Paulo Henrique Amorim

PAULO HENRIQUE DOS SANTOS AMORIM
(76 anos)
Apresentador de Televisão, Jornalista, Empresário e Blogueiro

☼ Rio de Janeiro, RJ (22/02/1943)
┼ Rio de Janeiro, RJ (10/07/2019)

Paulo Henrique dos Santos Amorim foi um jornalista, blogueiro, empresário e apresentador de televisão nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 22/02/1943.

Paulo Henrique Amorim atuava no ramo de jornalismo desde 1961, escrevia para diversos jornais e revistas do país e mantinha o blogue chamado "Conversa Afiada".

Entre 2006 e 2019, foi apresentador e repórter do programa "Domingo Espetacular" pela TV Record.

Formado em Sociologia e Política, filho do jornalista e estudioso do espiritismo Deolindo Amorim, tem dois irmãos. Seguindo os passos do pai, estudou em escolas da cidade onde nasceu e começou a trabalhar já adolescente, com a imprensa.

Paulo Henrique Amorim trabalhou em jornais, revistas, televisão, internet e publicou livros. Cobriu eventos com repercussão internacional como a eclosão do vírus ebola na África (1975 a 1976), as eleições de 1992, a posse do então novo presidente norte-americano Bill Clinton em 1993, os distúrbios raciais em 1992, o terremoto de Los Angeles em 1994, a guerra civil de Ruanda e a rebelião zapatista no México em 1994.


O primeiro emprego como jornalista foi no jornal A Noite, no Rio de Janeiro em 1961, ano em que fez a cobertura para o jornal, a renúncia do presidente Jânio Quadros e a tentativa do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, o qual formou a Cadeia da Legalidade para garantir a posse do vice, João Goulart, que seria derrubado em 1964.

Paulo Henrique Amorim trabalhou em New York, nos Estados Unidos como correspondente internacional. Foi contratado pela Editora Abril para ser repórter e correspondente internacional, primeiro da revista Realidade, depois da revista Veja, sendo seu primeiro correspondente internacional.

Paulo Henrique Amorim passou pelas emissoras de televisão, Manchete e TV Globo, tendo aberto sucursais para esses veículos em New York, Estados Unidos, passando parte da sua vida trabalhando no exterior.

Em 1996, deixou a TV Globo pela TV Bandeirantes, onde passou a apresentar o telejornal Jornal da Band e o programa político Fogo Cruzado, que por adotar postura independente, já produziu desentendimentos com diversos políticos ao vivo.

Em agosto de 1998, acusou no telejornal Jornal da Band, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva por adquirir apartamento e carro por meio ilegal, em meio a campanha eleitoral presidencial. No entanto, investigações comprovaram a legalidade e Lula entrou com processo contra o apresentador, a Rede Bandeirantes, conseguido direito de resposta.


Em 13/01/1999, deixou de comparecer á emissora e a apresentação do telejornal foi substituída. Segundo a imprensa, o não comparecimento foi por conta do protesto contra direção da emissora de implantar a Unidade Produtora de Jornalismo, planejada para gerar reportagens para os noticiários da rede, padronização que tiraria a autonomia e a diferença do Jornal da Band. Quando a emissora decidiu demiti-lo por abandono de emprego, passou acusar a emissora, por meio de imprensa, vários crimes, os quais renderam-lhe cinco processos. Paulo Henrique Amorim também processou o canal por multa contratual, tendo ganho em primeira instância.

Ainda em 1999, a TV Cultura o contratou, apresentando o talk-show "Conversa Afiada", produzido por sua empresa PHA Produções, que chegou ser exibido também pela TVE Brasil e na TV NBR. O programa durou até o final de 2002, quando terminou o contrato.

Paulo Henrique Amorim trabalhou no WebTV, do extinto ZAZ e em 2000 inaugurou o UOL News no UOL.

Em 2003, foi contratado pela TV Record, onde apresentou o telejornal noturno Jornal da Record 2ª Edição, extinto em 05/01/2007, e o Edição de Notícias.

De 2004 até o final de janeiro de 2006, passou a apresentar a revista eletrônica exibida no final de tarde "Tudo a Ver", com Janine Borba e posteriormente com Patrícia Maldonado.


Em fevereiro de 2006, passou a apresentar o programa "Domingo Espetacular", com Fabiana Scaranzi, Janine Borba e Adriana Araújo na TV Record.

Paulo Henrique Amorim ficou no comando da revista eletrônica até 23/06/2019, quando foi afastado do comando da atração.

Em agosto de 2006, foi contratado pelo portal iG, para ser blogueiro do "Conversa Afiada", mesmo molde que tinha na época da TV Cultura, mas em versão on-line, em cuja página principal tinha um quadro de destaque permanente.

Diversos políticos e jornalistas, entre eles, Mino Carta e José Dirceu, tinham estreado os seus blogs na época. No entanto, ficou pouco mais de um ano meio, sendo demitido em 2008. Paulo Henrique Amorim relançou o blog "Conversa Afiada" no mesmo dia, precariamente, apenas em um link provisório, posteriormente mudado para um definitivo, e afirmou que o contrato havia sido encerrado devido às críticas que fez ao suspeito processo de fusão da Brasil Telecom e a Oi, formando a Br Oi, segundo o qual o jornalista afirmava que várias personalidades políticas se beneficiaram ilicitamente no processo, sob tolerância pelo Governo Federal.

Paulo Henrique Amorim contratou o advogado Marcos Bitelli para entrar na Justiça contra o site a fim de obter mandado de segurança, almejando recuperar todos os arquivos e posts publicados.

Controvérsias

Paulo Henrique Amorim era um forte crítico da imprensa, e um dos criadores da sigla PiG, comportamento este que já levou a ser condenado por injúria e difamação por profissionais da imprensa. Um dos seus maiores alvos na imprensa era a TV Globo.

Em 2015, lançou o livro "O Quarto Poder - Uma Outra História".

Paulo Henrique Amorim também era um crítico da "Operação Lava Jato". Em março de 2016, num vídeo que publicou no YouTube, ele acusou a Polícia Federal do Brasil de atuar de forma golpista, irresponsável, subversiva e criminosa, sugerindo que a então presidente Dilma Rousseff demitisse todos os servidores do órgão, "do diretor-geral ao contínuo que serve cafezinho".

Condenações na Justiça

Injúria e difamação

Paulo Henrique Amorim foi condenado a indenizar por injúria e difamação diversas pessoas. Algumas delas são:
  • Nélio Machado
  • Daniel Dantas
  • Lasier Costa Martins
  • Gilmar Mendes
  • Ali Kamel
  • Sérgio Menezes
  • Merval Pereira3]

Injúria Racial
  • Heraldo Pereira.

Morte

Paulo Henrique Amorim faleceu na madrugada de quarta-feira, 10/07/2019, aos 76 anos, em casa, no Rio de Janeiro, RJ, quando sofreu um infarto fulminante, informação confirmada por sua esposa. Ele deixou a mulher, Geórgia Pinheiro, uma filha e dois netos.

Os familiares e amigos darão o último adeus a Paulo Henrique Amorim na quinta-feira, 11/07/2019, das 10h00 às 15h00, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Rua Araújo Porto Alegre, 71, Centro, Rio de Janeiro.

Na noite da terça-feira, 09/07/2019,  Paulo Henrique Amorim havia saído para jantar com amigos.

Prêmios

  • 1972 - Prêmio Esso na categoria Prêmio Esso de Informação Econômica pela reportagem "A Renda dos Brasileiros" na revista Veja.
  • 1999 - Programa Jornal da Band, apresentado por Paulo Henrique Amorim, ganhou o prêmio de Melhor Telejornal de 1998 da APCA.
  • 1999 - Programa Fogo Cruzado ganhou o prêmio de Melhor Programa Jornalístico da APCA.
  • 2016 - Site Conversa Afiada ganhou o Prêmio Influenciadores Digitais 2016 na categoria "Economia, Política e Atualidades".

Publicações

Livros
  • De Olho No Dinheiro
  • Plim-Plim: A Peleja de Brizola Contra a Fraude Eleitoral
  • O Quarto Poder - Uma Outra História
  •  Manual Inútil da Televisão e Outros Bichos Curiosos
Capítulos
  • O Primeiro Golpe de Estado Já Houve. E o Segundo? (Em "A Mídia nas Eleições de 2006)
  • O PIG e o Cunha (Em "Golpe 16")

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #PauloHenriqueAmorim

João Gilberto

JOÃO GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA
(88 anos)
Cantor, Compositor e Violonista

☼ Juazeiro, BA (10/06/1931)
┼ Rio de Janeiro, RJ (06/07/2019)

João Gilberto Pereira de Oliveira foi um cantor, compositor e violonista nascido em Juazeiro, BA, no dia 10/06/1931. Considerado um artista genial, revolucionou a música brasileira ao criar uma nova batida de violão com influências do jazz para tocar samba: a Bossa Nova. O jeito suave de cantar também foi visto como inovador. Para a revista Rolling Stone Brasil, foi o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos, seguindo Tom Jobim.

Desde o lançamento do compacto que continha "Chega de Saudade" e "Bim Bom", munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música mundial. Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto levou a Música Popular Brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.

