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Madre Paulina

AMÁBILE LÚCIA VISINTAINER
(76 anos)
Religiosa e Santa

☼ Vigolo Vattaro, Itália (16/12/1865)
┼ São Paulo, SP (09/07/1942)

Amábile Lúcia Visintainer foi uma religiosa ítalo-brasileira, nascida em Vigolo Vattaro, região de Trento, que fica ao norte da Itália, no dia 16/12/1865. Foi canonizada em 19/05/2002 pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de Santa Paulina.

Foi a segunda filha de Napoleone Visintainer (Wiesenteiner) e Anna Pianezzer. Nasceu numa família de poucas posses mas cristãos muito fervorosos que, em 1875, por conta da grave crise econômica e pestes contagiosas que assolavam a Itália, emigraram para o Brasil como muitos outros tiroleses italianos oriundos de Vigolo Vattaro, na região trentina do Tirol que fazia parte do Império Austríaco e depois, do Império Austro-Húngaro, sendo incorporada à Itália somente após a Primeira Guerra Mundial.

Em 1875 a família de Amábile chegou ao Brasil. Foram para o Estado de Santa Catarina, mais precisamente para a região de Nova Trento, onde vários trentinos já estavam morando. Eles foram se estabelecer num vilarejo recém fundado no meio da mata chamado Vigolo. Tudo era muito precário e pobre. As famílias procuravam manter-se unidas para sobreviverem, alimentando o sonho de um dia prosperarem.

Estátua de Madre Paulina - Nova Trento
No vilarejo de Vigolo, Amábile travou amizade com uma menina que a acompanharia por toda a vida: Virgínia Nicolodi. As duas já tinham uma fé sólida e esta afinidade as fez crescer ainda mais na amizade. As duas eram sempre vistas rezando na capelinha de madeira. Elas fizeram a primeira comunhão no mesmo dia. Nessa época, Amábile já tinha doze anos de idade.

O vilarejo de Vigolo crescia aos poucos. Por isso, o padre responsável pela região, chamado Servanzi, iniciou um trabalho pastoral ali. Logo ele percebeu o espírito comprometido e sábio da adolescente Amábile e incumbiu-a de lecionar o catecismo às crianças, além da ajuda aos doentes e de manter limpa a capelinha do vilarejo, que era dedicada a São Jorge. Esta incumbência certamente ajudou a amadurecer a vocação religiosa no coração de Amábile.

Amábile assumiu a missão de corpo e alma, levando sempre consigo a amiga Virgínia Nicolodi. As duas dedicavam-se totalmente à caridade para com os mais pobres, ajudando aos doentes, conseguindo mantimentos para os necessitados, ajudando aos doentes, idosos, crianças, enfim, a todos que precisassem. Amábile e Virgínia começaram a ser reconhecidas por todo o povo italiano que vivia naquela região distante e abandonada do Brasil.

Santuário Madre Paulina - Santa Catarina
Em 1888, Amábile teve o primeiro de três sonhos com a Virgem Maria. Nesses sonhos, Nossa Senhora disse a Amábile:
"Amábile, é meu ardente desejo que comeces uma obra: Trabalharás pela salvação de minhas filhas!"
Amábile respondeu:
"Mas como fazer isso minha Mãe? Não tenho meios, sou tão miserável, ignorante…"
Quando acordou após o terceiro sonho, Amábile assim respondeu em oração:
"Servir-vos Minha querida Mãe… sou uma pobre criatura, mas para satisfazer o vosso desejo, prometo me esforçar o máximo que eu puder!"
Casa onde Santa Paulina cuidou de doentes
Amábile pediu e seu pai a ajudou a construir uma casinha de madeira, num terreno perto da capela, doado por um barão. O casebre se transformaria num pequeno hospital onde Amábile e Virgínia dedicaram-se arduamente ao cuidado dos doentes, mas, também, ao cuidado e à instrução das crianças. As duas nem sabiam, mas ali estava nascendo a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

A primeira pessoa doente que Amábile e Virgínia receberam no pequeno hospital, foi uma mulher que tinha câncer, em estado terminal. A pobre não tinha ninguém que pudesse cuidar dela. Assim, as duas assumiram a mulher no casebre. Era dia 12/07/1890. Mais tarde, Amábile e Virgínia consideraram essa data como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Obra iniciou no dia em que as duas amigas começaram a atuar como enfermeiras.

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição foi a primeira congregação feminina fundada no Brasil. Pela santidade e necessidade dessa Obra, ela foi aprovada rapidamente pelo bispo de Curitiba, em agosto de 1895.

Quatro meses após a aprovação eclesiástica, Amábile, Virgínia e outra jovem chamada Teresa Maule, fizeram os votos religiosos na Congregação. Na ocasião, Amábile adotou o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Além disso, ela foi nomeada superiora da pequena congregação. Por isso, passou a ser chamada de Madre Paulina.

A santidade, a caridade e a prática apostólica de Madre Paulina e suas co-irmãs fizeram por atrair muitas outras jovens. Apesar da pobreza e das imensas dificuldades em que as irmãzinhas viviam, o exemplo que elas davam arrastavam. Por isso, muitas jovens ingressaram na Congregação. Elas continuaram a cuidar dos doentes, da paróquia, das crianças órfãs e dos pobres. Além disso, começaram uma pequena indústria da seda para terem como sobreviver e manter as obras de caridade.

Convite Para Se Instalar Em São Paulo

Em 1903, apenas oito anos após a aprovação eclesiástica, o reconhecimento da Congregação já era notório no Brasil por causa da santidade de vida das Irmãzinhas e do trabalho extremamente necessário que realizavam. Por isso, nesse ano, Madre Paulina foi chamada para estender sua obra a São Paulo. Ela viu no convite um chamado de Deus e aceitou o desafio.

Em 1903, Madre Paulina e algumas irmãs chegaram a São Paulo. Lá, foram morar no bairro Ipiranga, ao lado de uma capela. Logo ela iniciou uma obra importante: A obra da Sagrada Família, que tinha como objetivo abrigar ex-escravos e suas famílias após a abolição da escravatura, que tinha acontecido em 1888. Essas famílias viviam em péssimas condições e a obra de Madre Paulina deu a elas um pouco de dignidade.

Algum tempo depois, a obra cresceu em número de irmãs e em ações sociais. Nesse ínterim, Madre Paulina passou a ser perseguida e caluniada por uma rica senhora, chamada Ana Brotero. Esta, ajudava nas obras.

A perseguição foi tanta que, em 1909 o bispo Dom Duarte destituiu Madre Paulina do cargo de superiora da congregação e a exilou em Bragança Paulista, SP. Madre Paulina, num exemplo de obediência, acatou a ordem do bispo, mesmo que em lágrimas de dor. Na ocasião, ela disse:
"Meu  único desejo é que a obra da Congregação continue para que Jesus Cristo seja conhecido e amado por todos!"
No exílio, Madre Paulina sujeitou-se aos trabalhos mais humildes e pesados, sem murmurar nem reclamar, mas entregando tudo ao Senhor.

Nove anos depois do chamado exílio, Madre Paulina foi chamada pelo mesmo bispo de volta à casa geral da Congregação em São Paulo. Suas virtudes de humildade e obediência foram reconhecidas, depois dessa prova de fogo. Por isso, ela foi chamada para viver entre as novas irmãs e servir de exemplo e testemunho cristão para todas. Nesse tempo, destacou-se seu espírito de oração e a grande caridade que tinha para com todas as irmãs, especialmente as doentes.

Em 18/10/1991 foi beatificada pelo Papa João Paulo II por ocasião da sua visita a Florianópolis, SC. Foi por fim canonizada em 19/05/2002 pelo mesmo Papa, recebendo oficialmente o nome de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus é considerada a primeira santa brasileira, mesmo não tendo nascida no Brasil.

Oração a Santa Madre Paulina
"Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.
(Pedir a graça desejada)
Santa Paulina, intercede por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém!"
Pai-Nosso - Ave Maria - Glória

Morte

A partir de 1938, Madre Paulina iniciou um período de grandes sofrimentos físicos. Por causa do diabetes, seu braço direito teve que ser amputado. Depois disso, ficou cega. Foram quatro anos de sofrimentos físicos e de testemunho de fé. Ela permaneceu firme, louvando ao senhor por tudo e sendo cada vez mais amada e admirada pelas irmãzinhas.

Por fim, após quatro anos de dor, no dia 09/07/1942, aos 76 anos de idade, ela entregou sua alma a Deus, Em São Paulo, SP, na casa geral da congregação fundada por ela.

#FamososQuePartiram #MadrePaulina #SantaPaulina

Epitácio Pessoa

EPITÁCIO LINDOLFO DA SILVA PESSOA
(76 anos)
Jurista, Político e Presidente do Brasil

* Umbuzeiro, PB (23/05/1865)
+ Petrópolis, RJ (13/02/1942)

Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa foi um político e jurista brasileiro, presidente da república entre 1919 e 1922. O período de governo foi marcado por revoltas militares que acabariam na Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao governo central.

Foi ainda deputado federal em duas oportunidades, ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, procurador-geral da República, senador três vezes, chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes e juiz da então Corte Internacional de Haia.

Epitácio Pessoa nasceu na Paraíba, os pais morreram de varíola quando tinha sete anos de idade. Foi educado pelo tio, Henrique de Lucena, então governador de Pernambuco. Formou-se advogado.

Ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Tornou-se professor de Direito e seguiu para o Rio de Janeiro. Outra destacada figura da família foi João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, seu sobrinho.

