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Bento Mossurunga

BENTO JOÃO DE ALBUQUERQUE MOSSURUNGA
(91 anos)
Maestro, Pianista, Violinista e Compositor

☼ Castro, PR (06/05/1879)
┼ Curitiba, PR (23/10/1970)

Bento João de Albuquerque Mossurunga, conhecido como Bento Mossurunga, foi maestro, pianista, violinista e compositor, nacido em Castro, PR, no dia 06/05/1879.

Bento era filho do tabelião João Bernardes de Albuquerque e de Graciliana Reis de Albuquerque. Foi registrado com um acréscimo em seu sobrenome de um simples apelido: 'Mossurunga'.

Em casa, o ambiente era muito musical, pois seu pai e seu irmão tocavam viola e violão, enquanto suas irmãs tocavam órgão. Ainda pequeno aprendeu a tocar violinha sertaneja, tendo crescido entre violeiros populares e ouvindo música produzida por ex-escravos libertos que moravam numa colônia próxima à sua casa.

Em 1895 foi para Curitiba estudar piano e violino no Conservatório de Belas Artes. Além de estudar, trabalhava numa loja de chapéus e frequentava o Grêmio Musical Carlos Gomes, tendo convivido com os compositores e músicos da época. Após um período de volta à terra natal (1897-1902), retornou a Curitiba e retomou seus estudos musicais, enquanto lecionava piano e apresentava-se num café-concerto.

Em 1905, a revista carioca O Malho publicou sua valsa "Bela Morena", o que o incentivou a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde começou a atuar como violinista no teatro de variedades Guarda Velha. Prosseguiu seus estudos no Instituto Nacional de Música, passando a integrar em 1907 a orquestra do Centro Musical, regida por Antônio Francisco Braga, como primeiro violino.

Sua carreira como maestro se iniciou em 1916 na companhia do Teatro São José, onde foi auxiliar do maestro José Nunes até a morte deste, quando então assumiu o cargo de diretor do teatro. No período de 1918 a 1922, Bento Mossurunga dirigiu ensaios, fez instrumentações e musicou operetas, revistas e burletas, de autores como Cardoso de Meneses, Viriato Correia e Gastão Tojeiro. Depois dessa fase, foi regente em diversos teatros cariocas, como o Lírico, o Apolo, o Carlos Gomes e o Recreio Dramático.

Ainda morando no Rio de Janeiro, casou-se com Belosina Lima em 21/09/1924.

Em 1930 voltou a Curitiba para dirigir um curso de música e trabalhar na Sociedade Musical Renascença. Fundou a Sociedade Orquestral Paranaense e passou a produzir para o teatro musicado e a compor hinos, canções e obras para orquestra.

Em 1946 organizou, com um grupo de estudantes e músicos, a Orquestra Estudantil de Concertos, que em 1958 se transformaria na Orquestra Sinfônica da Universidade do Paraná.

Em 1947, seu Hino do Paraná, composto em 1903, tornou-se o hino oficial do Estado. Foi professor de canto orfeônico no Colégio Estadual do Paraná e de instrumentação na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

Sua obra popular, que inclui numerosos sambas, tangos, choros, marchas carnavalescas, valsas e mazurcas perdeu-se em grande parte. Musicou, entre outras, as seguintes peças:
  • 1920 - Gato, Baeta, Carapicu, Revista de Cardoso de Meneses
  • 1921 - Reco-reco, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Olelê Olalá, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1921 - Segura o Boi, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Meu Bem, Não Chora!, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1927 - Florzinha, opereta de Ivete Ribeiro 
  • 1927 - Boas Falas, revista de Bastos Tigre


Bento Mossurunga faleceu em Curitiba, PR, no dia 23/10/1970, aos 91 anos.

Obras do Autor

Música Orquestral
  • Bucólica Paranaense (s.d.)
  • Dezenove de Dezembro (Hino Militar, 1904)
  • Guaicará (s.d.)
  • Hino do Paraná (1903)
  • Ingrata (Mazurca, 1904)
  • Marcha da Cidade de Curitiba (s.d.)
  • Ondas do Iapó (s.d.)
  • Pintassilgo dos Pinheirais (s.d.)
  • Rincão (s.d.)
  • Sapecada (s.d.)
  • Hino do Município de Telêmaco Borba (s.d.)
  • Hino do Colégio Estadual do Paraná

Música Instrumental
  • Doce Reminiscência (Para Piano) (s.d.)
  • Fantasia Romântica (Para Violino e Piano) (s.d.)
  • Serenata (Para Piano) (s.d.)
  • Serenata Rústica (Para Celo e Piano) (s.d.)

Música Vocal
  • Bandeira do Brasil (Para Quatro Vozes) (s.d.)
  • Berceuse (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Canções Paranaenses (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Luar no Mato (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Nosso Brasil (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Ondas do Iapó (Para Soprano e Orquestra)
  • Só (Para Canto e Piano) (s.d.)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #BentoMossurunga

Santa Dica

BENEDICTA CYPRIANO GOMES
(61 anos)
Figura Folclórica, Curandeira e Profetisa

☼ Fazenda Mozondó, a 40 km de Pirenópolis, GO (13/04/1909)
┼ Goiânia, GO (09/11/1970)

À mulher sempre foi destinado um papel social com valores visivelmente inferiores aos papéis desempenhados pelo homem. As mulheres possuem alguns relativos avanços, embora sejam, ainda, portadoras de uma bagagem construída à sombra do machismo e do patriarcalismo.

Sob essa égide, destaca-se a mítica figura de Santa Dica, mulher de vanguarda, a serviço do messianismo e do povo humilde de Goiás no início do século XX.

Benedicta Cypriano Gomes, a Dica, nasceu em 13/04/1909 na Fazenda Mozondó, a 40 km de Pirenópolis, no Estado de Goiás. Por volta dos 7 anos de idade, caiu gravemente enferma, chegando a ser considerada morta, pois não possuía os sinais vitais.

Durante a preparação do corpo para apresentação ao velório, familiares perceberam que Dica suava frio. Por receio de que fosse enterrada viva, o velório foi alongado, e o enterro suspenso. Muito choro contínuo e, após três longos e penosos dias, Dica ressurgiu da morte.