Filho de Joviniano Domingos de Oliveira, um próspero comerciante, e Martinha do Prado Pereira de Oliveira, João Gilberto, conhecido na época como Joãozinho da Patu, nasceu em Juazeiro, sertão da Bahia, nas margens do Rio São Francisco. Lá, viveu até 1942, quando passou a estudar em Aracaju, SE, sempre tocando na banda escolar.

Em 1946, voltou a Juazeiro, onde teve a oportunidade de escutar de Orlando Silva, Dorival Caymmi e Carmen Miranda a até Duke Ellington, Tommy Dorsey e Charles Trenet nos alto-falantes da cidade. Teve também contato com música em casa, já que Seu Joviniano tocava cavaquinho e saxofone como amador, além de incentivar financeiramente a Banda de Música 22 de Março. Nessa época, João Gilberto costumava formar conjuntos vocais com os colegas de escola.

Aos 7 anos, percebeu um erro na execução da organista da igreja em meio às dezenas de vozes do coro, mostrando, desde a infância, o ouvido privilegiado que possuía. Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão do pai. Ainda em Juazeiro, formou um conjunto vocal chamado Enamorados do Ritmo. Seu maior ídolo na época era Orlando Silva, em quem se espelhava para cantar.

Mudou-se para Salvador em 1947. Durante os três anos vividos na capital baiana, abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente à música e iniciou, aos 18 anos, sua carreira artística no cast da Rádio Sociedade da Bahia.

Início da Carreira

Convidado para integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, em 1950, João Gilberto partiu para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o destaque na rádio, os Garotos da Lua gravaram dois discos de 78 RPM. Entretanto, com um início de carreira turbulento, marcado por atrasos, João Gilberto acabou despedido do grupo.

Pouco depois, em 1952, teve oportunidade de gravar um disco solo para a gravadora Copacabana, marcado pela semelhança do canto de João Gilberto com o de Orlando Silva em seu auge, com vozeirão e uso de artifícios técnicos como vibratos, a mesma divisão de palavras e o mesmo sentimento. Curiosamente, João Gilberto cantava sem violão, que viria a se tornar tão ligado a imagem dele no futuro. O disco, no entanto, não alcançou nenhum sucesso, Orlando Silva era antiquado e moderno era Dick Farney e Lúcio Alves.

Na época, João Gilberto namorava a futura cantora Sylvia Telles. Nesta época dividia o quarto da pensão com Luiz Carlos Paraná.

Oportunidades surgiram e Lúcio Alves sugeriu a Rádio Nacional que João Gilberto gravasse um acetato contendo "Just One More Chance", de Sam Coslow e Arthur Johnson em versão de Haroldo Barbosa chamada "Um Minuto Só".

Em 1953, teve sua primeira composição gravada, "Você Esteve Com Meu Bem", parceria com Russo do Pandeiro, na voz de Marisa Gata Mansa, sua namorada à época. A gravação contou com acompanhamento de João Gilberto ao violão, ainda sem a famosa batida da bossa nova.

Durante esses anos, João Gilberto chegou a gravar alguns jingles no estúdio de Russo do Pandeiro, como um para a Toddy, de letra: "Eu era um garoto magricelo/ Muito feio e amarelo.// Toddy todo dia ele tomou/ Engordou e melhorou/ Forte ficou.// As garotas agora me chamam bonitão/ No esporte eu sou campeão".

João Gilberto tocava também em festas da sociedade, com cachês irrisórios.

Em 1954, João Gilberto conheceu Carlos Machado, o "Rei da Noite", e com ele conseguiu participar do show "Esta Vida é Um Carnaval", na boate Casablanca, com participação de Grande Otelo, Ataulfo Alves, a bateria da Império Serrano, entre outros artistas. João Gilberto cantava em coro em uma cena e em outra cantava como solista um samba de Sinhô, "Recordar é Viver", além de fazer pequenas aparições teatrais. O espetáculo foi um sucesso de crítica e público. Nesse mesmo ano, se juntou ao conjunto Quitandinha Serenaders. No grupo, conheceu Luiz Bonfá, Alberto Ruschel e Luís Telles, que se tornou um grande amigo de João Gilberto.

 João Gilberto chegou a integrar o conjunto Anjos do Inferno, em uma curta temporada paulista. A consagração, no entanto, não viria a João Gilberto ainda nestes anos.

Em 1955, João Gilberto dirigiu-se a Porto Alegre, RS, com seu amigo Luís Telles. Lá, conheceu Armando Albuquerque, compositor, pianista, violinista, professor, musicólogo e amigo de Radamés Gnattalli, com quem passou horas estudando música, principalmente harmonia.

Depois de oito meses, João Gilberto decidiu se dirigir a Diamantina, MG, para viver com a irmã Dadainha, recém casada e com uma filha recém nascida. Durante os estudos, João Gilberto percebeu que, se cantasse mais baixo, sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo. Depois de sete meses em Diamantina, João Gilberto partiu para Juazeiro, BA, onde passou dois meses com a família. Lá, compôs "Bim Bom", confiante de que havia encontrado a batida que queria. Foi para Salvador, BA, e por lá permaneceu por alguns dias.

No início de 1957, João Gilberto partiu para o Rio de Janeiro, para sua consagração.

A Apresentação da Batida

Chegando ao Rio de Janeiro, em 1957, João Gilberto, com 26 anos, procurou mostrar sua nova técnica aos músicos e, quem sabe, conseguir gravar. Apresentou-se para vários músicos, intrigando alguns, entre eles Tito Madi e Edinho, do Trio Irakitan, mas encontrou seu caminho ao se apresentar para Roberto Menescal, em história já conhecida e consagrada.

Em meio a uma grande festa, Roberto Menescal abriu a porta para um sujeito que pedia um violão. Surpreso com o pedido e diante de insistência, Roberto Menescal acabou por levar aquele que era João Gilberto para o quarto. Lá, João Gilberto apresentou "Bim Bom" e encantou o jovem Roberto Menescal, que fugiu da festa dos pais e partiu para uma pequena turnê pelo Rio de Janeiro, apresentando a nova batida para gente como Ronaldo Bôscoli e em lugares como o apartamento de Nara Leão.

João Gilberto explicou algumas de suas novas técnicas a Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli: a mão direita tocava acordes, e não notas, produzindo harmonia e ritmo ao mesmo tempo. Além disso, utilizava-se de técnicas de respiração de ioga, o que lhe permitiu alongar frases melódicas sem perder o fôlego.

Nessa época, João Gilberto se apresentou na casa de Chico Pereira, que gravou a apresentação em um gravador Grundig. Essa gravação, adquirida de japoneses por um fã sueco e remasterizada por um engenheiro de som francês caiu na internet em 2009, causando grande reboliço em blogs dedicados à música e em fãs da bossa nova.

Chico Pereira ainda ajudou João Gilberto a se aproximar de Tom Jobim, que trabalhava na gravadora Odeon, para gravar um disco. Ele se encantou, principalmente com o violão de João Gilberto, vendo ali uma oportunidade de modernização do samba, através da simplificação do ritmo e da inclusão de novas harmonias, principalmente algo mais funcional, modalismo, criando liberdade para os arranjos.

Entusiasmado, Tom Jobim apresentou a João Gilberto uma nova composição que fizera há um ano com o poeta Vinicius de Moraes, mas que estava encostada, chamada "Chega de Saudade".

Existem registros de fitas gravadas de forma amadora também pelo cantor Luís Cláudio.

João Gilberto passou a ficar conhecido no meio musical carioca. Chegou a tocar junto de Severino Filho e Badeco, dos Cariocas, Chaim e João Donato, com quem compôs "Minha Saudade", que logo se tornou um standard do período.

João Gilberto tocava regularmente na boate do Hotel Plaza, que começou a ser ponto de encontro de músicos. Lá, ele tocava junto de Milton Banana, que adequou sua bateria ao estilo de João Gilberto, tocando baixo, com uma escova e a baqueta no aro da caixa. Tom Jobim era assíduo frequentador da boate, aonde ia para escutar João Gilberto.

O Disco Que Mudou Tudo

O ano de 1958 foi um marco para a Música Popular Brasileira. Em julho, Elizeth Cardoso lançou o famoso LP "Canção do Amor Demais", contendo músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O disco, entretanto, entraria na história da Música Popular Brasileira por outro motivo: João Gilberto acompanhava Elizeth Cardoso ao violão nas faixas "Chega de Saudade" e "Outra Vez", sendo essas as primeiras gravações da chamada "Batida da Bossa Nova".

Em agosto de 1958, João Gilberto lançou um disco de 78 RPM contendo "Chega de Saudade" e "Bim Bom", gravado na Odeon, com apoio de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira. Este disco inaugurou o gênero da bossa nova, e logo se tornou um sucesso comercial. Sua gravação teve arranjos de Tom Jobim, participação de orquestra e de Milton Banana, entre outros artistas.

João Gilberto inovou ao pedir dois microfones para gravar: um para a voz e outro para o violão. Desse modo, a harmonia passou a ser mais claramente ouvida. O disco estourou primeiro em São Paulo, o principal mercado do país na época. Foi um sucesso de vendas e primeiro lugar nas rádios.

