Mostrando postagens com marcador 1973. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1973. Mostrar todas as postagens

Regina Léclery

REGINA MARIA ROSEMBURGO LÉCLERY
(34 anos)
Socialite

☼ Rio de Janeiro, RJ (1939)
┼ Paris, França (11/07/1973)

Aos 15 anos ela era uma garota típica de Copacabana, alegre e descontraída, dividindo-se entre a liberdade da praia e os limites de um apartamento. Aos 20 anos, segundo suas próprias palavras, foi "jogada pelos colunistas no estranho mundo da alta sociedade". Pouco depois, o casamento com o milionário Wallace Simonsen, a fortuna, a fama, a filha, tudo acontecendo muito rapidamente na vida de uma moça que já então se definia como "uma nova versão de Cinderela".

Dois anos de casamento, a separação, repetidas voltas ao mundo, amizade com os Kennedy, os Patiño, os Rothschild, os Rubirosa, através dos quais conheceu o que viria a ser o seu segundo marido, Gérard Léclery, rico industrial francês. A vida de Regina Léclery, ex-Simonsen, nascida  Rosemburgo, daria um livro.

Regina Rosemburgo nasceu no Leme, Rio de Janeiro. Trabalhou como recepcionista em banco, foi Charm-Girl, Miss Lagoinha Country Club - "aquelas frescuras todas", com as definiu depois. Casou-se em 1963 com o milionário Wallace Simonsen e passou a freqüentar o Jet-Set.

Em outubro de 1963, o casal passou com John Kennedy, em sua propriedade de Palm Beach, o último fim de semana da vida do presidente: Na sexta-feira seguinte ele seria assassinado.

Amiga de Salvador Dali, Roger Vadim, Jane Fonda, Marisa Berenson e Gunther Sachs, Regina Léclery teve o bom gosto de não esquecer as amizades antigas e obscuras. Bom gosto que se revelou próximo do bom senso: Apesar de ser uma mulher que tinha tudo para suscitar inveja, Regina Léclery era uma pessoa da qual ninguém fala mal.

Separou-se em 1966, quando já conhecia Gérard Léclery, dono da maior indústria de calçados da França. Mas só se casou com ele em 1968, depois de uma perseguição de dois anos e meio, que admite ter sido árdua, mas que começou da maneira mais desinteressada possível: Ao ser apresentada ao futuro marido, achou que ele não passava de um dos secretários de Gunther Sachs


Regina Léclery tinha casas na França, na Suiça e na Barra da Tijuca, além de um apartamento em Paris. Tinha um grande iate, ancorado permanentemente no Taiti, mas ele pegou fogo.
"Eu era muito amiga do Gláuber Rocha. Ele escreveu "Deus e o Diabo na Terra do Sol" lá em casa. Nós trabalhamos juntos, eu que ia fazer o filme. Meus amigos, na época, eram Paulo César Saraceni, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Luís Carlos Barreto e Joaquim Pedro. Gláuber estava se separando da primeira mulher, a Helena Ignês. A atual, a Rosinha, ele conheceu comigo. Nós fomos fazer um curso de cinema na Católica, em 1961. Aliás, a única vez que eu entrei numa faculdade na minha vida com Gláuber para fazer esse curso de cinema. E a Rosinha estava lá. Mas aí eu me casei com o Wallinho Simonsen e não fiz mais o filme. A gente era bem garoto. Eu esticava o cabelo de Gláuber, ele ia lá para casa e mamãe dizia para ele: 'Entra direto para o banheiro e toma banho. Depois vem comer!'. Várias cenas de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" a gente imaginou juntos. O papel de Yoná Magalhães era o meu."
(Regina Léclery - Revista Realidade, maio 1973)

Embora fosse frequentemente apontada como uma das mais elegantes mulheres do Brasil, - Ibrahim Sued, inclusive, chegou a incluí-la em sua lista das dez mais - Regina Léclery considerava a elegância um negócio sem importância, pouco se preocupando com a moda.

Suas amigas, como Carmen Mayring Veiga e Teresa de Sousa Campos, é que muitas vezes a levavam, quase à força, para fazer compras nas butiques de Ipanema. No fundo, essa despreocupação às vezes confundia-se  com uma displicência desconcertante, traía a garota típica de Copacabana que, como uma Cinderela, transformou-se em princesa da noite para o dia.

Em razão dos negócios do marido, era em Paris que vivia mais tempo. Sua residência, uma luxuosa mansão, na sofisticada Avenue Foch, no andar imediatamente acima de Fritz Gunter Sachs. Quadros de Gaugin, Renoir, Picasso, a presença do motorista uniformizado, de um cozinheiro, um garçom, um maître e até de um valet de chambre davam a tudo um certo ar de nobreza.

Miss Lagoinha Country Club 1958

Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 12/06/1958. Adalgisa Colombo, Miss Botafogo, foi eleita Miss Distrito Federal sob protestos e vaias, pois a preferida do público era Ivone Richter, Miss Riachuelo. Adalgisa Colombo, que tinha sido Miss Cinelândia e era manequim da Casa Canadá, ousou driblar as orientações e valeu-se de truques para valorizar seu tipo, tais como: Usou Óleo Johnson nas pernas em lugar de pancake para dar brilho e sensualidade às pernas, deu uma cavadinha no maiô para evidenciar a sexualidade e prendeu o cabelo, penteando-o em estilo coque, para valorizar o pescoço.
"...Mesmo assim o Miss Distrito Federal teria sido mais animado com a presença de Regina Rosemburgo, a Miss Lagoinha, que infelizmente desistiu na véspera por problemas particulares. Era a futura Regina Léclery (...) Com Regina, teria havido maiôs ainda mais cavados ou sabe-se lá que outros truques."
("Feliz 1958, O Ano Que Não Terminou", Joaquim Ferreira dos Santos - Editora Record - Rio, 1997)

Morte

Regina Léclery faleceu vítima de um acidente aéreo, no Boeing 707 da Varig, prefixo PP-VJZ, Voo 820 (Rio-Paris), em Paris, no dia 11/07/1973. Eram 15 horas em Paris. Mais 90 segundos, e todos estariam salvos. Entretanto, quando o comandante Gilberto Silva comunicou à torre do Aeroporto de Orly que havia fogo a bordo do avião, só pode voar mais 46 Km. Caiu num campo de plantação de cebolas, onde tentou pousar, para salvar os passageiros, a tripulação e os habitantes de um bairro de Paris.

O resultado foram 122 mortos, entre eles, Filinto Müller, presidente do Senado e do Congresso Nacional, Regina Léclery, socialite, o cantor Agostinho dos Santos, o iatista tricampeão mundial Jörg Bruder e os jornalistas Júlio Delamare e Antônio Carlos Scavone. Uma tragédia que chocou 100 milhões de brasileiros na época.

