(89 anos)
Ator, Diretor, Cenógrafo, Iluminador, Figurinista e Escritor
* Milão, Itália (27/08/1916)
+ São Paulo, SP (30/12/2005)
Gianni Ratto foi um diretor, cenógrafo, iluminador, figurinista, tradutor, escritor e ocasionalmente, ator. Contribuiu ativamente para a reconstrução do teatro de seu país no pós-Guerra.
Gianni Ratto nasceu em Milão, Itália em 27 de agosto de 1916, mas viveu até a juventude em Gênova, com a mãe, Maria Ratto, pianista e professora de canto lírico. Na escola primária era chamado de "bastardo" por não levar o nome do pai, de quem Maria Ratto se separou quando era muito pequeno e passou a sustentá-lo sozinha através de seu trabalho com a música. Foi assim que Gianni Ratto teve seu primeiro contato com a arte: não apenas com a música, como também com a cenografia, pois foi uma aluna de sua mãe, filha de Gordon Craig, que o levou, pela primeira vez, ao ateliê do cenógrafo - experiência que o marcaria por toda a vida.
Começou a trabalhar no campo das artes e da cultura muito jovem. Enquanto ainda estudava no Liceu Artístico, conseguiu um estágio com Mario Labò, renomado arquiteto genovês que tornou-se seu grande amigo e mestre. Inscreveu-se, também, em diversos concursos organizados pelo governo nas áreas de cenografia e cinema, obtendo êxito em vários deles e terminando por conseguir uma bolsa de estudos para cursar Direção no Centro Experimental de Cinema de Roma.
Estudou também Arquitetura no Politécnico de Milão, mas foi obrigado a abandonar tudo em função do início da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu enquanto prestava o Serviço Militar obrigatório. Não concordando com a posição de seu país, desertou do exército italiano e fugiu para a Grécia, onde viveu com camponeses por dois anos, passando todo tipo de necessidade, até o término da Guerra.
Em 1946 mudou-se para Milão e começou, junto com o amigo da escola de oficiais Paolo Grassi, a fazer teatro como cenógrafo. Trabalhando, a partir daí, em todas as vertentes do espetáculo (teatro dramático e lírico, musical, dança e revista), sua carreira teve uma rápida evolução que culminou com a fundação do Piccolo Teatro de Milão, ao lado de Grassi e Giorgio Strehler, e o trabalho como cenógrafo e vice-diretor artístico do Teatro Alla Scala de Milão.
Tornou-se um dos cenógrafos mais respeitados da Europa, e colaborou ativamente para o pensamento artístico de seu tempo, escrevendo artigos para revistas especializadas e dando palestras. Foi figura-chave na reconstrução do teatro italiano no pós-Guerra, trabalhando ao lado de grandes artistas, como Maria Callas, Herbert Von Karajan, Mitropoulos e Igor Stravinski. Após alguns anos de trabalho ininterrupto, começou a sentir uma estagnação e ao mesmo tempo uma vontade de explorar novas possibilidades dentro do teatro, como a direção.
Em 1954, Maria Della Costa e Sandro Polloni, que estavam prestes a inaugurar seu teatro em São Paulo, foram à Itália convidar Gianni Ratto para cenografar - e dirigir - o espetáculo de inauguração do Teatro Maria Della Costa - "O Canto da Cotovia", de Jean Anouilh. Gianni Ratto aceitou o convite, e acabou apaixonando-se pelo Brasil e mudando-se para cá. Chegou aqui quando o teatro verdadeiramente brasileiro estava começando a surgir, e foi esta possibilidade de construção de algo novo que o encantou. Foi grande incentivador da dramaturgia nacional, pesquisando autores e montando textos não valorizados à época, como "A Moratória", de Jorge Andrade e "O Mambembe", de Artur Azevedo, que obtiveram grande êxito.
Trabalhou brevemente no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e organizou um departamento de teatro para o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Fundou e dirigiu companhias teatrais estáveis, como o Teatro dos Sete, em 1958, com Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sérgio Britto e Ítalo Rossi, que teve um trabalho altamente premiado, e o Teatro Novo, nos anos 1970, um teatro/escola que abrigava um elenco permanente, um corpo de baile e uma orquestra de câmara - iniciativa fechada pela ditadura militar.