A residência de Santa Dica
Desperta do torpor mortal, a menina tornou-se possuidora de sabedorias secretas e de intimidades com o outro lado da vida, transformando-se em curandeira e, posteriormente, em profetisa. Seus feitos tinham a força de verdadeiros milagres.

A notícia correu pelos confins goianos e se espalhou pela região como isca de fogo em tempo de seca. Para os nativos, suas curas, profecias e milagres eram mesmo obra de Santa. Não tardaram a chegar fervorosos romeiros, gente roceira humilde, doentes desenganados, em busca das graças de Santa Dica.

De seus milagres à atuação política foi consequência natural. A mocinha Dica se indignava com a vida sofrida dos que estavam perto dela e, num ato de extrema lucidez política, comandou uma legião de oprimidos pelo sistema de governo, na tentativa de livrar seu povo que era massacrado, escravizado e sujeito às vontades oligárquicas das famílias endinheiradas patriarcais.

Seu chamado à luta deu-se pelas palavras da fé. Essa foi sua rebelião ao sistema. Santa Dica era acompanhada com fidelidade e devoção. Os sofridos vinham, se acampavam em torno de sua casa e, ali, foi nascendo um povoado.

Rio do Peixe, rebatizado por Santa Dica de Rio Jordão
De forma totalmente igualitária, a iluminada implantou um sistema comunitário de uso da terra e do dinheiro entre seu séquito. Para Dica, a terra era bem doado pelo Criador aos habitantes do planeta. Não conseguia entender cercas e arames farpados a impedir seu povo de desfrutar e cuidar do que era seu, por direito Divino.

Santa Dica possuía posses e não era pobre, mas o desejo de justiça e igualdade social eram temas recorrentes em suas pregações. Sua fazenda foi o primeiro cenário de compartilhamento de recursos, bens, oferendas e colheitas. Assim prosseguia, fazendo curas, milagres, rezando suas orações, ocupando lugar de Conselheira do pequeno povoado e pregando a valorização da mulher, a não violência, a justa distribuição de bens, e cultuando o coletivismo.

Com essas ações religiosas e de caráter político-social chegou a reunir uma legião de 15 mil almas, havendo em suas fileiras cerca de 1,5 mil homens trabalhadores acostumados com o uso das armas para suas atividades diárias de caça. Também estavam reunidos mais de 4 mil eleitores em torno dela. Essa soma foi o bastante para incomodar os coronéis goianos.


A fama de Santa Dica se alastrou, os fiéis se multiplicaram. Não demorou que percebessem que Santa Dica encarnava a reprodução do episódio de Canudos. Perigo certeiro, nas mãos de uma mulher forte de espírito e de corpo franzino. Dos latifúndios fugiam os subjugados, ditos "diqueiros". A imprensa local e do vizinho Estado de Minas Gerais, inclusive com atuação do clero, cobrava providências governamentais contra os "fanáticos".

Santa Dica foi além no empoderamento do feminino e na promoção de igualdade de gêneros e classes. Para reforçar sua liderança popular e política editou um jornal manuscrito: "A Estrela do Jordão Órgão dos Anjos, da Corte de Santa Dica". A líder criou em suas fileiras várias frentes, inclusive a de alfabetização, para que todos tivessem acesso aos documentos escritos.

E veio a represália. De um lado o exército "pé de palha", tática usada pela Iluminada para que seus seguidores aprendessem a marchar. De forma que era amarrada uma palha no pé esquerdo do seu soldado para acompanhar o ritmo direito-esquerdo peculiar das tropas.

Os adoradores da Santa Dica, armados, juravam protegê-la contra qualquer tentativa de prisão. As autoridades de Pirenópolis com a polícia municipal se declaram impotentes contra os diqueiros. Restou ao Governo Estadual, em março de 1925, mandar um destacamento, sitiar o local e prender Santa Dica. Um mínimo seria o suficiente para o massacre. Quando um tio de Dica atirou contra os policiais choveram projéteis de metralhadoras sobre as palhoças e o sítio de Dica.


Pela "boca do povo" diziam que as balas iam de encontro à Dica, enrolavam em seus cabelos, ou batiam em seu corpo, e caiam pelo chão. Tanto que houve apenas três mortes. Santa Dica ordenou a todos que atravessassem o rio Jordão, que passa por trás de sua casa, para fugir do massacre. Santa Dica foi resgatada por um de seus fiéis, puxada do rio pelos cabelos e acabou sendo presa. Dizem na tradição oral que Santa Dica neste episódio amarrou uma sucuri no poção, ao fundo de sua casa, para que os soldados não pudessem atravessar o rio. Até hoje a população de Lagolândia acredita e não nada naquele local com medo da sucuri da Santa Dica.

A Prisão de Santa Dica durou 6 meses. Pressionados pela população e sem provas criminatórias o governo acabou cedendo e liberou-a. A partir daí Santa Dica ingressou na política, seus seguidores votavam em quem ela mandasse. Formou exército e foi patenteada com a insígnia de cabo do Exército brasileiro. Comandava tropa de 400 homens, que ficaram sendo conhecidos como "pés com palha e pés sem palha", pelo motivo de que sendo a tropa integrada por analfabetos, confundiam esquerda com direita. Dica então usou o estratagema de amarrar um pedaço de palha em um dos pés para poder ensinar-lhes a marchar.

Guerra da Santa Dica

Cerca de 500 famílias, segundo uma série de depoimentos, viviam ao redor da Casa da Cura, onde Santa Dica vivia, na Lagoa, povoado às margens do Rio do Peixe, rebatizado por ela de Rio Jordão. Era o centro das festas do Divino e de São João, tradições do período colonial nos sertões goianos, promovidas por Santa Dica, que inovava com ritos e símbolos de uma nova religião. Autoridades começaram a questionar os riscos sanitários de um lugar sem condições para atender a população que chegava para as festas.

Diante das reações contrárias de padres e coronéis da região, Santa Dica colocou seu exército à disposição da oligarquia estadual de Totó Caiado, aliado do Palácio do Catete desde 1912, para engrossar, em 1924, a resistência à Coluna Prestes na cidade de Goiás, a 167 quilômetros de Pirenópolis. O Exército dos Anjos não chegou a enfrentar os tenentistas, mas voltou para o vilarejo da Lagoa mais influente.