Foi um dos maiores desastres ocorridos em Orly. O aeroporto foi interditado e imediato socorro prestado pelas autoridades, que conseguiram retirar 12 tripulantes ainda com vida dos destroços.

Regina Léclery foi ao Rio de Janeiro somente para tratar de assuntos referentes à sua casa. Ia morar definitivamente em Paris e Genebra, onde estava pronta sua nova residência. Havia ainda outra, no Taiti. Viajou sozinha ao Brasil, deixando as filhas em Paris, com a governanta. Eram três as filhas: Roberta, nove anos, do casamento com Wallace Simonsen, Georgiana, três anos, do casamento com Gérard Lecléry e Márcia, nove anos, filha adotiva, mas criada em pé de igualdade com as outras.

Um traço inesquecível de Regina Léclery era que se alguém mostrasse vontade de possuir qualquer objeto que lhe pertencesse, ela não hesitava um segundo, e a pessoa o recebia como presente.

Fonte: Passarela Cultural, Revista Realidade (Maio 1973) e Revista Fatos & Fotos (23/07/1973)
#FamososQuePartiram #ReginaLeclery

Maurício Grabois

MAURÍCIO GRABOIS
(61 anos)
Político

☼ Salvador, BA (02/10/1912)
┼ Xambioá, TO (25/12/1973)

Maurício Grabois foi um político brasileiro, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e um de seus dirigentes desde a criação do partido até sua morte na Guerrilha do Araguaia, em 25/12/1973. Foi um dos principais líderes comunistas do Brasil, junto com Luís Carlos Prestes, Carlos Marighella e João Amazonas.

Filho de judeus ucranianos, a família de Maurício Grabois foi perseguida e fugiu para o Brasil, onde o comunista nasceu. Nasceu em Salvador, BA, no dia 02/10/1912, filho de Agustín Grabois e Dora Grabois. Cursou o ensino fundamental no Ginásio Estadual de Salvador. Aos 19 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do país, para estudar na Escola Militar de Realengo. Lá tomou contato com as ideias do marxismo-leninismo e passou a militar contra o fascismo que avançava na Europa e também no Brasil, sob a forma do Integralismo, ajudando a divulgar o comunismo entre os militares. Mais tarde, estudou na Escola de Agronomia do Rio de Janeiro, que abandonou no 2º ano para para dedicar-se à vida política.

Carreira Política

Maurício Grabois começou a carreira política como militante da Juventude Comunista, a ala jovem do partido, que então usava a sigla PCB, mas chamava-se Partido Comunista do Brasil.

Em 1934, aos 22 anos, já era a dirigente da entidade. Ingressando na Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma facção do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que tentou a luta armada, ajudou a organizar a Intentona Comunista de 1935 e, após o fracasso da insurreição, editou clandestinamente o jornal "A Classe Operária", que existe até hoje, e dirigiu a Vitória, editora do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Maurício Grabois foi preso no verão de 1941 e solto no ano seguinte.

Com a orientação do Komintern para que os partidos comunistas apoiassem os governos locais que lutassem contra o Eixo e a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial do lado aliado, em 1943, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) organizou a Conferência da Mantiqueira. A comissão organizadora do evento foi chefiada por Maurício Grabois. Na ocasião, foi eleito para o Comitê Central do partido.

A derrubada de Getúlio Vargas e a legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB) levaram o partido a entrar na vida democrática institucional brasileira, e Maurício Grabois foi eleito deputado federal como companheiro de chapa de Luís Carlos Prestes, eleito senador.

Participou da Assembleia Constituinte de 1945-1946 e liderou a bancada comunista, que tinha então 14 deputados, entre eles Jorge Amado. Também foi membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Em 1947, no entanto, o registro do partido foi cassado, e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB)  passou a ser ilegal, mas continuando a existir e atuar na clandestinidade. Maurício Grabois trabalhou como relator do programa do partido e ajudou a organizar o IV Congresso do PCB em 1954, sendo reeleito para o Comitê Central.

Em 1956, Nikita Khrushchov faz um discurso no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) denunciando os crimes de Josef Stalin e renegando o legado do líder soviético. A mudança de orientação, conhecida como Revisionismo, provocou a reorganização do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, em 1962, junto com João Amazonas, Pedro Pomar, Carlos Danielli e outros, Maurício Grabois reorganizou o Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas com a sigla PCdoB.

Uma das últimas fotos da bancada Comunista na Constituinte de 1946. O Senador Prestes ao centro, tendo a sua direita João Amazonas e à esquerda Maurício Grabois.
Luta Armada

A partir de 1964, quando os militares deram um golpe de Estado no Brasil e tomaram o poder, os comunistas se dividiram entre os que defendiam a oposição clandestina, aliada aos democratas de centro-direita, depois organizados no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e os que optaram pelo combate aberto, a guerrilha urbana e rural. Maurício Grabois foi um dos principais defensores da posição em defesa da luta armada no partido.

Em 1966, uma conferência aprovou a adoção de Táticas Revolucionárias para tentar derrubar o regime militar e implantar um regime comunista no Brasil.

Para dar início a uma guerrilha na Floresta Amazônica, Maurício Grabois chegou à região do Araguaia em dezembro de 1967, para organizar o levante revolucionário. Levou para lá o filho André Grabois, morto em combate em 1972.

Maurício Grabois comandou por seis anos a chamada Guerrilha do Araguaia, no estado do Pará, até ser morto por forças do Exército no dia 25/12/1973, junto com mais três companheiros, um deles seu genro, Gilberto Olímpio Maria.

Até hoje seus restos mortais não foram localizados e esta tem sido uma luta não só da família e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), mas de vários movimentos que buscam esclarecer todos esses fatos e circunstâncias obscuros do tempo da ditadura militar brasileira.

Diário

Trinta e sete anos após sua morte, veio a público um diário escrito por Maurício Grabois no Araguaia, cobrindo um período de 605 dias na floresta, entre abril de 1972 e dezembro de 1973. Neste documento, recolhido pelo Exército na época e mantido em sigilo por quase quatro décadas, Maurício Grabois fala do dia a dia da guerrilha e de suas esperanças com relação à eficácia dela, como fomentadora de uma revolução armada popular contra a ditadura militar e pela implantação de um sistema socialista no país.

Maurício Grabois e Aparício Torelli, o Barão de Itararé
Legado

Como teórico, Maurício Grabois manteve-se fiel à doutrina do marxismo-leninismo, combatendo o "surto revisionista", e foi um crítico severo do maoismo, o modelo de comunismo implantado na China, onde esteve por duas vezes. Em seus escritos, atacou os excessos da Revolução Cultural Chinesa.

Em sua homenagem, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) batizou seu instituto partidário com o nome de Instituto Maurício Grabois, fundado em 1995, dez anos após a legalização do partido que o militante ajudara a fundar em 1962.

Fonte: Wikipédia

Nilo Chagas

NILO CHAGAS
(56 anos)
Cantor

* Barra do Piraí, RJ (1917)
* Rio de Janeiro, RJ (1973)

Nilo Chagas foi um cantor brasileiro nascido em Barra do Piraí no ano de 1917.

