Voo LaMia 2933

VOO LAMIA 2933
28/11/2016


Voo 2933 da LaMia foi um voo charter, operado pela companhia com a identificação LMI2933, a serviço da Associação Chapecoense de Futebol, proveniente de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, com destino ao Aeroporto Internacional José María Córdova em Rionegro, Colômbia, que caiu próximo ao local chamado "Cerro El Gordo", "Monte O Gordo", em livre tradução, na Colômbia, às 22h15 do dia 28/11/2016 no horário local e 1h15 do dia 29/11/2016 pelo horário de Brasília.

A aeronave trazia 77 pessoas a bordo, tendo por passageiros atletas, equipe técnica e diretoria do time brasileiro da Chapecoense, jornalistas e convidados, que iriam a Medellín onde o clube disputaria a primeira partida da Final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Entre passageiros e tripulantes, 71 pessoas morreram na queda do avião e seis foram resgatadas com vida.

Dos mortos, 20 eram jornalistas brasileiros, 9 eram dirigentes, incluindo o presidente do clube, 2 eram convidados, 14 eram da comissão técnica, incluindo o treinador e o médico da equipe, 19 eram jogadores e 7 eram tripulantes. Dos 6 ocupantes que sobreviveram, 4 eram passageiros e 2 eram tripulantes. Pelo total de vítimas, esta tragédia torna-se a maior da história com uma delegação esportiva e a maior do jornalismo brasileiro.

Aeronave

A rota foi operada em um British Aerospace 146 (Avro RJ85), registro CP-2933. Medindo 28,55m do bico à cauda, largura de asas de 26,4 m, altura de 8,61 m, equipada com quatro motores Honeywell LF 507. O modelo Avro RJ85 tem uma autonomia de voo de três mil quilômetros, com capacidade de transportar até 112 passageiros e 9 tripulantes.

A aeronave recebeu do fabricante o número de série (MSN) E2348 e teve seu primeiro voo em 26/03/1999, contando portanto com 17 anos e 7 meses de atividade. Em 30/03/1999, foi liberada para a Mesaba Airlines dos Estados Unidos. Em seguida, a 18/09/2007, passou a ser operada pela companhia de voos domésticos irlandesa CityJet. Finalmente em 16/10/2013 teve pela primeira vez seu registro pela LaMia (a empresa mudou o registro mais duas vezes: em setembro de 2014 e em janeiro do ano seguinte).

Operadora LaMia

A Línea Aérea Merideña Internacional de Aviación (LaMia), foi fundada em 16/08/2010, com uma cota inicial do governo do estado venezuelano de Mérida de cinco milhões de dólares. A empresa, que teve seu registro suspenso depois do acidente fatal em Medelin, era comandada pelo economista e empresário venezuelano Ricardo Albacete e estava adquirindo três aeronaves Avro-RJ85, incluindo a acidentada (única que estava em operação na época do acidente). Ricardo Albacete, antes de ingressar no ramo de transporte aéreo, já tinha empresas nos setores metalúrgico (Gurimetal) e petrolífero (Alba Energy) e já havia respondido a um processo na Corte Suprema da Venezuela por uma suposta fraude, com uso de um mandato falso e apropriação indébita.

Ricardo Albacete tinha um amigo chinês, Sam Pa, que se apresentava como um milionário de Pequim, interessado em investimentos internacionais. No entanto, as promessas de investimento de Sam Pa na companhia não se realizaram, e em setembro de 2011 a companhia foi desativada, depois que o "investidor" chinês foi preso em seu país.

Dois anos depois, Ricardo Albacete reativou a companhia com outro nome, Línea Aérea Margarita, em uma manobra que lhe permitiu manter os mesmos logotipos e distintivos internacionais da antiga empresa, anunciando voos para várias cidades do mundo, inclusive Miami e Boston. Ricardo Albacete adquiriu então os três aviões que estavam estacionados no aeroporto de Norwich, na Inglaterra.