Em reação, a Igreja Católica publicou em seus jornais que Santa Dica era "prostituta", "histérica" e "tresloucada". As romarias de sertanejos para vê-la tinham reduzido o número de devotos da Festa do Divino Pai Eterno, promovida pelos padres em Trindade.

O jornal Santuário de Trindade defendeu a destruição do reduto de Santa Dica: "Já se viu tamanha asneira! É o caso para a polícia intervir se não quiser uma repetição de Canudos!"

Outro periódico, O Democrata, bancado pelos coronéis, chamou Santa Dica de "Lenine do sexo diferente" e "Antônio Conselheiro de saias", acusando-a de charlatanismo e prática ilegal da medicina: "Canudos é de ontem, e nós sabemos o que foi Canudos!", advertiu o periódico.

Em 1928 casou com o jornalista carioca Mário Mendes, eleito prefeito de Pirenópolis em 1934, e tiveram cinco filhos e adotaram mais dois.

O exército dos "pés com palha e pés sem palha" participou da Revolução Constitucionalista de 1932 indo guerrear, com 150 homens, em São Paulo de onde voltou sem nenhuma baixa, resultado atribuído aos milagres da santa. Episódio famoso foi quando seu exército precisava passar pela ponte de Jaraguá, em São Paulo. A ponte estava minada e Santa Dica mandou que um de seu soldados a atravessasse de olhos vendados, fato concluído sem detonar nenhuma bomba. E assim foi com a tropa toda que vendados um a um transpuseram a ponte, que veio a ruir após passar o último soldado. Também teve Santa Dica enfrentado a Coluna Prestes. Com uma tropa de 400 homens impediu que a Coluna ingressasse no Triângulo Mineiro.

Morte

Santa Dica faleceu no dia 09/11/1970, em Goiânia, sendo sepultada, de acordo com seu desejo, debaixo da frondosa gameleira da sua casa em Lagolândia, distrito do município de Pirenópolis, no Estado de Goiás. A velha gameleira, que protegeu seu povo durante o ataque militar de 1925

Foi velada por sua legião por três dias, em ato de profundo amor e devoção à linda moça da Fazenda Mozondó, que foi guerreira e santa. Pilar na valorização dos direitos humanos em Goiás, na representação do feminismo e no empoderamento da mulher.

Lagolândia, hoje, é um povoado do município de Pirenópolis, GO, com algumas centenas de habitantes e muitas casas, que rodeiam uma bela praça onde o busto de Santa Dica lidera o espaço dividido entre bancos, flores, imagens de Nossa Senhora e o sepulcro sombreado da Santa. Em sua antiga casa descendentes mantêm um visitado altar dedicado à Santa e todo o povoado vive à sua memória.

Fonte: Xapuri SocioambientalEstadão e Projeto Foto Estrada
#FamososQuePartiram #SantaDica

Gaúcho

FRANCISCO DE PAULA BRANDÃO RANGEL
(58 anos)
Cantor, Compositor e Violonista

☼ Cruz Alta, RS (29/06/1911)
┼ Rio de Janeiro, RJ (31/03/1970)

Francisco de Paula Brandão Rangel, mais conhecido por seu nome artístico de Gaúcho, foi um cantor e compositor brasileiro. Formou com Joel de Almeida a dupla Joel & Gaúcho, uma das mais bem-sucedidas da Música Popular Brasileira, especialmente na década de 1940. Como compositor, foi também um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (SBACEM).

Joel de Almeida e Francisco de Paula Brandão Rangel, o Gaúcho conheceram-se no Rio de Janeiro em 1930 quando Joel de Almeida tinha 17 anos e Gaúcho 19 anos, em encontro promovido por amigos em uma noitada de samba na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Começaram então a cantar juntos, com Joel de Almeida batendo no chapéu de palha e Gaúcho tocando violão.

Francisco Rangel, o Gaúcho, chegou ao Rio de Janeiro como soldado das tropas de Getúlio Vargas que derrubaram o então presidente Washington Luís. A partir desse encontro, passaram a atuar em festinhas e serenatas. No mesmo ano, estrearam na Rádio Phillips no Rio de Janeiro através de Renato Murce no programa "Hora do Outro Mundo".

Contratados pela Rádio Philips, passaram a se apresentar também no "Programa Casé" e foram apelidados de Irmãos Gêmeos da Voz por Alziro Zarur.

Em 1935, a dupla obteve seu primeiro destaque em disco com o samba "Estão Batendo" (Gadé e Valfrido Silva), gravado pela Columbia. No lado B, o disco trazia o samba "O Chapéu é Quem Diz" (Gaúcho e Joel de Almeida), cuja gravação contou com o acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra.

Joel e Gaúcho
Em 1936, já pela RCA Victor, lançaram a marcha "Pierrô Apaixonado" (Heitor dos Prazeres e Noel Rosa), grande sucesso no Carnaval que marcou o início de uma série de êxitos no gênero. Eles a cantaram no filme "Alô, Alô, Carnaval" e passaram a se apresentar nos Cassinos da Urca e Atlântico e no Copacabana Palace Hotel. Ainda em 1936, gravou com Joel de Almeida o samba "Ai Se Tu Soubesses" (Gaúcho e Joel de Almeida). Lançaram os sambas "Não Precisa Pagar (Miguel Bauso, J. Fernandes e Buci Moreira), e "Pequena Futurista" (Francisco Matoso). Gravaram a marcha "Palhaço Não Chora" (Homero Ferreira, Kid Pepe e J. Piedade), os sambas "Mangueira" (Kid Pepe e Alcebíades Barcelos) e  "Nosso Amor Morreu" (Carolina Cardoso de Menezes).

Em 1937 gravaram os sambas "Parece Mandinga" (Constantino Silva e Nelson R. da Silva) e "Você Não Tem Razão" (Pedro Caetano). No mesmo ano gravaram a marcha "Jóia do Brasil" (Fernando de Castro Barbosa).

Em 1938 lançaram a marcha "Você Perdeu" (Benedito Lacerda e Darci de Oliveira) e o samba "Com as Mãos Nas Cadeiras" (Benedito Lacerda e Gastão Viana).