João Gilberto participou, então, de programas de rádio e televisão, deu entrevistas e fez shows. Logo o sucesso partiu para o Rio de Janeiro.

Em 1959, João Gilberto lançou mais um 78 RPM, dessa vez contendo "Desafinado", de Tom Jobim e Newton Mendonça, e "Hô-Bá-Lá-Lá", composição própria. Em março, lançou o LP "Chega de Saudade", que virou um sucesso de vendas. Diz-se que após conhecer João Gilberto, Ary Barroso aconselhou-o: "Faça exatamente o que você quer!".

A importância deste primeiro disco de João Gilberto é mostrada por Tom Jobim já no texto de contracapa do LP: "Em pouquíssimo tempo, (João) influenciou toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores".

1959-1962
Chega de Saudade

Após o lançamento do LP "Chega de Saudade", a nova batida do violão tornou-se moda entre os jovens secundaristas e universitários, encantados com o violão de João Gilberto. Esse disco influenciou a geração de João Gilberto e a geração seguinte de jovens que, depois de ouvir "Chega de Saudade", decidiram-se pela carreira de músico.

Entre os jovens estavam Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Edu Lobo, Francis Hime, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Paulinho da Viola, entre outros. Esse disco criou a mais completa reviravolta na Música Popular Brasileira.

João Gilberto sintetizou a Música Popular Brasileira em seus termos fundamentais: ritmo, harmonia, batida de violão e técnica de canto. Além disso, seu estilo, apesar de revolucionário, não rompeu com a música do passado, vez que gravou em seus discos velhas composições de Ary Barroso, Geraldo Pereira, Dorival Caymmi e sucessos de Orlando Silva.

Chamado de recompositor pelo músico Luiz TatitJoão Gilberto transformou velhas canções em novas, segundo sua concepção. Tom Jobim definiu o estilo de João Gilberto como uma forma leve extensível a qualquer música brasileira. João Gilberto definiu como marca harmônica inédita a economia. Os arranjos de Tom Jobim, por exemplo, usam como guia o violão de João Gilberto, que concentrava a fluidez rítmica e melódica. Introduziu-se, nesse LP, o uso de acordes invertidos executados em bloco. A canção "Chega de Saudade", inicialmente, era um chorinho, e João Gilberto a transformou num samba enxuto, com o violão deixando de ser mero acompanhamento e dividindo o primeiro plano com a voz.

Com esse disco, João Gilberto deixou para trás o João Gilberto pré-bossa do Rio de Janeiro e partiu para sua consagração. Participou do programa "Noite de Gala", da TV Rio, dirigido por Luís Carlos Miele. Ainda em 1959, João Gilberto gravou uma participação no 78 RPM de Luiz Cláudio, acompanhando-o ao violão, na primeira gravação da canção "Este Seu Olhar", de Tom Jobim, que tocou piano e fez o arranjo para a gravação, reeditada em 2005 na coletânea "Este Seu Olhar", CD lançado pelo selo Revivendo do pesquisador Leon Barg.

Gravou três canções da trilha sonora do filme "Orfeu de Carnaval", ou "Orfeu Negro", lançadas em um compacto-duplo pela Odeon.

Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, João Gilberto não teve participação alguma na trilha sonora original do filme. Fez, também, shows na boate Meia Noite do Copacabana Palace e no Country Club do Rio de Janeiro.

Em 1960, com a febre da batida de João Gilberto, realizaram-se vários festivais de bossa nova pelo Rio de Janeiro, como no Grupo Universitário Hebraico, na Escola Naval, na Rádio Globo - transmitido ao vivo -, e no Teatro de Arena da Faculdade Nacional de Arquitetura, este último com participação de João Gilberto e Chico Pereira, que gravou o espetáculo, além de presença de Vinicius de MoraesTom Jobim e ampla cobertura da mídia.

Participou do programa "Brasil 60", na TV Excelsior, com quem contracenava e fazia dueto com Orlando Silva, seu antigo ídolo, e teve um programa próprio, chamado "Musical Três Leões", na TV Tupi, em São Paulo.

João Gilberto ainda participou do show de inauguração da TV Excelsior. Infelizmente, não há registro de gravações de vídeo ou áudio dessas apresentações. Todos os novos músicos ligados ao movimento da bossa nova copiavam o modo de tocar e cantar de João Gilberto.

João Gilberto ainda se apresentou em Minas Gerais, Salvador (com presença de Vinicius de Moraes), fez temporada na boate Arpège, no Leme, Rio de Janeiro e gravou um jingle para a Lever, atual Unilever.

Ainda em 1960, João Gilberto gravou seu segundo LP, "O Amor, o Sorriso e a Flor", que no ano de 1962 chegou aos Estados Unidos. Começou a exportação da moderna música brasileira. Esse LP trouxe outra inovação: a contracapa trazia as letras das músicas, que passou a ser característica dos discos brasileiros. Vale o destaque da composição de Tom Jobim, o "Samba de Uma Nota Só", síntese da bossa nova nos fundamentais elementos de letra, melodia, ritmo e harmonia.

Em 1961, gravou seu terceiro álbum, "João Gilberto". Seu terceiro LP foi gravado em duas fases: a primeira com Walter Wanderley e seu conjunto; a segunda, com orquestra sob regência de Tom Jobim. Os velhos sambas voltaram, mas alterados de tal forma, rítmica e harmonicamente, que soavam como novos sambas. Entre os efeitos usados por João Gilberto, está o rubato, no qual se apressa ou encurta frases, cantando em tempo ligeiramente diferente do acompanhamento, "roubando" algum tempo das notas, para depois aguardar com o violão e seguir normalmente.

Foi neste disco também que João Gilberto, pela primeira vez, gravou sozinho, apenas com o violão. Aparentemente, existem duas faixas gravadas e não lançadas no disco, segundo o músico Bebeto, ex Tamba Trio. Ele afirma que uma das gravações é "Falseta", de Johnny Alf.

Com a gravação desse terceiro LP, João Gilberto se eterniza na Música Popular Brasileira. A edição americana desse disco teve uma nova gravação de "Este Seu Olhar", com a melodia modificada, aparentemente por problemas de direito autoral.

Ainda em 1961, em uma série de apresentações em São Paulo, João Gilberto mostrou que era unanimidade na capital paulista. Apresentou-se para 1500 pessoas na Universidade Mackenzie, lotou o teatro do Clube Harmonia e do Clube Pinheiros.

A batida chegou nos Estados Unidos. Lena Horne cantou "Bim Bom" em português no Copacabana Palace, dizendo-se fã de João Gilberto. Em Washington, na rádio WMAL, o disc jockey Felix Grant programou para tocar diariamente os discos de João Gilberto, fato que provocou impacto nos músicos e aficionados de jazz. João Gilberto é considerado um fenômeno pelos jazzistas.

Herbie Mann declarou que João Gilberto atraiu a atenção dos americanos sobre a música brasileira. A revista Life en Español, em ampla matéria de Joaquín Segura, do dia 29/10/1962, apresentou a bossa nova de João Gilberto aos Estados Unidos, "Nota de Actualidad BOSSA NOVA - Del Brasil llega a los EE.UU. una música contagiosa". O jornalista descreve viagens ao Brasil de astros do jazz como Dizzy Gillespie, Charlie Byrd, Herbie Mann e voltam tentando imitar o violão e a voz de João Gilberto, descrito pelo jornalista como expoente máximo da bossa nova.

"Bim Bom", "Ho Ba La La" e "Um Abraço no Bonfá", composições de João Gilberto, começaram a chegar na França. Durante estes anos, João Gilberto chegou a se apresentar no Uruguai e na Argentina, suas primeiras apresentações no exterior.

João Gilberto e Tom Jobim
O Encontro no Au Bon Gourmet

Em 1962, fez o histórico show "O Encontro" no restaurante Au Bon Gourmet, localizado em Copacabana, ao lado de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Os Cariocas, Milton Banana e Otávio Bailly, sob direção de Aloysio de Oliveira. Foi a única vez que Vinicius de MoraesJoão Gilberto e Tom Jobim se apresentaram no mesmo palco. A temporada durou um mês, estendido por duas semanas devido ao sucesso. O público se constituía da alta sociedade carioca e círculos de artistas. O show foi marcante pelo fato de ter sido a estreia de grandes sucessos da bossa nova. Entre eles, "Só Danço Samba", "Samba da Bênção", "O Astronauta", "Samba do Avião" e "Garota de Ipanema", que nessa ocasião especial teve um introdução inédita escrita por Tom JobimVinicius de Moraes e João Gilberto.

João Gilberto inovou na canção "Corcovado", composição de Tom Jobim, ao trocar o verso "um cigarro, um violão", por "um cantinho, um violão", como ficou consagrado. A repercussão na mídia da época foi grande, com várias capas de revista e elogios em jornais.

João Gilberto fez uma pequena participação no LP "José Vasconcelos Conta Histórias de Bichos", da Odeon, na canção "A Roupa do Leão".

Astrud e João Gilberto
Primeiro Casamento e Internacionalização da Carreira

Em 1959, casou-se com Astrud Evangelina Weinert, que ficou conhecida como Astrud Gilberto, e se tornou uma das cantoras mais importantes da história da música brasileira, sendo, até hoje, a única artista feminina do país a disputar as principais categorias da principal premiação da indústria da música mundial, o Grammy Awards.

