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José Kairala

KAIRALA JOSÉ KAIRALA
(39 anos)
Comerciante e Político

☼ Manaus, AM (01/02/1924)
┼ Brasília, DF (04/12/1963)


Kairala José Kairala foi um comerciante e político brasileiro, nascido em Manaus, AM, no dia 01/02/1924, senador pelo Acre em 1963. Era filho de José Kairala e Carolina Moussuly Kairala. Foi assassinado no exercício do mandato, dentro do prédio do Senado Federal, vítima de uma bala perdida disparada pelo também senador Arnon de Mello.

Após trabalhar como comerciante, Kairala José Kairala, elegeu-se em outubro de 1962, suplente do senador pelo Acre José Guiomard, na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Devido a licença solicitada por Guiomard, assumiu uma cadeira no Senado no dia 06/07/1963.

Sua última sessão como senador aconteceu em 04/12/1963, quando Arnon de Mello ocupava a tribuna para rebater acusações que lhe foram desferidas seu inimigo político, Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Silvestre Péricles interrompeu o discurso, bradando novas injúrias e avançando sobre Arnon de Mello, que sacou a arma e disparou contra o adversário, que saiu ileso.


Sentado à primeira fila, porém, José Kairala foi atingido no estômago por um dos três tiros disparados. Os dois senadores foram dominados e aprisionados, ilesos, mas José Kairala, sentado no plenário, havia sido atingido. Removido para o Hospital Distrital de Brasília, faleceu algumas horas mais tarde. Apesar de presos em flagrante após o crime, os senadores alagoanos acabaram isentos de punição.

José Kairala era casado com Creusa Kairala, com quem teve quatro filhos, o último dos quais só nasceu após sua morte.

Por conta do acontecido sua família retornou ao Acre e a seguir foi para Minas Gerais até fixar-se no Distrito Federal em 1977, e nesse período sua esposa trabalhou como lavadeira e babá após a viuvez.

Alfredo Gomes

ALFREDO GOMES
(64 anos)
Atleta Corredor

☼ 16/01/1899
┼ São Paulo, SP (17/03/1963)

Alfredo Gomes foi um atleta corredor nascido no dia 16/01/1899.

Alfredo Gomes carregou a bandeira na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 1924 em Paris, na França. Participou da prova de cross-country, mas não concluiu o percurso, assim como 23 outros concorrentes. A prova foi disputada sob severas condições de terreno e climáticas, tendo sido concluída por apenas 15 participantes.

Alfredo Gomes também foi o vencedor da primeira edição da Corrida Internacional de São Silvestre, em 1925, realizada anualmente desde então em São Paulo, Brasil.

Há 90 anos o Clube Esperia mantém em seu acervo o troféu da primeira Corrida de São Silvestre, conquistado pelo atleta Alfredo Gomes, que realizou um percurso de 6,2 mil metros em 23min10s.

Alfredo Gomes trabalhava como eletricista da Companhia Telefônica e em seus momentos de lazer dedicava-se à sua paixão: A corrida.


Outro Esperiota que conquistou a São Silvestre foi o italiano Heitor Blasi, que realizou o mesmo percurso, de 6,2 mil metros, em 23min. O atleta conheceu Alfredo Gomes nas Olimpíadas  de Paris em 1924, e foi convidado por ele para integrar a equipe de corredores do clube. Na Itália, Heitor Blasi já tinha conquistado vários campeonatos, como em 1919, 1920, 1921 e 1923, e recebeu o diploma de Campeão da Itália pela Federazione Italiana de Atletica Leggera.

Juntos, Alfredo GomesHeitor Blasi se alternaram em conquistas, como a Volta de São Paulo (Prova Estadinho), Urbino Taccola, Volta de Campinas, Corrida Rústica Fanfulla e são Bicampeões da São Silvestre pelo Clube Esperia.

No clube, a modalidade começou a ser praticada em 1903 e tornou-se uma tradição figurando em todos os festivais esportivos. Hoje, o centro de esportes e lazer conta com uma das mais modernas pistas da cidade de São Paulo e contribui com a formação de atletas de ponta.

Até a 20ª edição, a Corrida Internacional de São Silvestre era disputada somente por brasileiros. Após assumir caráter internacional, passou a ser reconhecida em todo o mundo.

Alfredo Gomes faleceu aos 64 anos, no dia 17/03/1963, vítima de um ataque cardíaco enquanto estava correndo na mesma pista, do Clube Esperia, que o consagrou.

1ª Corrida de São Silvestre - 1925

Vencedor: Alfredo Gomes
Naturaliade: Brasil
Equipe: Clube Espéria - São Paulo
Tempo: 23m10s
Horário da Largada: 23h40
Percurso: 6.200m
Participantes: 146 atletas.
Chegada: 60 atletas.

Alfredo Gomes, atleta do Clube Esperia, após cruzar a linha de chegada e vencer a primeira Corrida de São Silvestre de 1925.
Percurso

Largada: Av. Paulista - Parque Trianon
Chegada: A.A. São Paulo - Ponte Pequena

Observação: Neste ano, segundo o regulamento, os 25 primeiros atletas eram premiados com medalha. Para ter o nome incluído na lista de classificação da prova, o participante tinha que chegar até 5 minutos após a chegada do campeão.