A empresa reestruturada recomeçou suas atividades, oferecendo preços muito abaixo da concorrência, valores até 40% mais baratos. Rapidamente especializou-se em transportar equipes de futebol por todo o continente. Em uma entrevista a um jornal espanhol depois do acidente em Medellín, e ante uma confusa situação em que a LaMia tinha registro não só na Venezuela, mas também na Bolívia, Ricardo Albacete declarou que não era acionista nem empregado dessa outra empresa boliviana, mas sim da LaMia da Venezuela, e que eram eles (da LaMia da Venezuela) quem arrendavam seus aviões à empresa boliviana. Entretanto, a LaMia boliviana foi criada pelo próprio Ricardo Albacete em janeiro de 2015, em sociedade com Miguel Quiroga, piloto que era o comandante da aeronave acidentada.

O Acidente

O time brasileiro da Associação Chapecoense de Futebol viajava para o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana de 2016 contra o Atlético Nacional em Medellín, na Colômbia. A equipe tentou, a princípio, fazer o voo saindo do aeroporto de Guarulhos direto para Medellín. O pedido foi indeferido pela ANAC de acordo com a legislação vigente, com base no Código Brasileiro de Aeronáutica e na Convenção de Chicago, pelos quais apenas uma companhia aérea brasileira ou colombiana poderia fazer o voo.

O trajeto foi feito, então, em duas etapas: Um voo comercial pela companhia aérea boliviana BoA partindo de São Paulo às 15h15 e chegando a Santa Cruz de la Sierra cerca de três horas depois, e o trecho final em voo fretado com a LaMia. Integraria a comitiva do time o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, que não embarcou junto com a comitiva, e dois responsáveis pela logística do clube já se achavam na Colômbia, aguardando a chegada do voo.

Às 22h00 a aeronave declarou uma emergência elétrica quando voava entre os municípios de La Ceja e La Unión. A comissária de bordo Ximena Suárez, sobrevivente ao acidente, declarou ao governador de Antioquia Luis Pérez que, pouco antes da queda, as luzes da aeronave se apagaram de repente, e então entre quarenta ou cinquenta segundos depois caiu. O técnico de voo sobrevivente, Erwin Tumiri, disse dois dias depois do acidente, que somente conseguiu ficar vivo porque seguiu todos os protocolos para tal ocasião: Ficara em posição fetal, com malas entre as pernas. Segundo ele, ocorreu um pânico total no interior da aeronave, com gritaria e pessoas saindo de seus assentos. Entretanto, alguns dias depois, Erwin Tumiri desmentiu essas informações em entrevista dada à rede de rádio Bluradio de Bogotá, afirmando que até o exato momento do impacto, nenhum passageiro sabia que havia uma situação de emergência, sem qualquer aviso da tripulação, e que todos estavam apenas preparados para a aterrissagem que havia sido anunciada. Afirmou que tudo foi muito rápido, a sensação de descida, depois as luzes se apagaram, acendendo-se as de emergência e em seguida o impacto e que não houve tempo para nada, nem havia ninguém em pânico no momento do impacto.

A queda ocorreu no Cerro El Gordo. Num primeiro comunicado o Aeroporto de Medellín informava que o piloto havia relatado à torre de controle que o avião apresentava problemas elétricos e declarava situação de emergência por volta das 22h00, pouco tempo depois da queda as autoridades localizaram o local da queda, e helicópteros foram inicialmente incapazes de chegar ao local devido à névoa densa na região, forçando o acesso dos socorristas da Força Aérea da Colômbia por terra.

A princípio fora divulgado que havia 81 pessoas a bordo, contudo verificou-se que a contagem inicial incluía quatro passageiros que deixaram de viajar na última hora.

Sobreviventes

O primeiro passageiro a ser resgatado e chegar ao hospital de La Ceja foi o lateral Alan Ruschel, um dos jogadores a bordo da aeronave. Mais tarde, foram encontrados com vida o goleiro Jakson Follmann, o jogador Neto, a comissária Ximena Suárez, o jornalista Rafael Henzel, e o técnico de voo Erwin Tumiri.