Em 1940 gravaram a batucada "Cai, Cai" (Roberto Martins), que se tornou um grande sucesso no Carnaval daquele ano, além da marcha, "Todo Barulho é Pouco" (Roberto Martins e Nássara).

Em 1941 gravaram a valsa "Sempre o Mesmo Velho Rio..." (João de Barro e Alberto Ribeiro), o samba "O Morro Começa Aí" (Custódio Mesquita e Heber de Bôscoli), e a marcha "Vamos Comadre" (Joel de Almeida e Pedro Caetano).

Em 1942 entre outras composições, gravaram os frevos "Dança do Carrapicho" e "O Passo do Caroá", ambos de Nelson Ferreira e Sebastião Lopes.

Em 1943 gravaram de Nássara e E. Frazão, as marchas "O Danúbio Azulou" e "Sai, Quinta Coluna", que referenciava a situação política nacional e internacional naqueles tempos de guerra mundial. De Joel de Almeida e Pedro Caetano, gravaram o maxixe "Quem Foi Que Disse?" e a valsa "Aceite o Convite". No mesmo ano, lançaram o sucesso "Aurora" (Roberto Roberti e Mário Lago), que depois chegou a ser lançado internacionalmente com as Andrew Sisters, gravado na Continental.

Joel e Gaúcho
Em 1944 gravaram a marcha "Quero Respeito" (Arno Canegal, Janet de Almeida e Ari Monteiro) e o samba "Guiomar" (Haroldo Lobo e Wilson Batista).

Em 1946 lançaram para o Carnaval a marcha "Mulata (Rainha do Meu Carnaval)" (Pereira Matos e Felisberto Martins). No mesmo período, gravaram com as Seis Pequenas do Barulho, a marcha "Alá! Alá!" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1947 gravaram o boogie-woogie "Boogie-Woogie do Rato" (Denis Brean), um de seus mais expressivos lançamentos, e a batucada "Onde Há Fumaça Há Fogo". Nesse mesmo ano realizaram excursão à Argentina, apresentando na Rádio El Mundo e na Boate Embassy, na capital argentina. Nessa mesma ocasião, a dupla se desfez, com Joel de Almeida permanecendo em Buenos Aires como cantor e com Gaúcho retornando ao Brasil.

No início dos anos 1950 Joel de Almeida retornou ao Brasil e a dupla se refez realizando mais algumas gravações.

Em 1951 gravaram as marchas "Ai Amor" (Freire Jr.) e "Madame Butterfly" (Antônio Almeida).

Em 1952 gravaram a marcha "Saudades da Aurora" (Antônio Almeida, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr.). Nesse mesmo ano, Gaúcho resolveu abandonar o rádio, indo morar em Itacuruçá, praia no Rio de Janeiro, e a dupla se desfez definitivamente. Todavia, continuou atuando como compositor, tendo músicas gravadas por Léo RomanoDircinha Batista e pela dupla de palhaços Arrelia e Pimentinha.

Em 1957, seu choro "Chorinho Diferente" foi gravado por Sivuca e Seu Conjunto pela Copacabana.

Joel e Gaúcho
Em 1958, o samba "Três Beijos" (Gaúcho, Antônio Bruno e José Saccomani) foi gravado na RCA Victor pelo Trio Nagô, e o samba "Copo Simbólico" (GaúchoAntônio Bruno e José Saccomani), foi registrado pelo cantor Mário Martins pela gravadora Odeon. Fez com Arrelia e Morais, o samba "O Que é o Que é" gravado pelo palhaço de circo Arrelia em disco Copacabana.

Em 1959, teve o samba "Olha Nos Meus Olhos" gravado por Léo Romano na Odeon.

Em 1960, teve o samba "Preciso Amar" gravado por Léo Romano na Odeon, além de duas marchas lançadas na gravadora Copacabana, "Mustafá" (GaúchoArrelia e Léo Romano), na voz da dupla de palhaços de circo Arrelia e Pimentinha, e "Lá Em Casa Todo Mundo... Ó!", na voz do cantor Homem de Melo.

Em 1961, o samba "Ouça, Meu Amigo" (Gaúcho, João Saccomani e Jota Pacheco), foi gravado por Léo Romano na Mocambo.

Em 1962, a dupla tornou a se reunir e gravou pela RCA Victor o LP "Joel & Gaúcho" registrando os seus grandes sucessos, disco comemorativo aos trinta anos de formação da dupla.

Em 1963, a marcha "Trovador de Toledo" (Gaúcho, J. Nunes e José Saccomani),  foi gravada por Dircinha Batista, e a marcha "Galo de Ouro" (Gaúcho, Emílio SaccomaniArrelia), homenagem ao pugilista Éder Jofre, então campeão mundial de pesos pena, foi gravada pela dupla de palhaços de circo Arrelia e Pimentinha.

Em 1971 foi lançado pela RCA Victor o LP "Joel e Gaúcho - Os Irmãos Gêmeos da Voz", com destaque para "O Chapéu é Quem Diz" (Joel de Almeida e Gaúcho), "Canção Pra Inglês Ver" (Lamartine Babo), "Aurora" (Roberto Roberti e Mário Lago), e "Cai, Cai" (Roberto Martins). 

Embora sua carreira tenha ficado marcada pela dupla que fez com Joel, também incursionou pela carreira de compositor tendo inclusive sido um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (SBACEM).

Fonte: Wikipédia, Dicionário Cravo Albin da MPB e Collector's
Indicação: Miguel Sampaio

Café Filho

JOÃO AUGUSTO FERNANDES CAMPOS CAFÉ FILHO
(71 anos)
Advogado, Jornalista, Político e Presidente do Brasil

☼ Natal, RN (03/02/1899)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/02/1970)

João Augusto Fernandes Campos Café Filho foi um advogado e político brasileiro, sendo presidente do Brasil entre 24/08/1954 e 08/11/1955, quando foi deposto. Foi o único potiguar e o primeiro protestante a ocupar a presidência da República do Brasil.

Café Filho nasceu em Natal, RN no dia 03/02/1899, filho de João Fernandes Campos Café e de Florência Amélia Campos Café. Mudou-se para Recife em 1917, passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de Ciências Jurídicas e Comerciais. Retornou a Natal sem concluir seus estudos superiores mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça, obtendo êxito.