Encontrou-se com o marechal Deodoro da Fonseca, que lhe foi apresentado por José Pessoa, seu irmão mais velho. Proclamada a República, foi convidado pelo governador Venâncio Neiva para ser secretário-geral do primeiro governo republicano da Paraíba. Foi deputado no Congresso Constituinte de 1890 a 1891, quando destacou-se, e aos 25 anos revelou-se jurista consumado.

De sua atuação na Assembleia Nacional Constituinte, destaca-se o discurso que pronunciou sobre a responsabilidade política do presidente da República.

Em 1894, resolveu abandonar a política, por discordar do presidente Floriano Peixoto. Foi para a Europa e casou-se com Maria da Conceição de Manso Saião.

Depois foi ministro da Justiça no Governo Campos Sales, quando convidou Clóvis Beviláqua, seu colega como professor da Faculdade de Direito do Recife, para elaborar o projeto de Código Civil, que veio a ser sancionado em 1916, e exerceu simultaneamente o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e procurador-geral da República de 1902 a 1905.

Levi Carneiro, no "Livro de um Advogado", assinala que Epitácio Pessoa nunca foi voto vencido nos processos em que foi relator. Em 1912, elegeu-se senador pela Paraíba. Depois foi para a Europa e lá viveu até 1914. Retornou ao Brasil nesse ano e, logo após a morte de Pinheiro Machado, destacou-se no Congresso ao assumir o cargo de relator da Comissão de Verificação de Poderes.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, chefiou a delegação do Brasil na Conferência de Paz de Versalhes, em 1919. Ruy Barbosa, indicado chefe da delegação, renunciou, sendo substituído por Epitácio Pessoa.

A delegação brasileira, apoiada pelos Estados Unidos, obteve bons resultados quanto aos problemas que mais de perto interessavam ao Brasil: a venda do café brasileiro armazenado em portos europeus e os 70 navios alemães apreendidos pelo Brasil durante a guerra.

A Eleição de 1919

Epitácio Pessoa disputou a sucessão de Delfim Moreira, vice-presidente da república que assumiu a presidência devido ao falecido presidente eleito Rodrigues Alves. Foi indicado candidato a presidente quando representava o Brasil na Conferência de Versalhes.

Nas eleições de 13/04/1919, Epitácio Pessoa teve 286.373 votos contra 116.414 votos dados ao já septuagenário Ruy Barbosa, vencendo as eleições sem nem ter saído da França. Retornou ao Brasil em 21/06/1919.

A eleição de Epitácio Pessoa ocorreu quando ele estava na França, caso único na história da República brasileira. Sua eleição também foi a única na República Velha que não ocorreu na data oficial das eleições presidenciais: 01 de março.

Sua candidatura foi apoiada por Minas Gerais. Sua vitória foi marcada por simbolismos, pois um presidente paraibano representava uma primeira derrota da política do Café-Com-Leite, tendo apenas o marechal Hermes da Fonseca sido uma solitária exceção uma década antes. Contudo, ainda assim ele representava a escolha das oligarquias paulista e mineira.

A outra versão para sua eleição porém: a versão de que São Paulo e Minas Gerais decidiram, depois da morte de Rodrigues Alves, escolher um tertius, alguém que não fosse nem de São Paulo nem de Minas Gerais. Em seguida, para a eleição seguinte de Arthur Bernardes voltou-se ao rodízio de São Paulo com Minas Gerais.

O Governo

Com o fim da guerra, a Europa reabilitou suas indústrias. Sucederam-se greves operárias e o empresariado e os cafeicultores tentavam impôr suas reivindicações. Epitácio Pessoa buscou implantar uma política de poucos gastos. Contudo, vieram as pressões dos estados. Novo empréstimo, de 9 milhões de libras, financiou a retenção de café verde nos portos brasileiros. Outro empréstimo foi conseguido com os Estados Unidos para a eletrificação da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Epitácio Pessoa não escapou da política dos governadores, pela qual o Governo Federal deveria intervir a favor dos grupos situacionistas estaduais em troca de apoio no Congresso. Enfrentou um dos períodos políticos mais conturbados da Primeira República, com a Revolta do Forte de Copacabana, no dia 05/07/1922, a crise das cartas falsas e a Revolta do Clube Militar. Seu processo sucessório transcorreu dentro de um clima altamente agitado nas Forças Armadas. Entre os tenentes e subalternos havia um clima de oposição por reformas políticas profundas, o Tenentismo.

Epitácio Pessoa levou a cabo algumas obras contra a seca no Nordeste. Foram construídos duzentos e cinco açudes, duzentos e vinte poços e quinhentos quilômetros de vias férreas locais. Isso, no entanto, não bastou para satisfazer a insustentável situação de penúria da população local.

Cuidou também da economia cafeeira, conseguindo manter em nível compensador os preços do principal produto de exportação brasileiro à época. No início de seu governo, compreendendo que a prosperidade decorrente dos negócios efetuados durante a guerra tinha bases acidentais e transitórias, empreendeu uma severa política financeira, chegando mesmo a vetar leis de aumento de soldo às Forças Armadas.

Epitácio Pessoa nomeou, para as pastas militares, dois políticos civis, Pandiá Calógeras e Raul Soares, revigorando, assim, a tradição monárquica. Autoritário e enérgico, com a "Lei de Repressão do Anarquismo", de 17/01/1921, pretendeu limitar a atuação da oposição. Seu governo, consoante avaliação de Souto Maior, "foi ao mesmo tempo laborioso, esforçado e difícil".


Seu governo foi marcado por intensa agitação política. No campo artístico, destacou-se a Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo, que buscava instituir novo modo de fazer arte no Brasil. Pretendiam fugir das concepções puramente europeias e criar um movimento tipicamente nacional. O radicalismo da fase inicial do movimento chocou inúmeros setores conservadores, que se viram ridicularizados pelos novos artistas. Lideravam o movimento: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, entre outros.

No governo de Epitácio Pessoa, as comemorações do Centenário de Independência foram marcadas pela realização de uma grande Exposição Internacional, visitando nessa ocasião o Brasil o presidente da república portuguesa, Antônio José de Almeida. Pouco antes, havia sido recebido o rei dos belgas, Alberto I. Em relação à família imperial brasileira, teve Epitácio Pessoa um gesto simpático, revogando a lei de banimento.

Com relação aos esportes e questões raciais, Epitácio Pessoa vetou a participação de futebolistas negros na Seleção Brasileira de Futebol que iria disputar o Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1921.

No campo político, válido é assinalar a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1922. Trouxe grande repercussão o novo partido, já que deu nova orientação e organização ao movimento operário. Os trabalhadores, influenciados pelos ideais da Revolução Russa de 1917, abandonaram progressivamente o anarquismo em favor ao socialismo. As oligarquias, naturalmente, não viam com bons olhos a organização proletária, buscando dificultar ao máximo sua atuação.

O final de sua administração foi muito conturbado. A campanha do futuro presidente Arthur Bernardes foi desenvolvida em meio a permanente ameaça revolucionária. Os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco não concordavam com a candidatura oficial de Arthur Bernardes e lançaram a candidatura de Nilo Peçanha, caracterizando uma segunda crise na política das oligarquias.

Crise das Cartas Falsas e as Eleições de 1922

Em 1921, o Correio da Manhã publicou cartas supostamente enviadas por Arthur Bernardes a Raul Soares, nas quais figuravam insultos às Forças Armadas e ao marechal Hermes da FonsecaArthur Bernardes contratou peritos e conseguiu provar que as cartas eram falsas.

Epitácio Pessoa desistiu de atuar na sua sucessão. Em uma eleição muito disputada, em 01/03/1922, Arthur Bernardes foi eleito presidente derrotando o candidato Nilo Peçanha e Urbano Santos da Costa Araújo eleito vice-presidente, o qual tendo falecido foi substituído por Estácio Coimbra. O Clube Militar e Borges de Medeiros pediram a criação de um tribunal de honra para legitimar os resultados eleitorais. O Congresso reconheceu a chapa eleita.

Os 18 do Forte

A 05/07/1922, uma revolta irrompeu no Forte de Copacabana, com a adesão do Forte do Vigia e dos alunos da Escola Militar. Foi o primeiro levante tenentista no Brasil. Visavam os revoltosos a derrubada do presidente e o impedimento da posse de Arthur Bernardes. A maior parte dos inúmeros oficiais que haviam acordado à revolta, no entanto, desistiu. Apenas dezessete oficiais optaram por manter a rebelião, obtendo o apoio de um civil Otávio Correia. Os dezoito amotinados, com um idealismo inacreditável, saíram pela praia de Copacabana em busca de seus objetivos, o que resultou no enfrentamento com o restante do exército. Foram metralhados. Dezesseis morreram e os outros dois, muito embora baleados, sobreviveram. Um dos sobreviventes foi Siqueira Campos, o outro Eduardo Gomes, que posteriormente tornou-se Brigadeiro e concorreu à presidência da República pela União Democrática Nacional (UDN).

A despeito de todos os incidentes políticos com as oligarquias, desde a Reação Republicana à Revolta de Copacabana, a candidatura oficial venceu, mas foi demonstrado o declínio da política oligárquica que vigorava no Brasil e que viria a acabar definitivamente em 1930, pela revolução comandada por Getúlio Vargas.