Apesar de em melhor estado de saúde que os demais, os dois tripulantes bolivianos que sobreviveram não puderam retornar ao seu país no dia 01/12/2016, quando aquele país enviou uma aeronave para o traslado dos corpos daquela nacionalidade, por não terem sido liberados pelos médicos.

Vítimas Fatais e Traslado

Das vítimas fatais, entre passageiros e tripulantes, uma era paraguaia, outra venezuelana, cinco eram bolivianas e o restante era de brasileiros. Já no dia 01/12/2016 a Bolívia enviou uma aeronave Hércules para efetuar o traslado dos mortos daquela nacionalidade, ao tempo em que levara à Colômbia familiares dos mesmos.

No mesmo dia, Carlos Valdés, diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Medellín, declarou que todas as 71 vítimas fatais haviam sido identificadas. Ele também informou que a causa da morte da maioria das vítimas foi grave lesão em ossos e vísceras, provocada pela queda. Já neste dia o corpo de Gustavo Encina, tripulante paraguaio, seguiu para seu país num voo comercial. Quatro empresas funerárias de Medellín trabalharam para o preparo dos corpos às condições de transporte.

Na sexta, 02/12/2016, foi feito o traslado do cidadão venezuelano, também tripulante, também em voo comercial, partindo às 8h00. Uma hora mais tarde partiu o Hércules boliviano. 14 dos jornalistas brasileiros partiram nesta data, em voos privados. 35 carros funerários efetuaram o transporte dos corpos de Medellín até a cidade de Rionegro.

Duas aeronaves Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) foram até Medellín buscar os demais corpos, saindo de lá na sexta, 02/12//2016, entre 16h15 e 17h05. Os aviões fizeram escala em Manaus e partiram às 2h00 do sábado, horário local, chegando em Chapecó por volta das 9h30. Os corpos foram levados para um velório coletivo na Arena Condá.

Avaliação Inicial das Causas

Em comunicado oficial, o Aeroporto Internacional José María Córdova informou:

"O Comitê de Operações de Emergência e a gerência do Aeroporto José Maria Córdova informa que às 22h uma aeronave (...) se declarou em estado de emergência, entre os municípios de La Ceija e La Unión. A aeronave reportou pane elétrica, segundo informado à torre de controle de Aeronáutica Civil."

Num primeiro momento foi divulgado que a causa seria falta de combustível. Passadas algumas horas do acidente, e com as informações então disponíveis, especialistas analisaram vários fatores que poderiam tê-lo causado. Se num primeiro momento foi dito da falta de combustível, uma informação contraditória se seguiu, dizendo que o piloto havia se livrado deste antes de tentar um pouso forçado. Outro dado que chamou a atenção dos analistas é que, para o fabricante da aeronave, esta tem autonomia de voo de 2965 km (a velocidade de cruzeiro de 720 km/h), e a distância a ser percorrida foi de 2.975, o que fez voltar a hipótese da falta de combustível. Em razão disto o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas do Brasil, Rodrigo Spader, afirmou que o ideal seria ter havido uma escala para reabastecimento, neste caso.

Rodrigo Spader considera ainda situações como um vento contrário durante o trajeto, que forçaria ao crescimento do consumo do combustível. Tanto ele como o professor de aeronáutica Cláudio Scherer concordam que não pode ter havido o "alijamento" (derrame proposital do combustível) que só é feito em aviões de maior porte a fim de aliviar o peso para um pouso estável - o avião, no entanto, não teria capacidade de alijar combustível. Também foi relevante a revelação feita de que a torre de controle do aeroporto dera prioridade de pouso a outra aeronave, antes do LaMia. Um último fator a ser apreciado nas investigações é o estado dos pilotos, segundo Rodrigo Spader, pois o cansaço está na causa direta de 20% dos acidentes registrados. As caixas-pretas foram encontradas, na tarde do dia 29/11/2016, em perfeito estado.

