o janismo, o brizolismo, o malufismo e o lulismo.

Representações na Cultura

Floriano Peixoto já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Cláudio Cavalcanti na minissérie "República" (1989) e Othon Bastos no filme "Policarpo Quaresma, Herói do Brasil" (1998). Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 100 (cem cruzeiros) colocadas em circulação no Brasil entre 1970 e 1980.

A cidade de Desterro foi renomeada para fazer uma homenagem a Floriano Peixoto, virando Florianópolis.

Fonte: Wikipédia

Cezar Zama

ARISTIDES CEZAR SPÍNOLA ZAMA
(68 anos)
Médico, Político, Escritor e Historiador

* Caetité, BA (19/11/1837)
+ Salvador, BA (20/10/1906)

A rica família Spinola, no município de Caetité, veio a legar diversos expoentes para o Brasil, como Anísio Teixeira, Aristides Spínola, dentre outros. Tendo Rita de Sousa Spínola Soriano se casado em segundas núpcias com o médico italiano Aristide Cesare Zama, natural da cidade de Faenza, região norte da Itália (que teria vindo para o Brasil junto ao colega Libero Badarò), teve com este um único filho: Aristides Cezar Spínola Zama.

Iracundo e galanteador, o médico Aristide Cesare Zama veio logo a granjear inimigos. Mas foi um seu escravo de nome Antônio que, após um castigo, apoderou-se da arma do senhor e, quando este atendia um chamado, assassinou-o. Era o ano de 1840 e tinha Cezar Zama dois anos de idade. Pelo crime foi acusado um carpinteiro, de nome Fiúza, que faleceu em face das torturas recebidas no cárcere. Descoberto o verdadeiro autor, este foi enforcado pelo crime - mas já a revolta havia se instalado na cidade, e foi destruída não somente a forca, mas ainda o pelourinho.

Mudou-se Rita de Sousa com os filhos dos dois casamentos para as Lavras Diamantinas (Lençóis, BA), e Cezar Zama foi enviado para estudar em Salvador.

A Guerra do Paraguai

Cursando o quarto ano da Faculdade de Medicina da Bahia, serviu Cezar Zama nos hospitais de sangue da Guerra do Paraguai, onde encetou a campanha para que também os quartanistas gozassem da promessa de receber o diploma, depois do serviço militar voluntário, tal como havia prometido o Imperador aos quintanistas. Foi sua primeira vitória.

Lutas Políticas - O Verbo Inflamado de Cezar Zama

Cezar Zama tornou-se um dos deputados mais atuantes no Império. Cerrou fileiras entre os abolicionistas e republicanos, em célebres debates que acendiam os ânimos, e demonstravam sua presença de espírito.

Desafiado pelo deputado escravocrata mineiro Valadares, que repudiava seus argumentos em prol da abolição, dizendo-lhe: "Vossa Excelência é médico, então fala com a jurisprudência da medicina", Cezar Zama respondeu:

"Não. Falo com a jurisprudência do Cristo, que pregava serem todos os homens iguais, e como quem tem no escravo um seu semelhante."

Proclamada a República, e atuando despoticamente o marechal Floriano Peixoto, Cezar Zama por diversas vezes o confronta. Torna-se, por conta disto, ferrenho adversário de Ruy Barbosa, a quem denuncia como o grande responsável por crimes contra a nação e povo brasileiro, a exemplo do encilhamento, do voto censitário e da Guerra de Canudos.

Passou a frequentar o Congresso fardado, pois conquistou a patente de coronel, e assim confrontar aquele que passou à História do Brasil como o "General de Ferro".

A inimizade de Ruy Barbosa valeu-lhe bem mais que o discurso "O Jogador", ou a "Resposta a Cezar Zama", bem como a referência irônica de Machado de Assis, solidário a Ruy Barbosa. Este transformou a eleição para o Senado, a que concorria, e de Cezar Zama para a Câmara, em verdadeiro plebiscito, forçando a Bahia a optar entre os dois. Venceu aquele que veio a se tornar o grande nome do Direito no Brasil.

Antes disto, em 1894, Cezar Zama fez o povo de Salvador cercar a residência do governador José Gonçalves da Silva, nomeado pela ditadura que se instalou com a República, pois este emprestara seu apoio ao fechamento do Congresso. Após verdadeira batalha, José Gonçalves da Silva renunciou, e a ditadura aumentou.

Carreira Literária

Afastado de seu mandato, dedicou-se o tribuno à pena. Escreveu em jornais da Bahia e do Rio de Janeiro, quer para lecionar o latim, quer para expressar suas denúncias.