Em 1935 alcançou a fama ao substituir o falecido Francisco Sena, parceiro de Herivelto Martins, na dupla Preto e Branco.

Em 1936 a dupla virou trio, com a entrada de Dalva de Oliveira. Trio que a partir de 1938 passou a ser chamado de Trio de Ouro.

Em 1950, com a separação de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, a cantora foi substituída por Noemi Cavalcanti.

Em 1952 foi a vez de Nilo Chagas abandonar o grupo, ao lado de Noemi Cavalcanti, sendo substituídos por Raul Sampaio e Maria de Lourdes Bittencourt.

Nilo Chagas faleceu no Rio de Janeiro em 1973, pobre, aos 56 anos de idade.

Fonte: Wikipédia

Filinto Müller

FILINTO STRUBING MÜLLER
(73 anos)
Militar e Político

* Cuiabá, MT (11/07/1900)
+ Paris, França (11/07/1973)

Filinto Strubing Müller foi um militar e político brasileiro. Participou dos levantes tenentistas entre 1922 e 1924. Durante a ditadura Vargas, destacou-se por sua atuação como chefe da polícia política e por diversas vezes foi acusado de promover prisões arbitrárias e a tortura de prisioneiros. Ganhou repercussão internacional o caso da prisão da judia alemã Olga Benário, militante comunista e companheira de Luís Carlos Prestes, à época grávida quando deportada para a Alemanha, onde seria executada em Bernburg, em 1942.

Formou-se aspirante a oficial, arma de artilharia, pela Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Bacharelou-se em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense em Niterói, em 1938.

Teve duas filhas biológicas: Maria Luiza Müller de Almeida, que também se bacharelou em Direito em 1951, e Rita Júlia Lastra Müller, que se bacharelou em psicologia, e uma filha adotiva, Maria Luísa Beatriz del Rio Lastra, sua sobrinha, que foi casada com Edgar Ferreira do Nascimento Filho (1928 - 1988), procurador da República.

Participou da Revolta Paulista de 1924, quando servia no Quartel de Quitaúna, em São Paulo, como primeiro tenente do Exército. Com a retirada dos revoltosos, em 28/07/1924, acompanhou o que viria a ser a Coluna Miguel Costa, principal comandante da revolta. Durante a Coluna Miguel Costa-Prestes, Filinto Müller foi promovido de capitão a major das forças revolucionárias, em 14/04/1925, por Luís Carlos Prestes. Entretanto, oito dias depois, Filinto Müller escreveu uma carta aos seus sargentos e soldados propondo deserção coletiva da Coluna, confessando que não tinha mais esperanças do seu sucesso. Essa carta acabou nas mãos de Luís Carlos Prestes, não chegando às mãos dos subordinados de Filinto MüllerLuís Carlos Prestes então exigiu que Miguel Costa, comandante da 1ª Divisão Revolucionária e superior de Filinto Müller, o expulsasse da Coluna, acusando Filinto Müller de covarde, desertor e indigno.

Filinto Müller tornou-se Chefe de Polícia do Distrito Federal, então no Rio de Janeiro, em 1933 e permaneceu no cargo durante o governo de Getúlio Vargas até 1942, período no qual há quem afirme que cerca de vinte mil pessoas foram presas.

O repórter David Nasser, no livro "Falta Alguém em Nuremberg", traça o perfil dos subordinados escolhidos por Filinto Müller para conduzir a sua polícia política, recrutados entre a escória do Exército, como o capitão Felisberto Batista Teixeira, delegado especial de Segurança Política e Social, capitão Afonso de Miranda Correia, delegado auxiliar, tenentes Emílio Romano, chefe da Segurança Política, Serafim Braga, chefe da Segurança Social, e, ainda, o tenente Amaury Kruel e seu irmão, capitão Riograndino Kruel, ambos da inspetoria da Guarda Civil, indivíduos cujo servilismo ao governo e brutalidade com os presos contribuíram, segundo David Nasser, para as violações dos direitos humanos ocorridas na época.

Em 1935, após a Intentona Comunista, ocorrida durante a vigência do regime constitucional da Constituição Federal de 1934, Filinto Müller participou das operações visando capturar os subversivos do movimento comunista. Conforme Fernando Morais, biógrafo de Olga Benário, investigadores da polícia comandados por Filinto Müller torturaram, por semanas, Arthur e Elise Ewert, ambos agentes da Komintern, como Olga Benário, enviados para o Brasil para promover a revolução, até conseguir chegar em Luís Carlos Prestes, eventualmente o prendendo, em março de 1936.

Fernando Morais especula que Filinto Müller se dedicou à caça de Luís Carlos Prestes também por causa do incidente que levou a sua expulsão da Coluna Prestes, e também o teria perseguido especialmente por este ter ordenado a morte da menor Elvira Cupelo Colonio, conhecida como Elza Fernandes, suspeita de ter traído os revolucionários comunistas. Filinto Müller também deportou a mulher de Luís Carlos Prestes, a referida militante comunista e agente do Komintern, a judia alemã Olga Benário, para a Alemanha nazista, onde foi morta numa câmara de gás no campo de concentração de Bernburg.

Porém, há controvérsias em relação à deportação de Olga Benário: Filinto Müller era somente chefe de polícia do Rio de Janeiro e obedecia as ordens do presidente Getúlio Vargas. Acresce que essa deportação foi decidida e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo não havendo pedido de extradição de iniciativa da justiça alemã, contra a mencionada ré (Morais, 1994, pg 167, 17ª edição).

Fiel a Getúlio Vargas, perseguiu tanto comunistas como integralistas. Foi eleito quatro vezes senador pelo Estado de Mato Grosso entre 1947 a 1973.

Entre 1969 e 1973, foi presidente da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido de sustentação do governo no período militar. Foi presidente do Senado Federal em 1973.

Morte

Filinto Müller morreu em 11/07/1973, aos 73 anos, juntamente com sua esposa Dona Consuello e seu neto Pedro, num dos mais dramáticos acidentes aéreos da aviação internacional, o voo Varig 820, no aeroporto de Orly, em Paris. A aeronave realizou um pouso de emergência sobre uma plantação de cebolas em decorrência de um incêndio iniciado no banheiro e que chegou a invadir a cabine da aeronave. O incêndio, a fumaça e a aterrissagem forçada resultaram em 123 mortes, com apenas 11 sobreviventes, sendo 10 tripulantes e 1 passageiro.

Filinto Müller era, na época, líder do governo no Senado Federal. Recebeu mais de dezesseis condecorações oficiais. No Senado Federal há uma ala em sua homenagem.

