Luiz Mendes

LUIZ PINEDA MENDES
(87 anos)
Jornalista, Radialista e Comentarista Esportivo

* Palmeira das Missões, RS (09/06/1924)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/10/2011)

Luiz Mendes começou a carreira em dezembro de 1940, como speaker de um serviço de auto-falante na cidade de Ijuí, após ouvir o dono da principal loja da cidade comentar que precisava de um speaker, como eram chamados os locutores naquela época.

Cerca de três meses depois, Mendes, prestes a completar 17 anos, foi contratado pela Rádio Missioneira de Santo Ângelo. Em 1942, Mendes faz um teste para locutor esportivo na Rádio Farroupilha e, após narrar um Grenal imaginário é contratado e se transforma no "Menino de Ouro", pois só tinha 18 anos.

Em 1944, descontente com os constantes atrasos de salário e após ter sido enviado a São Paulo para uma cobertura sem o dinheiro de volta, Mendes abandona a Rádio Farroupilha e vem tentar a sorte no Rio de Janeiro. No dia 1º de dezembro de 1944, Mendes acerta com a Rádio Globo do Rio de Janeiro, que seria inaugurada no dia seguinte.

Na emissora, Mendes começou como locutor comercial, depois apresentador e por fim, locutor esportivo. Na emissora, Luiz Mendes conheceu a radioatriz Daisy Lúcidi, casando-se com ela no dia 08 de dezembro de 1947, logo depois de assumir o Departamento de Esportes da Rádio Globo.

Na emissora, Mendes ficou de 1944 a 1955. Entre seus feitos neste período estão à narração histórica da Copa do Mundo de 1950, na qual deu nove inflexões para o segundo gol do Uruguai. Narração esta que acabou matando um torcedor do coração e a transmissão com exclusividade para o Brasil da final da Copa do Mundo de 1954, além da criação do repórter de campo.

Em 1955, Mendes deixa a Rádio Globo para ser um dos fundadores da TV Rio, então, quinto canal de televisão do país a entrar no ar. Mendes ficou na TV Rio até 1977. Entre suas maiores façanhas na emissora está à criação da TV Rio Ringue e da primeira mesa redonda da tevê, a "Grande Revista Esportiva Facit", que contava com nomes como Nelson Rodrigues, João Saldanha, Armando Nogueira e José Maria Scassa.

Em 1969 mesmo na TV Rio, Mendes volta ao radio, mas como comentarista. Ele acerta com a Rádio Continental, onde ganha de Carlos Marcondes o slogan de "O Comentarista da Palavra Fácil".

Em 1970, Mendes retorna a Rádio Globo onde fica até 1977, quando vai para a Rádio Nacional junto com José Carlos Araújo e forma uma equipe memorável, que reunia, além dos dois, Washington Rodrigues e Denis Menezes e que lançou para o mercado Eraldo Leite, Elso Venâncio e Luiz Carlos Silva.

Em 1977, Mendes assume a TV Educativa, onde fica até 1999, quando deixa definitivamente a televisão e se dedica apenas ao rádio e as crônicas em jornais.

Em 1986, Mendes retorna a Rádio Globo onde fica até 1994, quando vai para a Tupi fazer a Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos ao lado do amigo Doalcey Bueno de Camargo. Em 1996, no entanto, Mendes retorna para a rádio.

Luiz Mendes cobriu 16 Copas do Mundo, sendo 13 in loco. O comentarista era considerado a enciclopédia da crônica esportiva. Sempre teve, além de um comentário equilibrado, uma boa história para contar, seja em relação às Copas ou demais eventos internacionais que cobriu, seja em relação ao cotidiano do futebol.

Mendes foi um dos maiores amigos de João Saldanha e o amigo é um dos principais protagonistas da suas histórias. Entre as melhores estão as "Aventuras de João Sem Medo" na "Grande Revista Esportiva Facit", assim como as histórias de Nelson Rodrigues, Garrincha e dos colegas de profissão.

Mendes também lançou vários nomes na crônica esportiva, entre eles Léo Batista, Doalcey Camargo, Mário Viana e José Roberto Wright.

Morte

Luiz Mendes morreu na manhã de 27 de outubro de 2011 por volta das 10:15 hs, no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, aos 87 anos, após complicações decorrentes de uma Leucemia Linfoide Crônica. Ele estava internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) da unidade desde o último dia 18/10/2011.