Fatos Marcantes da Presidência de Epitácio Pessoa

Seus principais atos como presidente foram:

  • Construção de mais de 200 açudes no nordeste (considerada a maior obra de seu governo);
  • Criação da Universidade do Rio de Janeiro - erradamente considerada pelos historiadores oficiais da época como a primeira do Brasil, embora a Universidade do Paraná tenha sido criada quase uma década antes, em 1912;
  • Comemoração do primeiro Centenário da Independência;
  • Inauguração da primeira estação de rádio do Brasil;
  • Substituição da libra pelo dólar, que passou a ser o padrão monetário brasileiro;
  • Construção de mais de 1000 km de ferrovias no sul do Brasil;
  • Nomeação de um civil - o historiador João Pandiá Calógeras - como Ministro da Guerra;
  • Vitória na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana;
  • Aboliu, em 1920, a lei que bania a Família Imperial do Brasil;
  • Realização de obras contra as secas no nordeste.

Após a Presidência

Ao deixar a presidência, foi eleito ministro da Corte Permanente de Justiça Internacional da Haia, mandato que exerceu até novembro de 1930. De 1924 até a Revolução de 1930, foi senador pelo estado da Paraíba. Apoiou a revolução, que tinha como um de seus mais importantes objetivos cumprir os ideais do 5 de Julho.

O assassinato de seu sobrinho João Pessoa causou-lhe forte abalo emocional. A partir daí, foi-se desligando das atividades públicas.

Em 1937, surgiram os primeiros sinais de que sua vida estava chegando ao fim. O Mal de Parkinson e os problemas cardíacos agravaram-se. Epitácio Pessoa ainda resistiu até 13/02/1942, quando morreu no Sítio Nova Betânia, perto de Petrópolis.

Em 23/05/1965, exatamente no centenário de nascimento do ex-presidente da República, seus restos mortais, junto com os da esposa, Mary Sayão Pessoa, foram solenemente inumados no "Museu e Cripta de Epitácio Pessoa", onde ainda hoje permanecem, recebendo a visitação pública.

Esse espaço fora então especialmente construído para tal fim no subsolo do Palácio da Justiça, no centro da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. Os despojos, anteriormente sepultados no Rio de Janeiro, haviam chegado à capital paraibana poucos dias antes, nesse mesmo mês de maio de 1965, trasladados em avião do Governo Federal, sendo as urnas provisoriamente abrigadas no complexo barroco formado pela Igreja de São Francisco e pelo Convento de Santo Antônio.

No dia exato do centenário de Epitácio Pessoa é que se viram transferidos para o Museu e Cripta. À chegada dos restos mortais, discursou oficialmente, em nome da Paraíba, o célebre tribuno paraibano Alcides Carneiro. Quando do traslado dos restos mortais, o governador paraibano era Pedro Moreno Gondim e, presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola.

O nome do único paraibano que chegou à presidência da República batiza ruas, avenidas, praças, represas, etc., Brasil afora. Em João Pessoa, a Av. Epitácio Pessoa é um dos mais importantes logradouro comercial e financeiro da cidade. Em sua homenagem, também é chamada a cidade de Presidente Epitácio, localizada no interior de São Paulo.

Academia Paraibana de Letras

Epitácio Pessoa é patrono da cadeira número 31 da Academia Paraibana de Letras, que teve o Padre Francisco Lima como fundador e como atual ocupante Ângela Bezerra de Castro.

Composição do Governo

Vice-presidentes:

  • Delfim Moreira da Costa Ribeiro
  • Francisco Álvaro Bueno de Paiva

Ministros:

  • Agricultura, Indústria e Comércio: Ildefonso Simões Lopes e José Pires do Rio (Interino)
  • Fazenda: Homero Batista
  • Guerra: Alfredo Pinto Vieira de Melo (Interino), João Pandiá Calógeras e João Pedro da Veiga Miranda (Interino)
  • Justiça e Negócios Interiores: Alfredo Pinto Vieira de Melo e Joaquim Ferreira Chaves (Interino)
  • Marinha: Raul Soares de Moura, Joaquim Ferreira Chaves e João Pedro da Veiga Miranda
  • Relações Exteriores: José Manuel de Azevedo Marques
  • Viação e Obras Públicas: José Pires do Rio

Fonte: Wikipédia

Eduardo Souto

EDUARDO SOUTO
(60 anos)
Compositor, Pianista e Maestro

* São Vicente, SP (14/04/1882)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/08/1942)

Eduardo Souto foi um pianista, compositor e maestro brasileiro. Dedicou-se a diversos gêneros, como a valsa, o tango e o samba. Compôs músicas românticas, como o tango "O Despertar da Montanha", "As Quatro Estações", as operetas "Paixão de Artista", "Os Milhões do Senhor Conde", "A Maçã", e outras. Compôs ainda o hino oficial do Botafogo, hino que foi ofuscado pela criação de Lamartine Babo.

Em 1919, compôs sua grande obra, o tango de salão "O Despertar da Montanha", peça típica dos saraus do início do século, que se tornou essencial no repertório pianístico brasileiro.

Em 1920, fundou a Casa Carlos Gomes, situada na Rua Gonçalves Dias, que além de lançar definitivamente o seu nome no meio artístico tornou-se ponto de encontro de grandes compositores da época. Imprimindo, inicialmente, obras quase que exclusivamente de sua autoria, a impressão da Casa Carlos Gomes passou posteriormente a abranger outros compositores de música de salão. Ainda em 1920, fez a programação musical e organizou as orquestras que tomaram parte da recepções ao Rei da Bélgica em sua visita ao Brasil.

Em 1921, fez sucesso no carnaval com a chula baiana "Pemberê", gravada pelo cantor Bahiano e pelo Grupo do Moringa na gravadora Odeon. No mesmo ano, Bahiano gravou de sua autoria o choro "Mesmo Assim", a canção carnavalesca "Eu Vou-me Embora" e os cateretês "No Rancho" e "Caboclo Magoado". Ainda no mesmo ano, o Grupo do Moringa gravou os choros "Mesmo Assim" e "Um Baile no Catumbi", o cateretê carnavalesco "Caboclo Magoado" e o cateretê "No Rancho". Em 1921, a Orquestra Passos gravou na Odeon o fox trot "Uma Festa no Japão", a valsa "Nuvens" e o tango "Do Sorriso da Mulheres Nascem as Flores". Vicente Celestino gravou as canções "Paixão de Artista""O Que os Teus Olhos Dizem" e o tango "Saudade". Eduardo Souto compôs em parceria com Norberto Bittencourt "Seu Delfim Tem Que Vortá", música em que faz referência ao presidente Delfim Moreira. No carnaval de 1921 fez sucesso com a marcha "Pois Não" (Eduardo Souto e João da Praia), gravada quase simultaneamente pelo Bahiano e pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

Contribuiu enormemente, através de sua produção, para o desenvolvimento e a fixação do gênero marcha. "Pois Não", além de ter sido pioneira das marchas carnavalescas, foi incluída em 1921 na revista "Gato, Baeta, Carapicu", de Cardoso de Meneses, Bento Moçurunga e Bernardino Vivas, que estreou no Teatro São José, apresentada pela atriz Otília Amorim e pelo ator Álvaro Fonseca à frente de um bloco. Também em 1921, fez a música para a revista "Fogo de Palha", de J. Brito apresentada no Teatro Recreio e cujo grande sucesso foi a "Canção do Pescador", apresentada por Francisco Pezzi. Fez também as música para a burleta "Paixão de Artista", de Soares Júnior e Tapajós Gomes apresentada no Teatro São Pedro, com Vicente Celestino interpretando suas composições.

Por volta de 1922, criou o Grupo Eduardo Souto e gravou na Odeon o maxixe carnavalesco "Não Sei o Que é" e o fox trot "O Carnaval", de sua autoria. No mesmo ano, apresentou-se com o paulista Cornélio Pires, pioneiro da música caipira, na Associação Brasileira de Imprensa, durante as festividades do Centenário da Independência. Ainda nesse mesmo ano, alcançou grande êxito com o cateretê "Eu Só Quero é Beliscar" gravado pelo cantor Bahiano na Odeon.

Em 1923, ao compor o samba à moda paulista "Tatu Subiu No Pau", procurou diversificar seu repertório com uma peça bem ao estilo de Marcelo Tupinambá. Criou então uma obra tipicamente caipira, baseada em motivos folclóricos e que apesar dessa característica apareceu com grande destaque no carnaval. Para tal sucesso contribuíram seus métodos de divulgação que incluíam a execução repetida das músicas nos pianos da Casa Carlos Gomes, com distribuição das letras aos transeuntes, e até a criação de um bloco que frequentava a Festa da Penha. Para fora do Rio de Janeiro, iam os discos de sua orquestra, gravados pela Casa Edison, da qual foi diretor artístico por vários anos. Ainda em 1923, criou a Orquestra Eduardo Souto com a qual gravou na Odeon as marchas carnavalescas "Goiabada", "Tatu Subiu No Pau" e "Só Teu Amor", o cateretê "Piracicaba", o maxixe "Meu Bem", o samba carnavalesco "Espanta Bode", a toada carnavalesca "Só Pra Machucar" e o cateretê carnavalesco "Nego Véio", todas de sua autoria. Ainda nesse mesmo ano, sua música "Tatu Subiu No Pau" deu nome a uma revista dos Irmãos Quintiliano apresentada no Teatro São José. Fez ainda as músicas para a revista "A Maçã", também dos Irmãos Quintiliano e apresentada no Teatro Recreio.