Em 1964, a cantora foi nomeada nas categorias Melhor Performance Vocal Feminina de Música Pop, Melhor Artista Revelação e Gravação do Ano. Venceu nesta última categoria, para a qual foi indicada pela música "The Girl From Ipanema", gravada em parceria com o saxofonista norte-americano Stan Getz.

Em 1966, Astrud Gilberto foi nomeada novamente para a categoria Melhor Performance Vocal Feminina de Música Pop do Grammy Award, que foi vencida, tal como no ano anterior, pela cantora Barbra Streisand.

João Gilberto e  Astrud Evangelina Weinert se conheceram por intermédio da grande amiga de Astrud, a também cantora Nara Leão. Com Astrud Gilberto, João Gilberto teve um filho, João Marcelo, em 1960.

Concerto no Carnegie Hall

Em 1962, João Gilberto participou de concerto no Carnegie Hall, em New York, produzido pela Audio Fidelity Records e patrocinado pelo Itamaraty, com o objetivo de promover a bossa nova nos Estados Unidos. Além de João Gilberto, participaram Luiz Bonfá, o conjunto de Oscar Castro-Neves, Agostinho dos Santos, Carlos Lyra, Sérgio MendesTom Jobim, entre outros.

No dia 21/11/1962, três mil pessoas lotavam o Carnegie Hall, esperando ouvir, principalmente, Tom Jobim e João Gilberto. Entre os espectadores estavam Tony Bennett, Peggy Lee, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Gerry Mulligan, Erroll Garner e Herbie Mann. Havia grande presença da imprensa americana, estimada em trezentos repórteres, fotógrafos cinegrafistas e críticos especializados do mundo inteiro, além de uma rádio que transmitia para Moscou e da Rádio Bandeirantes, que transmitia para o Brasil.

O show também foi filmado por uma TV americana, que posteriormente pôde ser exibido na TV Continental e na TV Tupi, no Brasil. A performance de João Gilberto foi elogiada pela mídia americana, em reportagens de veículos como The New Yorker, Newsweek, Time, The New York Times e Down Beat. Apesar de ser um cantor e violonista brasileiro, cantando em português músicas desconhecidas para um exigente público formado por músicos e críticos, João Gilberto conquistou os Estados Unidos.

Apesar de alguns problemas de organização com os equipamentos de som e com o excesso de apresentações, João GilbertoLuiz Bonfá e Tom Jobim foram os destaques da noite.

Depois do episódio, João Gilberto fez uma temporada pela boate Blue Angel, apresentou-se no Village Gate de New York e no Lisner Auditorium de Washington. A partir daí, João Gilberto passou a residir no exterior e começou a difundir a moderna música brasileira pelo mundo.

Seara Vermelha

No Brasil, é lançado o filme "Seara Vermelha", que incluiu, na trilha sonora, uma composição de João Gilberto em parceria com Jorge Amado, composta nos anos 50, de nome "Lamento da Morte de Dalva na Beira do Rio São Francisco, em Juazeiro". Quando estavam compondo, João Gilberto cantou infinitamente a melodia na casa de Jorge Amado. A mulher de Jorge Amado, Zélia Gattai, diz que, de tanto ouvir, o sofrê do casal aprendeu a melodia e começou a cantar. João Gilberto acabou fazendo um dueto com o pássaro.

A letra da música permaneceu inédita durante anos, sem nunca ter sido gravada.

Getz / Gilberto

Nos dias 18 e 19 de março de 1963, na A&R Studios, em New York, João Gilberto se juntou a Stan Getz, Astrud GilbertoTom Jobim, Milton Banana e Tião Neto para gravar o disco "Getz/Gilberto", produzido por Creed Taylor para a gravadora Verve, tendo, como engenheiro de som, Phil Ramone, que entrou para a história da música mundial por gravações como "Corcovado" e "Garota de Ipanema". O disco, entretanto, ficou um ano esperando para ser lançado, devido à saturação de lançamentos de bossa nova nos Estados Unidos.

Tião Neto chegou a dizer, antes do lançamento, que esse seria o melhor disco de bossa nova gravado até então.

Ainda nesse ano, João Gilberto foi homenageado por diversos jazzistas e pelo cantor Jon Hendricks, que gravou o disco "Salud! João Gilberto - Originator Of The Bossa Nova" e, ao escutar as gravações de João Gilberto, teve uma grande lição de canto. Também apresentou-se com Stan Getz no Canadá.

Um ano depois da gravação, 1964, foi lançado "Getz/Gilberto" no mercado. O sucesso foi imediato. Logo começou a ser louvado por críticos, músicos de jazz e aclamado pelo público, que fez dele o segundo álbum mais vendido do ano.

Em 1965, o disco concorreu em nove categorias e venceu 4 prêmios Grammy. Os troféus recebidos foram: Melhor Álbum do Ano (com as estatuetas concedidas a Stan Getz, João Gilberto e ao produtor Creed Taylor); Melhor Gravação do Ano, concedido a Astrud Gilberto e Stan Getz pela gravação da música "The Girl From Ipanema"; Melhor Solista de Jazz (Stan Getz) e Melhor Engenharia de Som (para Phil Ramone), com "Garota de Ipanema".

Foi aclamado como bossa nova verdadeira e foi best-seller durante anos, nos Estados Unidos e mundialmente. Atingiu as paradas de sucesso na Itália, onde João Gilberto recebeu o mais importante prêmio da crítica musical italiana, por unanimidade.

A gravação de "Garota de Ipanema" chegou a ser o single mais tocado nas rádios americanas.

Atualidade do Disco "Getz/Gilberto"

Hoje, o disco é um clássico da discografia mundial e mantém-se influente e atual. Gerações de jazzistas americanos foram influenciados por ele.

Em 1999, a National Academy Of Recording Arts & Sciences concedeu ao disco o prêmio Grammy Hall Of Fame.

Em 1993, o disco foi relançado em CD na Europa pela gravadora CTI, distribuída pela empresa alemã Zyx Music, dentro da série "Grammy Award Winners", com a remasterização realizada a partir de fitas do acervo do produtor Creed Taylor que se encontravam em melhor estado de conservação. Por questões jurídicas, o CD teve sua capa modificada e seu nome alterado para "The Girl From Ipanema" (Número de catálogo PDCTI 1105-2).

Em 2004, a gravação de "Garota de Ipanema" do disco foi escolhida pelo Congresso Americano para integrar um acervo da Biblioteca do Congresso Americano por ser cultural, histórica e esteticamente significante para as gerações futuras. A música foi escolhida por ter uma melodia facilmente reconhecível em qualquer parte dos Estados Unidos e por ser, portanto, muito popular.

Turnê Pela Europa

Ainda em 1963, João Gilberto partiu com João Donato, Tião Neto e Milton Banana para a Europa. Primeiro, na Itália, apresentaram-se em Roma, no Foro Italiano. Lá, gravaram também uma série de televisão. Partiu, depois, para Viareggio, ainda na Itália, para fazer uma temporada na boate Bussola. Nessa boate, João Gilberto conheceu o bolero "Estate", que anos depois gravaria em disco e transformaria em standard do jazz.

João Gilberto começou a sentir espasmos musculares na mão direita. A temporada na Itália foi encerrada pelo fato e o grupo recusou apresentações na Tunísia. João Gilberto partiu para Paris para se tratar com um famoso médico acupunturista. Lá, já separado de AstrudJoão Gilberto conheceu Miúcha, na época estudante. Voltou, então, para New York.

De volta a New York, João Gilberto tratou os espasmos com médicos americanos em um longo tratamento fisioterápico. Recebeu críticas positivas sobre "Getz/Gilberto" na revista LIFE. O crítico americano Chris Welles citou o violão sincopado e a voz macia e sensual de João Gilberto como a verdadeira beleza do álbum. Miles Davis disse que João Gilberto pode ler um jornal que soaria bem.

No fim do ano, João Gilberto voltou ao Carnegie Hall, desta vez com Stan Getz, concerto que resultou no disco "Getz/Gilberto #2". Além disso, se apresentou em diversos clubes de New York, como o Village Vanguard, o Village Gate, Town Hall, e o Bottom Line, além de excursionar em cidades como Washington, Boston, e Los Angeles.

Apresentou-se também na Califórnia, em temporada na boate El Matador e no Teatro Santa Monica. O The San Francisco Chronicle de 10/09/1964 publicou um artigo do crítico Ralph J. Gleason no qual chamava João Gilberto de extraordinário cantor e violonista, sobrevivente do show business da música americana e centro de gravidade da bossa nova, grande expoente de arte e talento.

Miucha e João Gilberto
Brasil

Em 1965, João Gilberto e Miúcha se casam. Nesse ano, passou rapidamente pelo Brasil, onde se tratou com um foniatra, por causa de um problema de voz.

Em 1966, se apresentou três vezes no programa "O Fino da Bossa", comandado por Elis Regina, na TV Record. Apresentado como astro internacional por Elis ReginaJoão Gilberto foi ovacionado por uma platéia admirada. Entretanto, ele percebeu a ausência de retorno do palco, o recurso usado para o artista se ouvir ao tocar, e parou na terceira música.