Através de seu trabalho e dos conhecimentos que trouxe, participou como formador de pelo menos três gerações de artistas e técnicos teatrais brasileiros. Atuou também, formalmente, como professor, em vários cursos ministrados em diversas escolas e centros culturais como Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, Conservatório Nacional de Teatro, Universidade da Bahia, entre outros.
Gianni Ratto realizou inúmeras montagens teatrais e operísticas, exercendo diversas funções na construção da cena: direção, iluminação, cenário e figurino, o que fez dele um verdadeiro "homem de teatro". Trabalhou também, como tradutor de textos teatrais, articulista para jornais e revistas, e autor de prefácios e textos para livros. Foi, ocasionalmente, ator, como no filme "Sábado", de Ugo Giorgetti, e na série de TV "Anarquistas Graças a Deus".
Aos oitenta anos tornou-se escritor na língua portuguesa, publicando seu primeiro livro, uma autobiografia, "A Mochila do Mascate". Publicou também "Antitratado de Cenografia", "Crônicas Improváveis", "Noturnos" e "Hipocritando".
Recebeu inúmeros prêmios ao longo dos anos, e em 2003 recebeu o Prêmio Shell por sua contribuição para o teatro brasileiro.
Gianni Ratto faleceu em 30 de dezembro de 2005 em São Paulo, aos 89 anos de idade.
Gianni Ratto nasceu em Milão, Itália em 27 de agosto de 1916, mas viveu até a juventude em Gênova, com a mãe, Maria Ratto, pianista e professora de canto lírico. Na escola primária era chamado de "bastardo" por não levar o nome do pai, de quem Maria Ratto se separou quando era muito pequeno e passou a sustentá-lo sozinha através de seu trabalho com a música. Foi assim que Gianni Ratto teve seu primeiro contato com a arte: não apenas com a música, como também com a cenografia, pois foi uma aluna de sua mãe, filha de Gordon Craig, que o levou, pela primeira vez, ao ateliê do cenógrafo - experiência que o marcaria por toda a vida.
Começou a trabalhar no campo das artes e da cultura muito jovem. Enquanto ainda estudava no Liceu Artístico, conseguiu um estágio com Mario Labò, renomado arquiteto genovês que tornou-se seu grande amigo e mestre. Inscreveu-se, também, em diversos concursos organizados pelo governo nas áreas de cenografia e cinema, obtendo êxito em vários deles e terminando por conseguir uma bolsa de estudos para cursar Direção no Centro Experimental de Cinema de Roma.
Estudou também Arquitetura no Politécnico de Milão, mas foi obrigado a abandonar tudo em função do início da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu enquanto prestava o Serviço Militar obrigatório. Não concordando com a posição de seu país, desertou do exército italiano e fugiu para a Grécia, onde viveu com camponeses por dois anos, passando todo tipo de necessidade, até o término da Guerra.
Em 1946 mudou-se para Milão e começou, junto com o amigo da escola de oficiais Paolo Grassi, a fazer teatro como cenógrafo. Trabalhando, a partir daí, em todas as vertentes do espetáculo (teatro dramático e lírico, musical, dança e revista), sua carreira teve uma rápida evolução que culminou com a fundação do Piccolo Teatro de Milão, ao lado de Grassi e Giorgio Strehler, e o trabalho como cenógrafo e vice-diretor artístico do Teatro Alla Scala de Milão.
Tornou-se um dos cenógrafos mais respeitados da Europa, e colaborou ativamente para o pensamento artístico de seu tempo, escrevendo artigos para revistas especializadas e dando palestras. Foi figura-chave na reconstrução do teatro italiano no pós-Guerra, trabalhando ao lado de grandes artistas, como Maria Callas, Herbert Von Karajan, Mitropoulos e Igor Stravinski. Após alguns anos de trabalho ininterrupto, começou a sentir uma estagnação e ao mesmo tempo uma vontade de explorar novas possibilidades dentro do teatro, como a direção.