Em 1924, gravou com sua orquestra mais algumas composições de sua autoria, entre as quais, o tango "Sugestão De Um Sorriso", o cateretê "Poeta Do Sertão", a valsa lenta "Viver Dentro De Um Sonho" e o fox trot "Um Festival No Arraial". No mesmo ano, fez com o maestro Assis Pacheco as músicas para a revista "Off-Side", de J. Brito, apresentada no Teatro São José, sendo cantadas por Francisco Alves e Aracy Côrtes. Fez ainda as músicas para a revista "A Folia", dos Irmãos Quintiliano e apresentada no Teatro Lírico sobre a qual o crítico Mário Nunes escreveu:

"O sucesso da revista cabe, em grande parte, à partitura de Eduardo Souto, em que superabundam bonitos números, não havendo revista em que o folclore esteja tão bem representado nas suas melodias dolentes e harmoniosas toadas."


Em 1925, gravou com sua orquestra o fox trot "Não Sei Dizer", a marcha carnavalesca "Pai Adão" e os sambas "Tem Que Havê Combinação", "Se Me Dé De Comê" e "Quem Quiser Ver", de sua autoria. No mesmo ano, a dupla Bahiano e Januário gravou o cateretê carnavalesco "Iaiá-Ioiô", além de outras canções.

Em 1926, Zaíra de Oliveira gravou suas canções "Cantiga""A Margura" e o fado tango "Guitarrada". No mesmo ano, a mesma Zaíra de Oliveira gravou em dueto com Bahiano o cateretê carnavalesco "Eu Só Quero É Conhecer" e a marcha "Quando Me Lembro", parceria com João da Praia. Também no mesmo ano, o cantor Del Nigri registrou na Odeon suas canções "A Despedida" (Eduardo Souto e Bastos Tigre), "O Sabiá" (Eduardo Souto e Goulart de Andrade), "Nunca Mais" (Eduardo Souto e Heitor Modesto) e "Romantismo" (Eduardo Souto e Zito Batista). Escreveu em parceria com o maestro Antônio Lago a música para a revista "Zig Zag", de Bastos Tigre. Fez também as músicas para a revista "Dentro Do Brinquedo", de Carlos Bittencourt, apresentada no Teatro São José.

Em 1927 fez com Bento Moçurunga as músicas para a revista "Boas Falas", de Bastos Tigre.

Em 1929, lançou duas marchinhas sobre o presidente Washington Luís, "É Sim Senhor" e "Seu Doutor", ambas gravadas por Francisco Alves na Odeon.

Em 1930, compôs com Osvaldo Santiago o "Hino a João Pessoa", homenagem ao político paraibano assassinado naquele ano. O hino foi gravado ainda em 1930 por Francisco Alves e em seguida, pela Banda do Regimento Naval. Este hino obteve enorme sucesso porque a Revolução que aconteceu naquele momento levou ao poder partidários de João Pessoa, que foi elevado à condição de mártir do movimento. O disco gravado por Francisco Alves foi lançado em pleno período de euforia dos vitoriosos e vendeu milhares de cópias, tornando-se o grande sucesso do ano.

Em 1931, teve o tango canção "O Despertar Da Montanha" e a barcarola "Praias De Nossa Terra" gravada na Odeon pela Orquestra Colonial. No mesmo ano, sua marcha "Verbo Ser" foi gravada por Francisco Alves e Norma Bruno e seu samba "Tem Moamba", pela Orquestra Copacabana, ambas na Odeon. A Orquestra Copacabana gravou a valsa "Viver... Morrer... Por Um Amor" (Eduardo Souto e Osvaldo Santiago). Compôs ainda com João de Barro a marcha "Batucada", um de seus últimos sucessos, gravada por Mário Reis. No mesmo período, o cantor Jorge Fernandes gravou a canção "Vestido Encarnado" (Eduardo SoutoJoão de Barro) e a valsa "Viver" (Eduardo Souto e Eugênio Fonseca Filho). Participou do elenco do Teatro Cassino Beira-Mar no Rio de Janeiro, juntamente com Ary Barroso, Bando de Tangarás, Elisa Coelho, Carolina Cardoso de Menezes, Luperce Miranda e Artur Nascimento, quando então se realizou o Festival Parlophon.

Eduardo Souto foi o idealizador do Coral Brasileiro, integrado por famosos cantores como Bidu Sayão, Zaíra de Oliveira, Nascimento Silva e outros. Orquestrador de música sinfônica, realizou concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi também diretor artístico da Odeon e da Parlophon.

Em 1932, conheceu seu último grande sucesso, a marcha rancho "Gegê" (Eduardo Souto e Getúlio Marinho), gravada por Jaime Vogeler na Odeon em novembro do ano anterior. No mesmo ano, Jaime Vogeler gravou o cateretê "Lá No Sertão" (Eduardo Souto e Eustórgio Wanderley) e a reza de malandro "Samba Nosso" (Eduardo Souto, Benoit CertaineFrancisco Alves), as canções "A Saudade" e "A Despedida", ambas parcerias com Bastos Tigre. Teve ainda as marchas "Anatomia" e "Aborrecimentos", parcerias com José Evangelista, gravadas por Castro Barbosa e Jonjoca.

A partir de 1932, com surgimento de uma nova geração de compositores, o nome de Eduardo Souto caiu no esquecimento.

Em 1933, teve o samba "Mandei Buscar", gravado por Leonel Faria, a marcha rancho "Amor, Meu Grande Amor" (Eduardo Souto e Luiz Martins), gravada por João Petra de Barros, as marchas "Modos De Mamar" por Jaime Vogeler e "Terapêutica", por Vitório Lattari.

Em 1953, sua toada-canção "Do Sorriso Das Mulheres Nasceram As Flores", foi regravada em interpretação de cítara Avena de Castro em disco Copacabana.

Em 1958, seu filho, o pianista Nelson Souto, gravou o LP "Nelson Souto Interpreta Eduardo Souto", com músicas suas. Pouco depois, a Sinter lançou o LP "Eduardo Souto Na Interpretação de Mário de Azevedo".

Eduardo Souto Neto, filho de Nelson Souto, passou a se destacar como compositor, pianista e arranjador, a partir de 1970.

Discografia

  • 1959 - Eduardo Souto Na Interpretação de Mário de Azevedo (Sinter, LP)
  • 1958 - Nelson Souto Interpreta Eduardo Souto (Festa, LP)
  • 1925 - Não Sei Dizer (Odeon, 78)
  • 1925 - Iaiá Ioiô (Odeon, 78)
  • 1925 - Pai Adão (Odeon, 78)
  • 1925 - Fais Chorá (Odeon, 78)
  • 1925 - Tem Que Havê Combinação (Odeon, 78)
  • 1925 - Se Me Dé De Comê (Odeon, 78)
  • 1925 - Quem Quiser Ver (Odeon, 78)
  • 1925 - Parati Dançante (Odeon, 78)
  • 1924 - Sonho Oriental (Odeon, 78)
  • 1924 - Jeriquitim (Odeon, 78)
  • 1924 - Sugestão De Um Sorriso (Odeon, 78)
  • 1924 - Viver Dentro De Um Sonho (Odeon, 78)
  • 1924 - Poeta Do Sertão (Odeon, 78)
  • 1924 - Malditos Olhos (Odeon, 78)
  • 1924 - Um Festival No Arraial (Odeon, 78)
  • 1924 - Marulhos (Odeon, 78)
  • 1924 - Mister Câmbio (Odeon, 78)
  • 1924 - Guanabara (Odeon, 78)
  • 1924 - Viradinho (Odeon, 78)
  • 1924 - Monta No Trouxa (Odeon, 78)
  • 1923 - Goiabada (Odeon, 78)
  • 1923 - Tatu Subiu No Pau (Odeon, 78)
  • 1923 - Só Teu Amor (Odeon, 78)
  • 1923 - Piracicaba (Odeon, 78)
  • 1923 - Meu Bem (Odeon, 78)
  • 1923 - Espanta Bode (Odeon, 78)
  • 1923 - Só Pra Machucar (Odeon, 78)
  • 1923 - Nego Véio (Odeon, 78)
  • 1923 - Eu Só Quero Ver (Odeon, 78)
  • 1923 - Não Olhe Assim (Odeon, 78)
  • 1923 - Viola Do Jangadeiro (Odeon, 78)
  • 1922 - Não Sei O Que É (Odeon, 78)
  • 1922 - O Carnaval (Odeon, 78)
  • 1023 - Deu O Fora (Odeon, 78)


Pai João de Camargo

JOÃO DE CAMARGO
(84 anos)
Religioso, Médium, Curandeiro, Santo Popular, Milagreiro e Preto Velho

* Sarapuí, SP (16/05/1858)
+ Sorocaba, SP (18/09/1942)

Pai João de Camargo foi um médium, curandeiro, religioso, também considerado santo popular, milagreiro e preto-velho. Era também conhecido como médico dos pobres.

Nhô João, nasceu no dia 16 de maio de 1858, na fazenda dos Camargo Barros, bairro dos Cocaes em Sarapuí, SP. Era filho de Francisca, escrava de Luís de Camargo Barros e de pai incógnito, batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores de Sarapuí.

Como escravo cresceu na fazenda em que nascera, herdou o sobrenome da família Camargo Barros, analfabeto não teve acesso à educação institucional, veio para Sorocaba, SP, logo após a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888.

Trabalhou em Sorocaba como cozinheiro para Manuel Lopes Monteiro, e também para a família de Inácio Pereira da Rocha. Em 1893, alistou-se como soldado voluntário, no batalhão dos Voluntários Paulistas, deu baixa em sua carreira militar em 1895, quando a Revolução Federalista terminou. Passou a trabalhar na lavoura em Pilar do Sul, lugar onde conheceu Escolástica do Espírito Santo, sua esposa.