A atividade regular de Café Filho no campo do jornalismo começou em 1921, quando fundou o Jornal do Norte, impresso nas oficinas de A Opinião, órgão oposicionista. Disputou, sem êxito, uma cadeira de vereador em Natal no ano de 1923. Mudou-se para Recife em 1925, tornando-se diretor do jornal A Noite, onde passou a escrever reportagens e propaganda política. Viajou para a Bahia e, durante o ano de 1927, viveu nas cidades de Campo Formoso e ltabuna.

Mudou-se para o Rio de Janeiro no início de 1929, tornando-se redator do jornal A Manhã. Durante a Revolução de 1930 Café Filho transferiu-se para o Rio Grande do Norte, onde foi nomeado chefe de polícia.

Fundou em abril de 1933 o Partido Social Nacionalista (PSN) do Rio Grande do Norte, organizado para concorrer às eleições de maio seguinte para a Assembléia Nacional Constituinte. Afastado da chefia de polícia, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como inspetor no Ministério do Trabalho até julho de 1934.

GetulioVargas e Café Filho
Com o fim dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte e a fixação da data de 14 de outubro para a realização de eleições para a Câmara Federal e as assembleias constituintes estaduais, Café Filho retornou ao Rio Grande do Norte e foi eleito deputado federal para a legislatura iniciada em 03/05/1935.

Com o desgaste do Estado Novo, Getúlio Vargas adotou no início desse ano uma estratégia reformista que visava garantir para o próprio governo o controle da transição em curso na política nacional. Decidido a concorrer ao parlamento em dezembro, Café Filho viajou para o Rio Grande do Norte a fim de reagrupar seus antigos correligionários em uma nova agremiação.

Suspeito de realizar manobras continuístas, Getúlio Vargas foi deposto por um golpe militar em 29/10/1945. José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), assumiu temporariamente a chefia do governo e as eleições de 2 de dezembro foram mantidas, resultando na vitória de Eurico Gaspar Dutra. O Partido Republicano Progressista (PRP) teve um desempenho muito fraco, elegendo apenas Café Filho e Romeu dos Santos Vergal para a Assembléia Nacional Constituinte, que se reuniria a partir de 05/02/1946.

Quando Getúlio Vargas foi reeleito em outubro de 1950, Café Filho obteve a vice-presidência. Além disso, também foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte.

Em 22/08/1954 um grupo de oficiais da Aeronáutica liderados pelo brigadeiro Eduardo Gomes, lançou um manifesto, assinado também por oficiais do Exército, exigindo a renúncia do presidente que, mesmo assim, manteve sua posição de permanecer no cargo. No dia seguinte Café Filho discursou no Senado comunicando a negativa de Getúlio Vargas em aceitar a renúncia conjunta, e seu pronunciamento foi considerado um rompimento público com o presidente.

Café Filho visita Portugal em 1955 e é recebido pelo Presidente luso António Oliveira Salazar
A situação se agravou com a divulgação, no dia 23/08/1954, de um manifesto assinado por 27 generais exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. Na madrugada seguinte, Café Filho deixou clara sua disposição de assumir a presidência, ao mesmo tempo que Getúlio Vargas comunicava a seu ministério a decisão de licenciar-se.

Procurado por jornalistas e líderes políticos, Café Filho mostrou-se disposto a organizar um governo de coalizão nacional caso o presidente se afastasse em caráter definitivo. Nas primeiras horas do dia 24/08/1954, depois de receber um ultimato dos militares para que renunciasse, Getúlio Vargas suicidou-se. A grande mobilização popular então ocorrida desarmou a ofensiva golpista e inviabilizou a intervenção militar direta no governo, garantindo a posse de Café Filho no mesmo dia.

Procurando diminuir o impacto produzido pela divulgação da Carta Testamento de Vargas, Café Filho emitiu logo sua primeira nota oficial, afirmando seu compromisso com a proteção dos humildes, "preocupação máxima do presidente Getúlio Vargas".

No início de 1955 recebeu do ministro da Marinha um documento sigiloso assinado pelos ministros militares e por destacados oficiais das três armas, defendendo que a sucessão presidencial fosse tratada "em um nível de colaboração interpartidária" que resultasse em um candidato único, civil e apoiado pelas forças armadas.

Tratava-se, indiretamente, de uma crítica à candidatura de Juscelino Kubitschek. O presidente apoiou o teor do documento e, diante dos comentários da imprensa sobre sua existência, obteve a aprovação dos signatários para divulgá-lo na íntegra pelo programa veiculado em cadeia radiofônica nacional "A Voz do Brasil". Apesar dessa demonstração da oposição militar à sua candidatura, Juscelino Kubitschek prosseguiu em campanha e seu nome foi homologado pela convenção nacional do Partido Social Democrático (PSD) em 10/02/1955.

Juscelino Kubitschek foi eleito e, com a divulgação dos resultados oficiais do pleito, a União Democrática Nacional (UDN) deflagrou uma campanha contra a posse dos candidatos eleitos, voltando a sustentar a tese da necessidade de maioria absoluta. Os setores mais extremados do partido, liderados por Carlos Lacerda, intensificaram sua pregação favorável à deflagração de um golpe militar. Entretanto, Café Filho e o general Henrique Teixeira Lott reafirmaram seu compromisso com a legalidade.

Café Filho, Getulio Vargas e Bento Munhoz da Rocha
Na manhã do dia 03/11/1955 Café Filho foi internado no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, acometido de um distúrbio cardiovascular que forçou seu afastamento das atividades políticas. No decorrer do dia 11/11/1955 o Congresso Nacional, reunido em sessão extraordinária, aprovou o impedimento de Carlos Luz para assumir o cargo, empossando Nereu Ramos, vice-presidente do Senado em exercício, na presidência da República.

No dia 13/11/1955, Nereu Ramos visitou Café Filho no hospital, afirmando que permaneceria no governo apenas até sua recuperação. Entretanto, Henrique Teixeira Lott e outros generais decidiram vetar o retorno do presidente por considerá-lo suspeito de envolvimento na conspiração contra a posse dos candidatos eleitos. Mesmo assim, no dia 21/11/1955 Café Filho enviou a Nereu Ramos e aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) uma declaração de que pretendia reassumir imediatamente seu cargo, o que provocou nova movimentação de tropas fiéis a Henrique Teixeira Lott em direção ao Palácio do Catete e a outros pontos da capital. Café Filho dirigiu-se então à sua residência, também cercada por forte aparato militar, que incluía grande número de veículos blindados.

