Bernardo Guimarães

BERNARDO JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES
(58 anos)
Romancista e Poeta

* Ouro Preto, MG (15/08/1825)
+ Ouro Preto, MG (10/03/1884)

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães foi um romancista e poeta brasileiro, conhecido por ter escrito o livro "A Escrava Isaura", sendo o patrono da Cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras.

Filho de João Joaquim da Silva Guimarães, também poeta, e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Casou-se com Teresa Maria Gomes de Lima Guimarães, e tiveram oito filhos: João Nabor (1868-1873), Horácio (1870-1959), Constança (1871-1888), Isabel (1873-1915), Affonso (1876-1955), também escritor, autor de "Os Borrachos" e "Ossa Mea", sob o nome de Silva Guimarães, José (1882-1919), Bernardo (1832-1955) e Pedro (1884-1948).

Formou-se na 20ª turma da Faculdade de Direito de São Paulo, em 1851, colando grau em 15/03/1852, e nesta cidade tornou-se amigo dos poetas Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa. Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicureia.

A Poesia Pré-Surrealista

Na época em que participou da criação da Sociedade Epicureia, Bernardo Guimarães teria introduzido no Brasil o bestialógico, ou pantagruélico, que se tratava de poesia cujos versos não tinham nenhum sentido, embora bem metrificados. Usando do burlesco, o satírico e o nonsense, esta poesia faz de Bernardo Guimarães um precursor brasileiro do surrealismo, conforme Haroldo de Campos, embora este ainda o considere um romancista medíocre.

João Alphonsus, em sua obra "Bernardo Guimarães, Romancista Regionalista", vê na opinião dos que declararam o poeta maior que o romancista "um critério intelectual exigente", acrescentando:

"No que concerne a Minas, nenhum outro escritor de sua época foi mais admirado, lido e conhecido"

A maior parte dessa poesia não foi publicada porque era considerada pornográfica, e se perdeu. Para alguns críticos, como o citado Haroldo de Campos, o melhor do escritor seria o bestialógico. Um exemplo dessa produção (não-pornográfica) é o soneto "Eu Vi dos Pólos o Gigante Alado".

Histórico das Obras

O seu livro mais conhecido é "A Escrava Isaura". Foi publicado pela primeira vez em 1875, pela Garnier. Conta as agruras de uma bela escrava branca que vivia em uma fazenda do Vale do Paraíba, na região fluminense de Campos.

O romance foi levado à tela da TV Globo em 1976 e em 1977, e à da TV Record em 2004. A versão da TV Globo foi exportada para cerca de 150 países. Na China, protagonizada por Lucélia Santos, a "Escrava Isaura" foi assistida por mais de 1 bilhão de pessoas. Uma edição do livro naquele país teve pelo menos 300 mil exemplares. O romance é considerado por alguns críticos como anti-escravista.

José Armelim Bernardo Guimarães, neto do escritor, argumenta que, se a história fosse de uma escrava negra, não chamaria a atenção dos leitores daquela época para a questão da escravidão. O livro de Bernardo Guimarães mais bem aceito pela crítica é "O Seminarista", cuja primeira edição é de 1872. Permanece atual porque questiona o celibato dos padres. Conta a história de um fazendeiro de Minas Gerais que obriga o seu filho a ser padre. Eugênio, o filho, ama desde criança Margarida, filha de uma agregada da fazenda. Ele tenta abandonar o Seminário de Congonhas em Minas Gerais, mas o pai dele, o capitão Antunes, inventa que Margarida se casou. Eugênio se ordena. Mas ele se endoidece no dia em que volta a sua cidade para rezar a sua primeira missa e se depara, na igreja, com um cadáver, o da Margarida, que tinha estado muito doente.

Duas das poesias mais conhecidas são consideradas pornográficas, embora não sejam do período bestialógico. Trata-se do "O Elixir do Pajé" e "A Origem do Mênstruo". Ambas foram publicadas clandestinamente em 1875.

