Neuza Amaral

NEUSA GOUVEIA DA SILVA DO AMARAL
(86 anos)
Atriz e Política

☼ São José do Barreiro, SP (01/08/1930)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/04/2017)

Neusa Gouveia da Silva do Amaral, conhecida como Neuza Amaral, foi uma atriz e vereadora brasileira, nascida em São José do Barreiro, SP, no dia 01/08/1930.

Filha de pais analfabetos, começou a trabalhar aos 12 anos, entregando marmitas.

"Quando cheguei ao Rio de Janeiro, aos 4 anos, não tinha nem cama para dormir. Usava um monte de jornais para quebrar a friagem do chão. Foi assim, uma luta bem grande!"

Iniciou sua carreira de atriz na década de 50 na capital, trabalhando na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde enfrentou muitas dificuldades. Transferiu-se, então, para São Paulo e, num belo dia, passando com uma amiga pela porta da Rádio Record, resolveu entrar para ver como funcionava uma rádio. O fato é que saiu dali contratada: Pediram para a atriz ler uns textos e gostaram tanto que, dois dias depois, ela já estava no ar. Fazia locução, programa de auditório, tudo. O trabalho na Rádio Record impulsionou a sua vida e o seu trabalho.

Com o corte de pessoal na rádio, Neuza Amaral foi convidada para estrear na televisão. A atriz recorda:

"Depois veio a televisão. Era 1957. 'Quem sabe fazer televisão aqui?' E a enxerida aqui, a ambiciosa, disse: 'Eu'. Nunca tinha visto um aparelho de televisão. Em 27 de setembro, eu estava no ar - doidinha de pedra, mas lá. E daí foi tudo acontecendo. Comecei como atriz e anunciadora!"


E, assim, em 1957 estreou na paulista TV Record nas novelas "Alma da Noite" e "A Mansão dos Daltons". Em seguida, foi para a TV Excelsior onde participou da primeira telenovela diária da televisão, "2-5499 Ocupado" (1963), ao lado de Tarcísio Meira, Glória Menezes e Lolita Rodrigues. Sobre a trama, conta: "Naquela época valia tudo, até varrer o estúdio. Porque era para desbravar mesmo!"

Seguiram-se outros sucessos na emissora com as novelas "As Solteiras" (1964), "A Moça Que Veio de Longe" (1964), "O Céu é de Todos" (1965) e "Pecado de Mulher" (1965).

Neuza Amaral voltou a morar no Rio de Janeiro em 1967 e por meio de um amigo comum, foi apresentada a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho ou simplesmente Boni, que a convidou para trabalhar na TV Globo, na novela "A Sombra de Rebecca" (1967).

Na emissora, consolidou sua carreira com personagens memoráveis como a primeira grande vilã da televisão Veridiana Albuquerque Medeiros de "A Grande Mentira" (1968), onde relembra emocionada:

"Ela era ruim que nem uma cobra. Era rica, mas tinha uma origem de manicure. Então, punha aquela coisa em cima de todo mundo. Realmente, foi o meu maior trabalho em televisão. A novela teve como diretor Fabio Sabag e Marlos Andreucci, que morreu dirigindo uma cena!"


A determinada Maria Clara Taques em "Os Ossos do Barão" (1973), que lhe rendeu um troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Troféu APCA de melhor atriz. A sensível Nara de "Fogo Sobre Terra" (1974). A austera Fabiana di Lorenzo de "Bravo!" (1975), novela na qual submeteu-se a uma operação plástica, que foi levada ao ar como sendo uma situação vivida pela personagem.

"Eu sugeri: 'Janete, se você me enrola toda a cara e põe bandagem, quando tirar, vou ter a mesma cara. Por que não fazemos uma plástica?' - 'Você não acha ruim, não?', ela quis saber. 'Eu não. E ainda vou ganhar uma cirurgia. Duas vantagens, porque vou ser a primeira do mundo, numa novela de Janete Clair. Você documenta isso e, se eu morrer na operação, será um documento da morte de Neuza Amaral', argumentei. Janete Clair resolveu fazer, e assim foi feito!"

A doce Emerenciana em "Cabocla" (1979). A rica e insegura Bruna em "Plumas & Paetês" (1980) e a divertida Zefa em "Paraíso" (1982).