Voltou para Sorocaba em meados de 1890, época em que Sorocaba fora atacada pela epidemia de febre amarela o que fez o casal abandonar a cidade e mudar-se para o Bairro da Ilha, em Salto de Pirapora, SP. Após cerca de cinco anos de convivência matrimonial vieram a separar-se por incompatibilidade. João de Camargo retornou à Sorocaba para recomeçar a vida, trabalhou em vários empregos para sobreviver desde o campo trabalhando na lavoura a olarias fazendo tijolos e telhas.

Recebeu influência na prática de curandeirismo e na religiosidade africana através de sua mãe, Nhá Chica, de sua sinhazinha, Ana Teresa de Camargo a iniciação ao catolicismo e do padre João Soares do Amaral os ensinamentos através de seus sermões, pois o conhecera ainda quando era adolescente e lhe tinha grande admiração. Sua religiosidade sincrética formou-se a partir do catolicismo popular, participando nas festas em devoção aos santos católicos a que se homenageavam na Casa Grande nos dias sagrados, bem como do aprendizado que adquirira com sua mãe.

Desde 1897 iniciara-se no caminho do misticismo, acendia velas, rezava ao pé da cruz e já praticava a cura em algumas pessoas. Em 1905 seguindo seu percurso pela Estrada da Água Vermelha, cumpria a sua obrigação junto a Cruz do Menino Alfredinho, em casa meditando por volta da meia-noite, percebeu que fenômenos estranhos como murmúrios, luzes, ventos entre outros sinais ocorriam a ele, fazendo-o muitas vezes a ser tomado como louco. Entre as vozes que ouvia, a mensagem para que parasse de beber era clara, uma vez que, segundo a voz que lhe falava o álcool o impedia de receber a missão designada, além de lhe estragar o corpo.

Em 1913 foi processado judicialmente acusado de praticar o curandeirismo. Absolvido e para se proteger de perseguições criou em sua Capela a Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921.

Em 1915, fundou a Corporação Musical São Luís, composta por vinte e oito músicos, sendo muitos deles os que animavam os cordões carnavalescos da cidade, visto que apresentavam-se em festas religiosas e profanas. Seus maestros foram Francisco Dimas de Melo, Salvador Elisário, Pancrácio Inocêncio de Campos, e Avelino Soares.

Sua fama percorreu o mundo, foram-lhe dedicadas poesias, composições musicais e desenhos. João de Camargo foi tema de várias dissertações de mestrado, biografado por inúmeros escritores, pesquisadores e historiadores entre eles Antônio Francisco Gaspar, Florestan Fernandes, Genésio Machado, Roger Bastide, José Barbosa Prado, Aluísio de Almeida, Paulo Tortello, Rogich Vieira, Prof. Bene Cleto, Alcir Guedes e Antônio Carlos Guerra da Cunha.

Também sobre João de Camargo o jornalista Plínio Cavalcante publicou reportagem na revista semanal "O Malho", Rio de Janeiro em 1934 e na Europa o "Corriere Dela Sera" publicou reportagem em 1922. Em 1995 foi publicada sua biografia e um espetáculo teatral cujos autores, Sônia Castro e Fernando Antonio Lomardo tinham como intenção principal investigar O Homem - João de Camargo.

Em 1999 os pesquisadores Carlos de Campos e Adolfo Frioli publicaram o livro "João de Camargo - O Nascimento de Uma Religião de Sorocaba", sendo o tema principal "o preto velho e bom da Água Vermelha" uma vez que, Nhô João foi uma referência de fé popular nesta cidade. No mesmo ano de 1999, o pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro também dedicou-lhe algumas páginas de seu trabalho sobre o "Folclore em Sorocaba - Milagres de Nhô João de Camargo".

Pai João de Camargo faleceu no dia 18 de setembro de 1942 na cidade de Sorocaba, SP. Após sua morte a Capela Bom Jesus do Bonfim ficou fechada durante cinco anos por questões judiciais, Escolástica do Espírito Santo Maduro, sua ex- mulher apareceu requerendo sua parte no espólio.

O túmulo de João de Camargo é uma réplica da Capela Bom Jesus do Bonfim, levantada sob responsabilidade de um de seus devotos, João Massa em 1948. Seu túmulo é visitado por um número incontável de devotos e simpatizantes, principalmente no dia 02 de novembro, Finados.

Sobre sua vida, foram escritas inúmeras biografias por famosos escritores brasileiros. Em 2003, foi homenageado no enredo da escola de samba paulistana Império de Casa Verde. O desfile contou com a participação do ator Paulo Betti, que é devoto de Nhô João e produziu o filme "Cafundó", sobre sua vida.


Cafundó

"Cafundó" é inspirado em um personagem real saído das senzalas do século XIX. Um tropeiro, ex-escravo, deslumbrado com o mundo em transformação e desesperado para viver nele.

Este choque leva-o ao fundo do poço. Derrotado, ele se abandona nos braços da inspiração, alucina-se, ilumina-se, é capaz de ver Deus. Uma visão em que se misturam a magia de suas raízes negras com a glória da civilização judaico-cristã.

Sua missão é ajudar o próximo. Ele se crê capaz de curar, e acaba curando. O triunfo da loucura da fé.

Sua morte, nos anos 40, transforma-o numa das lendas que formou a alma brasileira e, até hoje, nas lojas de produtos religiosos, encontramos sua imagem, O Preto Velho João de Camargo.

"Cafundó", na linguagem popular, é um lugar de difícil acesso, situado longe de centros povoados. A origem do nome é indígena e "caa" significa mato em tupi. Por extensão, o termo passou a designar locais para os quais fugiam índios e negros escravos.


Principais Prêmios e Indicações

Festival de Gramado 2005:
  • Venceu nas categorias de Melhor Ator (Lázaro Ramos), Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia.
  • Ganhou o Prêmio Especial do Júri na categoria de Melhor Longa Metragem em 35mm Brasileiro.
  • Indicado na categoria de Melhor Filme.

Los Angeles Pan African Film Festival 2006:
  • Recebeu Menção Honrosa.


Elenco
  • Lázaro Ramos ... João de Camargo
  • Leona Cavalli ... Rosário
  • Leandro Firmino ... Cirino
  • Alexandre Rodrigues ... Natalino (Adulto)
  • Ernani Moraes ... Coronel João Justino
  • Luís Melo ... Monsenhor João Soares
  • Renato Consorte ... Ministro
  • Francisco Cuoco ... Bispo
  • Abrahão Farc ... Juiz


Lindolfo Collor

LINDOLFO LEOPOLDO BOECKEL COLLOR
(52 anos)
Jornalista e Político

* São Leopoldo, RS (04/02/1890)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/09/1942)

Foi um jornalista e político brasileiro. O neto, Fernando Collor de Mello, foi presidente do Brasil de 1990 a 1992.

Filho de João Boeckel e Leopoldina Schreiner, luteranos, descendentes dos primeiros imigrantes alemães que aportaram ao Brasil no começo do século passado.

Infância e Juventude

Tinha poucos anos quando perdeu o pai. Sua mãe mudou-se então com os três filhos Alcides, Elvira e Lindolfo, para São Gabriel da Estrela, onde tornou a casar-se, pouco depois, com um alemão nato, que havia sido dono da linha de navegação do Rio Caí, João Antônio Collor. Dessa união não nasceram filhos, mas o padrasto criou grande afeição pelo menino, a quem se empenhou em dar a melhor educação que pode. Como penhor de gratidão e de afeto, desde jovem Lindolfo acrescentou o sobrenome do padrasto ao do pai.

Frequentou a escola pública primária da Barra do Ribeiro, alguns anos mais tarde, já casada sua irmã Elvira e residindo em Porto Alegre, teve ele possibilidades de transferir-se para a capital, onde tirou os preparatórios provavelmente como aluno do professor Emílio Meyer.

Em 1906, aos 15 anos, é confirmado pelo bispo da Igreja Episcopal do Brasil em Porto Alegre. Em março desse ano havia ingressado no seminário dessa mesma igreja na cidade do Rio Grande, onde permaneceu até o ano seguinte, 1907. Nessa época publica seus primeiros livros de versos e paralelamente colabora com artigos e poesias de inspiração apostólica no semanário O Estandarte Cristão. Torna-se membro militante da Legião da Cruz, o que o faz iniciar a pregação do evangelho na cadeia pública da cidade do Rio Grande e acompanhar o reverendo Américo Vespúcio Cabral, pároco da Igreja da Trindade em Porto Alegre, em viagens missionárias.

Em 1907 trabalha numa escola dominical da Igreja da Trindade, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, e ensina português na Associação Cristã de Moços. Dirige uma classe de ensinos bíblicos na Igreja da Trindade e se torna membro da direção de um boletim mensal da mesma Igreja.

Deixando o Seminário Episcopal, Lindolfo Collor forma-se em Farmácia, profissão muito procurada àquela época por rapazes de poucos recursos. Sendo essa, entretanto, uma atividade muito diversa da sua vocação. nunca a exerceu, mas transferiu-se, pouco depois, para Bagé, onde trabalhou durante um ano no jornal O Dever, de Adolfo Dupont.

Em 1907 e 1909 publicou seus primeiros livros, todos de versos: Bosque Heleno, Orquestração de Luz, Caminho de Flores e Poema dos Matizes, dedicado este último ao poeta gaúcho Zeferino Brasil, com as seguintes palavras: "A Zeferino Brasil, Mestre e Amigo, esta pedra fundamental do meu edifício literário".