Em 1852, tornou-se juiz municipal e de órfãos de Catalão, GO. Exerceu o cargo até 1854. Em 1858, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1859, trabalhou como jornalista e crítico literário no jornal Atualidade, do Rio de Janeiro. Em 1861, reassumiu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão. Foi quando, ao ocupar interinamente o juizado de direito, Bernardo Guimarães convocou uma sessão extraordinária do júri, que liberou 11 réus porque a cadeia não estava em condições de abrigá-los. Em 1864, voltou para o Rio de Janeiro. Em 1866, foi nomeado professor de retórica e poética do Liceu Mineiro, de Ouro Preto. Em 1867, casou-se. Em 1873, lecionou latim e francês em Queluz, MG. Em 1881, foi homenageado pelo imperador Dom Pedro II

Bernardo Guimarães morreu pobre em 10/03/1884, em Ouro Preto, MG.

Academia Brasileira de Letras

Na Academia Brasileira de Letras, Bernardo Guimarães foi homenageado como patronato da cadeira 5, que teve como fundador Raimundo Correia e na qual tiveram assento figuras exponenciais como Oswaldo Cruz e Rachel de Queiroz.

Também foi homenageado como patrono da cadeira número 15 da Academia Mineira de Letras, cujo fundador foi Dilermando Cruz.

Obras

  • 1852 - Cantos da Solidão
  • 1858 - Inspirações da Tarde
  • 1858 - O Ermitão de Muquém
  • 1860 - A Voz do Pajé
  • 1865 - Poesias Diversas
  • 1865 - Evocações
  • 1865 - Poesias
  • 1871 - Lendas e Romances
  • 1872 - O Garimpeiro
  • 1872 - História e Tradições da Província de Minas Gerais
  • 1872 - O Seminarista
  • 1872 - O Índio Afonso
  • 1875 - A Escrava Isaura
  • 1876 - Novas Poesias
  • 1877 - Maurício ou Os Paulistas em São João del-Rei
  • 1879 - A Ilha Maldita ou A Filha das Ondas
  • 1879 - O Pão de Ouro
  • 1883 - Folhas de Outono
  • 1883 - Rosaura, a Enjeitada
  • 1905 - O Bandido do Rio das Mortes (Romance terminado em 1905 por Teresa Guimarães, mulher do autor)
  • Dança dos Ossos


Obras Não Publicadas

  • 1865 - Os Inconfidentes
  • 1870 - Os Dois Recrutas (Cerca de 1870)
  • 1870 - As Nereidas de Vila Rica ou As Fadas da Liberdade (Cerca de 1870)
  • 1876 - A Cativa Isaura
  • 1881 - A História de Minas Gerais (Encomendada pelo imperador Dom Pedro II)


Fonte: Wikipédia

Nelson Carneiro

NELSON DE SOUZA CARNEIRO
(85 anos)
Advogado, Jornalista e Político

* Salvador, BA (08/04/1910)
+ Niterói, RJ (06/02/1996)

Nelson de Souza Carneiro foi um político e jornalista brasileiro com larga atuação parlamentar. Tornou-se conhecido pela defesa da causa do divórcio, aprovada no ano de 1977.

Nascido em Salvador, BA, filho de Antônio Joaquim de Souza Carneiro, primeiro especialista a reconhecer a existência de petróleo em Lobato, e de Laura Coelho de Souza Carneiro. Iniciou sua vida pública como repórter em O Jornal, ligado a oposição democrática na Bahia, em 1929. Advogado formado na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia em 1932, foi preso ao apoiar a Revolução Constitucionalista contra os esbirros de Getúlio Vargas cumprindo pena no Rio de Janeiro, então capital do país.

Com a redemocratização do país em 1945, filiou-se à União Democrática Nacional (UDN) e disputou uma vaga na Assembléia Constituinte destinada a elaborar a nova Constituição ficando apenas na suplência.

Passada a refrega político-eleitoral cobriu os trabalhos constituintes para dois impressos baianos: o Jornal da Bahia e O Imparcial.

Convocado para exercer o mandato parlamentar em abril de 1947, foi reeleito em 1950 numa coligação com o antigo Partido Social Democrático (PSD). No ano seguinte apresentou seu primeiro projeto divorcista e um outro desígnio que igualava a mulher casada ao marido, protagonizando debates acerbos com o Padre Arruda Câmara, frontal adversário de tais inovações.