Indicação: Miguel Sampaio

Isaías de Noronha

JOSÉ ISAÍAS DE NORONHA
(89 anos)
Militar da Marinha

* Rio de Janeiro, RJ (06/07/1873)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/01/1963)

José Isaías de Noronha foi um militar da Marinha do Brasil, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1873. Ingressou no curso preparatório da Escola Naval em 1887, chegando a aspirante de primeira-classe em 1889 e guarda-marinha em 1892. Filho do general-de-divisão Manuel Muniz de Noronha e de Zulmira Augusta Aguiar, era sobrinho de Júlio César de Noronha, ministro da Marinha de 1902 e 1906, e primo de Sílvio de Noronha, ministro da Marinha de 1946 a 1951.

Tendo alcançado a patente de almirante, José Isaías de Noronha foi um dos integrantes da junta governativa que governou o país quando da eclosão da Revolução de 1930, constituída assim que Washington Luís foi deposto e Júlio Prestes impedido de assumir.

Seu período de governo foi de 24 de outubro de 1930 a 3 de novembro de 1930, junto com Mena Barreto e Augusto Fragoso, compondo a Junta Governativa Provisória de 1930.

Junta Governativa Provisória assumiu o governo no dia 24 de outubro de 1930. Ainda naquele dia, a junta organizou um novo ministério, do qual faziam parte, entre outros, o general José Fernandes Leite de Castro (Ministério da Guerra), Isaías de Noronha (Ministério da Marinha) e Afrânio de Melo Franco (Ministério das Relações Exteriores). Com a situação na capital sob controle, a junta enviou o primeiro de uma série de telegramas a Getúlio Vargas, propondo a suspensão total das hostilidades em todo o país, mas nada adiantando sobre a transferência do poder aos chefes da revolução.

Eleito presidente do Clube Naval em 1931, renunciou em 1932, alegando que seria transferido para a reserva, porém, foi reeleito diversas vezes até 1937. Foi reformado em 1941.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 29 de janeiro de 1963.


Carreira Militar

Durante sua carreira militar, exerceu diversas funções, tais como: ajudante da Diretoria de Hidrografia, na Repartição da Carta Marítima (1897 - 1898). Ajudante-de-ordens dos comandantes da 3ª e da 1ª divisões navais, entre 1899 e 1902, sucessivamente. Passou depois a ocupar o mesmo cargo, junto ao ministro da Marinha, que era seu tio. Instrutor da artilharia no encouraçado "Riachuelo" (1906 - 1907). Assistente da Inspetoria de Portos e Costas (1907 - 1909). Comandante interino do contratorpedeiro "Piauí" (1910). Chefe da Diretoria de Faróis da Superintendência de Navegação (1910 - 1911). Comandante interino do contratorpedeiro "Sergipe", que se deslocou para Assunção para ajudar na defesa desta cidade, ameaçada por rebeldes (1911 - 1912).

Incorporou-se a 3ª Seção (operações) do Estado-Maior da Armada (EMA), integrando a Defesa Móvel do Rio de Janeiro (1912 - 1913), assumindo, em seguida, a vice-diretoria das escolas profissionais e o comando do quartel da Defesa Móvel (1913 - 1914). Comandante do cruzador "República" (1914 - 1915). Chefe da 2ª Seção (informações) do EMA (1915 - 1916). Comandante do vapor "Carlos Gomes" (Jan-Jul 1916). Chefe da 3ª Seção do EMA (Jul-Nov 1916). Comandante do cruzador "Barroso" (Nov 1916 - Mar 1917). Chefe da 2ª Seção do EMA (Mar-Nov 1917). Diretor da Escola de Grumetes (1917 - 1919). Comandante do encouraçado "Minas Gerais" (1919 - 1920). Capitão do Porto do Pará (1920-1921).

Completou o curso da Escola de Guerra Naval (1922), passando a vice-diretor desta escola no mesmo ano. Diretor do Depósito Naval do Rio de Janeiro (1922 - 1923). Diretor da Escola Naval (1923 - 1925 / 1926 - 1927), Diretor-geral de Pessoal (1926). Comandante-em-chefe da Esquadra (1927 - 1928).

Mestre Vitalino

VITALINO PEREIRA DOS SANTOS
(53 anos)
Ceramista e Músico

* Sítio Campos, Zona Rural de Caruaru, PE (10/07/1909)
+ Caruaru, PE (20/01/1963)

Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, foi um ceramista popular brasileiro. Mestre Vitalino foi um artesão por retratar em seus bonecos de barro a cultura e o folclore do povo nordestino, especialmente do interior de Pernambuco, e a tradução do modo de vida dos sertanejos. Esta retratação ficou conhecida entre especialistas como arte figurativa.

Seu pai, lavrador, lidava com a roça, e sua mãe era louçeira , produzia panelas, recipientes e pratos. Desde a infância, Vitalino pegava os restos de barro do trabalho de sua mãe para modelar bichos lúdicos, como bodes, vacas e cavalos, uma forma de produzir os seus próprios brinquedos. Os bonecos eram os brinquedos do menino Vitalino.

Na época já existia uma feira na cidade, onde seus pais e irmãos vendiam as louças produzidas pela mãe. Vitalino passou a mandar junto com as louças os seus bonequinhos de barro para serem vendidos. Com o passar dos anos, além de modelar os bichinhos de sua infância, passou a modelar os personagens de sua região.


