Clemilda

CLEMILDA FERREIRA DA SILVA
(78 anos)
Cantora e Compositora

* São José da Laje, AL (01/09/1936)
+ Aracaju, SE (26/11/2014)

Clemilda Ferreira da Silva foi uma cantora brasileira que estourou nas paradas de sucesso com a música "Prenda o Tadeu", em 1985, e a partir de então participou de vários programas de rádio e TV, entre eles o Clube do Bolinha, na Rede Bandeirantes, e o Cassino do Chacrinha, na Rede Globo. Nesse mesmo ano ganhou seu primeiro Disco de Ouro e em 1987, com o disco "Forró Cheiroso", mais conhecido como "Talco no Salão", ganhou seu segundo Disco de Ouro.

Nascida em São José da Laje, Clemilda passou a infância e a adolescência em Palmeira dos Índios, Zona da Mata de Alagoas. No começo da década de 60 decidiu viajar para o Rio de Janeiro para "tentar a sorte", onde então conseguiu emprego como garçonete. Até então ainda não havia descoberto o dom artístico que tinha.

Em 1965, conseguiu cantar pela primeira vez na Rádio Mayrink Veiga no programa "Crepúsculo Sertanejo", dirigido por Raimundo Nobre de Almeida, que apresentava profissionais e calouros. Nessa ocasião, conhece o sanfoneiro Gerson Filho, contratado da gravadora e também alagoano como ela, que popularizou o fole de oito baixos e já era artista com disco gravado. Com ele Clemilda viria a se casar e com ele passou a fazer shows em diversos estados do Nordeste. Fez algumas participações em dois LPs do esposo, e a partir de 1967 começou a gravar seu próprio disco.

Em seus discos, gravou os ritmos mais característicos do povo nordestino, como forró, baião, xote, quadrilhas, rancheiras, coco, cantigas de reisado e guerreiro.

Em 1982, lançou o disco "O Balanço do Forró", com a participação de Oswaldinho do Acordeon e Gerson Filho. Entre outras composições gravou o xote "Não dê a Radiola" (Durval Vieira e Jorge Pajeú), o baião "O Vatapá da Maria" (Clemilda e Anastácia), o baião "O Preguiçoso" (Durval Vieira), o arrasta-pé "Folguedos no Arraiá" (Juvenal Lopes), e a marcha "Bom Jesus da Lapa" (Clemilda e Ataíde Alves de Oliveira).


Em 1987, lançou o disco "Forró Cheiroso", com arranjo e regência de Chiquinho do Acordeon, que participou, ainda, nas gravações executando o acordeon. Destacaram-se, entre outras, as composições "Forró Cheiroso" (Clemilda e Miraldo Aragão), "Surra de Amor" (Lia, Gil Barreto e Alice Sampaio), "Dança do Peru" (Clemilda e Geraldo Nunes), "O Biriteiro" (Clemilda e Geraldo Nunes), e "Oxênte Bichinho" (Durval Vieira). Lançou, ainda, os discos "Forró Sem Briga" e "Guerreiro Alagoano".

Após 1994, com a morte do companheiro, a forrozeira, carinhosamente conhecida como "Rainha do Forró", afastou-se dos shows e há algum tempo vinha se dedicando à apresentação do "Forró no Asfalto", na TV Aperipê de Aracaju, programa há mais tempo no ar da emissora, do qual Clemilda esteve meses afastada em virtude de complicações com um AVC e osteoporose.

Clemilda ainda era uma das cantoras mais requisitadas para shows nas festas juninas nordestinas.

"O primeiro (disco de ouro) ganhei no Clube do Bolinha, em 1985, com o LP "Prenda o Tadeu". Com o "Forró Cheiroso", chamado popularmente de "Talco no Salão", ganhei o segundo disco de ouro, no Cassino do Chacrinha. Foram os dois momentos mais importantes pra mim. O resto é matéria em revista, jornal. E teve também o prêmio que recebi no Fórum do Forró, pelo qual agradeço bastante a Marcelo Deda, que na época era prefeito (de Aracaju). Também agradeço muito ao atual prefeito, Edvaldo Nogueira, porque ele sempre se lembra de mim quando tem evento, mesmo que não seja para fazer show, mas para participar. Acho bom e gosto muito deles, porque eles me têm muita atenção."

A composição de seus trabalhos caracteriza-se principalmente pelo duplo sentido das letras, jocoso-malicioso, como o que era feito pelo também alagoano Sandro Becker.