Carreira na Capital da República

Em 1911, aos 21 anos, seguiu para a capital da República levando apenas uma carta de recomendação para João Lage, proprietário de jornal O Paiz. O início de sua carreira jornalística no Rio de Janeiro está relatado no artigo que em 1942, na semana seguinte ao seu falecimento, escreveu João Luso:

"Não havendo vaga na redação de O Paiz trabalhou como colaborador do jornal, onde publicou entrevistas sobre teatro nacional com autores, críticos, jornalistas e homens de letras. Abria a série uma entrevista com Coelho Neto de quem se fez grande amigo e cuja casa passou a frequentar nos saraus semanais em que o poeta reunia as estrelas literárias do tempo".

Pouco depois entrava Lindolfo Collor, pela mão de João Luso, para a edição da tarde do Jornal do Comércio, ao tempo uma das folhas de mais difícil acesso no Rio de Janeiro. Começou então a escrever sobre o assunto de sua predileção, a política, em folhetim semanal por ele lançado, O Meu Sábado. A esse propósito escreveu João Luso:

"Logo na primeira crônica se definiu o seu feitio de combatente. Precisava de batalhar, por isto ou contra aquilo, mas, coisa rara naquela idade, não se inflamava, não se excedia nos conceitos, não se desmandava no estilo. Esta foi sempre, de fato, uma das suas características mais constantes como escritor, como político, como homem privado: o equilíbrio, o espírito de justiça, a sinceridade de atitudes, o cuidadoso manejo das palavras".

Em 1913, paralelamente a estas atividades jornalísticas, entrou Lindolfo Collor para o quadro de funcionários do Jardim Botânico e exerceu funções no gabinete do Ministro da Agricultura. Logo que se transferiu para o Rio de Janeiro, Lindolfo Collor morou algum tempo em Niterói, mas em seguida fixou-se no então Distrito Federal em casa de um casal espanhol, Tomasa e Gregório Landeira, pertencente este ao corpo de funcionários da companhia de seguros Sul América, com sede em Madri. O casal Landeira privava da amizade de uma compatriota, Maria Eugênia Sanchez Dias, casada com o jornalista Luiz Bartolomeu de Souza e Silva e mãe de uma moça que aos Landeira parecia ser a esposa ideal para Lindolfo, pela beleza e fina educação que possuía. Insistia Dona Tomasa em convidar seu hóspede para juntos visitarem a família Bartolomeu de Souza e Silva, quando, um belo dia, ouviu dele uma resposta inesperada: "Eu hoje vi a moça com que desejaria casar-me".

Lindolfo Collor não soube responder de quem se tratava. Havia visto na rua uma linda jovem, que acompanhou de longe para saber onde morava. Com espanto e alegria constatou Dona Tomasa Landeira ser exatamente aquela a pessoa que desejavam aproximar do seu jovem amigo. Dentro de alguns meses, a 19 de fevereiro de 1914, realizava-se o enlace de Lindolfo Collor com Hermínia de Souza e Silva. A formalidade do pedido em casamento foi cumprida por um amigo chegado, o escritor gaúcho Alcides Maia, que pouco depois viria a ser deputado federal pelo Rio Grande do Sul e membro da Academia Brasileira de Letras.

Desde janeiro de 1914 começara Lindolfo Collor a trabalhar na redação de A Tribuna, jornal de que eram proprietários seu sogro e o Senador mato-grossense Antônio Azeredo, que se tornaria mais tarde presidente do Senado. Seus primeiros artigos em A Tribuna ocupavam o espaço de uma coluna a que ele dava o título de Pela Ordem.

Nessa época escreveu Lindolfo Collor seu terceiro e último livro de versos, Elogios e Símbolos, causa de uma séria desavença entre o autor e o crítico literário Gilberto Amado. Encontrando-se os dois na Rua do Ouvidor, Lindolfo Collor interpelou-o por suas criticas, que considerou deselegantes. A discussão acalorou-se e houve troca de empurrões que jogaram ao chão Gilberto Amado. Este, sacando do revólver, alvejou seu contendor, que já se afastava, indo os tiros encravar-se na fachada da Livraria Garnier, ponto de reunião de escritores e intelectuais da época. Possivelmente porque lhe houvesse pesado o excesso que, fora dos seus hábitos, cometera, ou porque concordasse que não era a poesia o caminho para o seu belo talento, resolveu Lindolfo Collor retirar das livrarias todos os exemplares dos seus livros de versos e não tornou a escrever outros.

Já depois de casado, em 1917, formou-se no Rio de Janeiro pela Academia de Altos Estudos Sociais, Políticos e Econômicos, que teve vida breve.

Nesse mesmo ano, há 15 de maio de 1917, a propósito de uma tentativa de legislação social recomendada em mensagem à Câmara dos Deputados pelo presidente Delfim Moreira, Lindolfo Collor publica na Tribuna um artigo com o título Questão Social, onde já demonstra sua clara compreensão desse problema. São de Lindolfo Collor, então com 27 anos de idade, estas palavras:

"Engana-se profundamente quem supuser que, dentro da nova ordem de coisas que nasce com o fim da luta das potências, (a 1ª Guerra Mundial) seja possível ainda ir eludindo a verdadeira situação do proletariado e adiando sua definitiva incorporação moral e econômica na civilização ocidental... A consciência do mundo está amadurecendo para a reforma social... O que é preciso é dar aos operários leis civis adequadas às suas necessidades nos diversos meios".

Lindolfo Collor (de óculos) sendo nomeado ministro, junto com outras personalidades, por Getúlio Vargas, em 03 de novembro de 1930.

Retorno ao Rio Grande do Sul e Início da Carreira Política

Em 1919 foi convidado por Borges de Medeiros, governador do Rio Grande do Sul e chefe do Partido Republicano Rio-Grandense, para tomar parte na direção de A Federação, órgão oficial do Partido e o maior jornal do estado. Mudou-se de volta a Porto Alegre com a esposa e as duas filhas pequenas. Apesar da dúvida inicial acerca do recém-chegado, volvido um ano, contando Lindolfo Collor apenas 30 anos, já era diretor do jornal.

Sua estreia na política se daria em 1921, quando foi eleito deputado estadual, ao lado de João Neves da Fontoura e Getúlio Dorneles Vargas integrou a Assembleia Legislativa gaúcha, onde foi relator da Comissão de Orçamento.

Era diretor de A Federação quando houve no Rio Grande, em 1922-23, renhida campanha eleitoral entre os dois partidos que desde a Revolução de 1893 vinham se defrontando: O Libertador, que apoiava a candidatura de Assis Brasil à sucessão estadual, contra a do presidente do Estado, Borges de Medeiros, que pleiteava sua 5ª reeleição embora já estivesse no cargo há 4 sucessivas reeleições. Essa luta eleitoral transformou-se em protesto armado depois da nova reeleição de Borges de Medeiros.

O estado do Rio Grande do Sul era a única unidade da Federação cuja Constituição, baseada nas ideias de Augusto Comte, permitia a reeleição dos seus governadores. As notícias a respeito dos combates que se sucediam no interior do estado eram afixadas nos "placards" dos dois principais jornais de Porto Alegre, instalados na mesma rua em prédios fronteiros no centro da cidade. O Correio do Povo, defendendo o Partido Libertador, dos assisistas ou maragatos e A Federação, órgão oficial do Partido Republicano, apoiando os borgistas ou pica-paus.

Formavam-se ali agitadas aglomerações que comentavam cada notícia com entusiasmo ou com animosidade, a ponto de provocar constantemente a intervenção dos cavalarianos da Brigada Militar. Nessas ocasiões o diretor de A Federação vinha à sacada do prédio e dirigia a palavra aos manifestantes exaltados, testemunhando assim sua decisão e coragem pessoal nunca desmentidos, nesse como em outros momentos de sua vida pública. Como acontecera na revolução de 1893, também esta, de 1923, só terminou com a mediação do governo federal: o Ministro da Guerra, general Setembrino de Carvalho, natural do Rio Grande do Sul, foi enviado a Porto Alegre para negociar a assinatura do Tratado de Paz de Pedras Altas, que pacificou os espíritos tornando inelegível, daí por diante, o governador do Estado.

Em 1924, quando da vitória eleitoral de Artur Bernardes para a Presidência da República, o governo estadual se posicionara em favor da candidatura de Nilo Peçanha em oposição à de Artur Bernardes, também combatida pelo grupo de tenentes revolucionários que se deslocava pelo sul do Brasil em suas marchas de protesto contra o governo federal. Mas, depois de eleito Artur Bernardes, o governador Borges de Medeiros resolveu sensatamente aceitar a decisão das urnas e nesse sentido orientou o diretor de A Federação, que escreveu um artigo assegurando ao novo presidente da República o apoio político do Rio Grande do Sul. Esse artigo, intitulado Pela Ordem, a mesma rubrica sob a qual publicara Lindolfo Collor seus primeiros artigos na A Tribuna do Rio, atraiu para seu autor o desagrado dos tenentes revoltosos. Isto valeria mais tarde sérias dificuldades a Lindolfo Collor no seu desempenho como Ministro do Trabalho, quando os mesmos tenentes passaram a exercer influente presença política no cenário federal, depois de haver apoiado a Revolução de 1930.

Eleito deputado federal em 1924, voltou ao Rio de Janeiro onde assumiu o posto de redator-chefe de O Paiz. Membro da Comissão de Finanças da Câmara, escreveu numerosos artigos sobre a estabilização da moeda, sobre o problema do padrão ouro e, já então, sobre a transformação da moeda nacional em cruzeiro.