Nessa rápida passagem pelo Brasil, João Gilberto reclamou da nova produção musical que estava sendo feita nacionalmente.

Ainda nesse ano, nasceu, em New York, sua filha Isabel, conhecida como Bebel Gilberto. Foi lançado o disco "Getz/Gilberto #2", que possui um verbete no Encyclopedia Of Jazz In The Sixties, famosa enciclopédia sobre jazz, de Leonard Feather, na qual João Gilberto é apresentado como um músico que influenciou profundamente o jazz desde sua chegada aos Estados Unidos. A revista DownBeat cita João Gilberto como o músico mais influente no jazz dos últimos quarenta anos.

Em 1967, João Gilberto participou de um programa de TV alemão dedicado a Gilbert Bécaud, sendo o único convidado não europeu. Apresentou-se também no Village Vanguard de New York e no Hollywood Bowl de Los Angeles.

Em 1968, apresentou-se no Central Park de New York e no Bird's Nest de Washington.

João Gilberto ganhou um verbete na enciclopédia italiana Il Jazz, que o trata como uma das mais belas vozes do último decênio e grande artífice da afirmação de uma linguagem musical julgada como uma das mais originais e válidas daqueles tempos.

Voltou a New York, onde se apresentou no Rainbow Grill. Na ocasião, declarou ao crítico John S. Wilson, do New York Times, que quando cantava, pensava num espaço claro e aberto, onde se colocam os sons, como se fosse desenhar num papel em branco. Para isso, segundo João Gilberto, era necessário completo silêncio.

Em 1969, João Gilberto participou de festivais de jazz em Guadalajara, Guanajuato, Cidade do México e Puebla. João Gilberto passou, então, a morar na Cidade do México. Durante a estadia, apresentou-se na boate Forum, onde fez temporada, e no Museu da Cidade do México, onde recebeu um prêmio, o Troféu Chimal.

Em 1970, lançou o disco "En Mexico", recheado de boleros como "Besame Mucho" e "Farolito", com arranjos de Oscar Castro-Neves. Deste disco, Caetano Veloso citou a canção "O Astronauta" como a descoberta de uma obra-prima que João Gilberto trouxe à tona.

Em 1971, fez passagem pelo Brasil, quando gravou na TV Tupi um especial com Caetano Veloso e Gal Costa, organizado por Fernando FaroJoão Gilberto cantou sentado no chão e chegou até a jogar pingue-pongue, esporte em que era mestre. As imagens desse especial se perderam num incêndio na sede da TV Tupi, mas aparentemente os fonogramas foram salvos.

Retorno a New York

João Gilberto voltou a residir em New York em 1972. Fez outra temporada no Rainbow Grill, desta vez com Stan Getz, que foi um sucesso.

Em 1973, lançou o álbum "João Gilberto", conhecido como o álbum branco, gravado apenas com voz, violão e uma leve bateria de Sonny Carr. Nesse álbum, João Gilberto gravou sua composição com Jorge Amado. Desta vez, entretanto, retirou a letra de Jorge Amado e repeti hipnótico e incessantemente o neologismo "undiú", que dá nome a música. João Gilberto interpretou a canção com solfejos e violão.

Em "Baixa do Sapateiro", composição de Ary BarrosoJoão Gilberto sola a canção ao violão apenas com acordes, descrito por Guinga como um solo ao avesso, de dentro do braço do violão, um passo adiante na história. É curiosa a história em que o baterista Sonny Carr toca as vassourinhas sobre um cesto de lixo de vime.

Em 1976, lança o álbum "The Best Of Two Worlds", com Stan Getz e participação de Miúcha. Fez temporada no Keystone Korner, em San Francisco, com Stan Getz.

Em 1977, lançou "Amoroso" e foi indicado ao Grammy na categoria Melhor Performance Vocal de Jazz. Lançou, pela primeira vez, a canção "Estate", do italiano Bruno Martino, que, após a gravação de João Gilberto, tornou-se um standard da música mundial, sendo regravado por diversos artistas, como Chet Baker, Toots Thielemans e Michel Petrucciani. O álbum, com arranjos de Claus Ogerman, virou um clássico, marcado pela volta de João Gilberto às paradas de sucesso do Brasil. João Gilberto, na época do lançamento, estava encantado com o disco. A captação de som da voz e do violão, o equilíbrio com a orquestra e os arranjos de Claus Ogerman foram muito elogiados.

Fez uma temporada de shows no Bottom Line de New York. Os shows foram um sucesso de público e crítica. Uma das espectadoras foi Jacqueline Onassis, que declarou para João Gilberto ser admiradora atenta e antiga.

Nesse mesmo ano, João Gilberto se apresentou no Great American Music Hall, de San Francisco e numa série de shows na Boate Roxy, de Los Angeles.

Em 1978, gravou um especial para uma TV holandesa e voltou ao Brasil, trazido pela TV Tupi. Causou furor na imprensa com sua chegada em São Paulo. Fez show no Teatro Castro Alves, Salvador, e no Teatro Municipal de São Paulo, onde gravou um especial de TV. Voltou novamente ao Carnegie Hall, desta vez com Charlie Byrd e Stan Getz, para o Newport Festival In New York.

Volta Definitiva ao Brasil

João Gilberto chegou ao Rio de Janeiro em 1979, para um temporada de shows, que acabou cancelada por problemas técnicos da casa de espetáculos Canecão. A última vez que ele havia feito um show no Rio de Janeiro foi no show "O Encontro", de 1962. João Gilberto declarou que apenas procurava o som mais integrado e que estava ansioso em tocar no Brasil.

Desta vez, voltou a residir no Brasil em definitivo.

Em 1980, João Gilberto gravou um especial para a TV Globo chamado "João Gilberto Prado Pereira de Oliveira", que virou disco mais tarde. Gravado ao vivo no Teatro Fenix, do Rio de Janeiro, para a "Série Grandes Nomes", batizado sempre com o nome completo do artista. No repertório apresentado, de Ary Barroso e George Gershwin, a clássicos da bossa nova, com a surpresa da participação especial de Rita Lee em "Jou Jou Balangandãs", de Lamartine Babo. O show teve acompanhamento da Orquestra da Rede Globo, com arranjos de João Donato, Dori Caymmi, Guto Graça Mello e Claus Ogerman.

João Gilberto gravou também uma participação especial no disco de Miúcha.

Em 1981, João Gilberto lançou o disco "Brasil", com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. O disco tem João Gilberto como guia, "mestre" - como colocou Sérgio Vaz em uma coluna no Jornal da Tarde - sua voz é seguida pelas de Gilberto Gil e Caetano Veloso, em uníssono, parecendo três vozes de João Gilberto. Maria Bethânia, quando aparece, canta de uma forma que jamais cantou: não há gritos, gemidos ou drama, apenas há o canto. O disco foi bem recebido pela crítica.

Em 1982, João Gilberto gravou "Brazil Com S", uma participação especial no disco de Rita Lee, "Rita Lee e Roberto de Carvalho". Fez concertos no Teatro Castro Alves e gravou um especial na TV Bandeirantes chamado "João Gilberto: A Arte e o Ofício de Cantar", com participação de Ney Matogrosso.

Em 1983, João Gilberto se apresentou no Festival de Águas Claras, em São Paulo. Fez concerto em Roma, para o Festival Bahia de Todos os Sambas, exibido pela TV RAI.

Em 1984, João Gilberto fez uma temporada no Coliseu dos Recreios, de Lisboa.

Em 1985, participou do 19° Festival de Jazz de Montreux , na Suíça.

Em 1986, chegou ao Brasil a gravação em disco da participação no Festival de Jazz de Montreux. João Gilberto gravou "Me Chama", de Lobão, para integrar a trilha sonora da novela "Hipertensão". Lobão disse que recebeu ligações de João Gilberto para a aprovação da execução, além de ter de explicar o estado emocional quando da composição. Lobão inicialmente se irritou com a supressão do verso "nem sempre se vê mágica no absurdo", mas achou a execução maravilhosa.

Em 1987, João Gilberto foi agraciado com a comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de comendador, pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Processo Contra a EMI

Em 1987, a EMI, detentora do acervo da antiga gravadora Odeon, lançou, sem autorização de João Gilberto, uma coletânea (um LP duplo e um CD simples) que reunia os três primeiros LPs de João Gilberto ("Chega de Saudade", "O Amor, o Sorriso e a Flor", "João Gilberto") e o compacto "João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval", conhecido também como em um único álbum, batizado de "O Mito" no Brasil e de "The Legendary João Gilberto".

Além da falta de autorização, a EMI, segundo João Gilberto, adulterou a sonoridade das gravações e alterou a ordem das faixas.

Em 1992, João Gilberto entrou com uma ação por danos morais e materiais contra a multinacional britânica, alegando "fim da sequência harmônica" das faixas e defeitos na remasterização. Desde então, seus primeiros discos, considerados de importância impar para a história da Música Popular Brasileira, não se encontram mais nas prateleiras das lojas.

Em 1999, Paulo Jobim foi designado pela 28ª Vara Cível do Rio de Janeiro como perito para a comprovação das alegadas mixagens de som feitas pela EMI. Em seu laudo técnico, ele afirmou que a EMI "mutilou" e "deformou" a voz de João Gilberto, "amesquinhou" a obra e "literalmente cortou" parte de faixas.