Cargos

Filinto Müller exerceu os seguintes cargos na administração do país:
  • 1930 - Oficial de Gabinete do Ministro da Guerra
  • 1932 - Secretário da Interventoria João Alberto em São Paulo
  • 1932 - Oficial de Gabinete do Ministro da Guerra
  • 1932 - Diretor da Guarda Civil do Distrito Federal
  • 1933 - Delegado Especial de Segurança Política e Social (DF)
  • 1933-1942 - Chefe de Polícia do Distrito Federal
  • 1942 - Oficial de Gabinete do Ministro da Guerra
  • 1943-1945 - Presidente do Conselho Nacional do Trabalho
  • 1947 - Senador
  • 1954 - Senador
  • 1962 - Senador
  • 1970 - Senador
  • 1973 - Senador
  • 1955-1958 - Líder do Governo na Maioria
  • 1959-1961 - Vice-Presidente do Senado Federal
  • 1961 - Líder do PSD
  • 1964 - Líder do Governo
  • 1966-1968 - Líder da Arena
  • 1969 - Líder do Governo e da Maioria
  • 1969-1973 - Presidente da Arena

Fonte: Wikipédia

Mariney

MARINEY LIMA
(20 anos)
Cantora

* São Paulo (1953)
+ São Paulo, SP (21/10/1973)

De curta carreira, pelo falecimento precoce, possivelmente com 20 anos ou um pouco mais, num acidente de automóvel. Ao que parece, não chegou a gravar nenhum LP, mas apenas, dois compactos, o primeiro deles com a música "Inconsequente", de Milton Carlos, que teve boa aceitação nas rádios, especialmente, no Norte e Nordeste do país. O outro compacto que gravou tinha a música "Pra Dizer Adeus", versão da canção francesa "Comment Te Dire Adieu" que foi incluída posteriormente em coletâneas de sucessos dos anos 1970.

Foi noiva do cantor e compositor Milton Carlos, tendo falecido no mesmo acidente que ele, em 20/10/1973, quando o carro Passat dirigido por Milton Carlos na via Anhanguera, perto de Jundiaí, bateu ao tentar uma ultrapassagem.

Monsueto

MONSUETO CAMPOS MENEZES
(48 anos)
Cantor, Compositor, Instrumentista, Ator e Pintor

* Rio de Janeiro, RJ (04/11/1924)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/02/1973)

Monsueto Campos de Menezes foi um sambista, cantor, compositor, instrumentista, pintor e ator brasileiro. Nasceu na Gávea e foi criado no Morro do Pinto. Com menos de três anos ficou órfão de mãe e pai e foi criado pela avó e por uma tia. Na adolescência, trabalhou como guardador de carros no Jockey Club.

Monsueto estudou até o quinto ano primário, aos 15 anos, já tocava em baterias de escola de samba e aos 17 começou a trabalhar como baterista free lancer em bailes de gafieira e cabarés.

Prestou serviço militar no Forte de Copacabana e ao sair casou-se com Maria Aparecida Carlos, indo morar em Vieira Fazenda, subúrbio carioca. Lá, abriu uma tinturaria, a exemplo de seu irmão Francisco, que também fora proprietário de uma tinturaria na qual chegou a trabalhar. Apesar de ter seu próprio negócio, continuou tocando na noite, frequentando os pontos de encontro de músicos, principalmente nas redondezas do Teatro João Caetano.

Monsueto teve seis filhos.

Na década de 40, atuou como baterista em vários conjuntos, entre os quais, a Orquestra de Copinha, que tocava no Copacabana Palace Hotel. Teve sua primeira composição gravada em 1951, o samba "Me Deixe Em Paz" (Monsueto e Aírton Amorim), lançado por Linda Batista na RCA Victor e que fez bastante sucesso no carnaval do ano seguinte. Em seguida, teve várias músicas incluídas no show "Fantasia, Fantasias", do Copacabana Palace Hotel.

Em 1953, teve os sambas "Mulher de Mau Pensar" (Monsueto e Elói Marques) e "A Fonte Secou",(Monsueto, Tufyc Lauar e Marcléo) gravadas por Raul Moreno na Todamérica. O samba "A Fonte Secou" foi o grande sucesso no carnaval seguinte e seu maior êxito.

Em 1954, compôs com R. Filho o samba "Maldição" gravado por Francisco Carlos na RCA Victor. Nesse ano, seu samba "Quando Vem a Noite" (Monsueto e Álvaro Gonçalves) foi gravado na Todamérica por Virgínia Lane, os sambas "Rosto Bonito" (Monsueto e Caribé da Rocha) e "Carrasco" (Monsueto, Raul Marques e F. Fernandes) foram lançados por Carlos Augusto na Sinter e o xote "Sem Amor" (Monsueto e João do Vale) foi gravado na Columbia por Índio e Seu Conjunto. Ainda em 1954, Marlene gravou para o carnaval o samba "Mora na Filosofia" (Monsueto e Arnaldo Passos), que fez muito sucesso, fazendo com que a expressão "mora", no sentido de percebe, entrasse para o vocabulário popular carioca. Esta música, aliás, havia substituído uma outra, "Couro do Falecido", em show do Copacabana Palace, apresentado pela mesma Marlene, em virtude do suicídio de Getúlio Vargas, um pouco antes.

Teve mais dois sambas gravados por Raul Moreno na Todamérica em 1955, "Me Empresta Teu Lenço" (MonsuetoElano de Paula e Nicolau Durso) e "Cachimbo da Paz" (MonsuetoRaul Moreno e Plínio Gesta). Nesse ano, Marlene lançou na Sinter os sambas "Canta, Menina, Canta" e "Na Casa de Corongondó", ambos parcerias de Monsueto com Arnaldo Passos. Ainda em 1955, Monsueto gravou seu primeiro disco, pelo selo pernambucano Mocambo, com os sambas "Nega Pompéia" (Estanislau Silva e Ferreira Gomes) e "Q.G. do Samba" (MonsuetoRossini Pacheco e Sebastião Nunes). Também em 1955, seu samba "Mora na Filosofiafoi escolhido por uma comissão julgadora reunida no Teatro João Caetano como uma das cinco melhores letras e melodias do carnaval daquele ano.

Em 1956, Linda Batista gravou o samba "Levou Fermento" (Monsueto e José Batista). Nesse ano, teve mais três sambas gravados na Todamérica, "Rua Dom Manoel" e "Senhor Juiz" (Monsueto e Jorge de Castro) na voz de Raul Moreno, e "Tô Chegando Agora" (Monsueto e José Batista) na voz de Odete Amaral. Na SinterMarlene gravou o samba "O Lamento da Lavadeira" (MonsuetoNilo ChagasJoão Violão).


Em 1957 Monsueto teve três sambas gravados na RCA Victor, foram eles, "O Gemido da Saudade" (Monsueto e José Batista), por Linda Batista, "Fogo na Marmita" (MonsuetoAldacir Louro e Amado Régis), por Marlene e "Não se Sabe a Hora" (Monsueto e José Batista), por Dircinha Batista. Nesse ano, atuou no filme "13 Cadeiras", com Oscarito, dirigido por Franz Eichhorn. Também gravou um disco pela Copacabana com os sambas "Prova Real" (Odelandes Rodrigues, Amado Régis e Edson Santana) e "Bola Branca" (Estanislau Silva, Otávio Lima e Antônio Guedes).