No princípio do ano de 1925 integrou Lindolfo Collor a Embaixada Especial que, chefiada pelo então senador Lauro Müller, representou o Brasil nas solenidades comemorativas do 1º Centenário da Independência do Uruguai. Voltando ao Brasil, apresentou à Câmara dos Deputados pareceres sobre o convênio assinado em Montevidéu a 30 de março, e sobre o protocolo adicional que o acompanhou a seguir. O convênio estatuía "regras práticas de vigilante amizade e de recíproca cooperação das Altas Partes Contratantes em caso de alteração da ordem nos seus respectivos territórios".

Em 1926 foi Lindolfo Collor reeleito para a Câmara Federal, tendo sido então o deputado proporcionalmente mais votado no Brasil.

Em seguida, visitou a Bacia do Prata e o Chile, convidado para pronunciar conferências no auditório de La Prensa, de Buenos Aires, e na Universidade do Chile.

Em 1928 fez parte da delegação brasileira, chefiada pelo senador Raul Fernandes, à VI Conferência Pan-americana reunida em Havana, onde, em nome dos colegas congressistas, pronunciou um discurso sobre José Martí, o herói nacional cubano. Em julho do mesmo ano participou também da Conferência Inter-Parlamentar de Comércio, em Paris.

Em 1929 foi um dos fundadores da Aliança Liberal, movimento político iniciado pelo presidente de Minas, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, para, em oposição à candidatura oficial de Júlio Prestes, pleitear a sucessão presidencial para o Rio Grande do Sul na pessoa de seu presidente, Getúlio Vargas. Coube a Lindolfo Collor redigir o Manifesto da Aliança Liberal, e em seguida foi-lhe confiada a direção do jornal A Pátria, no Rio de Janeiro, onde seus editoriais, assinados com o pseudônimo de Gil Pereira, eram a voz da campanha aliancista.

Na Câmara Federal teve como companheiros novamente Getúlio Vargas e João Neves da Fontoura, e os três se revezavam na liderança da bancada gaúcha. Nessa posição não faltaram a Lindolfo Collor ocasiões de reafirmar o seu talento oratório. Entre seus brilhantes discursos marcou época uma oração pronunciada no dia seguinte ao assassinato de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, em Recife, que começava com estas palavras: "Presidente da República, que fizeste do Presidente da Paraíba?"

Aquele acontecimento lamentável, sublinhado pelo comentário oportuno e inteligente de Lindolfo Collor, foi o estopim da rebeldia contra a eleição de Júlio Prestes e, desfazendo a indecisão do Rio Grande do Sul quanto à oportunidade de uma atitude de intransigência, precipitou o início da rebelião armada de 1930.

No encerramento da campanha da Aliança Liberal o candidato oposicionista, Getúlio Vargas, leu sua plataforma de governo. Esse documento, redigido por Lindolfo ColIor, continha, entre outros pontos do programa a ser cumprido, a promessa da elaboração de uma legislação trabalhista. Com isso sairiam da alçada policial as questões surgidas entre o capital e o trabalho e o operariado brasileiro teria seus direitos assegurados.

Quando estourou a revolução, a 3 de outubro de 1930, estava Lindolfo Collor em Porto Alegre. Junto a Osvaldo Aranha participou da tomada do Quartel General, onde foi aprisionado o comandante da Região Militar, general Gil de Almeida. Dias depois deslocava-se para Buenos Aires, incumbido de adquirir armas para as forças rebeladas e de obter o reconhecimento do governo revolucionário a ser instalado no Brasil.

A 24 de outubro, vitoriosa a revolução com a sublevação da guarnição do Rio de Janeiro e deposto o presidente Washington Luís, ocupou o Governo da República uma Junta Provisória da qual fazia parte o general Tasso Fragoso, a chamado de quem regressou Lindolfo Collor ao Brasil em 27 de outubro.

Lindolfo Collor, 1.º Ministro do Trabalho visitando uma indústria
Ministro do Trabalho

Na organização do Governo Provisório recusou o convite de Getúlio Vargas, para ocupar outra pasta ministerial, e afirmou que só aceitaria a do Trabalho, a ser fundada em cumprimento ao que fora anunciado pela Aliança Liberal. Em vista da tendência de Getúlio Vargas de retardar o cumprimento daquela promessa de campanha, Lindolfo Collor afirmou que, nesse caso, ficaria fora do governo. Um mês depois, instado por José Antônio Flores da Cunha e João Batista Luzardo, já nomeado chefe de polícia do Distrito Federal, Getúlio Vargas concordou com as ponderações que lhe faziam aqueles dois companheiros a respeito da inconveniência de permanecer Lindolfo Collor fora do governo, e afirmou: "Está bem. Vou fundar esse ministério para aquietar o alemão".

A elaboração da legislação social brasileira, a primeira na América do Sul, pode ser considerada, de acordo com o ex-reitor da PUC, Fernando Bastos Ávila, o maior avanço social no Brasil depois da abolição da escravatura. Para estruturá-la foi grande a luta de Lindolfo Collor. Teve que enfrentar os comunistas, que contavam com as injustiças sociais para levar o povo à revolta e seu partido ao poder, e teve que vencer a animosidade de alguns de seus companheiros revolucionários, sobretudo os "tenentes", membros do Clube 3 de Outubro, que não davam apoio ao seu trabalho. Já com as classes patronais, de onde mais naturalmente se poderia esperar uma oposição à legislação trabalhista, parece que o primeiro Ministro do Trabalho não enfrentou grandes dificuldades. O professor Joaquim Pimenta, ativista, líder operário em Pernambuco e um dos melhores colaboradores de Lindolfo Collor no Ministério do Trabalho, acentua esse aspecto realmente inesperado. Outro grande colaborador de Lindolfo foi Evaristo de Morais, primeiro consultor jurídico do Ministério do Trabalho, que deixaria esse cargo no mesmo dia da renúncia de Lindolfo, em 1932. Também foram seus fiéis e eficientes companheiros de jornada Agripino Nazaré, Carlos Cavaco, Heitor Moniz e Horácio Cartier, além do diplomata Heitor do Nascimento Silva que, já havendo prestado valiosos serviços junto à Organização Internacional do Trabalho em Genebra, foi cedido pelo Ministério de Relações Exteriores para auxiliar na formação do novo ministério.

A passagem de Lindolfo Collor pelo Ministério do Trabalho durou apenas 15 meses, de dezembro de 1930 a março de 1932, durante os quais redigiu toda a estrutura da nossa legislação social. Norteado por algumas das legislações trabalhistas europeias e, dentro de um esclarecido ecumenismo, pela Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII. Lindolfo Collor elaborou 12 decretos-leis acompanhados de Exposições de Motivos que apontam a sua oportunidade em face da evolução do pensamento de proteção ao operariado em todos os países mais adiantados do mundo.

Oposição a Getúlio Vargas

Lindolfo Collor permaneceu no Ministério apenas 15 meses. Alinhado entre os que reivindicavam a volta do país a um regime legal, idéia que não contava com as simpatias do ditador nem dos "tenentes", deixou o Governo Provisório a 3 de março de 1932, dia imediato ao "empastelamento" do Diário Carioca em revide à publicação de um artigo de J. E. de Macedo Soares apontando a necessidade da convocação de uma Constituinte. Diretamente envolvidos nesse ato de violência contra a liberdade de opinião, deixaram o governo no mesmo dia Joaquim Maurício Cardoso, ministro da Justiça, e o chefe de Polícia do Distrito Federal, João Batista Luzardo, acompanhados também por João Neves da Fontoura, consultor jurídico do Banco do Brasil. Viajaram para Porto Alegre na madrugada de 4 de março de 1932, no mesmo momento em que era levada ao Palácio Rio Negro, em Petrópolis, pelo professor Joaquim Pimenta, a carta de demissão do ministro do Trabalho.

Daí em diante, e contando com o apoio de José Antônio Flores da Cunha, governador do Rio Grande, puseram-se todos a preparar ativamente um movimento de reação à tendência ditatorial do Governo Provisório e passaram a articular-se com os dirigentes paulistas, desgostosos com o tratamento desairoso que a ditadura dispensava ao seu estado.

A 9 de julho de 1932 irrompeu em Mato Grosso, sob a chefia do general Bertoldo Klinger, o movimento revolucionário que se alastrou rapidamente até São Paulo. A Frente Única do Rio Grande do Sul, constituída pela aliança de seus dois tradicionais partidos políticos, o Republicano e o Libertador, e representada pelo interventor José Antônio Flores da Cunha, estava comprometida com a Frente Única Paulista a acompanhar São Paulo nessa rebelião.

Inesperadamente, porém, pouco depois de iniciada a revolução, o interventor José Antônio Flores da Cunha colocou o Rio Grande ao lado do governo ditatorial, o que decidiu a sorte do movimento armado em favor do governo central. A explicação para esse gesto imprevisto, soube-se mais tarde, teria sido um diálogo entre Getúlio Dorneles Vargas e José Antônio Flores da Cunha, a esse tempo ainda apoiando a causa de São Paulo, que achou por bem alertá-lo para as fortes probabilidades de vitória do Movimento Constitucionalista. De acordo com o próprio José Antônio Flores da Cunha e com Daniel Krieger, Getúlio Dorneles Vargas, teria respondido com ar severo e olhar distante: "As tropas vitoriosas não me encontrarão aqui. Já decidi o que fazer....". Diante dessa perspectiva sombria o temperamento impetuoso e passional de José Antônio Flores da Cunha ditou-lhe, certamente, a brusca decisão de colocar as forças da brigada gaúcha ao lado do governo federal.