Morte

Clemilda Ferreira da Silva morreu na madrugada de quarta-feira, 26/11/2014 em um hospital particular de Aracaju. Ela enfrentava complicações de um segundo Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em maio deste ano, desde então ela passou por vários hospitais, inclusive por Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O estado de saúde se complicou com a ocorrência de uma pneumonia. Ela tinha ainda histórico de hipertensão e Mal de Parkinson.

O velório será realizado na rua Itaporanga, em Aracaju, e o sepultamento ocorrerá às 16:00 hs de 26/11/2014, no Cemitério São João Batista.

Clemilda era viúva do também forrozeiro Gerson Filho, falecido em 1994, e deixou dois filhos, entre eles Robertinho dos Oito Baixos, que herdou o talento musical.

Discografia

  • S/D  -  Cremilda (Continental, LP)
  • 1965 - Forró Sem Briga (Tropicana, LP)
  • 1967 - Gerson Filho Apresenta Clemilda (RCA Victor, LP)
  • 1968 - Rodêro Novo (RCA Victor, LP)
  • 1970 - Fazenda Taquari (RCA Camden LP)
  • 1971 - Ranchinho Velho (Musicolor, LP)
  • 1972 - Morena Dos Olhos Pretos (Musicolor, LP)
  • 1973 - Seca Desalmada (Musicolor, LP)
  • 1975 - Exaltação a Sergipe (Musicolor, LP)
  • 1976 - A Coruja e o Bacurau (Musicolor, LP)
  • 1977 - Forró no Brejo (Musicolor, LP)
  • 1977 - Clemilda (Musicolor, LP)
  • 1978 - Guerreiro Alagoano (Musicolor, LP)
  • 1979 - Vaquejada (Musicolor, LP)
  • 1979 - Vamos Festejar (Musicolor, LP)
  • 1980 - Coqueiro da Bahia (Chantecler, LP)
  • 1981 - Varanda do Castelo (Chantecler, LP)
  • 1982 - O Balanço do Forró (Chantecler, LP)
  • 1983 - Comedor de Jacá (Musicolor, LP)
  • 1984 - Chico Louceiro (Musicolor, LP)
  • 1985 - Prenda o Tadeu (Continental, LP)
  • 1986 - A Minhoca do Severino (Continental, LP)
  • 1987 - Forró Cheiroso (Chantecler, LP)
  • 1987 - Forró & Suor (Chantecler, LP)
  • 1988 - Amor Escondido (Chantecler, LP)
  • 1990 - Coitadinha da Tonheta (Chantecler, LP)
  • 1991 - Em Tenção de Você (Chantecler, LP)
  • 1992 - Aquilo Roxo (Chantecler, LP)
  • 1993 - Hoje Eu Tomo Todas (Chantecler, LP)
  • 2006 - Forró Bom Demais, (CD)

Seu Lunga

JOAQUIM DOS SANTOS RODRIGUES
(87 anos)
Sucateiro e Figura Folclórica Nordestina

* Caririaçu, CE (18/08/1927)
+ Barbalha, CE (22/11/2014)

Joaquim dos Santos Rodrigues foi um poeta, repentista e vendedor de sucata, ao qual são atribuídas diversas piadas sobre seu temperamento, criando um personagem do folclore nordestino. Seu Lunga é conhecido pela falta de paciência nas respostas.

Seu Lunga é apenas o apelido de Joaquim dos Santos Rodrigues. As piadas sobre ele escondem atrás da personagem o homem real, nascido em Caririaçu, fronteira norte de Juazeiro, em 18/08/1928. Viveu a infância com os pais e mais sete irmãos, "no meio dos matos" , afastado da cidade. O apelido lhe acompanha desde esta época, quando uma vizinha de sua família, que ele só identifica como Preta Velha, começou a lhe chamar de Calunga, que virou Lunga e pegou.

Começou a trabalhar na roça aos oito anos de idade, e admirava a criação rígida que teve de seu pai, o que marca um aspecto psicossocial do homem Lunga. Sobre a educação recebida, Lunga responde:

"Uma educação desses pais de família sérios, homem de responsabilidade, homem de caráter, homem de palavra, homem de respeito."

Lunga deixa sua postura um tanto desinteressada da conversa, para deixar transparecer sua admiração pelo pai.

