Casimiro de Abreu

CASIMIRO JOSÉ MARQUES DE ABREU
(21 anos)
Poeta

* Barra de São João, RJ (04/01/1839)
+ Nova Friburgo, RJ (18/10/1860)

Casimiro de Abreu foi um poeta brasileiro. Autor de "Meus Oito Anos", um dos poemas mais populares da literatura brasileira. Pertence a segunda geração do romantismo.

O poeta nasceu em Barra de São João, RJ, em 04/01/1839, e faleceu em Nova Friburgo, RJ, em 18/10/1860. É o patrono da Cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Teixeira de Melo.

Casimiro aos 15 anos
Era filho natural do abastado comerciante e fazendeiro português José Joaquim Marques Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Silva Jardim, na época, Capivary, viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve 3 filhos, embora nunca tenham sido oficialmente casados, acentuando assim o caráter ilegal de uma origem que pode ter causado bastante humilhação ao poeta. Casimiro de Abreu nasceu na Fazenda da Prata, em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não teve filhos.

A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada Casimiro de Abreu, em sua homenagem.

Passou a infância sobretudo na propriedade materna, Fazenda da Prata, em Correntezas. Recebeu apenas instrução primária, estudando dos 11 aos 13 anos no Instituto Freeze, em Nova Friburgo (1849-1852), onde foi colega de Pedro Luís, seu grande amigo para o resto da vida.

Em 1852 foi para o Rio de Janeiro praticar o comércio, atividade que lhe desagradava, e a que se submeteu por vontade do pai, com o qual viajou para Portugal no ano seguinte. Em Lisboa iniciou a atividade literária, publicando um conto e escrevendo a maior parte de suas poesias, exaltando as belezas do Brasil e cantando, com inocente ternura e sensibilidade quase infantil, suas saudades do país.

Lá compôs também o drama "Camões e o Jau", representado no teatro Dom Fernando em 1856. Ele só tinha dezessete anos, e já colaborava na imprensa portuguesa, ao lado de Alexandre HerculanoRebelo da Silva e outros. Não escrevia apenas versos.

No mesmo ano de 1856, o jornal O Progresso imprimiu o folhetim "Carolina", e na revista Ilustração Luso-Brasileira saíram os primeiros capítulos de "Camila", recriação ficcional de uma visita ao Minho, terra de seu pai.

Estátua de Casimiro de Abreu (Barra de São João, RJ)
Em 1857, voltou ao Rio, onde continuou residindo a pretexto de continuar os estudos comerciais. Animava-se em festas carnavalescas e bailes e freqüentava as rodas literárias, nas quais era bem relacionado. Colaborou em A Marmota, O Espelho, Revista Popular e no jornal Correio Mercantil, de Francisco Otaviano. Nesse jornal, trabalhavam dois moços igualmente brilhantes: o jornalista Manuel Antônio de Almeida e o revisor Machado de Assis, seus companheiros em rodas literárias.

Publicou "As Primaveras" em 1859. Em 1860, morreu o pai, que sempre o amparou e custeou de bom grado as despesas da sua vida literária, apesar das queixas românticas feitas contra a imposição da carreira. A paixão absorvente que consagrou à poesia justifica a reação contra a visão limitada com que o velho Abreu procurava encaminhá-lo na vida prática.

Em "As Primaveras" acham-se os temas prediletos do poeta e que o identificam como lírico-romântico: a nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza, a religiosidade ingênua, o pressentimento da morte, a exaltação da juventude, a devoção pela pátria e a idealização da mulher amada.

A sua visão do mundo externo está condicionada estreitamente pelo universo do burguês brasileiro da época imperial, das chácaras e jardins. Trata de uma natureza onde se caça passarinho quando criança, onde se arma a rede para o devaneio ou se vai namorar quando rapaz.

Museu Casa Casimiro de Abreu
À simplicidade da matéria poética corresponde amaneiramento paralelo da forma. Casimiro de Abreu desdenha o verso branco e o soneto, prefere a estrofe regular, que melhor transmite a cadência da inspiração "doce e meiga" e o ritmo mais cantante.

Colocado entre os poetas da segunda geração romântica, expressa, através de um estilo espontâneo, emoções simples e ingênuas. Estão ausentes na sua poesia a surda paixão carnal de Junqueira Freire, ou os desejos irritados, macerados, do insone Álvares de Azevedo. Ele pôde sublimar em lânguida ternura a sensualidade robusta, embora quase sempre bem disfarçada, dos seus poemas essencialmente diurnos, nos quais não se sente a tensão das vigílias.

No poema "Violeta" configura a teoria do amor romântico, segundo a qual devem ficar subentendidos os aspectos sensuais mais diretos, devendo, ao contrário, ser manifestado com o maior brilho e delicadeza possível o que for idealização de conduta. "O Meu Livro Negro", em toda a sua obra, é o único momento de amargura violenta e rebeldia mais acentuada; noutros o drama apenas se infiltra, menos compacto. Em sua poesia, talvez exagerada no sentimentalismo e repleta de amor pela natureza, pela mãe e pela irmã, as emoções se sucedem sem violência, envolvidas num misto de saudade e de tristeza.

A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada "Casimiro de Abreu", em sua homenagem.

Seus versos mais famosos do poema "Meus Oito Anos":

Oh! Que saudades que tenho
da aurora da minha vida,
da minha infância querida
que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
naquelas tardes fagueiras,
à sombra das bananeiras,
debaixo dos laranjais!

O túmulo de Casimiro de Abreu
Morte

Doente de tuberculose, buscou alívio no clima de Nova Friburgo. Sem obter melhora, recolheu-se à fazenda de Indaiaçu, em São João, onde veio a falecer, seis meses depois do pai, faltando três meses para completar 22 anos.

Foi sepultado conforme seu desejo em Barra de São João, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai.

O Poeta

Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do Romantismo no Brasil. Seu sucesso literário, no entanto, deu-se somente depois de sua morte, com numerosas edições de seus poemas, tanto no Brasil, quanto em Portugal.

Deixou uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal, e o amor (mas este tratado sem a complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas românticos).


Obras


  • 1855 - Fora da Pátria (Prosa)
  • 1855 - Minha Mãe (Poesia)
  • 1855 - Rosa Murcha (Poesia)
  • 1856 - Saudades (Poesia)
  • 1856 - Suspiros (Poesia)
  • 1856 - Camões e o Jau (Teatro)
  • 1857 - Meus Oito Anos (Poesia)
  • 1858 - Longe do Lar (Prosa)
  • 1858 - Treze Cantos (Poesia)
  • 1858 - Folha Negra (Poesia)
  • 1859 - Primaveras (Poesias)

Fonte: Wikipédia e Academia Brasileira de Letras
Indicação: Miguel Sampaio