Neuza Amaral estreou na carreira cinematográfica em 1967 no filme "A Lei do Cão". No cinema, atuou em cerca de vinte produções nacionais, muitas das quais foram sucesso de crítica e público como "Memórias de um Gigolô" (1970), "Os Machões" (1972), "Como é Boa a Nossa Empregada" (1973), "Quem Tem Medo de Lobisomem?" (1975), "Dedé Mamata" (1987) e "O Que é Isso, Companheiro?" (1997).

Nos anos 90, Neuza Amaral foi eleita vereadora na cidade do Rio de Janeiro e se afastou, gradativamente, dos trabalhos na televisão, resumidos a pequenas participações. Vivia há cerca de dez anos no município de Araruama e trabalhava como controladora geral da cultura da cidade.

Nos últimos anos, lançou dois livros de memórias, "Deixa Comigo" (2008), cuja renda foi revertida para o Lar de São Francisco, asilo de idosos de Araruama, e "Isso Eu Vivi" (2012), onde destaca a sua trajetória na TV, as passagens pela política brasileira, a conversão ao judaísmo, a luta pela hemofilia e pelos direitos dos idosos.

Ela participou do primeiro capítulo da novela "Senhora do Destino" (2004).

Em 2006, fez participações nas novelas "Páginas da Vida", "Cobras & Lagartos" e no programa "Linha Direta"

Seu último trabalho na TV foi na série "Pé na Jaca", da TV Globo, em 2006. 

Morte

Neuza Amaral morreu na quarta-feira, 19/04/2017, no Rio de janeiro, RJ, aos 86 anos. A informação foi confirmada por familiares e pelo Hospital São Vicente de Paula, na Tijuca, onde ela estava internada desde sábado, 15/04/2017. Segundo parentes, a atriz sofreu uma embolia pulmonar. Ela deixou um filho e dois netos.

A morte de Neuza Amaral foi lamentada pela deputada estadual do Rio de Janeiro Cidinha Campos, que em redes sociais destacou que eram amigas havia 60 anos.

Trabalhos

Televisão
  • 1957 - Alma da Noite
  • 1957 - A Mansão dos Daltons
  • 1963 - 2-5499 Ocupado ... Neuza
  • 1963 - Aqueles Que Dizem Amar-Se ... Laura
  • 1964 - As Solteiras ... Andréa
  • 1964 - A Moça Que Veio de Longe ... Regina
  • 1964 - Uma Sombra em Minha Vida ... Jacqueline
  • 1965 - O Céu é de Todos ... Nelly
  • 1965 - Pecado de Mulher ... Neiva
  • 1967 - A Sombra de Rebecca ... Rebecca
  • 1967 - Sangue e Areia ... Encarnación Gallardo
  • 1968 - A Grande Mentira ... Veridiana Albuquerque Medeiros
  • 1969 - Véu de Noiva ... Lourdes Albertini
  • 1970 - Irmãos Coragem ... Branca
  • 1971 - O Homem Que Deve Morrer ... Orjana
  • 1972 - Selva de Pedra ... Walquíria
  • 1973 - Os Ossos do Barão ... Maria Clara Taques
  • 1974 - Fogo Sobre Terra ... Nara
  • 1975 - Bravo! ... Fabiana Di Lorenzo
  • 1976 - Duas Vidas ... Sara
  • 1976 - Estúpido Cupido ... Madre Superiora (PE)
  • 1976 - O Casarão ... Marisa
  • 1978 - O Pulo do Gato ... Lígia
  • 1978 - Pecado Rasgado ... Eunice
  • 1979 - Cabocla ... Emerenciana
  • 1980 - Olhai os Lírios do Campo ... Isabel Cintra
  • 1980 - Plumas & Paetês ... Bruna Sampaio
  • 1981 - Ciranda de Pedra ... Idalina
  • 1982 - Paraíso ... Josefa Barros (Zefa)
  • 1982 - Elas Por Elas ... Amiga de Mário Fofoca (PE)
  • 1983 - Voltei Pra Você ... Maruca
  • 1983 - Louco Amor ... Margarida Lins (PE)
  • 1985 - A Gata Comeu ... Ela Mesma (PE)
  • 1986 - Sinhá Moça ... Inez Fontes
  • 1987 - Brega & Chique ... Lucy
  • 1990 - Rainha da Sucata ... Dalva (PE)
  • 1990 - Delegacia de Mulheres ... Juíza (PE)
  • 1994 - Você Decide (Episódio: Abuso Sexual)
  • 1995 - Tocaia Grande ... Freira (PE)
  • 1996 - Você Decide (Episódio: Um Mundo Cão)
  • 1999 - Força de um Desejo ... Anita (PE)
  • 2004 - Senhora do Destino ... Dona Mena (PE)
  • 2006 - Páginas da Vida ... Amiga de Lalinha (PE)
  • 2006 - Cobras & Lagartos ... Socialite (PE)
  • 2006 - Linha Direta (Episódio: A Bomba do Riocentro)
  • 2006 - Pé na Jaca ... Gema
PE = Participação Especial