Plano de Voo

No dia do acidente um despachante da LaMia apresentou à funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (AASANA), Celia Castedo Monasterio, o plano de voo da aeronave. Segundo o depoimento da funcionária às autoridades bolivianas ela teria alertado ao despachante que o plano estava errado, pois trazia os valores de tempo de voo e autonomia de combustível idênticos, o que não daria a margem obrigatória (ambos davam quatro horas e vinte e dois minutos), e que não havia um plano alternativo.

Celia Castedo Monasterio teria advertido o despachante (que também morreu no acidente) por cinco vezes, segundo ela, mas este insistiu dizendo que estavam capacitados a realizar a viagem assim mesmo. Especialistas em aviação qualificaram o plano de voo como "absurdo".


Diálogo Com a Torre de Controle

Na quarta-feira, 30/11/2016, a gravação entre o piloto da aeronave e a controladora de voo, Yaneth Molina, foi divulgada. Nela o piloto Miguel Quiroga solicita prioridade de aproximação pois enfrentava "problemas de combustível". A controladora pede que confirme e ele responde que sim, ela então lhe diz que dentro de sete minutos lhe daria a confirmação pois já havia outra aeronave antes dele. Miguel Quiroga então insiste estar numa emergência motivada por combustível, mas a controladora se dirige para outro avião, o Avianca 9356 para que se aproxime e dialoga com o outro piloto.

Após a interrupção, o piloto da LaMia volta a pedir a descida imediatamente. A torre informa que há tráfego abaixo dele e pede que efetue um desvio à direita. Miguel Quiroga pede-lhe que seja "incorporado a outro vetor" e a controladora volta a falar do tráfego à frente dele e pede que continue a aproximação, perguntando-lhe se deseja alguma assistência na pista, ao que Miguel Quiroga retruca que confirmaria a assistência "na pista" e emenda: "Senhorita, LaMia 2933 está em falha total, sem combustível".

A controladora diz que a pista está livre, esperando chuva e que os bombeiros estão alertas. Miguel Quiroga revela o desespero em que se encontrava: "Vetores, senhora! Vetores!". A controladora diz que o perdeu no radar e que ele indicasse o rumo, ao que ele diz, repetindo, ser "rumo 3,6,0". A controladora diz que ele está a 8,2 milhas da pista. Miguel Quiroga diz a última palavra do contato: "Jesus!" e outras vozes surgem na torre de controle, dizendo que "não responde" e uma última pergunta encerra a gravação: "Qual a sua altitude agora?".

Helicóptero colombiano resgata corpos na área rural de La Unión.
Investigação

Além das autoridades aeronáuticas colombianas responsáveis pela apuração das causas do sinistro, também técnicos britânicos da fabricante do avião se dirigiram àquele país para auxiliar nas investigações sobre a queda, bem como representantes bolivianos, país de origem do voo.

Na terça-feira, 29/11/2016, seguiram para Medellín técnicos brasileiros do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), convidados pelo órgão local de apuração, a Aeronáutica Civil da Colômbia, além de Policiais federais brasileiros.

No dia 01/12/2016, Freddy Bonilla, secretário de segurança aérea da entidade responsável pela aviação civil colombiana, declarou que:

"Quando chegamos ao local do acidente e pudemos inspecionar os destroços, confirmamos que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto. Uma das teorias que estamos trabalhando é que por não termos encontrado combustível no local da colisão ou nos tubos de alimentação, a aeronave sofreu queda por falta de combustível."

Freddy Bonilla disse também que a autorização do voo previa que a aeronave deveria ter partido de Cobija, cidade boliviana muito mais ao norte do que aquela de onde partiu de fato, Santa Cruz de la Sierra.