Friedenreich

ARTHUR FRIEDENREICH
(77 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (18/07/1892)
+ São Paulo, SP (06/09/1969)

Apelidado "El Tigre" ou "Fried", foi a primeira grande estrela do futebol brasileiro na época amadora, que durou até 1933.

Friedenreich participou da excursão do Paulistano pela Europa em 1925 onde disputou dez jogos e voltou invicto. Teve importante participação no Campeonato Sul-Americano de Seleções, atual Copa América, de 1919. Ele marcou o gol da vitória contra os uruguaios na decisão e, ao lado de Neco, foi o artilheiro da competição. Após o feito, suas chuteiras ficaram em exposição na vitrine de um loja de jóias raras no Rio de Janeiro.

Filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra brasileira, Arthur Friedenreich nasceu no Bairro da Luz, em São Paulo, e aprendeu a jogar bola com bexiga de boi. Poucos anos depois de Charles Miller chegar ao país, em 1894, trazendo o futebol como novidade, o Brasil revelou seu primeiro ídolo. Hoje em dia, são poucos aqueles que viram Friedenreich brilhar nas décadas de 1910, 1920 e 1930.

Carreira - Primeiros Anos

Jogador de futebol paulista, Friedenreich começou a jogar futebol ainda adolescente na cidade de São Paulo, nos clubes Germânia, atual Pinheiros, Mackenzie, Clube Atlético Ypiranga e o Paulistano, que hoje são apenas clubes sociais e já não atuam no futebol profissional.

Começa a se destacar pela imaginação, técnica, estilo e pela capacidade de improvisar. O apelido de "El Tigre" foi dado pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, atual Copa América.


Carreira - O Auge

A sua posição de origem foi a de centroavante. "El Tigre" acabou introduzindo novas jogadas no ainda menino futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo.

Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também atuou pelo São Paulo Futebol Clube, conquistando mais um campeonato paulista em 1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por "Esquadrão de Aço", e era formado por Nestor, Clodô, BartôMílton, BinoFabioLuizinho, Siriri, ArakenJunqueirinha.

Depois de ter jogado em 1917 no Flamengo, Friedenreich voltou ao Rio de Janeiro na década de 30 para novamente jogar pelo time. Clube onde ele afirmava ter orgulho de jogar e onde fez seu gol mil até o 1.046.

Era considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e como ia marcar um gol.

Nos dias atuais, ainda é considerado um dos maiores centroavantes que o Brasil já teve. No ano de 1925, voltou da Europa como um dos "Melhores do Mundo", depois de vencer, pelo Paulistano, nove dos dez jogos disputados.

Um de seus mais incríveis feitos, ocorrido em 1928, foi a marca de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Ele jogava pelo Paulistano e o resultado final foi de 9 a 0, no dia 16 de setembro. A curiosidade fica por conta do pênalti perdido por Friedenreich.

Friedenreich encerrou a carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade.

Depois de abandonar os gramados, viveu na pobreza um bom tempo até morrer em 06/09/1969 vítima de arteriosclerose e pneumonia, ele sofria do Mal de Parkinson, em uma casa cedida pelo São Paulo.

Seleção Brasileira

Sua estréia na Seleção Brasileira se deu no ano de 1912 em um amistoso contra a seleção paulista, quando o escrete brasileiro venceu por 7 a 0 com dois gols de Friedenreich. Sua despedida aconteceu em 1935, em um jogo contra o River Plate no dia 23 de fevereiro, no qual o Brasil ganhou por 2 x 1.

Friendenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. Já na seleção de veteranos, em 1935, disputou 2 jogos e marcou 2 gols. No ano de 1914 ganhou o primeiro título do Brasil na história: a Copa Roca, taça amistosa realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Outras conquistas importantes que conseguiu foram os Campeonato Sul-Americano de Seleções de 1919, marcando o gol do título na prorrogação contra os uruguaios, e 1922, primeiras conquistas relevantes da Seleção Brasileira.