Houve ainda adição de reverberação, adição de eco estéreo nas faixas que originalmente eram mono e equalização para realçar as frequências agudas da bateria e da orquestra em todas as faixas, dado fornecido pelo próprio perito indicado pela gravadora. Paulo Jobim ainda afirmou que as matrizes originais dos discos possuíam excelente estado de conservação, não havendo a necessidade de alguma alteração no som.

Aderbal Duarte, estudioso da obra de João Gilberto, testemunha do músico no processo, disse que João Gilberto já pensa nas alturas da voz e do violão ao gravar, fazendo o som já sair mixado.

Em 2000, Caetano Veloso foi indicado pela defesa para apresentar um laudo crítico. Ele afirmou que as adulterações causam prejuízo a obra de João Gilberto, que teve radical preocupação pela excelência da qualidade do som e com rigoroso e delicado acabamento nas gravações, provocando claramente dano moral. Além disso, ao trazer três discos em um só CD, a gravadora contribuiu para a redução de um terço do valor comercial do produto oferecido, o que provocou dano patrimonial. Caetano Veloso ainda mostrou como a própria EMI declarou que não poderia fazer as equalizações sem a permissão de João Gilberto. Nas palavras de Caetano Veloso, "por essas falhas gritantes da Ré (EMI), João Gilberto sofreu e continua sofrendo incalculáveis prejuízos".

Por outro lado, a remasterização da EMI recebeu prêmios internacionais e teve boa aceitação da crítica especializada, o que, supostamente, atestaria sua qualidade.

Em decisão de primeira instância, a juíza Maria Helena Pinto Machado Martins negou o pedido da defesa de danos morais e rejeitou o fim da comercialização dos discos, apontando que João Gilberto tinha uma "sensibilidade extremada". "Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral", como afirmou a juíza. Ela, por outro lado, condenou a EMI a pagar royalties sobre a obra de João Gilberto, além de indenização por uso da música "Coisa Mais Linda" em um comercial do O Boticário. Os advogados de defesa recorreram da decisão, que acabou indo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em 2008, houve um início de conversa entre as partes. A EMI trouxe um técnico dos Estados Unidos para acompanhar o músico na audição das masters, ou matrizes, dos discos. João Gilberto, no entanto, não reconheceu essas másteres como as originais, culminando no fim das conversas.

Cláudia Faissol pediu ajuda ao Ministério da Cultura, à presidente Dilma Roussef e ao Itamaraty, por meio de um documento denominado "Memorial João Gilberto", assinado pelo próprio músico, mas, oficialmente, o governo brasileiro preferiu se manter distante da questão. As informações são desencontradas, João Gilberto afirma que as matrizes apresentadas não são as originais, e a informação apresentada na imprensa são imprecisas quanto a localização das másteres, ora se fala que estão na Inglaterra, ora se fala que estão no Brasil.

Em 2011, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por maioria de votos, que a EMI deveria pagar uma indenização por danos morais a João Gilberto. O ministro relator Sidnei Beneti, em extenso e detalhado voto, concluiu que não se tratava de dano moral comum, mas ofensa ao direito moral do autor, que pode recusar modificações na obra, mesmo se o trabalho receber prêmios, é como se uma editora acrescentasse sem autorização do autor um parágrafo a uma nova edição de um livro.

À época do julgamento, o ministro Sidnei Beneti lamentava a falta de acordo no caso e a ausência de circulação para o público dos discos clássicos da música brasileira. Em entrevista, a advogada da EMI no Brasil, Ana Tranjan, afirmou que as tentativas de acordo não passaram de fases embrionárias de conversa e que, pela proximidade do desfecho do caso na justiça, não houve prolongamento das conversas.

O processo tem grande importância para o direito autoral no Brasil, com consequências em vários processos ainda em tramitação e em milhares de discos produzidos no país, pois discute-se a possibilidade de modificação da obra para relançamento. Coloca-se na balança o direito da humanidade em ter acesso a produção cultural e o direito do autor de preservar sua obra, define-se o alcance do direito moral do autor sobre sua obra. O ministro Sidnei Beneti lembra que o processo é inédito no Brasil.

Em 2013, a 2ª Vara Civil do Rio de Janeiro decidiu conceder uma liminar obrigando a EMI a devolver a João Gilberto as matrizes dos LPs e do compacto do processo. A juíza Simone Dalila Nacif Lopes, em sua decisão, mostrou a urgência em se dar a oportunidade do músico de 81 anos poder se debruçar sobre essas obras e atualizá-las. Logo após essa decisão, Ruy Castro, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, demonstrou empolgação com um possível relançamento, apesar de prever uma derrubada da liminar da justiça. Poucos dias depois, o juiz Sérgio Wajzenberg, da 2ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), decidiu que a liminar seria mantida, assim como a obrigação de devolução das matrizes para João Gilberto. Em decisão de segunda instância, o desembargador André Gustavo Correa de Andrade, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), mostrou-se preocupado com o fato de João Gilberto não ter apresentado garantias de conservação adequada das másteres, deixando novamente o material em posse da EMI. Dias depois, os advogados de João Gilberto apresentaram as condições técnicas necessárias para manter as matrizes das gravações, levando o desembargador a mudar a decisão. As másteres já se encontram em posse do músico.

Marcelo Gilberto, primeiro filho de João Gilberto, afirma que as supostas másteres entregues ao pai são, na verdade, cópias das verdadeiras, sendo que apenas o disco "Chega de Saudade" pode ser verdadeiro. Acredita-se que a gravadora EMI pode ter perdido as fitas originais. O advogado da EMI, por outro lado, afirma ser original todo material entregue a João Gilberto.

Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a EMI não poderia mais vender os discos de João Gilberto sem sua autorização.

Em 2018, a defesa de João Gilberto protocolou um pedido de revisão da indenização pela EMI Records, cujo controle passou a ser da Universal Music.

Final dos Anos 80

Em 1988, João Gilberto cancelou shows no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Sofreu com a incompreensão da imprensa.

Em 1989, João Gilberto recebeu uma indicação ao Grammy na categoria Melhor Performance Vocal de Jazz, pelo disco "Live in Montreux".

Em 1990, gravou um especial no disco de Maria Bethânia, dividindo, apenas com voz e violão, a faixa "Maria / Linda Flor". Foi lançado, nos Estados Unidos, o CD "The Legendary João Gilberto", coletânea dos três primeiros LPs de João Gilberto gravados na Odeon, que resultou num processo contra a EMI.

Em 1991, foi lançado o CD "João". No repertório, velhos sambas como "Ave Maria no Morro" de Herivelto Martins"Palpite Infeliz" de Noel Rosa, e "Rosinha", composição do amigo Jonas Silva, ex-crooner dos Garotos da Lua, que saiu para dar lugar a João Gilberto, no início dos anos 50. O disco marcou a gravação de canções de outras línguas: inglês ("You Do Something For Me", de Cole Porter), italiano ("Malaga", de Fred Bongusto) e francês ("Que Reste-t-il de Nous Amours", de Charles Trenet). O disco foi gravado apenas com voz e violão, para a posterior adição dos arranjos de orquestra feitos por Clare Fischer.

João Gilberto ainda gravou o primeiro videoclipe da carreira: "Sampa", de Caetano Veloso. Gravado em locações como o Estádio do Pacaembu, bairro da Liberdade, Jóquei Clube de São Paulo e o Viaduto do Chá. O clipe mostra o carinho que João Gilberto tinha pela cidade de São Paulo.

Nesse mesmo ano de 1991, João Gilberto gravou um jingle, chamado "Bossa Nova nº 1", para a Brahma. Com produção sofisticada, o comercial foi gravado no Teatro Municipal de São Paulo, com direção de Walter Salles e foi acompanhado por uma série de eventos da Brahma. João Gilberto recebeu acompanhamento de orquestra, sob regência de Eduardo Souto Neto.

Em 1992, João Gilberto apresentou-se no Parque Ibirapuera, em São Paulo, junto de Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Rita Lee, em ocasião do aniversário da cidade.

Reencontro Com Tom Jobim

Desde 1962, no show no restaurante Au Bon Gourmet, "O Encontro", Tom Jobim e João Gilberto não faziam um show juntos. Fazia, portanto, 30 anos que não se encontravam no palco. Quando foi anunciado um show com os dois maiores expoentes da Música Popular Brasileira na época, o fato foi colocado como o evento cultural do ano de 1992 pela mídia.

Chamado de "Show Número 1", ainda ligado à série de eventos patrocinados pela Brahma, como o comercial produzido no ano anterior. João Gilberto fez show no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação especial de Tom Jobim, e participou como convidado do show de Tom Jobim no Palace, de São Paulo.

No Teatro Municipal do Rio de Janeiro, João Gilberto fez um show recheado de velhos sambas como "Sem Compromisso", "Morena Boca de Ouro" e "Ave Maria no Morro". Ao entrar no palco, João Gilberto foi ovacionado por dois mil convidados da Brahma, patrocinadora do show.

O show foi um grande sucesso, e virou um especial de fim de ano na TV Globo, com direção de Walter Salles Jr. e recuperação de imagens históricas dos anos 50 e 60, como do famoso concerto no Carnegie Hall em 1962.