Do barro passou a expressar através de formas o homem do agreste, os acontecimentos da região e costumes. Em 1947, aos 38 anos, permanecia na roça, e sob influência do amigo Augusto Rodrigues, artista plástico, foi morar em Alto do Moura, próximo de Caruaru, com sua mulher e filhos.

Logo ficou famoso através da Feira de Caruaru e em todas Alto do Moura, onde tudo era comercializado em barracas. Na sua barraca oferecia os seus bonecos feitos de barro, esculpidos para expressar de maneira cada vez mais perfeita os costumes de sua região. Seus trabalhos demonstravam forte originalidade.

O seu trabalho influenciou outros artesãos a realizarem o mesmo tipo de trabalho, e muitas vezes, o próprio Mestre Vitalino ensinava as técnicas. Ensinava a escolher o barro, a socar, peneirar, secar, a queimar no fogo à lenha e a como modelar. Mestre Vitalino era uma pessoa atenciosa, amável, analfabeto e devoto de Padre Cícero.

Ele criou, na década de 1920, a Banda Zabumba Vitalino, da qual é o tocador de pífano principal.

Mestre Vitalino comercializando suas peças na feira de Caruaru, PE, em 1947.
Sua atividade como ceramista permanece desconhecida do grande público até 1947, quando o desenhista e educador Augusto Rodrigues (1913 - 1993) organizou no Rio de Janeiro a Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, com diversas obras suas. Seguiu-se uma série de eventos que contribuíram para torná-lo conhecido nacionalmente e foram publicadas diversas reportagens sobre o artista, como a editada pelo Jornal de Letras em 1953, com textos de José Condé, e na Revista Esso, em 1959.

Em janeiro de 1949, a fama foi ampliada com exposição no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em 1955, integrou a exposição "Arte Primitiva e Moderna Brasileiras", em Neuchatel, Suíça. O Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais e a Prefeitura de Caruaru editaram o livro "Vitalino", com texto do antropólogo René Ribeiro e fotografias de Marcel Gautherot e Cecil Ayres.

Nessa época, conheceu Abelardo Rodrigues, arquiteto e colecionador, que formou um significativo acervo de peças do artista, mais tarde doadas para o Museu de Arte Popular, atual Museu do Barro de Caruaru.

Casa Museu Mestre Vitalino
Mestre Vitalino, em 1960, realizou viagem ao Rio de Janeiro e participou da Noite de Caruaru, organizada por intelectuais como os irmãos João Condé e José Condé, ocasião em que suas peças são leiloadas em benefício da construção do Museu de Arte Popular de Caruaru.

Participou de programas de televisão e exibições musicais, compareceu a eventos e recebeu diversas homenagens, como a Medalha Sílvio Romero. Nessa ocasião, a Rádio MEC realizou a gravação de seis músicas da banda de Mestre Vitalino, lançadas em disco pela Companhia de Defesa do Folclore Brasileiro na década de 1970.

Em 1961, atendendo a pedido da Prefeitura de Caruaru, doou cerca de 250 peças ao Museu de Arte Popular, inaugurado nesse ano.

Em 1971, foi inaugurada no Alto do Moura, no local onde o artista residiu, a Casa Museu Mestre Vitalino. No espaço, administrado pela família, estão expostas suas principais obras, além de objetos de uso pessoal, ferramentas de trabalho e o rústico forno a lenha em que fazia suas queimas. O entorno é ocupado por oficinas de artesãos.

Museu do Barro recebe exposição "Memórias de Vitalino"
O reconhecimento do artista foi ampliado após a sua morte. Sua biografia inspirou o samba-enredo da Império da Tijuca nos carnavais de 1977 e 2012. A Festa de São João de Caruaru o adotou como a personalidade homenageada de 2009.

Suas obras mais famosas são "Violeiro", "O Enterro na Rede", "Cavalo-Marinho", "Casal no Boi", "Noivos a Cavalo", "Caçador de Onça" e "Família Lavrando a Terra".

A produção do artista passou a ser iconográfica e inspirou a formação de novas gerações de artistas, especialmente no Alto do Moura, bairro de Caruaru, PE, onde viveu.


Parte de sua obra pode ser contemplada no Museu do Louvre, em Paris, na França. No Brasil, a maior parte está nos museus Casa do Pontal e Chácara do Céu, Rio de Janeiro, no Acervo Museológico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, e em Alto do Moura.

Mestre Vitalino faleceu em 20/01/1963, deixou como herança diversos discípulos, entre eles os seus filhos Severino e Amaro.

Pérola Byington

PÉROLA ELLIS BYINGTON
(83 anos)
Filantropa e Ativista Social

* Santa Bárbara, SP (03/12/1879)
+ Nova York, Estados Unidos (06/11/1963)

Filha dos americanos Mary Ellis McIntyre e Roberto D. McIntyre, descendentes de famílias que imigraram dos Estados Unidos após a Guerra Civil, Pearl Byington nasceu em 03 de dezembro de 1879, na Fazenda Barrocão, em Santa Bárbara do Oeste, SP. Além da filha Pearl, que mais tarde adotaria o nome de Pérola, o casal teve as meninas Mary e Lillian.