Já filiado ao Partido Libertador (PL) não foi reeleito em 1954, derrota atribuída à firme oposição da Igreja Católica às teses encampadas por Nelson Carneiro.


Em 1958 Nelson Carneiro transferiu-se para o Rio de Janeiro com o fito de concorrer às eleições pelo então Distrito Federal, apostando que um eleitorado de perfil menos conservador assimilaria suas propostas.

Foi eleito deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) em 1958 e a partir de 21/04/1960 passou a representar a Guanabara sendo reeleito em 1962.

Em meio à crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros em 25/08/1961, foi o autor da emenda que instituiu o parlamentarismo no Brasil de modo a assegurar a posse do vice-presidente João Goulart na presidência desde que o governo estivesse nas mãos de um primeiro-ministro, neste caso o mineiro Tancredo Neves. Com a deposição do presidente João Goulart por um golpe militar em 31/03/1964 e a subsequente adoção do bipartidarismo, Nelson Carneiro ingressou Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sendo reeleito deputado federal em 1966.

Eleito senador pela Guanabara em 1970, passou a representar o Rio de Janeiro após a fusão entre essas unidades federativas em 15/03/1975 em face de lei sancionada pelo presidente Ernesto Geisel.

Após 26 anos de espera Nelson Carneiro obteve a aprovação da Lei 6.515 que instituiu o divórcio no Brasil em 26/12/1977 em virtude de sua tenacidade e ainda beneficiado pela mudança de quórum para aprovação de emendas constitucionais, que passou de dois terços para maioria absoluta dentre o total de parlamentares eleitos graças ao Pacote de Abril baixado pelo governo.


Reeleito em 1978, prescindiu da orientação do governador Chagas Freitas que fundou o Partido Popular (PP) e aportou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Ivete Vargas, cuja candidata ao governo do Rio de Janeiro em 1982 era Sandra Cavalcanti, outrora adversária do senador. Por ocasião da eleição presidencial indireta de 1985 votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. De volta ao convívio de antigos companheiros ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e disputou a convenção do partido como candidato ao governo, todavia a vitória de Moreira Franco o levou a disputar seu terceiro mandato como senador em 1986 numa campanha vitoriosa.

Membro da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988, foi eleito presidente do Senado Federal no ano seguinte e empossou Fernando Collor na Presidência da República em 15/03/1990, sendo que nesse mesmo ano ficou em terceiro lugar na eleição para governador do Rio de Janeiro num pleito marcado pelo triunfo de Leonel Brizola. Disputou a reeleição em 1994 pelo Partido Progressista (PP), mas não obteve a vitória.

Viúvo, casou-se com Maria Luísa Monteza de Souza Carneiro, natural do Peru, com quem teve uma filha, Laura Carneiro. Divorciado, veio a casar-se com Carmem Perim Casagrande de Souza Carneiro.

Nelson Carneiro se despediu do Senado Federal, em 18/01/1995, depois de 43 anos de atividade parlamentar. Em discurso de três horas, durante o qual chorou diversas vezes, disse ter sido derrotado pelo "Judas do Rio", referindo-se ao governador Marcello Alencar (PSDB), que apoiou a candidatura de Artur da Távola (PSDB).

"Os traidores passam. Nós conhecemos agora a verdadeira fisionomia do Judas. Saio da vida pública não pela vontade do povo do Rio, mas pela vontade do Judas do Rio"

Morte

Nelson Carneiro morreu por volta das 18:00 hs, do dia 06/02/1996, em sua casa, em Niterói, RJ, aos 85 anos. Ele se recuperava de uma cirurgia abdominal a que havia sido submetido em dezembro de 1995.

Fonte: Wikipédia

Roberto Drummond

ROBERTO FRANCIS DRUMMOND
(68 anos)
Jornalista e Escritor

* Ferros, MG (21/12/1933)
+ Belo Horizonte, MG (21/06/2002)

Roberto Francis Drummond foi um jornalista e escritor brasileiro. Participou da chamada Literatura Pop, marcada pela ausência de cerimônias e pela proximidade com o cotidiano.

