Bidu Sayão

BALDUÍNA DE OLIVEIRA SAYÃO
(96 anos)
Cantora Lírica

* Itaguaí, RJ (11/05/1902)
+ Rockport, Maine, Estados Unidos (13/03/1999)

Balduína de Oliveira Sayão, mais conhecida como Bidu Sayão, foi uma célebre intérprete lírica brasileira.

Dona de uma voz límpida e delicada, a soprano brasileira Bidu Sayão foi uma das mais respeitadas artistas do Metropolitan Opera de New York. Seu prestígio pode ser observado no próprio hall do teatro, que ostenta um imenso quadro em sua homenagem.

Ao longo de sua carreira, conviveu e trabalhou com as maiores personalidades artísticas deste século, como o maestro Arturo Toscanini, um de seus grandes admiradores - ele a chamava de "La Piccola Brasiliana" (A Pequena Brasileira) -, Maria Callas, a pianista Guiomar Novaes e Carmen Miranda.

Além disso, foi a parceira favorita de Villa-Lobos, numa carreira que durou 38 anos. Nesse período, emprestou sua voz e imortalizou a "Bachiana n.º 5", das Bachianas Brasileiras, as peças mais conhecidas e mais amadas do compositor. Esta, que foi considerada pelo maestro como a mais perfeita gravação da obra, foi escolhida para o prêmio Hall Of Fame, dado pela National Academy Of Recording Arts And Sciences. Clássico brasileiro mais conhecido no mundo, por dois anos seguidos foi o disco mais vendido nos Estados Unidos.

Bidu Sayão iniciou seus estudos musicais com Elena Teodorini, uma romena que então vivia no Brasil, e aos 18 anos fez sua estréia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Elena Teodorini a levou para a Romênia, onde continuou seus estudos e iniciou sua carreira internacional. Aperfeiçoou seu canto em Nice, na França, com Jean de Reszke, o mais famoso professor da época, adquirindo a técnica perfeita e a delicadeza que viriam a caracterizá-la.


Bidu Sayão estreou em 1926 no Teatro Costanzi de Roma, no papel de Rosina em "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini. Sua estreia no Metropolitan Opera House de New York se deu em 1937 no papel de Manon na ópera de Massenet.

Sua interpretação de Rosina em "O Barbeiro de Sevilha", foi feita de forma tão admirável que lhe rendeu a entrada definitiva no rol dos grandes intérpretes líricos da Europa.

Em 1925, de volta ao Brasil, cantou novamente "O Barbeiro de Sevilha" antes de inaugurar outra temporada do Teatro Constanzi. Depois disso, atuou nos mais importantes teatros do Velho Mundo, como o Teatro Nacional São Carlos, em Portugal, Teatro Opera Comique de Paris e o Alla Scala de Milão, por exemplo.

Excelente atriz, sua força interpretativa garantiu-lhe viver 22 heroínas diferentes, entre elas, Ceci (O Guarani, Carlos Gomes), Gilda (Rigoletto, Verdi), Mimi (La Bohéme, Puccini), Suzana (Bodas de Fígaro, Mozart) e Violeta (La Traviata, Verdi).

Em 1936, Bidu Sayão fez sua grande estréia para o público norte-americano, cantando "La Demoiselle Élue", de Debussy, em apresentação regida pelo maestro Toscanini no Carnegie Hall, em New York.

Em 1937, estreou no Metropolitan Opera House de New York, onde foi grande figura por mais de 15 anos, cantando o papel título da ópera "Manon", de Jules Massenet. O volume de convites que recebeu para cantar, na época, fez com que interpretasse 12 papéis diferentes em 13 temporadas.


Em fevereiro de 1938, cantou para o casal Roosevelt na Casa Branca. Roosevelt lhe ofereceu a cidadania estadunidense, mas ela recusou. De acordo com ela mesma, "no Brasil eu nasci e no Brasil morrerei".

Encantados com Bidu Sayão, os americanos não a deixaram partir. Continuou a dar concertos através de todo o país, sempre colhendo triunfos, sendo, por isso, chamada pelos americanos de "The Charming Singer".

Em agosto de 1955, obteve um de seus maiores sucessos cantando no Hollywood Bowl. Com a Calgary Symphony Orchestra, foi chamada de "Glamorous Soprano Star". Entre idas e vindas, o "Rouxinol Brasileiro" - apelido que ganhou do escritor Mário de Andrade - apresentou-se diversas vezes em palcos nacionais.

Esteve no Rio de Janeiro em 1926, 1933, 1935 e 1936. Em São Paulo, apresentou-se nos anos de 1926, 1933, 1935, 1936, 1937, 1939, 1940 e 1946. Durante essas temporadas, cantou "O Barbeiro de Sevilha", "Rigoletto", "Matrimônio Secreto", "Um Caso Singular", "Soror Madalena", "O Guarani", "Manon", "Romeu e Julieta", "I Puritani", "La Traviata", "La Bohéme" e "Lakmé".

Em 1957, Bidu Sayão decidiu encerrar sua carreira artística. Com a mesma "La Demosele Élue" com que entrou nos Estados Unidos, ela encerrou a carreira em 1958, ainda em perfeita forma e recebendo as maiores homenagens e melhores críticas dos jornais.

Em 1959, mais de um ano após ter encerrado a carreira nos palcos e em público, fez uma gravação da "Floresta Amazônica", de Villa-Lobos, atendendo ao pedido do compositor. Com ela, Bidu Sayão encerrou definitivamente a carreira, definindo este último trabalho com seu "canto do cisne".

Em 1995 veio ao Rio de Janeiro para ser homenageada pelo enredo da escola de samba Beija-Flor. Antes de ir embora, não escondeu sua vontade de retornar ao Brasil.


Decepção

Consta que Bidu Sayão se apresentou pela última vez no Rio de Janeiro em 1937, bem antes do término de sua carreira, porque ali foi vaiada durante a apresentação ao cantar "Pelléas Et Mélisande" no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Diz-se que a vaia teria sido organizada pela claque da meio-soprano Gabriella Besanzoni Lage, cujo sucesso na "Carmen" eles não desejavam que fosse empanado pela carioca que vinha dos Estados Unidos coberta de louros. Entretanto neste mesmo ano, 1937, arrebatou a platéia do Metropolitan Opera House de New York com a sua interpretação da Manon de Jules Massenet. A amargura talvez só tenha sido abrandada na comovente homenagem que no Brasil recebeu em 1995.

Homenagem Popular

Bidu Sayão foi homenageada pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis em 1995. Ela veio no último carro alegórico, "O Cisne Negro", sentada num trono cuidadosamente preparado para ela.


Morte

Bidu Sayão morreu em 13/03/1999, no seu apartamento à beira mar no Maine, Estados Unidos, onde vivia há 50 anos, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Não quis funeral nem flores: seu corpo foi cremado.

Seu maior desejo era visitar o Brasil pela última vez. Sonhava em ver a Baía de Guanabara antes de morrer e planejava isto para celebrar seu centenário. Após uma longa vida repleta de glórias e triunfos, a cantora não conseguiu realizar esse último desejo.


Discografia

  • Le Nozze di Figaro
  • Le Nozze di Figaro - Resenha Crítica (Em inglês)
  • Seleção de Arias e Canções
  • Opera Arias

Fonte: Wikipédia e Uol
Indicação: Miguel Sampaio