Em Piracicaba, SP, Pérola iniciou os estudos. Foi aluna do Jardim de Infância da Escola Americana, fundada e dirigida por Miss Watts e a professora e médica belga Maria Renotte, que além de ter sido, na última década do século XIX, a primeira e única médica na capital paulista por mais de uma década e haver se dedicado à criação de uma filial da Cruz Vermelha em São Paulo, como defensora dos direitos femininos participou da fundação da Aliança Paulista Pelo Sufrágio Feminino, tendo sido uma das vice-diretoras. Mais tarde Pérola tranferiu-se para o colégio fundado por sua mãe.

Aos catorze anos, completou os preparatórios para a Escola Normal. Contudo, como não tinha ainda a idade mínima para inscrição que era de dezesseis anos, foi impedida de matricular-se. Recebeu então aulas particulares, com exceção de latim, que aconteciam em uma escola masculina. Pérola ficava atrás de um biombo para não atrapalhar a aula do professor. Apenas em 1899 obteve o diploma de professora.

Ainda na Escola Normal, fez os preparatórios no Curso Anexo da Academia de Direito de São Paulo. Sua intenção não foi bem recebida pelos acadêmicos, então desfavoráveis à abertura do curso ao sexo feminino e Pérola não foi aprovada no exame de geografia.

Casou-se em 1901, com um dos pioneiros da indústria brasileira, Alberto Jackson Byington, com quem teve dois filhos, Alberto e Elizabeth. Em 1912 o casal partiu para os Estados Unidos, para onde haviam levado os filhos para estudar. Como consequência da Primeira Guerra Mundial a família não pode voltar ao Brasil e Pérola passou a colaborar com a Cruz Vermelha americana captando recursos.

Hospital Pérola Byington
Ao retornar ao país na década de 20, deparam-se com a cidade de São Paulo em efervescente desenvolvimento econômico e social. Encontraram também os contrastes econômicos e sociais que caracterizavam a população. Pérola então passou a trabalhar na Cruz Vermelha, ao lado de Maria Renotte, sua antiga conhecida, chegando a exercer o cargo de diretora do Departamento Feminino.

Em 1930, aos cinqüenta anos, junto à educadora sanitária Maria Antonieta de Castro, fundou a Cruzada Pró-Infância, em São Paulo, entidade voltada ao combate da mortalidade infantil, cujos índices eram assustadores então. Pérola foi eleita diretora geral e assim permaneceu por 33 anos.

O programa de ações da entidade incluía, inclusive, tentar junto aos poderes públicos a concretização obtenção de leis favoráveis à gestante e à criança, além de criar dispensários com serviços de clínica geral, higiene infantil, pré-natal, fisioterapia, dietética e odontologia. 

A criação de uma casa para abrigar mães solteiras, em uma época em que eram discriminadas, e casadas sem apoio familiar foi iniciativa pioneira. Pérola compreendia ser a maternidade função social do estado e defendia a assistência à mãe solteira como uma forma de enfrentamento dos problemas sociais. Era combativa defensora da educação sexual.

Como consequência, projetos infantis e creches com serviços de psicologia foram implantados. O hospital-infantil inaugurado em 1959 oferecia, ainda, cursos para estagiários acadêmicos. O funcionamento da Cruzada dependia da participação de todos. Pérola e seu grupo conseguiram constituir uma rede de solidariedade. Profissionais famosos atuavam voluntariamente no Ambulatório-Central, enquanto outros atendiam gratuitamente os pacientes nas residências. Laboratórios realizavam exames sem cobrar aos pacientes e algumas farmácias doavam medicamentos.

Praça Pérola Byington
Pérola foi também, uma das pioneiras na cobrança da divulgação causas da alta mortalidade no parto e pós-parto, objetivando melhorar a qualidade do pré-natal. Por uma de suas cobranças públicas, ocorrida em julho de 1938, na Semana das Mães, recebeu críticas das autoridades. Sua persistência para a institucionalização do Dia e da Semana da criança visava não motivos comerciais, mas acreditava que seria uma importante forma de chamar a atenção sobre os problemas da infância.

Colaborou ainda para ajudar a eleger Carlota Pereira de Queiroz, médica paulistana e primeira mulher eleita deputada federal no Brasil, na Constituinte de 1934.

Por sua atuação essencial à história da assistência à infância, Pérola foi alvo de várias homenagens. Em 1947 recebeu o título de Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até a ocasião, a única não-pediatra, a merecer tamanha distinção.

Emprestou seu nome ao antigo Hospital da Cruzada, batizado de Pérola Byington após seu falecimento, em 1963, e também à praça localizada em frente ao hospital, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, região central da cidade de São Paulo. Em 1978 seu busto foi inaugurado na praça.

A maior homenagem certamente à Pérola, contudo, é a forma como seu hospital hoje em dia é conhecido pela população: Hospital da Mulher.

Celso Lara Barberis

CELSO LARA BARBERIS
(47 anos)
Piloto Automobilístico

* São Manuel, SP (28/02/1916)
+ São Paulo, SP (07/09/1963)

Celso Lara Barbéris nasceu em São Miguel, próximo a Botucatu, interior de São Paulo, em 28 de fevereiro de 1916.

Filho único (tinha uma irmã mais nova mas esta era adotiva) de um médico italiano, natural de Turim, radicado no Brasil e fazendeiro na região de Fartura, região oeste do estado de São Paulo.

Mudou-se para a capital paulista aos 14 anos. Lá, começou a se revelar como atleta: Naquele mesmo ano, iniciando a sua carreira de esportista no Clube de Regatas Tietê e algum tempo depois no Clube Floresta (hoje é o Espéria), também às margens do Rio Tietê.