No curso das investigações, a promotoria responsável pelo caso prendeu provisoriamente em 06/12/2016 na Bolívia, Gustavo Vargas, diretor-geral da LaMia. Mais dois funcionários da empresa (uma secretária e um mecânico) prestaram depoimentos e foram liberados. Foram recolhidos também vários documentos nos escritórios da companhia, pela Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia (DGAC). No dia seguinte, foram confiscadas as duas outras aeronaves da LaMia, do mesmo modelo, para investigações e para ficarem à disposição da Justiça em um eventual uso no pagamento de indenizações. Havia inclusive uma dívida da LaMia para com a Força Aérea Brasileira, equivalente a 48,2 mil dólares, de serviços de manutenção prestados em 2014. Segundo a promotoria, entre os crimes investigados no processo, estão: abandono do dever, abuso de influência, homicídio e lesões gravíssimas.

As caixas-pretas, encontradas no dia seguinte ao acidente, foram enviadas para Farnborough, na Inglaterra, sede da BAE Systems, fabricante da aeronave. A equipe de especialistas participantes da análise dos registradores é formada por um investigador do Grupo de Investigação de Acidentes e Incidentes Aéreos da Colômbia (GRIAA), um investigador da DGAC, um investigador do Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos Estados Unidos (NTSB) (porque equipamentos importantes da aeronave, entre eles os motores, são produzidos nos Estados Unidos), e um investigador da Agência de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB), porque o avião foi produzido na Inglaterra.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, do Brasil (CENIPA), decidiu não participar da equipe, aguardando os resultados, compartilhados com todos os órgãos nacionais envolvidos. No entanto, a Força Aérea Brasileira (FAB) enviou para a Colômbia dois representantes, sendo um especialista em investigações de acidentes aéreos do CENIPA, e um psicólogo para avaliar os fatores humanos envolvidos no acidente, bem como acompanhar a recuperação dos brasileiros sobreviventes. Segundo as normas internacionais, o país que tem seus cidadãos vítimas fatais ou feridos seriamente em acidentes aéreos, pode solicitar formalmente junto ao país que conduz as investigações, a participação de um especialista, com as seguintes prerrogativas no processo: Visitar o local do acidente, ter acesso às informações relevantes, participar da identificação das vítimas, auxiliar nos esclarecimentos prestados pelos sobreviventes e receber uma cópia do Relatório Final.

Relatório Preliminar

Em 26/12/2016, 28 dias depois do acidente, a Aerocivil, Unidade Administrativa Especial de Aeronáutica Civil da Colômbia, apresentou o relatório preliminar. De acordo com o relatório, não foi identificada uma falha técnica que tivesse causado ou contribuído para o acidente, nem apresentou ato de sabotagem ou tentativa de suicídio. As evidências revelam que a aeronave sofreu falta total de combustível (Pane Seca).

A aeronave ficou totalmente destruída e os danos subsequentes indicaram que não houve possibilidade mínima de sobrevivência da maioria dos passageiros e tripulantes e nem incêndio. As investigações devem continuar até abril de 2017, quando a Aerocivil apresentará o relatório final, considerando esta análise preliminar, bem como os aspectos de organização, vigilância e supervisão operacional, planificação do combustível, tomada de decisões e sobrevivência.

Reações e Homenagens

A Confederação Sul-Americana de Futebol (CSF) cancelou a final da Copa Sul-Americana de 2016. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adiou por uma semana a segunda partida da final da Copa do Brasil e a última rodada do Campeonato Brasileiro.

O presidente Michel Temer decretou luto oficial no Brasil de três dias logo após a notícia do acidente.

Alguns clubes brasileiros emitiram comunicados oficiais com a palavra de seus respectivos presidentes, em solidariedade à tragédia com a Chapecoense. Lamentando o acidente, os dirigentes ainda informam a criação de "medidas solidárias" à Chapecoense, entre elas, a possibilidade de impedir o rebaixamento do clube catarinense pelas próximas três temporadas e o empréstimo de atletas para a temporada de 2017.

Por todo o mundo os principais jornais imediatamente repercutiram o acidente, bem como as principais redes de notícia de todos os países. Logo redes como CNN e BBC, e jornais como The New York Times, El País e Le Monde passaram a cobrir a tragédia.