Cinema
  • 1967 - A Lei do Cão ... Mãe de Bebeto
  • 1969 - As Duas Faces da Moeda ... Isolda Canaverde
  • 1970 - Memórias de um Gigolô ... Madame Iara
  • 1971 - Rua Descalça
  • 1972 - Os Machões Madame Ribeiro
  • 1972 - Tormento - Mãe de Luís
  • 1973 - Como é Boa Nossa Empregada ... Esposa do Drº Roberto
  • 1973 - Café na Cama ... Zuma
  • 1973 - Obsessão
  • 1975 - Quem Tem Medo de Lobisomem? ... Dona Márcia
  • 1976 - Tem Folga na Direção ... Dona da Boutique
  • 1976 - E as Pílulas Falharam ... Drª Irene
  • 1978 - Amada Amante ... Tide
  • 1978 - Meus Homens, Meus Amores ... Ângela
  • 1979 - Os Trombadinhas ... Laura
  • 1979 - A Pantera Nua ... Marina
  • 1980 - A Deusa Negra
  • 1982 - Pra Frente, Brasil
  • 1984 - Amor Maldito ... Manicure
  • 1988 - Dedé Mamata
  • 1990 - Lua de Cristal
  • 1997 - O Que é Isso, Companheiro?

Fonte: Wikipédia

Idálio Sardenberg

IDÁLIO SARDENBERG
(81 anos)
Militar

☼ Porto Alegre, RS (18/04/1906)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/05/1987)

Idálio Sardenberg foi um militar, general brasileiro, nascido em Porto Alegre, RS, no dia 18/04/1906. Era filho de Olinto Nunes Sardenberg, oficial do Exército, e de Etelvina Maria Sardenberg.

Fez seus estudos secundários no Colégio Militar do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou em abril de 1924 na Escola Militar do Realengo, também no Rio de Janeiro, saindo aspirante-a-oficial de arma de artilharia em janeiro de 1927.

Em julho de 1927 foi promovido a segundo-tenente e, em julho de 1929, a primeiro-tenente. Nesse mesmo ano fez parte da Aliança Liberal (AL), movimento político que lançou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República e promoveu a revolução que eclodiu em 03/10/1930. Idálio Sardenberg atuou ao lado das forças revolucionárias na região de Sengés, PR.

Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais ainda como primeiro-tenente.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, combateu ao lado das forças legalistas atuando no quartel-general do Exército do Sul. A partir dessa atuação no Paraná tornou-se prestigiado no Estado, onde se radicou e contraiu matrimônio.

No pleito de maio de 1933, elegeu-se primeiro suplente de deputado pelo Paraná à Assembléia Nacional Constituinte na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumindo o mandato em novembro de 1933, foi representante do Paraná na Comissão dos 26, encarregada de coordenar as propostas destinadas à elaboração da Constituição de 1934.

Com a aprovação da nova Carta em julho de 1934, teve, como os demais constituintes, seu mandato prorrogado até abril de 1935, quando tomaram posse os deputados eleitos em outubro do ano anterior. Ainda em outubro de 1935, chegou ao posto de capitão. Deixando a Constituinte, retornou à carreira militar fazendo o curso da Escola de Estado-Maior do Exército.


Em abril de 1943 e em março de 1948 foi promovido às patentes de major e tenente-coronel, respectivamente. No ano de 1949, foi um dos fundadores da Escola Superior de Guerra (ESG), onde exerceria as funções de adjunto da Divisão de Assuntos Militares e de chefe do Departamento de Estudos. Assessor da missão brasileira chefiada pelo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro que negociou com os Estados Unidos o Acordo Militar assinado em 1952.