Como nadador, especializou-se nos 100 metros nado livre. Foi remador do mesmo clube conquistando 9 títulos paulistas e em 1934 tornou-se campeão brasileiro de Double Skiff, chegando a ser convocado para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Contudo, uma intoxicação o levou, na véspera do embarque, ao hospital onde ficou se recuperando por alguns dias, tempo suficiente para perder o navio onde viajou a delegação.

Em 1945, com 29 anos, mudou-se para Avaré, onde assumiu a administração da fazenda de café da família em Fartura. Nessa época também mantinha, e dividia com seu primo José Fernando, um apartamento em São Vicente, devido à necessidade de acompanhar de perto a Bolsa de Café que funcionava na zona portuária de Santos.

No final da década, abraçou o automobilismo. Em 1949, com uma Alfa-Romeu Sport que havia pertencido a Fábio Crespi, em sua prova de esteia, fundiu seu motor nas primeiras voltas.

Em 1950 ganhou a prova 80 quilômetros de Interlagos com uma Simca Sport. Mudou-se em 1951 com os pais para São Paulo, indo morar na Rua Suécia, bairro do Jardim Europa.

Em 1952 participou de uma prova, mas abandonou por quebra. Casou-se com Maria José e no ano seguinte nasceu sua filha Beatriz, mas o casamento só durou mais um ano, em 1954 eles se desquitaram.

Em 1954 disputou várias provas como o Grande Prêmio Cidade de São Paulo, em janeiro com um carro de 1500cc. Em maio também abandonou uma prova por quebra de uma Ferrari. Em agosto foi 1º colocado com uma Ferrari 2 litros e foi 2º com a mesma Ferrari na prova de comemoração das festividades do IV Centenário de São Paulo.

Chico Landi (esquerda) e Toni Bianco (direita)
Sempre gostou de carros novos e possantes, chegou mesmo a mandar construir em 1955, um carro esporte exclusivo na oficina de Oliveira Monarca do bairro da Bela Vista, carro que foi construído por Toni Bianco, na época iniciando seu trabalho no Brasil.

Esteve afastado por algum tempo, retornando em 1957 no Triângulo Sul Americano conquistando o 5º lugar. Neste mesmo ano, com a indústria automobilística brasileira dando os primeiros passos, o Automóvel Clube do Estado de São Paulo, para incentivar o acontecimento e ao mesmo tempo comemorar o 7 de Setembro, criou uma das mais importantes e tradicionais corridas que São Paulo conheceu: Eram os 500 Quilômetros de Interlagos somente comparado em tradição com a Mil Milhas Brasileiras criada um ano antes. Essa prova era realizada pelo anel externo do traçado original do autódromo, com aproximadamente 3.460m.

A sua primeira edição (1957) foi um grande acontecimento, tendo sido inclusive transmitida pela Rádio Panamericana (na época a emissora dos esportes), atual Jovem Pan. A narração foi de Wilson Fittipaldi (o Barão), pai de Wilson Fittipaldi Júnior e Emerson Fittipaldi.

Os carros da categoria Força Livre eram antigos monopostos (apelidados de charutinhos) como Ferrari, Maserati e Alfa-Romeo. A criatividade brasileira equipava alguns desses carros com modernos motores Corvette (sensação da época) que davam uma sobrevida a estes carros tecnologicamente ultrapassados. Essa categoria recebia o nome de Mecânica Continental.

A corrida com 154 voltas teve 105 lideradas por Ciro Cayres (outro monstro da época) registrando o 1º recorde da prova em 1m14s. Porém o motor da sua Ferrari não agüentou o forte ritmo e Ciro foi obrigado a abandonar deixando a vitória para Barberis que com uma Maserati-Corvette corria em 2º lugar. Celso Barberis completou as 154 voltas com a média de 132km/h em 3h46m27s.

Foi o 3º colocado no ano seguinte, nesta mesma prova, em sua segunda edição. Celso Barberis venceria ainda os 500 quilômetros de Interlagos de 1959 com Maserati 3000 e em 1960 com Maserati-Corvette.

Participou de cinco edições das Mil Milhas Brasileiras (57/58/59/60/61), além de algumas na categoria Turismo. Participou também de provas Internacionais do World Sports Car Championship em Buenos Aires, Argentina, em parceria com Godofredo Vianna Filho (56), Eugênio Martins (57 e 58) e em 1960 com Christian Heins, quando pilotando em dupla uma Maserati 300S conquistaram o 4º lugar.

Mostrando que sua versatilidade como atleta ainda estava em alta, em 1962, entre uma e outra competição, praticando motonáutica, venceu os 100 Quilômetros da Represa de Guarapiranga.

Iniciou 1963 fazendo um 2º nas 12 Horas de Interlagos com um FNM-JK. Porém nos 500 quilômetros de Interlagos daquele ano, já competindo com um carro nacional fabricado por Chico Landi e Toni Bianco com motor JK 2000. Celso teve um acidente fatal na 1ª volta da corrida na então chamada subida dos boxes, hoje curva do café.

Intantes após o toque de pneus
Seu carro, após ter sido tocado pelo carro de nº 50 do piloto Amaral Júnior (pneu contra pneu) rodou, foi de encontro ao barranco (era esse o guard-rail da época) e capotou varias vezes. Barberis teve fratura do crânio e esmagamento do tórax, sendo lançado a mais de 5m de distância.