Foi assim que, já sem mandato, publicou o volume "Libelo Republicano" acompanhado de comentários sobre a campanha de Canudos o primeiro livro no Brasil a denunciar o massacre da Guerra de Canudos como "o requinte da perversidade humana", uma guerra onde a instituição criada para defender o povo brasileiro era enviada para assassinar este mesmo povo - como descreveu. Publicado em 1899, menos de um ano após o término das batalhas contra Antônio Conselheiro, ali também reuniu escritos contra os desmandos que Ruy Barbosa capitaneava à frente da economia, além de outros desvios que então se praticavam.

Mas foi como historiador que Cezar Zama teve maior reconhecimento. Desta sua faceta, declarou Pedro Celestino da Silva, que tinha "intuição do passado". Suas principais obras foram:

  • Os Três Grandes Oradores da Antiguidade
  • Os Três Grandes Capitães da Antiguidade

Citações

Algumas frases de Cezar Zama:

"Loucos sempre existiram e existirão: como tal sou qualificado pelos adversários… Felizmente já estou velho e não tardará que encontre no túmulo o esquecimento dos vivos…"
"Bella matribus detestada! Flagelo horrível da humanidade, que a civilização moderna ainda não conseguiu extirpar, maldita guerra! Que chega até a inverter a ordem e as leis da natureza!"
"Quem, como nós, porém, escreve, não uma apologia, mas a história real de um homem, é obrigado a dizer aquilo que em sua convicção é a verdade, luz sempiterna e divina, que todos devem procurar ver."
"Acatamos as leis do país, e ainda mais as leis morais, que, por não serem escritas, não absolvem todavia os seus transgressores da reprovação geral. Se nos submetemos aos abusos, que diariamente se multiplicam entre nós, é porque não temos meios e recursos para reagir contra os seus autores; nunca, porém, abdicaremos o último dos direitos dos vencidos – o de protestar com energia contra os demolidores da pátria e da república."
"Deus fez-nos racional e pensante; exercemos um direito inerente à nossa natureza. Só os vermes toleram ser calcados aos pés sem protestarem."

Homenagens

Cezar Zama é nome de rua em Salvador. No Rio de Janeiro, uma avenida relembra sua figura e uma rua em sua homenagem, no bairro de Lins de Vasconcelos onde se encontra o Hospital Naval Marcílio Dias. Contrastando com o imponente Fórum Ruy Barbosa de Salvador, o maior fórum da Bahia fora da capital, na sua terra natal Caetité, tem o nome de Cezar Zama.

Fonte: Wikipédia

Décio Pignatari

DÉCIO PIGNATARI
(85 anos)
Poeta, Ensaísta, Ficcionista, Tradutor, Ator, Publicitário e Professor

* Jundiai, SP (20/08/1927)
+ São Paulo, SP (02/12/2012)

Décio Pignatari formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Estreou como poeta em fevereiro de 1949 nas páginas da Revista de Novíssimos, juntamente com os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.

Desde os anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético que fundou junto com Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas Noigandres e Invenção,  publicou a "Teoria da Poesia Concreta" (1965) e com os quais também colaborou na Revista Brasileira de Poesia.

Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio "Informação, Linguagem e Comunicação" (1968). Sua obra poética está reunida em "Poesia Pois é Poesia" (1977).


Décio Pignatari publicou traduções de Dante AlighieriJohann Wolfgang von Goethe e William Shakespeare, entre outros, reunidas em "Retrato do Amor Quando Jovem" (1990) e 231 poemas. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1950 "Carrossel", o volume de contos "O Rosto da Memória" (1988) e o romance "Panteros" (1992), além de uma obra para o teatro, "Céu de Lona".

Durante anos publicou artigos no "Suplemento Dominical" do Jornal do Brasil. Tornou-se professor de Teoria Literária no curso de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e se doutorou em 1973, sob orientação de Antonio Cândido. 

Escreveu "Semiótica e Literatura" e "Poesia, Pois é, Poesia". Também se aventurou como ator, primeiro no filme "O Gigante da América" (1978) e depois no documentário "Poema: Cidade" e em "Sábado", filme de Ugo Giorgetti, realizado em 1995.

Morte

Décio Pignatari morreu vítima de Insuficiência Respiratória no domingo, 02/12/2012, aos 85 anos. Ele estava internado desde sexta-feira, 30/11/2012, no Hospital Universitário de São Paulo, e faleceu por volta das 9:00 hs da manhã, segundo a assessoria do hospital. Ele também sofria de Mal de Alzheimer.

Fonte: Wikipédia