Em janeiro de 1953 atingiu a patente de coronel.

Em 11/12/1958, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, foi nomeado presidente da Petrobras em substituição a Janari Nunes. Durante sua gestão, foram feitas várias obras de vulto, como a construção de novas unidades na refinaria Landulfo Alves, na Bahia, da refinaria Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, do terminal da Ilha d’Água, no estado da Guanabara, do terminal Madre de Deus, na Bahia, da Fábrica de Borracha Sintética, em Duque de Caxias, e do oleoduto da Ilha d’Água, na refinaria Duque de Caxias. Além disso, conseguiu a elevação ao dobro da capacidade da refinaria de Cubatão, em São Paulo, e a produção total de petróleo passou de 60 mil barris/dia em 1959 para 72 mil barris/dia em 1960. Também em 1960 a capacidade de refino atingiu trezentos mil barris diários.

Ainda como presidente da Petrobras, foi membro da missão comercial brasileira à União Soviética em dezembro de 1959.

Em março de 1960, foi promovido a general-de-brigada.

Em 02/02/1961, logo em seguida à posse de Jânio Quadros na presidência da República, deixou a presidência da Petrobras, sendo substituído pelo engenheiro Geonísio Barroso.

Em 13/03/1961, Jânio Quadros anunciou a reforma cambial, segundo a Instrução nº 204 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), que modificava a sistemática da política cambial brasileira, passando de um sistema de taxas múltiplas - fixas e variáveis - para um sistema de taxa única e flutuante, sendo que as importações passariam a ser feitas pelo sistema de taxas livres, com exceção do trigo, do petróleo e de outros poucos produtos essenciais.

Nessa oportunidade, o presidente criticou a situação financeira da Petrobras, herdada da gestão anterior. Diante disso, Idálio Sardenberg levou a público um manifesto à nação no qual declarava que o empréstimo por ele solicitado ao Banco do Brasil não fora feito para pagar compromissos atrasados e sim para cobrir um aumento do capital de giro resultante da expansão da produção de petróleo. Esse documento teve grande repercussão por se tratar de um desmentido às palavras do presidente Jânio Quadros, e foi considerado também um ato de indisciplina. Em decorrência, o general Nestor Souto de Oliveira, comandante do I Exército, sediado no Rio de Janeiro, decretou a prisão de Idálio Sardenberg em 15/04/1961, sendo ele recolhido ao Forte de Copacabana. Diante da repercussão de sua prisão, várias vozes se levantaram a seu favor, entre as quais as de alguns deputados e senadores.

Juscelino Kubitschek, o presidente da Petrobras Idálio Sardenberg e demais autoridade durante a inauguração da Refinaria Duque de Caxias em 1961
Ainda no ano de 1961, Idálio Sardenberg assumiu o comando da Artilharia Divisionária da 3ª Divisão do Exército, no Rio Grande do Sul.

Em 1964, passou ao comando da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro.

Promovido a general-de-divisão em março de 1966, foi diretor-geral de Ensino do Exército entre 1967 e 1968.

Em 1967 assumiu a função de presidente da Comissão Brasil-Estados Unidos, no Rio de Janeiro, e, em novembro, foi promovido a general-de-exército.

Nomeado em setembro de 1971 para a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), em substituição ao almirante Murilo do Vale e Silva, permaneceu no cargo até maio do ano seguinte, quando foi transferido para a reserva remunerada, passando a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) ao general Artur Candal Fonseca.

Em 1976 foi escolhido diretor-presidente da Delfim Crédito Imobiliário, cargo que ainda ocupava no início de 1983, quando a empresa sofreu intervenção do Banco Central.

Ao longo de sua carreira militar foi instrutor da Escola de Estado-Maior do Exército, da Escola de Estado-Maior de Fort Leavenworth, nos Estados Unidos, onde fez o curso de Estado-Maior, chefe da 3ª seção do Estado-Maior da III Região Militar, chefe de divisão do gabinete do ministro do Exército, adjunto da 2ª seção e chefe de gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), diretor do Material de Engenharia do Exército e diretor de Ensino e de Formação do Exército.

Idálio Sardenberg faleceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 30/05/1987, aos 81 anos. Era casado com Ivone Faria Sardenberg, com quem teve um filho.