Essa prova, inclusive, já começou trágica: Edmundo Bonotti faleceu em conseqüência dos ferimentos sofridos num acidente ocorrido durante os treinos.

A prova, que não chegou a ser interrompida, foi vencida por Roberto Galucci com Maserati-Corvette, mas ele nem comemorou (era a sua segunda vitória na prova).

As Polêmicas do Acidente

O acidente (nunca devidamente esclarecido) criou várias polêmicas, tendo saído das páginas esportivas para as policiais dos grandes jornais da época. O piloto Amaral Júnior se recusou a permitir que o ACESP (Automóvel Clube do Estado de São Paulo) fizesse uma vistoria no seu carro. Alguns afirmam ter visto o piloto logo após o acidente parar no box e instruir seus mecânicos, que na volta seguinte em um ponto afastado da pista teriam trocado o pneu da batida. O piloto abandonou a prova algumas voltas depois, mas o pneu trocado nunca mais apareceu. Amaral Júnior também não compareceu a uma audiência para ouvir o piloto Ciro Cayres, principal testemunha do acidente no inquérito (encontrava-se entre os carros 2 e 50). Outros boatos surgiram, como o que dizia que os pilotos eram inimigos de longa data, (eram da mesma cidade, São Miguel) ou que Amaral Júnior estaria a serviço de outro piloto "rival" de Barberis fora das linhas automobilísticas. Os fatos nunca provados ou comprovados.

No dia 9 de setembro, a diretoria do Automóvel Clube, suas comissões técnicas e esportivas com todos os membros presentes, decidiu eliminar João Batista Amaral Júnior do quadro de corredores do ACESP.

Às 15 horas e 15 minutos do dia 7 de setembro de 1963, um campeão deixou Interlagos para sempre e o Brasil perdeu um grande piloto.

O acidente abalou de tal forma os parceiros Chico Landi e Toni Bianco que eles decidiram por destruir o carro (que poderia ser recuperado), cortando o chassi em 4 partes e abandonando qualquer possibilidade de vir a tornar este carro capaz de disputar corridas no exterior.

Fonte: Nobres do Grid

Christian Heins

CHRISTIAN HEINS
(28 anos)
Piloto Automobilístico

☼ São Paulo, SP (16/01/1935)
┼ Le Mans, França (16/06/1963)

Christian Heins era filho de um bem sucedido empresário de origem alemã (lavanderia industrial) e de uma italiana, Carl Heinrich Christian Heins e Giuliana de Fiori Heins.

Seu avô materno, renomado médico, morava vizinho e foi nos carros do avô que Christian começou a mexer ainda criança, tomando gosto por mecânica, foi também o avô que o ensinou a dirigir. Suas primeiras saídas foram com um pequeno Ford Anglia do avô, que inclusive chegou a capotar nas ruas do bairro.

Depois de terminar os seus estudos primários e secundários no colégio Visconde de Porto Seguro, no início de 1953, transferiu-se para Stuttgart, Alemanha, onde foi cursar a Technische Hochschule (Escola Técnica de Nível Superior). Ao mesmo tempo fazia estágio no curso especial para estrangeiros da Mercedes-Benz. Depois transferiu-se para a Fábrica de Pistões Mahle GmbH, ainda em Stuttgart.

Com 19 anos, fez sua estreia em competições automobilísticas, no dia 16/05/1954 numa prova no autódromo de Interlagos.

No inicio usando o apelido Cometa, pois era assim que seus amigos o chamavam devido à andar sempre rápido. Como, ao contrário da grande maioria dos pilotos daquela época que começavam a correr com mais idade, ele começou aos 19, era o mais novo dos pilotos, e por ser filho de uma italiana, logo ganhou o apelido de Bambino que rapidamente virou só Bino, e assim foi conhecido por toda vida.

Disputou a primeira Mil Milhas Brasileiras, em 1956, fazendo dupla com Eugênio Martins. Se classificaram em segundo lugar com um VW Sedan/Porsche. Nessa disputa, o VW de série preparado pelo amigo Jorge Lettry em sua oficina Argos Equipamentos, enfrentava as carreteras (carros velhos equipados com potentes motores de mais de 250cv e aliviados no peso), principalmente as dos gaúchos.

A seguir, com apresentação do presidente da Mahle do Brasil, que era vizinho e amigo da família, foi admitido na fábrica de automóveis Porsche, também em Stuttgart, começando a trabalhar como mecânico e logo ingressando na escuderia da fábrica, já como piloto. Onde ficou de 57 a 60.

Durante sua estada na Europa, participou com êxito de numerosas provas automobilísticas, notadamente, no inicio, das Subidas de Montanha na Itália, além de provas em circuitos. Desse seu estágio no exterior várias vezes retornou ao Brasil convidado para participar de provas locais.

Christian Heins guiando um Fórmula Jr de motor Porsche em Interlagos.
Em 1960, numa de suas voltas para o Brasil, Christian Heins trouxe uma namorada alemã, Waltraud, e também seus troféus. Aí ocorreu um fato insólito: como os troféus não tinham nota fiscal, é claro, a alfândega apreendeu todos por suspeita de contrabando. Indignada, sua irmã, Ornella escreveu ao presidente Juscelino Kubitschek pedindo providencias. E o presidente respondeu.