Em 1958, participou como cantor nos números musicais do filme "Na Corda Bamba", de Eurides Ramos e compôs músicas para os filmes "O Cantor Milionário" e "Quem Roubou Meu Samba?", ambos de José Carlos Burle. Ao todo, Monsueto teve participação em dez filmes brasileiros, três argentinos e um filme italiano. Ainda em 1958, teve gravados na Todamérica o samba-canção "Boa Noite", por Ted Moreno, o samba "Giro Pelo Norte", por Ari Cordovil e o choro "Trote" (Monsueto e Dilermando Rodrigues), por Cora Mar. Por essa época, fez vários shows com Herivelto Martins. Pouco depois criou seu próprio grupo com o qual excursionou pelo Brasil e países da América, Europa e África.

Em 1959, foi convidado a participar do programa humorístico "Noites Cariocas", da TV Rio, onde recebeu o apelido de "Comandante" e fez muito sucesso com seu quadro, lançando gírias como: "Castiga", "Vô Botá Pra Jambrá", "Mora" "Ziriguidum". Nesse ano, seus sambas "O Bafo do Gato" e "Comício no Morro" foram lançados por Edgardo Luiz na gravadora Polydor. Ao final da década de 50, teve composições incluídas em espetáculos de Carlos Machado como "Copacabana de Tal" e "Zelão Boca Rica"

Em 1961, gravou pela Odeon os sambas "Ajudai o Próximo" e "Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo", ambos de sua autoria. Nesse ano, Agostinho dos Santos gravou "Na Casa do Antônio Jó" (Monsueto e Venâncio).

Em 1962, lançou seu único LP, "Mora na Filosofia dos Sambas de Monsueto", lançado pela Odeon e cujo destaque foi o samba "Lamento da Lavadeira" (MonsuetoNilo Chagas e João Violão).

Em 1963, também na Odeon, gravou os sambas "Chica da Silva" (Anescar e Noel Rosa de Oliveira) e "Mané João" (Monsueto e José Batista). Nesse ano, teve o samba "Ai Meu Calo" (Monsueto e José Batista) gravado por Ivon Curi na Odeon. Ainda em 1963, gravou pelo selo Orion os sambas "Sambamba" (Monsueto) e "Retrato de Cabral" (Monsueto e Raul Marques) e o samba "Mora na Filosofia" foi regravado por Walter Santos no LP "Bossa Nova - Walter Santos", com acompanhamento do conjunto de Walter Wanderley.

Por volta de 1964, tentou sem sucesso criar um selo de gravações com seu nome, mas que, no entanto, somente lançou um disco com ele mesmo interpretando os sambas "O Sucesso Está na Cara" (Monsueto e Linda Batista) e "Larga o Meu Pé" (Monsueto e Aloísio França).

Em meados da década de 60, começou a ser redescoberto pelos grandes nomes da Música Popular Brasileira. Em 1968, Maria Bethânia regravou "Mora na Filosofia". Em 1971, Caetano Veloso também gravou "Mora na Filosofia", em seu LP "Transa".

Em 1969 Milton Nascimento gravou "Me Deixa Em Paz", em seu LP "Clube da Esquina" ao lado de Alaíde Costa. Nessa época, passou a se interessar por pintura e acabou tornando-se profissional, sendo premiado com uma medalha de bronze no Salão Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, em 1972. Seu quadro mais conhecido é uma Santa Ceia em que Jesus e seus apóstolos são negros.

Sem nunca ter se ligado oficialmente a nenhuma escola de samba, passou por várias delas, a última, foi a Unidos Vila Isabel.


Morte

Em 1973, quando participava na Bahia das filmagem do filme "O Forte", de Olney São Paulo, passou mal, foi hospitalizado e veio a falecer, em decorrência de um câncer no fígado. Nesse ano, Caetano Veloso regravou "Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo", em seu LP "Araçá Azul" com um arranjo de rock, popularizando ainda mais o compositor entre os jovens. Na mesma época, pot-pourris com composições suas foram gravados por Martinho da Vila e MPB-4.

Na década de 90, teve o samba "Lamento da Lavadeira" regravado pela cantora Marisa Monte.

Em maio de 2002, foi um dos grandes homenageados no show "Marleníssima", estreado pela cantora Marlene no Teatro Rival BR, escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin, quando, em cena, eram lembrados e cantados um a um dos seus sucessos criados por ela, tais como "Aperta o Cinto", "Lamento da Lavadeira" e "Fogo na Marmita".

Em 2004, recebeu homenagem especial durante a entrega do Prêmio Rival BR de Música que foi dedicado a ele. Na ocasião foram cantadas músicas de sua autoria e exibidos trechos de filmes nos quais atuou.


Discografia

  • 1964 - O Sucesso Está na Cara / Larga o Meu Pé (Monsueto, 78)
  • 1963 - Chica da Silva / Mané João (Odeon, 78)
  • 1963 - Sambamba / Retrato de Cabral (Orion, 78)
  • 1962 - Mora na Filosofia dos Sambas de Monsueto (Odeon, LP)
  • 1961 - Ajudai o Próximo / Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo (Odeon, 78)
  • 1957 - Prova Real / Bola Branca (Copacabana, 78)
  • 1955 - Nega Pompéia / Q.G. do Samba (Mocambo, 78)

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB

Pedro Raymundo

PEDRO RAYMUNDO
(67 anos)
Cantor, Compositor e Acordeonista

* Imaruí, SC (29/06/1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/07/1973)

Pedro Raymundo foi um acordeonista , compositor e cantor regionalista brasileiro, em evidência nos anos 40 e 50, principalmente com a música "Adeus, Mariana". Iniciou-se com música gauchesca, e, transladando-se para o Rio de Janeiro ficou conhecido como o Gaúcho Alegre do Rádio. Por sempre se apresentar "pilchado" (ou seja, com a roupagem característica de gaúcho), acabou inspirando Luiz Gonzaga a se apresentar com a roupagem característica dos vaqueiros.

Pedro Raymundo nasceu em berço pobre, e seu pai, João Felisberto, era pescador e sanfoneiro. Aos 8 anos começou a tocar sanfona. Até os 17 anos trabalhou como pescador. Trabalhou na Estrada de Ferro Esplanada-Rio Deserto, em Santa Catarina.

Em 1929, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou como condutor de bondes, inspetor de tráfego, guarda-freios, maquinista de usina, balconista e oleiro. Foi também chaveiro da Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, onde foi vítima de um acidente que lhe deixou um defeito na mão, o que, entretanto, não o impediu de tornar-se um dos mais brilhantes sanfoneiros do Brasil.