Já na manhã do dia 29/11/2016 as redes sociais da mesma forma exibiram reações que de forma unânime manifestavam apoio às vítimas da tragédia. Em suas contas pelo Twitter os atletas Pelé, Maradona, MessiNeymar Jr., entre muitos outros, manifestaram pesar e solidariedade. Os times de futebol de todo o mundo também usaram este meio para expressar o luto e apoio ao time brasileiro e às famílias das vítimas, bem como por meio de suas páginas oficiais. Equipes como o Barcelona fizeram minuto de silêncio antes de seu treino na manhã daquele dia.

Logo hashtags como "#forçachape" ou "#fuerzachape" se tornaram as trending topics em todo o mundo. O vídeo que exibia a equipe rezando unida tornou-se o mais compartilhado. A equipe contra quem jogaria a Chapecoense, Atlético Nacional, imediatamente também manifestou sua solidariedade e a intenção de ceder o título ao adversário vitimado.

Na noite do dia 29/11/2016 vários monumentos ao redor do planeta se iluminaram na cor verde em homenagem à equipe catarinense. No Brasil isto se deu no Palácio do Planalto, no Cristo Redentor, Elevador Lacerda e outros símbolos locais. O gesto foi repetido na Torre Eiffel, na sede da Conmebol e no Obelisco de Buenos Aires. Isto também ocorreu em vários estádios pelo mundo.

A Rede Globo, no mesmo dia, durante o Jornal Nacional, exibiu um discurso do Galvão Bueno e encerrou a sua edição com 1 minuto de aplausos e as fotos da vítimas no fundo.

Em 30/11/2016, a Organização da Aviação Civil Internacional expressou condolências e declarou que estaria à disposição das autoridades para participar das investigações, caso fosse solicitado. No mesmo comunicado, lembrou que, conforme a Convenção de Chicago, as autoridades envolvidas na investigação têm 30 dias a partir da data do acidente para emitir um relatório preliminar, e 12 meses para emitir o relatório final.

Ainda no dia 30/11/2016, no horário que seria disputada a Final da Copa Sul-Americana, o canal Fox Sports 1 entrou em silêncio no período que estava reservado para a transmissão do jogo. A tela ficou toda preta em sinal de luto, com a hashtag #90minutosdesilencio e um cronômetro para marcar o tempo que a cobertura da partida duraria.

No Twitter um usuário simulou uma partida intitulada "Final dos Sonhos" e o assunto ficou entre um dos mais comentados nos trending topics na rede.

A direção da Fox na América Latina prestou uma homenagem aos 6 jornalistas mortos dos canais Fox Sports. A diretoria do canal decidiu mudar seu logo e seu slogan. Do dia 04/12/2016 até o fim de 2017, o tradicional logo do canal contará com seis estrelas, cada uma delas representando cada um dos funcionários mortos. A homenagem não ficará restrita ao canal do Brasil. As demais filiais da emissora, em países como Argentina e México, por exemplo, trarão as estrelas acima de seu logo. O slogan do canal também mudou de torcemos juntos para sempre juntos.

Consequências Oficiais

No dia 29/11/2016 a Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia expediu a Resolução Administrativa nº 716, suspendendo de forma imediata a autorização de operação da Lamia Corparatión SRL. Também como reação ao acidente, o Ministério das Obras Públicas daquele país, por seu titular Milton Claros, trocou toda a direção geral de aeronáutica civil. Neste mesmo dia foi afastada a funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (AASANA), Celia Monasterio.

Milton Claros ainda disse que uma investigação foi aberta para apurar a concessão da licença à LaMia, bem como da situação da empresa, e que também os dirigentes da AASANA ficarão suspensos enquanto durarem as investigações.

Passageiros e Tripulação

A relação dos passageiros e tripulantes do voo foi divulgada horas depois de constatado o acidente.