Várias edições deste especial de TV, exibido pela TV Globo em 29/12/1992, foram lançadas em DVD na Europa e no Japão com os títulos de "O Grande Encontro" e "João & Antônio - Show Nº1". Trechos do especial de TV também foram utilizados no documentário "Bossa Nova - Music & Reminiscences", dirigido por Walter Salles Jr. O especial "João & Antônio" também serviu como inspiração para a série "Minuto da Bossa", exibida pela TV Globo em 1992, com direção de Walter Salles Jr. e narração de Caetano Veloso, incluindo material não aproveitado no especial por questões de limitação de tempo.

Em 1993, João Gilberto fez concerto no Teatro Castro Alves, Salvador, com Gal Costa e Maria Bethânia como convidadas.

Em 1994, apresentou-se no Palace, São Paulo, que resultou no disco "Eu Sei Que Vou Te Amar", gravado ao vivo, e no especial para a TV Cultura, "Especial João Gilberto".

Em 1995, João Gilberto, junto de Caetano Veloso, Gal Costa, Astrud Gilberto, família Caymmi, Herbie Hancock, Sting e outros artistas, participou de homenagem a Tom Jobim no Avery Fisher Hall, localizado no Lincoln Center de New York. O tributo teve presença do então presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Os ingressos do show acabaram em apenas um dia de vendas, e consta que, no mercado negro, comprava-se o ingresso por três mil dólares.

Em 1996, participou do Festival de Jazz de Umbria, em Perugia, Itália e apresentou-se em Veneza.

Em 1997, fez um especial para a TV Bandeirantes em uma temporada no Tom Brasil, São Paulo. Apresentou-se em Buenos Aires, onde recebeu as chaves da cidade e o título de cidadão ilustre.

Em 1998, voltou a se apresentar no Carnegie Hall, em ocasião da 26ª edição do JVC Festival.

Apresentou-se na Europa, onde fez shows em Turim, Roma, Ferrara e participou, como convidado especial, das apresentações de Tony Bennet e Caetano Veloso no Festival de Jazz de Umbria.

Em 1999, fez três concertos em Buenos Aires, pela primeira vez se apresentando com Caetano Veloso. Ainda esse ano, João Gilberto se apresentou no Credicard Hall, de São Paulo, inaugurando-o. O show teve grande repercussão negativa, com problemas de som, reclamações de João Gilberto e vaias.

João Voz e Violão

Em 2000, João Gilberto lançou "João Voz e Violão". Ao ouvir o resultado, João Gilberto, que preferiu o disco sem mixagem, chegou a dizer que teve a alma gravada ali. Percebeu-se o arranhar das cordas do violão, a percussão sutil da pronúncia dos fonemas e a controladíssima respiração. O disco, tratado como já clássico à época do lançamento, apresentou novas harmonias para "Desafinado" e "Chega de Saudade", tratados como superiores em relação às antigas gravações, segundo Nelson Motta, entre resgates de antigos sambas e composições recentes dos amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil, sugeridas por Caetano Veloso, entre outras canções, num clima intimista de voz e violão.

Em sua eterna busca pela perfeição, João Gilberto mostrou neste disco, mesmo aos 68 anos na época da gravação, que ainda tinha muito a ensinar sobre a exploração da célula rítmica da música, técnica vocal, controle de respiração e exercício interpretativo. Na foto de capa, está a atriz Camila Pitanga. O disco teve arranjos feitos pelo maestro Jaques Morelenbaum, mas as orquestrações acabaram fora do disco, permanecendo somente a voz e o violão. A crítica americana declarou ser este disco como uma joia.

À época da gravação, discutiu-se outro projeto: regravar os três primeiros discos - "Chega de Saudade", "O Amor, o Sorriso e a Flor" e "João Gilberto" -, com os mesmos arranjos de Tom Jobim. A Universal havia concordado com o projeto e João Gilberto já tinha escolhido uma série de convidados para as gravações, como Ivete Sangalo.

João Gilberto voltou ao Carnegie Hall, a São Paulo, Barcelona, Londres, Milão e Recife. "Chega de Saudade" (78rpm) entrou no Grammy Hall Of Fame.

Em 2001, João Gilberto recebeu outro prêmio Grammy, na categoria Melhor Álbum de World Music, pelo disco "João Voz e Violão". A imprensa brasileira achou injusto o prêmio, dizendo que João Gilberto merecia participar de indicações mais nobres.

Apresentou-se em Paris, em duas performances no Olympia, lotados, principalmente de jovens. A França vivia mais uma explosão de bossa nova, desta vez fruto da música eletrônica. Enlouqueceu o público ao tocar "Que Reste-t-il de Nos Amours".

Com frequência, em seus shows, João Gilberto homenageia a cidade em que se apresenta. Em São Paulo, sempre tocou "Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa; em Portugal, para delírio do público, apresentou "Casa Portuguesa"; em Recife, tocou "Recife, Cidade Lendária".

Na ocasião do seu aniversário de 70 anos, João Gilberto recebeu homenagem de vários veículos de comunicação do Brasil.

Apresenta-se na 22ª edição do Festival Internacional de Jazz de Montreal, no Canadá e recebeu do Itamaraty a Ordem de Rio Branco, no grau de comendador.

Em 2002, lançou o CD "Live At Umbria Jazz", gravado em 1996.

Em 2003, recebeu o Premio della Critica Heineken na Itália.

Conquista do Japão

Em setembro de 2003, pela primeira vez, João Gilberto fez shows no Japão, passando por Tóquio e Yokohama, totalizando quatro performances com quase vinte mil ingressos a disposição do público, que se esgotaram três meses antes das apresentações.

Em sua primeira apresentação, no Tokyo International Hall, João Gilberto relatou que tocar para o público japonês foi uma experiência que ele procurava fazia décadas. No seu último concerto, João Gilberto recebeu uma sessão de aplausos de 25 minutos ininterruptos do público japonês, no dia 16/09/2003. Nesse dia, um fato curioso: ao final do show, João Gilberto abaixou a cabeça e fechou seus olhos durante 20 minutos. Ao final, se levantou e agradeceu a plateia, dizendo ter beijado cada mão, cada coração presente ali. O sucesso da turnê japonesa foi comemorada com entusiasmo pelo próprio João Gilberto.

As apresentações de João Gilberto provocaram um boom de bossa nova no Japão. As gravadoras relançaram diversos discos dele especialmente para o mercado japonês, como "Getz/Gilberto", "João Voz e Violão" e o gravado no México, além de diversas coletâneas. Artistas populares japoneses gravaram CDs em homenagem a João Gilberto. Todas revistas especializadas em música reservaram páginas elogiosas a João Gilberto, tratado como lenda viva da música universal, criador da bossa nova, o mestre brasileiro mais respeitado no mundo todo, prestígio que João Gilberto não desfruta no Brasil.

Em 2004, foi lançado, pela Verve Records, o CD "João Gilberto In Tokyo", gravado ao vivo durante a segunda apresentação no Japão. O disco foi bem recebido pela crítica brasileira, num álbum recheado de regravações, mas que nunca são apresentadas iguais, isto é, são redesenhadas, num processo de desenvolvimento e busca infinita.

Nesse ano, nasceu sua terceira filha, Luiza Carolina, com Claudia Faissol.

Em 2004, fez mais uma turnê pelo Japão. Desta vez, recebeu trinta e oito minutos de aplausos ininterruptos em seu show em Osaka.

Em 2005, João Gilberto recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura.

Em 2006, fez nova turnê pelo Japão, onde homenageou o país com uma composição "Je Vous Aime, Japão". Mais uma vez, os shows teve os ingressos esgotados. Nessa turnê, anunciou-se o lançamento de um DVD ao vivo da performance de João Gilberto no Japão. Entretanto, o DVD foi vetado por vontade do artista, que não achou o show bom para ser gravado.

Em 2007, em votação popular da revista DownBeat, João Gilberto foi escolhido um dos melhores cantores de jazz.

50 Anos da Bossa Nova

Em 2008, em ocasião dos 50 anos da bossa nova, uma série de comemorações começaram. João Gilberto se apresentou em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Salvador e no Carnegie Hall. Seus shows tiveram a venda de ingressos esgotada em poucas horas e foram reverenciados pelo público e elogiados pela crítica, mostrando que, aos 77 anos, João Gilberto ainda era moderno. Em seu show no Rio de Janeiro, contrariando as lendas que o entornam, João Gilberto, de muito bom humor, cantou acompanhado da plateia.

João Gilberto gravou em 2005 um comercial para a Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a agência África, exibido no segundo semestre do ano de 2008, em caráter nacional, nos intervalos do Jornal Nacional, da TV Globo. Com narração de Fernanda Montenegro e composição de Nizan Guanaes, a propaganda propõe uma homenagem ao povo brasileiro.

Em 2009, a revista DownBeat, tratada como uma das publicações de jazz mais respeitadas do mundo, elege João Gilberto como um dos 75 melhores guitarristas da história do jazz e como um dos cinco maiores cantores de jazz.