Em sua cidade natal participou da Banda Amor e Ordem, que se apresentava em festinhas. Em Porto Alegre, apresentou-se como sanfoneiro em bares e cafés do Mercado. Em 1939, passou a trabalhar na Rádio Farroupilha, onde organizou o Quarteto dos Tauras. Em 1942, realizou excursão pelo interior do Rio Grande do Sul. Nesse período com o Quarteto dos Tauras se dedicou à divulgação do gênero campeiro.


Em 1943, organizou um livro de ouro e angariou fundos para seguir para o Rio de Janeiro onde deu seqüência à sua carreira. Se apresentou na Rádio Mayrink Veiga, no "Show Muraro". Apresentou-se também em programas na Rádio Tupi, Rádio Tamoio, Rádio Guanabara e Rádio Globo. Por iniciativa do radialista e cantor Almirante, foi contratado pela Rádio Nacional e mudou-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano gravou pela Columbia seu primeiro disco, interpretando de sua autoria o choro "Tico-Tico no Terreiro" e o xote "Adeus, Mariana", que logo se tornou um sucesso de norte a sul. No mesmo ano gravou pela Continental, de sua autoria, a valsa "Saudade de Laguna" e o xote "Se Deus Quiser".

Em 1945, recebeu o título de "Gaúcho Alegre do Rádio". Foi um dos maiores criadores de xotes e músicas gauchescas alegres. Tornou-se o primeiro artista do sul do país a obter sucesso nacionalmente. Apresentava-se vestido com trajes típicos gaúchos.

Em 1949, atuou no filme "Uma Luz Na Estrada", de Alberto Pieralise. Em 1958, participou do filme "Natureza Gaúcha", de Rafael Mancini.

Pedro Raymundo gravou mais de 50 discos em 78 rpm.

Faleceu vítima de câncer no Hospital da Lagoa no Rio de Janeiro em 07/07/1973.

Em 1984 o cantor Sérgio Reis regravou "Adeus Mariana". Em 1986, foi publicado um livro sobre a vida de Pedro Raymundo de autoria de Israel Lopes e Vitor Minas, pela Editora Tchê, de Porto Alegre.

Em 2003, o selo Revivendo lançou o CD "Saudade de Laguna" com composições do artista, entre as quais, "Tico-Tico No Terreiro", "De Galho Em Galho", "Manhoso", "Lamentos", "Contigo No Pensamento", "O Carreteiro", "Flor Brasileira", "Se Deus Quiser", "Meu Cavalo Parelheiro", "Morena Faceira", "Gauchinha", "Gaúcho Largado", "Adeus Moçada", além da clássica "Adeus Mariana", seu maior sucesso.

Discografia

  • 2003 - Saudade de Laguna (Revivendo - CD)
  • 1967 - Adeus, Mariana - Pedro Raymundo e Sua Música (Continental - LP)
  • 1961 - Sanfoninha Velha Amiga / Escadaria (Continental - 78)
  • 1961 - É Mentira Dele / O Baião Da Esperança (Chantecler - 78)
  • 1960 - São João Que Passou / Quadrilha No Arraiá (Chantecler - 78)
  • 1957 - Palhaço / Angústia (Odeon - 78)
  • 1957 - São João Em Pernambuco / Minha Promessa (Odeon - 78)
  • 1956 - Juiz De Fora / Mexendo Com A Gente (Odeon - 78)
  • 1956 - Feio De Sorte / A Nossa Valsa (Odeon - 78)
  • 1956 - Quadrilha No Arraiá / Meia Canha (Odeon - 78)
  • 1955 - Amor De Gaúcho / Lindo No Mas (Odeon - 78)
  • 1955 - Casamento Da Rosinha / Arrasta-pé (Odeon - 78)
  • 1955 - Culpado / Ladrão De Moça (Odeon - 78)
  • 1954 - Sandunga / Mara (Odeon - 78)
  • 1954 - Maria Fogueteira / Oração De Junho (Odeon - 78)
  • 1954 - Oriental / Saudade De Laguna (Odeon - 78)
  • 1953 - Vivo Solito / Sanfoneiro Bom (Continental - 78)
  • 1953 - Baião Alvorada / Felicitações (Odeon - 78)
  • 1953 - Paulicéia / Nossa Senhora Do Rocio (Odeon - 78)
  • 1953 - Festa No Arraiá / Pedido A São João (Todamérica - 78)
  • 1952 - Baião De Três / Baião Do Havaí (Continental - 78)
  • 1952 - Pulando A Fogueira / Pobre Sanfoneiro (Continental - 78)
  • 1952 - Linda Paulistinha / Malandrinho (Continental - 78)
  • 1951 - Boi Barroso / Lajeaninha (Continental - 78)
  • 1951 - Antigamente / Milonguita (Continental - 78)
  • 1951 - A Carta De Mariana / Querência Amada (Continental - 78)
  • 1951 - Pingo Mulato / Oriental (Todamérica - 78)
  • 1951 - Fanfarronada / Mágoas De Sanfona (Todamérica - 78)
  • 1951 - Baú Velho / Corre, Corre, Meu Cavalo (Todamérica - 78)
  • 1950 - Festa Na Fazenda I / Festa Na Fazenda II (Continental - 78)
  • 1950 - Levanta O Pé, Velhada / Luar Catarinense (Continental - 78)
  • 1950 - Meu Cavalo Branco / Tricolor (Continental - 78)
  • 1950 - Laranjeira Carregada / Prece (Continental - 78)
  • 1949 - Dança Da Quadrilha / Pinheirinho Copado (Continental - 78)
  • 1949 - Saudade De Querência / Trocando Idéia (Continental - 78)
  • 1948 - Tá Tudo Errado / Contemplando O Firmamento (Continental - 78)
  • 1948 - Dança Vovó / Desgraça Pouca É Bobagem (Continental - 78)
  • 1948 - Prenda Minha / Cavalinho Crioulo (Continental - 78)
  • 1947 - Chico Da Ronda / Na Casa Do Zé Bedeu (Continental - 78)
  • 1947 - Adeus, Mocidade / Nem É Bom Falar (Continental - 78)
  • 1946 - Gaúcha Malvada / Sofrer Sorrindo (Continental - 78)
  • 1946 - Calanguinho Bom / Cavalinho Crioulo (Continental - 78)
  • 1946 - Dança Da Fogueira / Festa Na Roça (Continental - 78)
  • 1946 - Puladinho / Tira Cisma (Continental - 78)
  • 1945 - Gauchinha / Manhoso (Continental - 78)
  • 1945 - Segura O Bonde! / Trenzinho Do Amor (Continental - 78)
  • 1945 - Meu Coração Te Fala / Mexeriqueira (Continental - 78)
  • 1945 - Pensando Em Ti / Rancho Triste (Continental - 78)
  • 1945 - Saudade Do Rincão / Pulando Muro (Continental - 78)
  • 1945 - Gauchada / Mágoas De Amor (Continental - 78)
  • 1945 - Índio Vago / Falando À Nossa Felicidade (Continental - 78)
  • 1945 - Provocando / Prenda Minha (Continental - 78)
  • 1945 - Brincando Na Areia / Mariana No Samba (Continental - 78)
  • 1944 - O Carreteiro / Contigo No Pensamento (Continental - 78)
  • 1944 - Meu Cavalo Parelheiro / Escadaria (Continental - 78)
  • 1944 - De Galho Em Galho / Morena Faceira (Continental - 78)
  • 1944 - Gaúcho Largado / Cuidado Maneca (Continental - 78)
  • 1944 - Flor Brasileira / Lamentos (Continental - 78)
  • 1944 - Súplica / Adeus, Moçada (Continental - 78)
  • 1943 - Tico-Tico No Terreiro / Adeus, Mariana (Continental - 78)
  • 1943 - Saudade De Laguna / Se Deus Quiser (Continental - 78)