Em 1954, Maria Della Costa e Sandro Polloni, que estavam prestes a inaugurar seu teatro em São Paulo, foram à Itália convidar Gianni Ratto para cenografar - e dirigir - o espetáculo de inauguração do Teatro Maria Della Costa - "O Canto da Cotovia", de Jean Anouilh. Gianni Ratto aceitou o convite, e acabou apaixonando-se pelo Brasil e mudando-se para cá. Chegou aqui quando o teatro verdadeiramente brasileiro estava começando a surgir, e foi esta possibilidade de construção de algo novo que o encantou. Foi grande incentivador da dramaturgia nacional, pesquisando autores e montando textos não valorizados à época, como "A Moratória", de Jorge Andrade e "O Mambembe", de Artur Azevedo, que obtiveram grande êxito.
Trabalhou brevemente no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e organizou um departamento de teatro para o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Fundou e dirigiu companhias teatrais estáveis, como o Teatro dos Sete, em 1958, com Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sérgio Britto e Ítalo Rossi, que teve um trabalho altamente premiado, e o Teatro Novo, nos anos 1970, um teatro/escola que abrigava um elenco permanente, um corpo de baile e uma orquestra de câmara - iniciativa fechada pela ditadura militar.
Através de seu trabalho e dos conhecimentos que trouxe, participou como formador de pelo menos três gerações de artistas e técnicos teatrais brasileiros. Atuou também, formalmente, como professor, em vários cursos ministrados em diversas escolas e centros culturais como Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, Conservatório Nacional de Teatro, Universidade da Bahia, entre outros.
Gianni Ratto realizou inúmeras montagens teatrais e operísticas, exercendo diversas funções na construção da cena: direção, iluminação, cenário e figurino, o que fez dele um verdadeiro "homem de teatro". Trabalhou também, como tradutor de textos teatrais, articulista para jornais e revistas, e autor de prefácios e textos para livros. Foi, ocasionalmente, ator, como no filme "Sábado", de Ugo Giorgetti, e na série de TV "Anarquistas Graças a Deus".
Aos oitenta anos tornou-se escritor na língua portuguesa, publicando seu primeiro livro, uma autobiografia, "A Mochila do Mascate". Publicou também "Antitratado de Cenografia", "Crônicas Improváveis", "Noturnos" e "Hipocritando".
Recebeu inúmeros prêmios ao longo dos anos, e em 2003 recebeu o Prêmio Shell por sua contribuição para o teatro brasileiro.
Gianni Ratto faleceu em 30 de dezembro de 2005 em São Paulo, aos 89 anos de idade.
Espetáculos Encenados
Em mais de cinqüenta anos de carreira teatral, Gianni Ratto exerceu funções de diretor, cenógrafo, figurinista e iluminador. A seguir alguns dos espetáculos em que atuou como diretor.
- 1955 - "Com a Pulga Atrás da Orelha", de Georges Feydeau
- 1955 - "A Moratória", de Jorge de Andrade
- 1955 - "A Ilha dos Papagaios", de Sérgio Tófano
- 1956 - "Eurídice", de Jean Anouilh
- 1959 - "O Mambembe", de Arthur Azevedo
- 1960 - "A Profissão da Srª Warren", de George Bernard Shaw
- 1960 - "Cristo Proclamado", de Francisco Pereira da Silva
- 1960 - "Com a Pulga Atrás da Orelha", de Georges Feydeau
- 1961 - "Apague Meu Spotlight", de Jocy de Oliveira
- 1966 - "Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come", de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Goullart para o Grupo Opinião
- 1975 - "Gota D´Água", de Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes
- 1996 - "Morus e Seu Carrasco", de Renato Gabrielli
Livros Publicados
- 1996 - "A Mochila do Mascate", uma coletânea de escritos e fragmentos de memória.
- 1999 - "Antitratado de Cenografia - Variações Sobre o Mesmo Tema"
- 2002 - "Crônicas Improváveis" (Ficção)
- 2005 - "Noturnos" (Ficção)
Documentário
- 2006 - "A Mochila do Mascate", documentário dirigido por Gabriela Greeb, com roteiro da diretora juntamente com Antônia Ratto (filha de Gianni Ratto e produtora executiva) - O filme traz uma série de depoimentos de Fernanda Montenegro, Millôr Fernandes, Maria Della Costa e Dário Fo, alternados com depoimentos do próprio Gianni Ratto e trechos filmados de uma viagem que o diretor/cenógrafo fez com a filha à Itália, já nos últimos anos de vida.
Fonte: Instituto Gianni Ratto e Wikipédia