Da infância traz poucas lembranças, como as brincadeiras com os colegas, que eram seus próprios irmãos. Entre os irmãos dominava a determinação do pai de que os mais novos deveriam obedecer aos mais velhos. Há também as lembranças das poucas idas à cidade, acompanhando o pai que ia vender ou comprar algo. Foi assim até aos 16 anos, quando se mudou para o Juazeiro do Norte.

A mudança para o Juazeiro do Norte se deu depois que Lunga caiu em uma cacimba e adoeceu, impedindo-o de trabalhar na roça com o pai. Lá ele aprendeu a arte de ourives, e viveu disso por dois anos. Foi nesse período que Seu Lunga aprendeu a negociar no Mercado Público da cidade, passando depois a trabalhar no comércio com sua loja de sucata que vendia de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas. Ele era considerado pela população como uma lenda viva.

A determinação de Seu Lunga que o fez ir para a cidade, morar longe da família e conseguir sobreviver fazendo o que nunca tinha feito antes, também se mostrou quando pediu a prima em casamento.


Sem nunca terem namorado, Lunga deu a ela três dias para pensar se queria ou não casar-se com ele. Terminado o prazo, ela aceitou o pedido, e só não se casaram no dia seguinte, porque o pai da moça não deixou. O namoro então durou uns dois ou três meses.

Casado desde 1951, Seu Lunga foi pai de treze filhos, mas se ressentia de não ter podido lhes dar uma educação mais rígida, pois sua esposa "é contra se castigar um filho". Apesar disso, ele se orgulhava de todos eles, com exceção de um, terem estudado e se formado em alguma profissão (nenhum com nível superior, entretanto), ao contrário dele mesmo, que foi às aulas por apenas dois meses.

O pai Lunga refletia a rigidez do homem que deu origem a toda a construção do personagem pouco flexível, mas ao mesmo tempo deixa transparecer o orgulho comum a todos os pais: oferecer boa educação aos filhos. É interessante também notar como a realidade interiorana de Lunga influenciava em sua avaliação da educação de seus filhos. Ao dizer que quase todos os filhos eram formados, ele disszia que nenhum, entretanto, tinha "formatura alta", referindo-se à formação de nível superior.

Ora, em sua vivência, a formação acadêmica é um contexto distante, dispensável para seu estilo de vida. A pouca instrução de Seu Lunga, por outro lado, não o impedia de discorrer sobre assuntos como política, cultura, religião, nem o impediu também de candidatar-se a vereador da cidade de Juazeiro do Norte em 1988, eleição que não ganhou porque, segundo ele, teve seus votos roubados.

Além do comércio, Seu Lunga era dono de um sítio onde criava gados e plantava frutas que levava para vender em sua loja. Homem sem grandes paixões, ele se considerava "temperado". Religioso, ele se declarava devoto do Padre Cícero, o que é uma marca também da cearensidade de Seu Lunga.

Apesar disso, ele não era frequentador assíduo das missas, pois pensava que religião não era ir a uma igreja ou participar de romaria, mas ajudar àquele "que bate na porta". Em tudo isso Seu Lunga se achava feliz.

A rigidez de Seu Lunga o fazia repudiar a construção de seu personagem, pois o homem se sentia tremendamente injustiçado com as estórias que ele dizia serem inventadas. E se tem um tema que Seu Lunga sempre trazia à tona em seu discurso, era a justiça. Seu Lunga não podia perceber aqui a separação entre a construção cultural, o objeto imaginado e abstraído da realidade e a realidade em si. O homem toma o personagem como ofensa pessoal, e isso também fala de sua formação cultural e de seu caráter.

O Homem Mais Zangado do Mundo
O Personagem Seu Lunga

A fama da rudeza do Seu Lunga, "o homem mais zangado do mundo", corre o Ceará de norte a sul, nas historietas engraçadas contadas nas mesas de bar, nas rodas de amigos, nos ônibus, nos versos do cordelista.

O único que não ri dessas piadas é Seu Lunga. Para ele, o que andam contando a seu respeito é invencionice. Mas ao mesmo tempo que ele negava a veracidade das histórias, reconhecia uma origem para elas. É que ele "não fazia por menos", isto é, se perguntou errado, tem a resposta que merece. Essa era sua grande queixa com relação aos brasileiros e seu principal discurso regular, isto é, aqui e ali ele retornava a essa argumentação. É como se ele quisesse se justificar de sua grosseria.

Ele citava vários exemplos de como isso acontecia:

Um cliente entra na loja e pergunta sobre um ventilador desligado: "Está funcionando?". Indignado Seu Lunga devolve: "Como é que ele pode estar funcionando se não está ligado?". Segundo ele, essas e outras respostas a colocações mal feitas é que lhe deram a fama de ignorante.