Almir Pernambuquinho


ALMIR MORAIS DE ALBUQUERQUE
(35 anos)
Jogador de Futebol

* Recife, PE (28/10/1937)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/02/1973)

Almir Morais de Albuquerque, ou Almir Pernambuquinho foi um futebolista brasileiro. Foi campeão mundial interclubes de 1963 pelo Santos Futebol Clube. Jogou a final contra o Milan no Maracanã substituindo Pelé que estava machucado e sofreu o pênalti convertido pelo zagueiro Dalmo que acabou sendo o único gol da partida e que deu a vitória ao clube praiano.

Almir Pernambuquinho começou no Sport Recife em 1956 e logo transferiu-se para o Clube de Regatas Vasco da Gama, juntando-se a outros conterrâneos já famosos como o centro-avante Vavá. Atacante hábil e de muita disposição em campo, ganhou títulos e foi convocado para a Seleção Brasileira mas desistiu de uma das chamadas para excursionar com o clube carioca e isso o deixou "marcado" e sem chances de ir para a Copa do Mundo de 1958.

Com a fama de encrenqueiro, aceitou mudar para São Paulo, quando foi chamado de "Pelé branco" durante a transferência para o Corinthians em 1960. A passagem nesse clube foi rápida e Almir Pernambuquinho saiu do Brasil para jogar pelo Boca Junior, passando depois por vários outros clubes.

Sendo um jogador de personalidade forte e explosiva, com justa fama de encrenqueiro, Almir Pernambuquinho protagonizou algumas das maiores polêmicas do futebol de sua época. Envolveu-se em diversas brigas, normalmente provocadas por ele mesmo. Entre essas brigas, destacam-se uma batalha campal entre os jogadores do Brasil e do Uruguai em partida realizada em 1959 entre as seleções dos dois países e, principalmente, a briga provocada por ele na final do Campeonato Carioca de 1966.

Naquele ano, Almir Pernambuquinho atuava pelo Flamengo e, aos 26 minutos do segundo tempo, o Bangu vencia por 3 a 0 quando Almir partiu para cima dos adversários com o objetivo de impedir que a goleada fosse ainda maior e, principalmente, que os jogadores do Bangu dessem a volta olímpica ao final da partida. Armada a briga, o juiz acabou expulsando cinco jogadores do Flamengo e quatro do Bangu, tendo de encerrar a partida. O fato é que o Bangu realmente não deu a volta olímpica na conquista do seu segundo título carioca.


Morte

Almir Pernambuquinho foi assassinado em fevereiro de 1973 por um grupo de portugueses, no bar Rio-Jerez, em frente à Galeria Alaska, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Almir, com 35 anos, "catimbeiro, valente e brigão", envolveu-se numa discussão e acabou morto a tiro ao intervir em uma situação onde seus assassinos estavam mexendo com travestis. Os portugueses mexeram com alguns travestis e Almir interveio, peitou a turma, saiu pro braço. Um dos portugueses sacou o revólver e, como um amigo do jogador também estava armado, o tiroteio rolou solto no calçadão da Avenida Atlântica.

Fonte: Wikipédia

Cyro Monteiro

CYRO MONTEIRO
(60 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (28/05/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/07/1973)

Filho do capitão Monteiro, um dentista e funcionário público, Cyro Monteiro foi talvez o mais típico dos cariocas. Nascido no bairro do Rocha, do qual ele tinha muito orgulho e se proclamava símbolo, em 28 de maio de 1913, o destino só poderia reservar-lhe a música como futuro. Sobrinho do pianista Nonô, um dos mais famosos do Rio de Janeiro, à época, acompanhador de Sílvio Caldas, que ensaiava na casa da família Monteiro, Cyro Monteiro cresceu em ambiente musical, que no futuro geraria seus sobrinhos Cauby, Andiara, Araken e Moacir Peixoto, cantores e instrumentistas, ouvindo e aprendendo.

Foi o próprio Sílvio Caldas que o lançou, pois em 1933, quando a dupla que fazia com Luiz Barbosa, o cantor do chapéu de palha, se desfez, chamou Cyro Monteiro para substituí-lo. Apesar do sucesso, cada um acabou para seu lado e, no ano seguinte, Cyro Monteiro estava no "Programa das Donas de Casa", da Rádio Mayrink Veiga, já batucando sua caixinha de fósforos, criando a marca registrada que o acompanharia por toda a carreira.

Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro
Em 1936, fez a primeira gravação para o carnaval daquele ano, o que o projetou para o sucesso, levando-o a cantar ao lado de Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis

Como de hábito naquele momento, cantava em todas as emissoras, ao lado dos grandes cartazes. Até ter seu próprio grande sucesso, que veio do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues em parceria com Felisberto Martins, com o samba "Se Acaso Você Chegasse", em 1937, que ele gravaria na RCA Victor, em 1938.

Teve muitos outros sucessos nos anos 40, como "Falsa Baiana", "Escurinho", ambas de Geraldo Pereira, e "Boogie-Woogie na Favela" de Denis Brean.

Cyro Monteiro e Jorge Veiga
Em 1956, participou como ator da peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes. Ainda nos anos 50 e 60 participou de programas de televisão como "O Fino da Bossa" e "Bossaudade", gravou discos e fez muitos espetáculos.

Figura humana de raras qualidades, Cyro Monteiro é até hoje exaltado por todos quantos o conheceram. Sua simpatia, bondade e bom caráter proverbiais abriam-lhe todas as portas durante a longa carreira, que nem uma enfermidade pulmonar conseguiu interromper. Recuperado, com voz pequena, mas conservando a bossa, a divisão e o vibrato, suas características marcantes, Cyro Monteiro foi senhor de uma das mais bonitas carreiras da música popular brasileira.