Curiosidades

  • Outra característica marcante da personalidade de Friedenreich era seu caráter questionador. Em 1932, engajou-se na Revolução Constitucionalista de 1932, doando troféus, medalhas e prêmios em benefício da causa.
  • O fato de ser descendente de alemães ajudou Friedenreich na carreira. Mulato, só assim ele pôde jogar nos grandes clubes frequentados pelos brancos da elite.
  • Uma excursão do Club Athletico Paulistano à Europa em 1925, deu a ele a chance de participar de um marco histórico do futebol do país. No dia 15 de março, pela primeira vez, um time brasileiro jogava no exterior. Ele comandou a goleada de 7 a 2 na França, que deu início a uma série de outras vitórias. E é apelidado de "Roi du Football" (Rei do Futebol).
  • Também foi contra a profissionalização do futebol no país. A partir dos anos 30, o futebol passou a caminhar rumo ao profissionalismo. A idéia não agradou Friedenreich, que recusou proposta do Flamengo, seu último clube, de continuar atuando, e abandonou os gramados após fazer sua última partida no dia 21 de julho de 1935.
  • Uma atitude infeliz do presidente da Liga Paulista de Futebol, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friendenreich na carreira. Ao saber que a comissão técnica da Seleção Brasileira não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida dos jogadores do estado para a Copa do Mundo, no Uruguai em 1930. Assim, "El Tigre" encerrou a carreira sem sentir o sabor de disputar um Mundial.
  • A polêmica em relação aos gols de "El Tigre" se deve à soma de um erro com uma falta de critério por parte do jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney. Acontece que o "Velho Oscar", pai de Friendenreich, começou a anotar em pequenos cadernos todos os gols marcados pelo filho desde que começou a atuar. Em 1918, o atacante confiou a tarefa a um colega do Club Athletico Paulistano, o centroavante Mário de Andrada, que seguiu a trajetória do craque por mais 17 anos, registrando detalhes das partidas até o encerramento da carreira de Friendenreich, em 21/07/1935, quando ele vestiu a camisa do Clube de Regatas do Flamengo (mas não marcou gols) num 2 x 2 contra o Fluminense. A lenda ganhou consistência em 1962. Naquele ano, Mário de Andrada disse a De Vaney que tinha as fichas de todos os jogos de Friendenreich, podendo provar que o craque atuara em 1.329 partidas, marcando 1.239 gols. Mário de Andrada, porém, morreu antes de mostrar as fichas a De Vaney. Mesmo sem nunca comprovar esses dados, De Vaney resolveu divulgá-los, mas erroneamente inverteu o número de gols para 1.329. A estatística, no entanto, começou a rodar o mundo, e ainda por cima na forma errada. No livro "Gigantes do Futebol Brasileiro", de Marcos de Castro e João Máximo, de 1965, consta que Friendenreich marcou 1.329 gols. Outros livros e até enciclopédias referendaram o registro. A FIFA, entidade máxima do futebol, chegou a "oficializar" os números, até que enfim, Alexandre da Costa conferiu os registros de todos os jogos de Friendenreich em pelo menos dois jornais, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo, e chegou a dois números surpreendentes: 554 gols em 561 partidas. "Não quis destruir o mito", jura o autor de "O Tigre do Futebol". "Adoro o Friendenreich. Apenas quis esclarecer essa questão". O problema é que não esclareceu completamente. Em "Fried Versus Pelé" (Orlando Duarte e Severino Filho), publicado semanas depois de "O Tigre do Futebol", o jornalista Severino Filho chega a outros números: 558 gols em 562 partidas. "Não há levantamento estatístico que não possa ser melhorado", escreve o autor de "O Tigre do Futebol". Mesmo nos dias de hoje, com mais recursos disponíveis, as discrepâncias prosseguem.
  • O choro "Um a Zero" (Benedito Lacerda, Pixinguinha e Nelson Ângelo) foi composto em homenagem ao gol de Friendenreich contra o Uruguai na final de 1919.
  • Friedenreich tem um parque no bairro de Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo, com seu nome. O parque, situado no início da Av. Francisco Falconi, é um dos maiores da região.
  • Friedenreich também tem uma escola com seu nome no Rio de Janeiro, coincidentemente, essa escola fica localizada dentro do Complexo Esportivo do Maracanã, próximo a entrada principal, a esquerda da estátua de Bellini.
Fonte: Wikipédia