Na madrugada de 22/11/1955, o Congresso aprovou o impedimento de Café Filho, confirmando Nereu Ramos como presidente até a posse de Juscelino Kubitschek em janeiro seguinte. Em 14/12/1955 essa decisão foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que recusou o mandado de segurança impetrado por Prado Kelly em favor da posse de Café Filho.

Afastado da presidência, trabalhou entre 1957 e 1959 em uma empresa imobiliária no Rio de Janeiro.

Em 1961, foi nomeado pelo governador Carlos Lacerda ministro do Tribunal de Contas do Estado da Guanabara, onde permaneceu até aposentar-se em 1969.

Café Filho casou-se com Jandira Fernandes de Oliveira Café, com quem teve um filho.

Café Filho faleceu no Rio de Janeiro no dia 20/02/1970.

Eduardo Collen Leite

EDUARDO COLLEN LEITE
(25 anos)
Militante e Guerrilheiro

* Campo Belo, MG (28/08/1945)
+ Guarujá, SP (08/12/1970)

Eduardo Collen Leite, codinome: Bacuri, foi um militante e guerrilheiro de organizações armadas de extrema-esquerda durante a ditadura militar no Brasil. Líder e participante ativo de ações diretas contra o regime, foi o guerrilheiro que, depois de preso, mais tempo foi torturado pelos agentes da repressão, passando 109 dias em poder de seus captores sob todo tipo de torturas até ser executado.

Filho de Alberto Collen Leite e Maria Aparecida Leite, começou a militar desde adolescente na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (PELOP). Em 1967, depois de servir ao Exército, trabalhou como técnico em eletricidade e telefonia, até ingressar na militância comunista e na luta armada, como integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Depois de tornar-se líder da Rede Democrática (REDE), com a extinção desta participou das ações da Aliança Libertadora Nacional (ALN), dirigida por Carlos Marighella.

Prisão, Tortura e Morte

Um dos mais ativos guerrilheiros nas ações armadas urbanas do período, depois de participar dos sequestros do cônsul do Japão em São Paulo e do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben no Rio de Janeiro, onde matou a tiros o policial federal Irlando de Moura Régis, segurança de Ehrenfried von Holleben, ambos no primeiro semestre de 1970, Bacuri (Seu apelido na guerrilha) foi preso no Rio de Janeiro por oficiais do Centro de Informações da Marinha (CENIMAR), em 21/08/1970, quando fazia o levantamento da rotina do embaixador do Reino Unido, com vistas a mais um sequestro objetivando a libertação de presos políticos pelo governo militar, especialmente de sua mulher, Denise Crispim, há um mês detida no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e grávida.

Entregue pelos militares à equipe do delegado Sérgio Fleury, um dos mais extremistas agentes da repressão policial aos opositores da ditadura, que acompanhava a equipe da Marinha e o algemou pessoalmente numa rua do bairro da Gávea, entre setembro de dezembro de 1970, Bacuri foi constantemente levado a centros de interrogatórios do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), prisões e casas isoladas, na Operação Bandeirante (OBAN) e no presídio da Ilha das Cobras, onde fez greve de fome e recusou atendimento médico, sendo brutalmente torturado e interrogado dezenas de vezes, sem nada dizer aos torturadores.

Denise Crispim o viu pela última vez depois de retirada da cadeia do DOPS, grávida de sete meses, na delegacia do bairro de Vila Rica, em São Paulo, à qual foi levada pelos homens de Sérgio Fleury, algemado e com hematomas e queimaduras por toda pele.

Em 26 de outubro, ele ficou sabendo que não mais seria deixado com vida, depois de lhe ser mostrado nos jornais a notícia plantada pela polícia de que tinha fugido e desaparecido, após ser levado para o reconhecimento do corpo de outro companheiro.

Considerado pela repressão como o mais perigoso dos guerrilheiros, por seu denodo durante as ações armadas da guerrilha de que participou, foi assassinado em 08/12/1970, no Forte dos Andradas, no Guarujá, em São Paulo, logo depois do sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, no Rio de Janeiro, por guerrilheiros comandados por Carlos Lamarca, para que não fosse libertado na troca de reféns, não apenas por sua importância como pelo estado físico a que havia sido reduzido pelos torturadores. Bem antes disso, ele já não tinha mais o movimento das pernas por causa das torturas, para as quais era levado arrastado, a que vinha sendo submetido.

Seu corpo, encontrado no litoral de São Sebastião, São Paulo, foi entregue à família em um caixão lacrado, na tentativa de esconder o que ele havia sofrido nas mãos dos torturadores. Porém, seus familiares abriram o caixão e se depararam com um Bacuri desfigurado, com orelhas decepadas, inúmeras queimaduras, hematomas, dentes arrancados, olhos vazados, dois tiros no peito e dois na cabeça.

Em junho de 2011, foi lançado o livro "Eduardo Leite, o Bacuri", da jornalista Vanessa Gonçalves, uma biografia de sua vida que se desdobra com mais detalhes em seus 109 dias na mão dos torturadores. Nele, Artur Paulo de Souza e Jorge Zuchowski, dois colaboradores da polícia política que se infiltraram como militantes na Frente de Libertação Nacional, são apontados como os traidores que apontaram sua localização ao Centro de Informações da Marinha e o levaram a ser preso em 1970.

Em 2010, um deles, Arthur de Souza, pediu indenização ao Estado como perseguido político, que lhe foi negada.

Fonte: Wikipédia

Victor Manga

VICTOR DROLHE DA COSTA
(31 anos)
Baterista

* Rio de Janeiro, RJ (23/07/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/08/1970)

Victor Manga foi um baterista brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 23/07/1939. Iniciou sua carreira profissional em 1960, atuando em várias boates do Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro.

Em 1965, integrou, ao lado de Dom Salvador (piano) e Edson Lobo (baixo), o Salvador Trio, com o qual gravou disco homônimo para o selo Mocambo.