Burlando a vigilância policial, que logo foi estabelecida em torno dos conspiradores, deixou Lindolfo Collor seu apartamento na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, e foi reunir-se a um dos grupos sublevados, a coluna de "provisórios" comandada por Marcial Terra em Tupaciretã. Durante cerca de 40 dias com ela percorreu vários municípios rio-grandenses, dormindo muitas vezes ao relento, com a sela do cavalo por travesseiro. Finalmente, em setembro, cercada a Coluna Marcial Terra por tropas legalistas, foi este obrigado a capitular. Um dos oficiais da força vencedora acompanhou Lindolfo Collor até à fronteira, que atravessou em Paso de Los Libres, levando consigo apenas a roupa do corpo.

Primeiro Exílio

Reunido a vários companheiros em Rivera, e depois em Buenos Aires, escreveu em 15 de outubro de 1932, o manifesto ao Rio Grande do Sul, a São Paulo e à Nação, assinado também por Raul Pilla, João Batista Luzardo e João Neves da Fontoura. Relata o processo da conspiração anterior à Revolução Constitucionalista de São Paulo e atribui a responsabilidade da derrota ao interventor do Rio Grande do Sul. A essa altura Lindolfo Collor já havia enviado uma carta ao amigo José Antônio Flores da Cunha retirando o convite que lhe fizera para ser padrinho de seu terceiro e último filho, Lindolfo Leopoldo Collor.

No verão de 1933 esteve Lindolfo Collor na frente de operações da Guerra do Chaco, no Paraguai, e escreveu a respeito uma série de artigos publicados no Rio de Janeiro e em La Prensa, de Buenos Aires.

Em 1934, representando a companhia Sul América Seguros, da qual, havia anos, era um dos diretores ao lado de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, passou seis meses em Lima, no Peru, a fim de tratar da venda da carteira daquela companhia a uma seguradora de Quito, Equador.

Retorno ao Brasil

Em 1934, depois de decretada a anistia pelo governo Vargas, Lindolfo Collor regressou ao Brasil e foi candidato gaúcho à Assembleia Constituinte, sem sucesso. Voltou depois a residir no Rio de Janeiro onde, durante todo o ano de 1935, tornou a ocupar seu cargo na direção no Grupo Sul América.

Afastado do Partido Republicano Rio-Grandense desde a Revolução Constitucionalista de 1932, José Antônio Flores da Cunha fundou no seu estado o Partido Republicano Liberal (PRL), enquanto a Frente Única (PRR e PL) faziam oposição ao governo estadual e ao governo central, já que a Assembleia Constituinte, um dia antes de promulgar a Nova Constituição, de forma indireta e irregular elegera Getúlio Vargas como presidente da República.

Dentro desse quadro político difícil, Lindolfo Collor fez oposição ao governo Vargas, apesar de haver tentativas de aproximação. Entre elas uma conversa realizada numa noite chuvosa no Palácio Rio Negro em Petrópolis.

Mais tarde José Antônio Flores da Cunha buscou aproximar-se da Frente Única Rio-Grandense, para unir as forças políticas em seu Estado, diminuindo as manobras personalistas de Getúlio Vargas. Buscando que o Rio Grande do Sul tivesse mais influência no âmbito nacional, Lindolfo Collor concordou com uma fórmula alta de pacificação da política estadual, que foi sugerida pelo jurista José Maria dos Santos.

Em janeiro de 1936, foi assinado um acordo entre o Partido Libertador, chefiado por Raul Pilla, o Partido Republicano Rio-Grandense, ainda sob a orientação de Borges de Medeiros, e o situacionismo estadual, representado pelo Partido Republicano Liberal. Essa composição política, chamada Modus Vivendi, teve curta duração, mas permitiu que fizessem parte do governo do Rio Grande, representando seus partidos, Lindolfo Collor, na Secretaria de Finanças, e Raul Pilla, na Secretaria da Agricultura.

Porém dentro do PRR um clima de tensão motivou o rompimento do Modus Vivendi em 14 de novembro. O PRR voltou a apoiar o governo central, o PL, o PRC e o PRL, permaneceram fiéis na oposição e na aliança com os paulistas, a quem se sentia Lindolfo Collor grande devedor, depois da frustração de 1932.

Com aproximação da sucessão presidencial de 1938, o Partido Libertador e o Partido Castilhista integraram a União Democrática Brasileira, apoiando a candidatura do governador de São Paulo, Armando de Sales Oliveira, à presidência da República. O PRR, por outro lado, se filiou à corrente situacionista federal, apoiando o nome do ministro da Agricultura, José Américo de Almeida. Porém foram todos surpreendidos pelo Golpe de Estado em 10 de novembro de 1937, que instalou o Estado Novo no Brasil, suprimindo novamente o Congresso Nacional, a Constituição, e as eleições já próximas.

Segundo Exílio

Ao mesmo tempo em que saíam para o exílio, por Santos e Salvador, os líderes udenistas Armando de Sales Oliveira e Otávio Mangabeira, embarcou Lindolfo Collor no Rio de Janeiro, em novembro de 1938, com destino à Alemanha, onde alguns amigos tentaram interessá-lo em transações comerciais. Não era seu destino, porém, realizar-se no terreno dos negócios. Bom conhecedor da língua alemã, usada na zona colonial em que nasceu, Lindolfo Collor aproveitou sua estada em Berlim para acompanhar os preparativos de guerra do Führer, então em plena efervescência, e procurar penetrar as razões do fenômeno hitlerista. Enviou suas observações em uma série de artigos para o Diário de Notícias do Rio de Janeiro, cujo diretor, Orlando Dantas, era seu grande amigo, como bom amigo seu também era Assis Chateaubriand, sócio majoritário da sociedade anônima O Jornal, de cuja diretoria Lindolfo Collor fazia parte ao lado do mesmo Chateaubriand, de Gabriel de Andrade e de Rodrigo de Mello Franco.

Mas o famoso D.I.P. estava atento para impedir qualquer pronunciamento contrário às ditaduras europeias, com quem Getúlio Vargas estava em boas relações. Assim, alguns dos artigos mais condenatórios do totalitarismo nazista não puderam sair a público, dada a crescente aproximação entre o governo brasileiro e o eixo Roma-Berlim, o que permitiu à Embaixada Alemã no Rio de Janeiro fazer sentir ao Ministério das Relações Exteriores seu desagrado diante das publicações de Lindolfo Collor contrárias ao regime nazista.

Em janeiro de 1939 transferiu-se Lindolfo Collor da Alemanha para Paris, onde o foi encontrar sua família. Até à deflagração da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1939, enviou de Paris para o Diário de Notícias suas observações sobre o desenrolar dos acontecimentos europeus de pré-guerra. Mais tarde esses artigos foram reunidos em dois livros sob os títulos Europa (Emiel Editora, Rio, 1939) e Sinais dos Tempos (Epasa, Rio, 1942). Este último foi para as livrarias no dia do seu falecimento.

Quando a Alemanha invadiu a Polônia e se tornou provável a invasão da França, Lindolfo Collor transferiu-se com a família para o sul da França e depois para Portugal, onde estaria menos exposto, desde que o fato de haver escrito contra o regime hitlerista o colocara na lista negra da ditadura alemã, e informações a respeito das opiniões anti-nazistas de Lindolfo Collor, fornecidas pelo embaixador alemão no Rio de Janeiro, constavam de uma nota distribuída às repartições competentes pelo governo do Reich.

Depois de uma etapa de algumas semanas em Lisboa, para efetuar o casamento de sua filha mais velha, Leda, com o jornalista alagoano Arnon de Mello, Lindolfo Collor passou a residir em Baltar, pequena aldeia perto da cidade do Porto, na quinta onde lhe fora oferecida hospedagem por seu amigo, o comendador português Pereira Inácio, residente no Brasil.

A ele, aos Diários Associados, ao Diário de Notícias, à Sul América, durante os últimos dez anos de sua vida, em que esteve sempre no ostracismo, Lindolfo Collor deveu sua subsistência, pois sempre foi homem de poucos recursos, que vivia do seu trabalho. Nada tinha de seu, além de uma casa em São Leopoldo, que oferecera à sua mãe por volta de 1935, e um apartamento adquirido em 1937 para sua residência no Rio de Janeiro. Pouco antes do seu falecimento desfez-se desse imóvel a fim de comprar a "Chácara Nossa Senhora das Graças" de Ildefonso Simões Lopes, na Rua Indiana, no Cosme Velho, para onde pretendia mudar-se logo que nela pudesse fazer algumas adaptações.

Retorno ao Brasil e Falecimento

Por fim, meses depois do nascimento do seu primeiro neto no Rio de Janeiro, por interferência pessoal de João Batista Luzardo e de João Daudt de Oliveira, presidente da Associação Comercial e grande amigo tanto de Getúlio Dorneles Vargas como de Lindolfo Collor, teve este autorização para voltar ao Brasil.

Em julho de 1942 concedeu uma entrevista a Francisco de Assis Barbosa, repórter de Diretrizes, semanário pertencente a Samuel Wainer, em que Lindolfo Collor definia seu repúdio a qualquer tipo de ditadura.

Publicada a entrevista, Lindolfo Collor é preso, libertado mas com a saúde debilitada, é atacado de Pneumonia. Apesar de atendido pelo renomado clinico Pedro da Cunha, veio a falecer no Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, onde estava hospedado desde que vendera seu apartamento para comprar a casa na rua Indiana. O velório se fez no salão nobre da Associação Brasileira de Imprensa, então sob a presidência de Herbert Moses.

Foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Fonte: Wikipédia