Delegação da Chapecoense

Jogadores:
  1. Danilo Padilha (Goleiro)
  2. Gimenez (Lateral)
  3. Bruno Rangel (Atacante)
  4. Marcelo (Zagueiro)
  5. Lucas Gomes (Atacante)
  6. Sergio Manoel (Meio-campista)
  7. Filipe Machado (Zagueiro)
  8. Matheus Biteco (Meio-campista)
  9. Cleber Santana (Meio-campista)
  10. Alan Ruschel (Lateral - Sobrevivente)
  11. William Thiego (Zagueiro)
  12. Tiaguinho (Meio-campista)
  13. Neto (Zagueiro - Sobrevivente)
  14. Josimar (Meio-campista)
  15. Dener Assunção (Lateral)
  16. Gil (Meio-campista)
  17. Ananias (Atacante)
  18. Kempes (Atacante)
  19. Jakson Follmann (Goleiro - Sobrevivente)
  20. Arthur Maia (Meio-campista)
  21. Mateus Caramelo (Lateral)
  22. Aílton Canela (Atacante)

Demais Convocados e Comissão Técnica:
  1. Caio Júnior (Técnico)
  2. Eduardo de Castro Filho, o Duca (Auxiliar Técnico)
  3. Luiz Grohs, o Pipe (Analista de Desempenho)
  4. Anderson Paixão (Preparador Físico)
  5. Anderson Martins, o Boião (Preparador de Goleiros)
  6. Drº Marcio Koury (Médico)
  7. Rafael Gobbato (Fisioterapeuta)
  8. Cocada
  9. Sergio de Jesus, o Serginho
  10. Adriano
  11. Cleberson Silva
  12. Mauro Stumpf, o Maurinho (Vice-presidente de Futebol)
  13. Eduardo Preuss, o Cadu Gaúcho (Diretor)
  14. Chinho di Domenico (Supervisor)
  15. Sandro Pallaoro
  16. Cezinha
  17. Gilberto Pace Thomas, o Giba (Assessor de Imprensa)

Diretoria:
  1. Nilson Folle Júnior
  2. Decio Burtet Filho
  3. Edir de Marco (Diretor)
  4. Ricardo Porto (Diretor)
  5. Mauro dal Bello (Diretor)
  6. Jandir Bordignon (Diretor)
  7. Dávi Barela Dávi (Empresário)

Convidado:
  1. Delfim Peixoto Filho (Vice-presidente da CBF e Presidente da Federação Catarinense)

Imprensa:
  1. Victorino Chermont (Fox Sports)
  2. Rodrigo Santana Gonçalves (Fox Sports)
  3. Deva Pascovich (Fox Sports)
  4. Lilacio Júnior (Fox Sports)
  5. Paulo Julio Clement (Fox Sports)
  6. Mario Sergio Pontes de Paiva (Fox Sports e Ex-jogador)
  7. Guilher Marques (Globo)
  8. Ari de Araújo Júnior (Globo)
  9. Guilherme Laars (Globo)
  10. Giovane Klein (Repórter da RBS TV de Chapecó)
  11. Bruno Mauro da Silva (Técnico da RBS TV de Florianópolis)
  12. Djalma Araújo Neto (Cinegrafista da RBS TV de Florianópolis)
  13. Adré Podiacki (Repórter do Diário Catarinense)
  14. Laion Espindula (Repórter do Globo Esporte)
  15. Rafael Henzel (Rádio Oeste Capital - Sobrevivente)
  16. Renan Agnolin (Rádio Oeste Capital)
  17. Fernando Schardong (Rádio Chapecó)
  18. Edson Ebeliny (Rádio Super Condá)
  19. Gelson Galiotto (Rádio Super Condá)
  20. Douglas Dorneles (Rádio Chapecó)
  21. Jacir Biavatti (Comentarista RIC TV e Vang FM)

Tripulação:
  1. Miguel Quiroga (Piloto)
  2. Ovar Goytia
  3. Sisy Arias
  4. Romel Vacaflores (Assistente de Voo)
  5. Ximena Suarez (Aeromoça - Sobrevivente)
  6. Alex Quispe
  7. Gustavo Encina
  8. Erwin Tumiri (Técnico da Aeronave - Sobrevivente)
  9. Angel Lugo