Havia, contudo, na fala de Seu Lunga uma contradição nítida. Em alguns pontos ele reconhecia um fundo de verdade nos comentários sobre ele. Em outros, ele acha inadmissível o fato de alguém ter escrito o que ele considerava inverdades a seu respeito. Seu desgosto com os cordéis e as piadas talvez fosse esperado, mas é que sua defesa era tão acirrada, que às vezes fazia pensar que o cordelista falava dele algo que ele absolutamente não era.

Esse era um mote para uma discussão interessante: Abraão Batista (o cordelista) pode receber todas as acusações feitas da parte de Seu Lunga, pois na verdade ele conta estórias de que ouviu falar, mas que não tem nenhuma confirmação já que ele nem sequer conhece Seu Lunga. Por outro lado, ele se junta ao grupo dos que constroem o personagem Seu Lunga cada vez que uma história sobre ele é recontada, aumentada, ou até mesmo inventada.

Abraão Batista reconhece que o personagem de seus cordéis é uma construção sua, ao afirmar que se Lunga hoje é um atrativo turístico de Juazeiro do Norte, isso é devido ao cordel. É claro que a fama de Seu Lunga não é resultado da composição dos cordéis. Mas é importante notar que o processo de construção "inventada" realmente existe, isto é, o comerciante Seu Lunga virou o atrativo turístico Seu Lunga. Ele não nasceu o Seu Lunga que conhecemos hoje, ele é uma construção cultural.

Em 2008 deu entrevista ao jornal O Povo informando que todas histórias contadas em cordéis eram mentiras. Por uma ação judicial os cordelistas da região ficam proibidos de escreverem sobre sua pessoa.

Com a explosão das redes sociais, a popularidade de Seu Lunga explodiu nos últimos anos com sites oficiais que lembram das suas clássicas frases, e até com comunidades exclusivas dedicadas a figura do celebre cearense.

Morte

Seu Lunga morreu às 9:30 hs da manhã de sábado, 22/11/2014, na cidade de Barbalha, no interior do Ceará. Seu Lunga foi internado na quarta-feira, 19/11/2014, por complicações no sistema digestivo. O quadro piorou na sexta-feira, levando ao seu falecimento.

Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.

De acordo com Demontier Tenório, primo em segundo grau de Seu Lunga, há cerca de seis meses ele foi submetido a uma cirurgia no esôfago, mas se recuperava bem.

Causos e Piadas de Seu Lunga

Seu Lunga era o cabra mais ignorante do mundo. Ele não tinha muita paciência com nada. No Nordeste, sua fama se espalhou devido a histórias como essas: 