Fonte: Wikipédia e Fonte: MPB Net
Indicação: Reginaldo Monte

Gildo Macedo Lacerda

GILDO MACEDO LACERDA
(24 anos)
Guerrilheiro e Militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML)

* Ituiutaba, MG (08/07/1949)
+ Recife, PE (28/10/1973)

Nasceu na cidade de Ituiutaba, município de Veríssimo, no Triângulo Mineiro, em 8 de julho de 1949, numa família de pequenos sitiantes.

Filho de Célia e Agostinho Nunes Lacerda mudou-se muito cedo, com sua família, para Uberaba.

Estudou no Colégio Triângulo, Escola Normal e Colégio Drº José Ferreira, onde foi presidente do Grêmio Central Machado de Assis. Foi membro ativo e diretor do Círculo de Estudos da União da Mocidade Espírita, do Departamento de Evangelização da Criança, do programa radiofônico Hora Espírita Cristã e orador da Mocidade Espírita Batuíra.

Fazia o programa radiofônico Ondas de Luz da Comunidade Espírita de Uberaba, em que refletia sobre a obra de Allan Kardec e Francisco Cândido Xavier.

Nos anos de 1965/1966 fez teatro amador em Uberaba, participando como sócio ativo do Núcleo Artístico de Teatro Amador (NATA).

Nesse mesmo período, ainda secundarista, foi orador oficial da União Estudantil Uberabense (UEU) e do Partido Unificador Estudantil (PUE).

Em 1967, já como ativista da Ação Popular (AP) no movimento estudantil, Gildo transferiu-se do Colégio Drº José Ferreira para Belo Horizonte, onde fez o 3° Científico integrado ao pré-vestibular.

Gostava de se corresponder com estrangeiros, sempre em francês. Em suas cartas descrevia a situação política do país e a luta dos estudantes contra a dominação econômica e cultural dos Estados Unidos.

Suas preferências eram: no teatro, Tchecov; na música, Antônio Carlos Jobim, Gilbert Bécaud e Frank Sinatra; na poesia, Vinicius de Moraes, Moacyr Felix, Carlos Drummond de Andrade, Thiago de Mello, Pablo Neruda, Evtuchenko e Paul Claudel.

Em 1968, prestou o concurso vestibular, ingressando na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (FACE). Pouco tempo depois, devido à intensa militância, foi excluído da Universidade com base no Decreto-Lei 477, editado em fevereiro de 1969, pelo general Artur da Costa e Silva.

Transferiu-se para São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro, já atuando na clandestinidade e buscando fugir às perseguições impostas pela Ditadura Militar.

Foi eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes durante a gestão 69/70, na última diretoria, antes da desarticulação total da entidade pelas forças da repressão.

Deslocou-se, em 1972, para Salvador, Bahia, e fazia parte da Direção Nacional da Ação Popular Marxista-Leninista (APML).

Pouco antes de ser preso, Gildo esteve em Uberaba, no auge da ditadura Médici, em companhia de Mariluce, sua mulher, descansando no sítio da família, próximo a Veríssimo.

A sua última carta para os familiares foi datada de 17 de setembro de 1973. Nesta missiva, ele manifestou sua preocupação por não receber cartas da família, acreditando em extravio de correspondência. Falou, ainda, de seu trabalho, do salário melhor, da saudade de todos e de uma próxima ida a Uberaba, no final do mês, despedindo-se com um até breve.

Gildo e Mariluce Moura, sua mulher, foram presos no dia 22 de outubro de 1973, em Salvador, no Quartel do Barbalho, pelo Exército e, imediatamente, conduzidos às câmaras de tortura. Malu, grávida, foi libertada alguns dias depois, e não mais o viu. Gildo foi transferido para o DOI/CODI de Recife onde foi torturado até a morte, no dia 28 de outubro de 1973, quando tinha 24 anos de idade.

Os órgãos de segurança noticiaram, no dia 19 de novembro de 1973, que Gildo, ao ser interrogado, teria fornecido a informação do local onde se encontraria com José Carlos Novaes da Mata Machado e com um terceiro elemento de nome Antônio. Chegando ao local do encontro, teria havido um tiroteio onde Antônio teria matado Gildo e José Carlos teria sido morto em conseqüência de tal incidente.

A versão oficial, além de encobrir os assassinatos sob tortura de Gildo e José Carlos, tentou encobrir a prisão e posterior desaparecimento de Paulo Stuart Wright, quando se referiu ao Antônio, que teria conseguido fugir.

Sua família luta, incessantemente, até hoje, pela localização de seus restos mortais, por um sepultamento digno e para que a União assuma a responsabilidade por sua morte.

Ainda segundo a nota oficial, Gildo e José Carlos teriam sido baleados na Avenida Caxangá com a Rua General Polidoro, no Recife.

Passados 21 anos, soube-se por Gilberto Prata Soares, antigo militante da década de 70 que se transformou em informante dos órgãos de repressão, mais detalhes sobre os presos.

Tessa, filha de Gildo, que não chegou a conhecer o pai, mora hoje em São Paulo, com sua mãe Mariluce.

No Relatório do Ministério da Marinha consta como "morto em tiroteio por agentes de segurança em Recife/PE em 1 de novembro de 1973".

Depoimento da Mãe de Gildo, Célia Garcia Macedo Lacerda

"Meu saudoso filho, Gildo Macedo Lacerda, foi um moço notável, simpático e justo, empreendedor e dinâmico.

Vivia sempre rodeado de bons amigos e por onde passava ia sempre conquistando novas amizades, isto graças à sua afabilidade, ao seu coração magnânimo, à sua grandeza de alma.

Era amigo da Paz e da Justiça. Seu maior desgosto era ver alguém ser pisoteado sofrendo calamidades injustamente.

Era possuidor de um coração generoso e nobre, vivia sempre dando o melhor de si em prol da comunidade.

Ficamos arrasados com tudo o que acontecou com o nosso querido Gildo. Ficamos também decepcionados com o cinismo por parte dos seus algozes e pelo consentimento daquele governo déspota.

Gildo morreu como morrem todos os heróis, de cabeça erguida e consciência tranquila. Seu desaparecimento foi uma perda irreparável, não só para nós os seus familiares, como para toda a nação.

Sentimos até hoje uma incomensurável falta da sua presença amiga, bondosa, com toda aquela gentileza que lhe era muito peculiar. Como também sentimos a falta de seu apoio, ele era o nosso arrimo, o nosso braço direito.

Era ele quem nos orientava, nos aconselhava, resolvendo os problemas com acerto, com a orientação dele, tudo dava certo.

Estou escrevendo com as lágrimas a escorrer-me pelas faces, pois, até hoje eu sinto uma dor intensa, arraigante, a corroer-me as mais profundas entranhas da alma.

E esta dor eu sei que me acompanhará até ao túmulo, por ter perdido o meu querido e amado filho que foi vítima fatal da sanha daqueles bárbaros desumanos, como tantos outros, brutalmente assassinado.

Mas, não desejo mal a eles, entrego para Deus; somente a Deus compete dar a punição que esses pobres infelizes merecem."