Em 1968 e 1969, fez parte do conjunto A Turma da Pilantragem, ao lado de Nonato Buzar e das cantoras Regininha, Málu Balonna e Dorinha Tapajós, e dos músicos Zé Roberto Bertrami (piano), Alexandre Malheiros (baixo), Márcio Montarroyos e Ion Muniz (sopros), entre outros. Gravou com o grupo os LPs "A Turma da Pilantragem" (1968), "A Turma da Pilantragem" (1969) e "A Turma da Pilantragem Internacional" (1969).

Ainda em 1969, passou a integrar, ao lado de Antonio Adolfo (piano), Luís Cláudio Ramos (guitarra), Luizão Maia (baixo) e das cantoras Bimba e Julie, depois substituída por Luiz Keller, o grupo A Brazuca, com o qual participou do IV Festival Internacional da Canção, classificando a canção "Juliana" (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar) em 2º lugar no evento. Gravou com o conjunto os LPs "Antonio Adolfo e A Brazuca" (1969) e "Antonio Adolfo e A Brazuca 2" (1970). 

Victor Manga faleceu prematuramente, aos 31 anos, no dia 13/08/1970.

Antônio Adolfo e Tibério Gaspar compuseram uma música em sua homenagem no disco seguinte, "Tributo a Victor Manga".

Discografia

  • 1970 - Antonio Adolfo e A Brazuca 2 (EMI-Odeon, LP)
  • 1969 - A Turma da Pilantragem (Philips, LP)
  • 1969 - A Turma da Pilantragem Internacional (Philips, LP)
  • 1969 - Antonio Adolfo e A Brazuca (EMI-Odeon, LP)
  • 1968 - A Turma da Pilantragem (Philips, LP)

Indicação: Alvaro Drolhe

Raul Torres

RAUL MONTES TORRES
(64 anos)
Cantor e Compositor

* Botucatu, SP (11/07/1906)
* São Paulo, SP (12/07/1970)

Raul Torres foi um cantor e compositor brasileiro filho de imigrantes espanhóis.

Ainda em sua cidade natal  iniciou na música, cantando modas de viola em festas, acompanhado de amigos. Com a decisão de seguir a carreira artística, mudou-se para São Paulo. Para se manter na capital paulista exerceu outras atividades profissionais. Foi cocheiro na Estação da Luz. Paralelamente exercia a atividade artística, cantando em bares, circos e cabarés. Trabalhou como lenheiro no trem de lenha da Estrada de Ferro Sorocabana, fazendo o percurso entre a Barra Funda e a cidade de Itararé. Trabalhou com o pai da cantora Inezita Barroso, a quem ensinou o rasqueado, sendo um dos influenciadores da, então menina, em seu interesse pela música sertaneja.

Iniciou na vida artística na Rádio Educadora de São Paulo, em 1927, cantando modas de viola. Vendo a apresentação de Jararaca e Ratinho e do conjunto nordestino Turunas da Mauricéia em São Paulo, ficou bastante impressionado. Abandonou o estilo caipira e passou a cantar no conjunto Turunas Paulistas, criado pelo tocador de bandola Cardia, que imitava o grupo nordestino Turunas da Mauricéia. Por essa época já dava mostras de sua versatilidade, apresentando-se na sala de espera do Cinema Odéon, na zona central da capital paulista.

No ano de 1937, formou dupla com Serrinha, que era seu sobrinho e passou a dedicar-se a escrever e cantar músicas caipiras. No ano de 1940, escreveu a clássica Saudades de Matão. Compôs mais de 100 canções, entre as quais a Moda da Mula Preta.

Em 1945, começou a compor com João Baptista da Silva, mais conhecido como João Pacífico e, desta parceria, resultam as canções "Pingo d'Água", "Colcha de Retalhos", "Mourão da Porteira", "Cabocla Teresa".

A partir de 1960, passou a se dedicar cada vez mais à apresentação de programas de rádio, especialmente pela Rádio Record de São Paulo e durante muitos anos apresentou um programa com o violeiro Florêncio.

Estátua de Raul Torres na Praça Emilio Peduti em Botucatu, SP
Quando tinha 50 anos, casou-se com Adelina Aurora Barreira, no ano de 1955. Sua mulher era funcionária pública. Eles permaneceram casados até o dia de sua morte. Raul e Adelina, tinham costume de espairecer e farrear em bares e praças, em São Paulo, onde se reuniam com um grupo de pessoas, para tocar clássicos da obra de Raul Torres e se divertir. 

Faleceu um dia depois de completar 64 anos, logo após a gravação do LP "O Maior Patrimônio da Música Sertaneja".

Fonte: Wikipédia

Alda Garrido

ALDA PALM GARRIDO
(74 anos)
Atriz

* São Paulo, SP (19/08/1896)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/12/1970)

Uma das grandes atrizes do Teatro de Revista, Alda Garrido cria um estilo próprio e se torna conhecida pela brasilidade de sua interpretação, que identifica tipos populares femininos. Marca os anos 50 com a criação da personagem Dona Xepa.

Aos 19 anos forma com o marido, o ator Américo Garrido, a dupla Os Garridos, fazendo duetos até 1920, em São Paulo. Mudam-se para o Rio de Janeiro e organizam uma companhia para o Teatro América, estreando com Luar de Paquetá (1924), de Freire Jr., que permanece seis meses em cartaz com sucesso.

A dupla recebe convite para trabalhar com o empresário Pascoal Segreto, e na sua companhia atuam, entre outras, em Ilha dos Amores, Quem Paga é o Coronel, ambas de Freire Jr., Francesinha do Bataclan, de Gastão Tojeiro, todas em 1926.

A temporada projeta Alda Garrido, que é contratada pelo empresário de teatro de revista Manoel Pinto, pai de Walter Pinto, para atuar na Companhia Nacional de Revistas, no Teatro Recreio. O sucesso que a atriz obtém no gênero a faz manter desde então uma dupla atuação profissional - de um lado as comédias de costume que monta em sua própria companhia com produção do marido. De outro, os contratos com os empresários do Teatro de Revista. Mas aos poucos os espetáculos de sua companhia acabam se rendendo ao sucesso do teatro musicado, como em Brasil Pandeiro (1941), com texto de seu autor favorito, Freire Jr., em parceria com Luiz Peixoto, uma dupla das mais requisitadas no gênero revisteiro.