Em 2011, Claudia Faissol, produtora e mãe da filha mais nova de João Gilberto, perdeu algumas imagens que fez do músico durante doze anos. O Ministério da Cultura (MinC) da época foi acionado para ajudar na conservação das imagens, tendo prometido um técnico da Cinemateca Brasileira, mas as trocas de ministros atrapalharam o processo. Ainda nesse ano, foram lançados, sem autorização, na Inglaterra, a trilogia sagrada da bossa nova - os três primeiros discos de João Gilberto -, que estão fora de circulação devido ao processo com a EMI. Uma gravadora inglesa, amparada pela legislação europeia, vem lançando os discos.

Desmitificando o Mito

João Gilberto foi uma personalidade controversa. Era adorado por muitos, tratado como gênio, e criticado por outros, considerado excêntrico e obsessivo. O cuidado e o perfeccionismo com o som em seus shows sempre haviam sido destaque nas páginas de jornais - noticiava-se, por exemplo, até mesmo o equipamento exigido por João Gilberto. Por outro lado, suas apresentações foram sempre anunciadas com empolgação na mídia; os críticos de música celebraram, e os ingressos acabaram rapidamente.

Na cultura popular, João Gilberto é um ícone. Recebeu diversas homenagens na música, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Tony Bennett se diz um grande fã seu. Foi requisitado para trilhas sonoras de filmes e produções de televisão nacionais e internacionais. Recentemente, um autor alemão publicou um livro tendo João Gilberto como personagem. João Gilberto é tema de um documentário sobre o processo com a EMI. Sua figura é tão misteriosa que um perfil fake criado no Facebook conseguiu enganar até mesmo artistas e jornalistas famosos, fato desmentido pelo site oficial do artista.

De 1995 até o fim da vida, João Gilberto morou em um apartamento na rua Carlos Góes, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro e em 2015 passou a ocupar também uma suíte no Copacabana Palace. Dificilmente saia de casa e não recebia visitas, exceto da sua filha Bebel e de sua empresária, Cláudia Faissol, mãe de Luísa, a filha mais nova. Mesmo morando no hotel, ele continuou fiel a antigos hábitos: "Pelo menos três vezes por semana ainda pede comida aqui", disse certa vez Sebastião Alves, há 40 anos gerente do restaurante Degrau, no Leblon.

Morte

João Gilberto faleceu no sábado, 06/07/2019, aos 88 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. João Gilberto vinha apresentando problemas de saúde havia alguns anos, que não eram poucos, mas seu orgulho em dizer aos mais próximos, como Caetano Veloso, que jamais havia pisado em um hospital o impedia de fazer todos os exames que devia fazer.

Seu estado de saúde teria piorado desde a morte da ex-mulher, Miúcha, em 27/12/2018, com quem foi casado e teve a filha Bebel. João Gilberto chegou a pesar 40 quilos.

O velório de João Gilberto ocorreu no dia 08/07/2019, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, pontualmente às 9h00. Às 10h00, o velório foi aberto para que os fãs pudessem se despedir do músico. Por meia hora durante a manhã, a cerimônia ocorreu apenas para familiares e amigos.

Por volta das 9h30, a viúva do músico, Maria do Céu Harris, de 55 anos, chegou ao local. Bebel Gilberto chegou por volta de 11h50 e foi amparada por amigos. Luisa Carolina, a filha mais nova de João Gilberto também esteve no velório do pai junto com a mãe, a jornalista Cláudia Faissol.

João Gilberto foi sepultado na tarde de segunda-feira, 08/07/2019, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde a família do artista tem um jazigo.

João Gilberto deixou três filhos, João Marcelo, Bebel e Luisa.
"Meu pai morreu. Sua luta foi nobre, ele tentou manter a dignidade à luz da perda da independência. Agradeço minha família por estar aqui por ele!"
(João Marcelo)

Discografia

Estúdio

  • 1959 - Chega de Saudade (LP, Odeon)
  • 1960 - O Amor, o Sorriso e a Flor (LP, Odeon)
  • 1961 - João Gilberto (LP, Odeon)
  • 1964 - Getz/Gilberto (LP, Verve)
  • 1970 - João Gilberto en México (LP, Orfeon)
  • 1970 - João Gilberto (LP, Philips)
  • 1973 - João Gilberto (LP, Polydor)
  • 1976 - The Best Of Two Worlds (LP, CBS)
  • 1977 - Amoroso (LP, Warner/WEA)
  • 1981 - Brasil (LP, WEA)
  • 1991 - João (CD, PolyGram)
  • 2000 - João Voz e Violão (CD, Universal/Mercury, 2000) CD
Ao Vivo

  • 1966 - Getz/Gilberto #2 (LP, Verve)
  • 1966 - João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (LP, Verve)
  • 1986 - Live At The 19th Montreux Jazz Festival (2 LPs, WEA)
  • 1994 - Eu Sei Que Vou Te Amar (CD, Epic)
  • 2002 - João Gilberto Live At Umbria Jazz (CD, EGEA)
  • 2004 - João Gilberto In Tokyo (CD, Universal Music)
  • 2015 - Um Wncontro No Au Bon Gourmet (LP, Doxy)
  • 2015 - Selections From Getz/Gilberto 76 (LP, Resonance)
  • 2016 - Getz/Gilberto 76 (LP e CD, Resonance)
Singles

  • 1952 - Quando Ela Sai / Meia Luz (78 rpm, Copacabana)
  • 1958 - Chega de Saudade / Bim Bom (78 rpm, Odeon)
  • 1958 - Desafinado / Hô-Bá-Lá-Lá (78 rmp, Odeon)
  • 1958 - Lobo Bobo / Maria Ninguém (78 rpm, Odeon)
  • 1959 - A Felicidade / O Nosso Amor (78 rpm, Odeon)
  • 1960 - O Pato / Trevo de Quatro Folhas (78 rpm, Odeon)
  • 1961 - Saudade da Bahia / Bolinha de Papel (78 rpm, Odeon)
EP

  • 1959 - João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval (45 rpm, Odeon)
  • 1964 - The Girl From Ipanema / Blowin' In The Wind (45 rpm, Verve)
  • 1964 - Desafinado / Early Autumn (45 rpm, Verve)
Coletâneas

  • 1962 - Bossa Nova At Carnegie Hall (LP, Audo Fidelity)
  • 1965 - Herbie Mann & João Gilberto (LP, Atlantic)
  • 1977 - Gilberto And Jobim (LP, Capitol)
  • 1985 - Interpreta Tom Jobim (LP, EMI/Odeon)
  • 1985 - Meditação (LP, EMI)
  • 1986 - O Talento de João Gilberto (LP, EMI)
  • 1988 - O Mito (3 LPs, EMI/Odeon)
  • 1990 - The Legendary João Gilberto (CD, Capitol/World Pacific)
  • 1993 - Amoroso/Brasil (CD, WEA)
  • 1999 - Millenium: João Gilberto (CD, Universal Music)
  • 2003 - Best Of João Gilberto: Portrait de Bossa Nova (CD, Universal)
  • 2007 - For Tokyo (CD, Universal)
  • 2012 - Brazil's Brilliant (3 CDs, Doxy)
  • 2012 - The Warm World Of João Gilberto - The Man Who Invented Bossa Nova: Complete Recordings 1958-1961 (CD, Ubatuqui)
  • 2012 - The Roots Of Bossa Nova (CD, Chrome Dreams)
  • 2012 - The Boss Of The Bossa Nova (CD, Malanga Music)
  • 2012 - Chega de Saudade / O amor, o Sorriso e a Flor / João Gilberto (CD, Frémeaux & Aassociés)
  • 2012 - The Bossa Nova Vibe Of João Gilberto (2 CDs, NotNowMusic)
  • 2012 - O Rei da Bossa / The King Of The Bossa Nova (3 CDs, Goldies)
  • 2013 - The Legend (2 CDs, Cherry Red Records)
  • 2014 - Bossa Nova Festival (CD, FeelGoodMusic)

Videografia

Musicais

  • 1990 - Sampa (Caetano Veloso)


Especiais de TV

  • 1966 - O Fino da Bossa (TV Record, Convidado de Elis Regina)
  • 1967 - Tribute To Gilbert Bécaud (American Broadcasting Company)
  • 1971 - Especial: Caetano, Gal e João Gilberto (TV Tupi)
  • 1980 - João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (TV Globo)
  • 1983 - A arte e o Ofício de Cantar (TV Bandeirantes)
  • 1992 - Tom e João - Show Número 1 (TV Globo)
  • 1994 - Especial João Gilberto (TV Cultura)
  • 1996 - Live At Umbria Jazz (RAI)
  • 1997 - Especial João Gilberto (TV Bandeirantes)
  • 1999 - João Gilberto e Caetano Veloso (Argentina)
Jingles

  • 1991 - Brahma Número 1
  • 2005 - Kellog's
  • 2008 - Vale do Rio Doce
Filmografia

  • 1958 - Pista de Grama (Brasil, Direção de Haroldo Costa)
  • 1962 - Copacabana Palace (Itália, França, Brasil, Direção de Steno)
  • 1981 - Brasil (Brasil, Direção de Rogério Sganzerla)
  • 1983 - Bahia de Todos os Sambas (Itália, Direção de Leon Hirzman)

Fonte: Wikipédia
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