Passou um telegrama pedindo desculpas e dizendo que Christian Heins era um Monumento Nacional e dizendo também que os troféus já estavam devidamente liberados e podiam ser retirados. Pelé e Maria Ester Bueno eram considerados pela imprensa da mesma forma.

Finalmente regressou de vez ao Brasil e passou a dedicar-se exclusivamente ao automobilismo, correndo inicialmente pela equipe Serva Ribeiro, o mais representativo revendedor Vemag da época, equipe essa comandada por seu amigo Jorge Lettry. Ficou até os treinos da V Mil Milhas Brasileiras de 1960, que iria correr em dupla com Eugênio Martins, mas após uma discussão com o chefe de equipe abandonou o carro antes mesmo de dar uma volta e foi embora. Foi substituído por Bird Clemente.

Christian Heins passou então a fazer dupla com ninguém menos que Chico Landi, ao volante do carro FNM/JK nº 28, com o qual venceram a corrida. No momento de receber a bandeirada, quis entregar o volante a Chico Landi, que recusou, sua participação fora bem maior nos boxes que na direção do carro.

Nesse mesmo ano, disputou o 1000 Km de Buenos Aires, prova de abertura do Campeonato Mundial de Marcas. Terminou em 4º lugar, dividindo uma Maserati 300S com outra fera brasileira, Celso Lara Barberis. Fez três corridas com Chico Landi e o FNM/JK, sendo que a última já trabalhando na Willys.

Em 1961 casou-se com "Maria" Waltraud com quem teve uma filha, Betina, nascida no inicio de 1962.

No início da década de 60, quando visitava o Salão do Automóvel de Paris, William Max Pearce, presidente da Willys Overland do Brasil, se encontrou com o preparador Jean Rédéle e dessa conversa nasceu a idéia de desenvolver o projeto Alpine A-108 no Brasil. Ao voltar ao Brasil William Max Pearce procurou o jornalista e publicitário Mauro Salles e conversaram sobre essa possibilidade.


Ao final de 1961 Christian Heins, já um dos mais consagrados pilotos nacionais, com significativa participação em provas internacionais, foi convidado por William Max Pearce para ser gerente do Departamento de Carros Esporte, onde iniciou em setembro, o departamento que iria desenvolver o carro, e conseguiu com sua competência eliminar várias deficiências do mesmo. A idéia de William Max Pearce era manter o nome Alpine, mas por sugestão de Mauro Salles o carro foi batizado como Interlagos, em homenagem ao autódromo paulistano.

A Willys apresentou o carro no II Salão do Automóvel, realizado no Pavilhão do Ibirapuera em outubro de 1961 em três versões: Coupe, Conversível e Berlineta.

No início de 1962 Christian Heins foi transferido para montar e organizar o Departamento de Competições, do qual foi gerente e piloto.

Christian Heins também passou a correr com as Berlinetas Interlagos. Estreou o carro em competições no I Mil Quilômetros de Brasília em 1962, ao lado de Aguinaldo de Góes Filho. A competição tinha largada à meia-noite e Christian Heins, que tinha muita experiência nas pistas européias pois já havia participado de muitas provas longas, inclusive de Le Mans em 1958, estava seguro.

Essa prova tem uma história interessante: Camillo Christofaro largou na frente, como sempre. Seu hábito era nunca dar passagem e Christian Heins sabia disso, assim fez uma ladeira toda com os faróis apagados para não ser visto e quando entrou na curva já estava ao lado de Camillo Christofaro, só então Christian Heins acendeu os faróis. Seu carro porém chegou em terceiro, atrás de dois carros FNM/JK muito mais potentes.

Na Equipe Willys ele revelou uma série de pilotos que ficaram famosos nos anos 70, entre eles Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace, e participou e venceu várias corridas com o Interlagos, Gordini, 1093 e com o Landi/Bianco/Gordini de Fórmula Junior (no Brasil MN-2.5).

Em 1963, consagrado como piloto e chefe de equipe, recebeu um convite para participar das famosas 24 Horas de Le Mans de 1963 com um Alpine M63 Renault oficial da Equipe Alpine. Havia rumores que ele vinha pensando em parar de correr, mas aceitou o convite. Pintou faixas longitudinais com o verde/amarelo e inscreveu na lateral: Equipe Interlagos - Alpine. Veja uma resposta de Christian Heins contida num jornal da época:

"Fui convidado pela fábrica do Alpine na França para pilotar o carro de sua fabricação na corrida de Le Mans, na França. O Alpine é um automóvel idêntico ao que aqui na Willys fabricamos com a denominação de Interlagos. O que irei pilotar desta feita, por convite da fábrica é um modelo novo que concorrerá na classificação como protótipo."

À esquerda, Christian Heins em Interlagos. No alto e abaixo, à direita, o Renault Alpine M63 com o qual perderia a vida em Le Mans.
Últimos Momentos

Dia 08/06/1963 à 20h00 embarcou com a esposa para Paris de onde vai para Le Mans a uns 60 Km de distância. Seu plano era tirar quinze dia de férias na Europa após a corrida. Seu parceiro seria o piloto José Rosinski.