Em 1939, o empresário Walter Pinto faz com que, no espetáculo Tem Marmelada, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses. Garrido e Aracy Cortes dividam o palco pela primeira e última vez, no Teatro Recreio.

Entre as revistas de maior sucesso de sua carreira estão Maria Gasogênio - sátira à falta de gasolina nos anos da Segunda Guerra - e Da Favela ao Catete (1935) de Freire Jr. e Joubert de Carvalho. A atriz cria um estilo próprio de interpretar e de transformar o texto por meio de improvisos que, segundo Pedro Bloch, são na verdade criações premeditadas e cuidadosamente estudadas.

Os anos 50 consagram Alda Garrido com Dona Xepa, de Pedro Bloch (1953). A atriz se torna o símbolo da brasilidade, como mostra o seguinte trecho do jornalista Jota Efegê:

"A feirante Dona Xepa, bem na fatura artística de Alda Garrido (o rústico, o matuto), enseja-lhe um desempenho espontâneo onde prevalece a sua intuição na composição da figura. Ultrapassando o script, Alda entra com sua preciosa colaboração e enxerta-lhe 'cacos' perspicazes."

E, apontando aquilo que lhe é próprio, revela o crítico Décio de Almeida Prado:

"(...) nem atriz propriamente ela é. Atriz é alguém que se especializa em não ser nunca duas vezes a mesma pessoa. Alda Garrido não tem nada disso: os seus recursos de técnica teatral, de caracterização psicológica são dos mais precários. Em compensação, possui qualquer coisa de muito mais raro: uma personalidade genuinamente cômica. Quando representa, a graça não está nunca na personagem: está na intérprete, no que esta possui de inconfundível, de inimitável. O que admiramos não é a peça, mas a própria Alda Garrido, com o seu grão de irreverência e de loucura, que lhe permite comportar-se sempre de maneira menos convencional possível, e também com o seu grão de inesperado bom senso, que a faz sempre achar a resposta mais desconcertantemente terra a terra, mais prosaicamente adequada. Alda Garrido, muito mais que atriz, é uma grande excêntrica, a exemplo desses cômicos de cinema e de teatro musicado norte-americano - um Groucho Marx, um Danny Kaye."

Alda Garrido abandonou a carreira em 1965, e faleceu aos 74 anos no Rio de Janeiro, no dia 08 de dezembro de 1970.

Fonte: Wikipédia e Enciclopédia Itaú Cultural

Coronel Ludugero

LUIZ JACINTO SILVA
(41 anos)
Humorista

☼ Caruaru, PE (22/09/1929)
┼ Belém, PA (14/03/1970)

Luiz Jacinto Silva, mais conhecido por Coronel Ludugero, foi um humorista nascido em Caruaru, PE, no dia 22/09/1929.

Durante longo tempo interpretou a personagem Coronel Ludugero, criação de Luís Queiroga, passando a confundir-se com o próprio personagem.

Luiz Jacinto foi escoteiro aos 10 anos e estudou no Colégio de Caruaru, atualmente Colégio Diocesano, onde concluiu o curso ginasial. Começou a trabalhar ajudando o pai a fazer selas de cavalo, mas não seguiu a profissão.

Aos 12 anos foi trabalhar numa padaria entregando pão e, em seguida, foi ajudante de pedreiro.

Com 16 anos foi para os Correios entregar telegramas. Nessa época serviu em São Bento do Una e Sirinhaém, cidades de Pernambuco. Morou em Palmeira dos Índios, AL onde começou sua jornada.

Aos 18 anos foi morar em Recife, PE, onde fez um concurso para telegrafista. Embora não tenha sido aprovado, foi aproveitado pelos Correios porque sabia taquigrafia. Permaneceu no órgão até ingressar na vida artística.

Ínicio da Carreira

Luiz Jacinto começou sua vida artística na Rádio Clube de Pernambuco, onde fazia o programa das 12h30 sob o patrocínio da Manteiga Turvo.

Em 1960 conheceu Luís Queiroga, que, com o incentivo do radialista Hilton Marques, criou o personagem Coronel Ludugero.

Logo no início, o Coronel Ludugero se apresentava sozinho, mas logo depois conheceu também Irandir Peres Costa (Otrópe).

Apesar de muita gente não saber, e o personagem de Dona Felomena ser mais conhecido com a atriz Mercedes Del Prado, nos primeiros programas o mesmo personagem, com o nome de Dona Rosinha, era interpretado por Rosa Maria, outra atriz de muito talento.

Coronel Ludugero

Retratava com bom humor a figura lendária dos coronéis, muitos dos quais pertenciam à Guarda Nacional e gozavam de grande prestígio junto a população. Era um homem simples de poucas palavras, amante da verdade e sincero.

Contador de histórias fantásticas, era casado com Dona Felomena. Bom aboiador, bom tocador de viola e poeta. Mantinha um secretário chamado Otrópe que o orientava nos negócios e nas questões políticas. Coronel Ludugero se sentia feliz em contar histórias, dando expansão ao seu gênio brincalhão, quando não estava em crises de impaciência e nervosismo.

Morte

No dia 14/03/1970, morreram Luiz Jacinto, Irandir Costa e toda sua equipe, vítima de desastre aéreo na Baía de Guajará, em Belém, PA. O corpo de Jacinto só foi encontrado no dia 30/03/1970 e sepultado um dia depois, em Caruaru, PE.

Depois da morte do Coronel Ludugero e de Otrópe, lançaram-se outros personagens tentando resgatar o riso perdido com a triste tragédia. Entre eles, Coroné Ludrú e Gerômo, Coroné Caruá e Altenes, Seu Pajeú e Zé Macambira, esses com a produção e direção de Luís Queiroga.

Mas, até hoje, os personagens são lembrados e revividos em épocas juninas por atores amadores e admiradores dos tipos.

Na cidade de Caruaru foi criada, na Vila do Forró, a miniatura da casa do Coronel Ludugero e da Dona Felomena, onde é grande a visitação por turistas. Durante os festejos juninos desta cidade podem ser vistos personagens caracterizados, desfilando pelas ruas, relembrando esses artistas. Mas a saudade ficou pra sempre.

Fonte: Wikipédia
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