Antes de residir, a partir da adolescência, em Belo Horizonte, a família do escritor viveu em Guanhães, Araxá e Conceição do Mato Dentro. Na capital mineira, iniciou no jornalismo na extinta Folha de Minas. Aos 28 anos, passou a dirigir a revista Alterosa, fechada pela Ditadura Militar em 1964. Durante um ano trabalhou no Rio de Janeiro, retornando a Belo Horizonte em 1966, onde passou a escrever colunas esportivas e crônicas.

O sucesso na literatura começou com seu primeiro livro, "A morte de D.J. em Paris", em 1971. Relançado em 1975, bateu recordes de vendas, recebendo o Prêmio Jabuti de Autor Revelação. Ao receber o Prêmio Jabuti, Roberto Drummond ganhou notoriedade nos meios literários brasileiros.

Na década de 80 publicou "Hitler Manda Lembranças" (1984) e "Ontem à Noite Era Sexta-Feira" (1988), iniciando uma nova fase em sua produção literatura, com enredos mais complexos.

Em 1991, lançou seu maior sucesso, o romance "Hilda Furacão", que foi adaptado para a televisão por Glória Perez, numa minissérie. Pare ele, o fato de o livro ter se tornado sua obra-prima resultou numa espécie de prisão: "Sou um eterno refém de 'Hilda Furacão'", dizia o escritor.

O cenário principal da trama é a capital mineira do final dos anos 50 e início dos anos 60. Os capítulos de "Hilda Furacão" seguem o modelo de suspense dos folhetins, instigando a leitura do próximo. Várias ações ocorrem quase ao mesmo tempo, dando ao texto conferindo uma dinâmica expressiva. A história central focaliza a personagem que dá nome ao romance, Hilda Furacão, que foi levada também ao teatro na direção de Marcelo Andrade.

Ele publicou também "Inês é Morta" (1993) e a biografia "Magalhães: Navegando Contra o Vento" (1994). Num de seus últimos livros, "O Cheiro de Deus" (2001), Roberto Drummond ironiza seu próprio sobrenome e narra histórias do clã Drummond em solo brasileiro.


Torcedor fanático do Atlético Mineiro, cronista do jornal Estado de Minas, escreveu a crônica "Para Torcer Contra o Vento", na qual descreveu a cena de um uniforme do time sendo lavado:

"Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento!"


Roberto Drummond também fez um programa esportivo diário na TV Bandeirantes de Belo Horizonte.

Pouco antes de sua morte, concluiu a novela "Os Mortos Não Dançam Valsa".

Roberto Drummond morreu vítima de um infarto, no dia da partida entre Brasil x Inglaterra pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2002.

Roberto Drummond era casado com Maria Beatriz, com quem teve uma filha, Ana Beatriz.

Foi homenageado pela prefeitura de Belo Horizonte com uma estátua de bronze em tamanho real na Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, e pela prefeitura de Ferros com um Centro Cultural em seu nome.

Passados 10 anos da morte de Roberto Drummond, sua obra, sua paixão pelo futebol e seu legado para a literatura nacional foram novamente destacados pelos relançamentos de alguns de seus livros e de um documentário dirigido por Breno Milagres sobre a vida do escritor, além de uma homenagem da torcida atleticana no dia 23/06/2012, durante o jogo Atlético x Náutico, pelo Campeonato Brasileiro, no Estádio Independência.

Obras
  • 1971 - A Morte de D.J. em Paris
  • 1978 - O Dia em Que Ernest Hemingway Morreu Crucificado
  • 1980 - Sangue de Coca-Cola
  • 1982 - Quando Fui Morto em Cuba
  • 1984 - Hitler Manda Lembranças
  • 1988 - Ontem à Noite Era Sexta-Feira
  • 1991 - Hilda Furacão
  • 1993 - Inês é Morta
  • 1993 - O Homem Que Subornou a Morte & Outras Histórias
  • 2001 - Magalhães: Navegando Contra o Vento
  • 2001 - O Cheiro de Deus
  • Dia de São Nunca à Tarde (Publicação Póstuma)
  • Os Mortos Não Dançam Valsa (Publicação Póstuma)
  • O Estripador da Rua G (Publicação Póstuma)
  • Uma Paixão em Preto e Branco (Publicação Póstuma).