Dia 16/06/1963 às 15h00 é dada a largada, mas aproximadamente às 20h20 quando Christian Heins liderava na categoria de 700 a 1000cc, e na geral era 3º, quando o Aston-Martin de Bruce MacLaren e Innes Ireland, pilotada na hora por Innes Ireland, vazou óleo na pista e os três carros que vinham a seguir passaram a derrapar e saíram violentamente de controle, chocando-se.

O carro de Christian Heins após derrapar, bater num outro carro, dar várias cambalhotas, bateu num poste de iluminação e incendiou-se, ficando o piloto preso nas ferragens, provavelmente desfalecido. Os bombeiros tiveram dificuldades em abrandar o fogo e retirá-lo. Foi levado com urgência para o hospital onde os médicos constataram que ele já estava morto, enquanto os destroços do Alpine de Christian Heins continuavam ardendo intensamente junto à pista.

Os médicos legistas declararam que o piloto faleceu instantaneamente em conseqüência dos ferimentos na cabeça e teve o corpo parcialmente carbonizado. Sua esposa, seu pai e o amigo e patrão Max Pearce assistiam tranqüilamente a competição quando receberam a terrível notícia.

Seu corpo foi transladado para o Brasil e sepultado dia 27/06/1963 no cemitério do Redentor em São Paulo.

Christian Heins foi um dos maiores piloto brasileiros. Sem ter as oportunidades que surgiram a partir da era Emerson Fittipaldi, conquistou destaque no Brasil e no exterior. Era como um professor, um piloto fantástico que todos se esforçavam para copiar.

Lamartine Babo

LAMARTINE DE AZEREDO BABO
(59 anos)
Compositor, 
Revistógrafo, Humorista, Radialista e Produtor

* Rio de Janeiro, RJ (10/01/1904)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/06/1963)

Foi um dos mais importantes compositores populares do Brasil. Era um dos doze filhos de Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gonçalves, sendo um dos dos três que chegaram à idade adulta. Era tio de Oswaldo Sargentelli.

Nasceu no mesmo ano da fundação do América Football Club. Tijucano e americano fanático, Lamartine protagonizou cenas memoráveis como o desfile que fez em carro aberto pelas ruas do centro do Rio, fantasiado de diabo, comemorando o último campeonato do América em 1960.

Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias maravilhosas, resultantes de seu espírito inventivo e altamente versátil. Começou a compor aos catorze anos - a valsa "Torturas do Amor" e, aos dezesseis anos, compõe a opereta "Cibele". Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se a músicas religiosas.

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Porém, foi através das marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do Grande Galo, que o seu nome se tornou mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval. Em suas letras, predominavam o humor refinado e a irreverência.

Como poucos, Lamartine alcançou os dois extremos da alma brasileira: a gozação e o sentimento.

Em 1937, na cidade mineira de Boa Esperança, numa situação inusitada, compôs o famoso samba-canção Serra da Boa Esperança.

Em 1949 compôs os hinos dos 11 participantes do Campeonato Carioca de Futebol daquele ano, com patrocínio do programa de rádio Trem da Alegria, que lançou lps de cada um dos clubes. Em um só dia Lamartine Babo compôs os famosos hinos dos considerados seis maiores e mais tradicionais times de futebol do Rio de Janeiro - sendo o primeiríssimo em seu coração o América FC, além de Vasco da Gama, Fluminense, Flamengo, Botafogo e Bangu. Em seguida foram escritos os hinos dos clubes "menores", sendo eles o São Cristóvão, Madureira, Olaria, Bonsucesso e Canto do Rio. Esses hinos são, na verdade, hinos populares, sendo os hinos oficiais da maioria dos clubes músicas diferentes.

Lalá, como era conhecido, era uma das pessoas mais bem humoradas e divertidas de sua época, não perdendo nunca a chance de um trocadilho ou de uma piada. Em uma entrevista afirmou "Eu me achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso". Numa outra, o entrevistador pergunta qual era a maior aspiração dos artistas do broadcasting, Lalá não vacila: "A aspiração varia de acordo com o temperamento de cada um… Uns desejam ir ao céu… já que atuam no éter… Outros ‘evaporam-se’ nesse mesmo éter… Os pensamentos da classe são éter… ó… gênios…" - valeu-lhe o título de O Pior Trocadilho de 1941.

E aconteceu também o caso dos correios: Lalá foi enviar um telegrama, o telegrafista bateu então o lápis na mesa em morse para seu colega: "Magro, feio e de voz fina". Lalá tirou o seu lápis e bateu: "Magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista"

Sua primeira marchinha gravada, foi a divertida "Os Calças-Largas", em que Lamartine debochava dos rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em 1937, com a censura imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, carnavalescos irreverentes como Lamartine Babo ficaram proibidos de utilizar a sátira em suas composições. Sem a irreverência costumeira, as marchinhas não foram mais as mesmas.

Em 1951, aos 47 anos, Lamartine Babo, que nunca tivera sorte no amor, casou-se, enfim. Morreu vitimado por um infarto, no dia 16 de junho de 1963, deixando seu nome no rol dos grandes compositores deste país. Seu amigo e parceiro João de Barro, o popular Braguinha, disse certa vez: "Costumo dividir o carnaval em duas fases: Antes e depois de Lamartine".

Em 1981 a escola de samba Imperatriz Leopoldinense conquistou seu primeiro bicampeonato com o enredo "O teu cabelo não nega", de Arlindo Rodrigues, uma comovente e divertida homenagem ao compositor.

Fonte: Wikipédia