"Lunga estava tirando goteiras, defeitos das telhas de sua casa, um curioso passou e perguntou: Tá tirando as goteiras seu Lunga? Ele responde: Tô não, tô é fazendo - e ai saiu feito louco a quebrar as telhas."
"Certa vez, dando uma surra em um dos seus filhos quando ainda pequeno, o menino gritava: Tá bom pai, tá bom pai, pelo amor de deus, tá bom! Lunga responde: Tá bom? Que legal! Pois quando tiver ruim diga que eu paro."
"No seu comércio de sucata, ele também vendia outros produtos dependendo da ocasião. Uma vez tinha uma saca de arroz e um romeiro perguntou: Seu Lunga como tá o arroz? Ele respondeu: Tá cru!"
"Seu Lunga entrando em uma loja:
- Tem veneno pra rato?
- Tem! Vai levar? - Pergunta o balconista.
- Não, vou trazer os ratos pra comer aqui!!! - responde seu Lunga."
 "O Seu Lunga consegue um emprego de motorista de ônibus. No primeiro dia de trabalho, já no final do dia, ele para o ônibus em um ponto. E uma mulher pergunta:
- Motorista, esse ônibus vai para a praia?
E o Seu Lunga responde:
- Se você conseguir um biquini que dê nele..."
"O Seu Lunga estava em casa e resolveu tomar um café:
- Mulher! Traz um café!
- É pra trazer na xícara?
- Não! Joga no chão e traz com o rodo!"
"O funcionário do banco veio avisar:
- Seu Lunga, a promissória venceu.
- Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória."
"Um sujeito foi até a loja do Seu Lunga e pediu uma porca de determinado tamanho, seu Lunga respondeu:
- Procure naquela caixa.
E o sujeito começou a procurar e no meio de tantas peças nada de conseguir achar a porca. Então exausto falou para Seu Lunga:
- Seu Lunga, não consegui achar a porca.
Indignado, Seu Lunga foi até a caixa, procurou a tal porca e a achou, então virou-se para o rapaz e respondeu:
- Eu não te disse que a porca tava aqui fi duma égua!
E jogando a porca novamente na caixa e misturando com as outras peças diz:
- Agora procura de novo direito que você acha!"
"O filho do Seu Lunga jogava futebol em um clube local, e um dia Seu Lunga foi assistir a um jogo de seu filho no estádio, e o sujeito sentado ao lado pergunta:
- Seu Lunga, qual dos jogadores ali é o seu filho?
Seu Lunga aponta e diz:
- É aquele ali...
- Aquele qual?
- Aquele ali!
- Não tô vendo...
Então Seu Lunga puto da vida pega uma pedra, joga em cima de seu filho e diz:
- É aquele ali que começou a chorar!"
"Seu Lunga, quando jovem, se apresentou à marinha para a entrevista:
- Você sabe nadar? Pergunta o oficial.
- Sei não senhor.
- Mas se não sabe nadar, como é que quer servir à marinha?
- Quer dizer que se eu fosse pra aeronáutica, tinha que saber voar!"
"Entra um sujeito na sucata de Seu Lunga, escolhe um relógio um pouco velho e pergunta:
- Seu Lunga, esse relógio presta pra tomar banho?
- Eu prefiro um sabonete – Responde Seu Lunga."
"Um conhecido de Lunga pergunta:
- Olá Seu Lunga, como anda?
Seu Lunga responde sem olhar pra pessoa:
- Com as pernas não aprendi a voar ainda."

Fonte: O Povo  e Cultura Nordestina - (Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social e Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará - Ester de Carvalho Lindoso)
Indicação: Roner Marcelo 

Lourival Vargas

LOURIVAL BARROSO VARGAS
(56 anos)
Artista Plástico e Pintor

* Ibertioga, MG (23/08/1952)
+ Barbacena, MG (20/11/2008)

Lourival Barroso Vargas foi um artista plástico e pintor brasileiro. Autodidata, destacou-se como pintor de temas sacros, contudo, era autor de obras ecléticas, com temas como paisagens bucólicas e natureza, motivos esotéricos, abstratos, com diversas inspirações. Também era retratista. Nascido em Ibertioga, MG, a 23/08/1952, teve contato com a arte desde a infância quando começou a desenvolver seu talento para o desenho e pintura.

Lourival possuía um traço característico, bem como o uso das cores, especialmente ao abordar a natureza em suas obras. A vista da Serra de Ibitipoca a partir de Barbacena era uma paisagem muito apreciada pelo artista, além das redondezas da terra natal Ibertioga, e também a cidade de Barbacena, onde viveu por muitos anos, que eram temas recorrentes de suas obras.

Lembrança do Bonde (Óleo Sobre Tela)
É relevante também sua visão do universo urbano e da sociedade, pois em várias telas o artista fez seu autorretrato demonstrando um sentimento de marginalização e incompreensão, como artista e pensador, em relação à sociedade falida e hipócrita em que viveu.

Uma das principais obras do artista e que o imortalizaram são os afrescos da Catedral de Ibertioga. A magnífica mão de Deus retratada mostra a mão calejada de um trabalhador. A inspiração se deu numa tarde ao deixar a catedral. Após dias pensando em como seria a mão divina, deparou com um lavrador sentado na calçada da praça e nesse momento ele percebeu que a mão do Criador deveria ser como aquela, calejada pelo trabalho árduo da grande criação do mundo. Pediu ao homem que deixasse que ele desenhasse sua mão. Ao se ver a obra pronta percebe-se como foi sensível e precisa a observação do artista.

Algumas pessoas do círculo íntimo do artista emprestaram seus rostos para que ele compusesse as figuras ali retratadas como anjos e arcanjos. Essa obra foi um marco importante na sua carreira, e depois dela foi convidado para fazer a pintura do teto de capelas nas fazendas da região.

Morte

Lourival Vargas faleceu em Barbacena, MG, em 20/11/2008, aos 56 anos, depois de ficar 58 dia internado na Santa Casa de Misericórdia de Barbacena. Ele teve um AVC hemorrágico e foi colocado em coma induzido. Durante este período Lourival Vargas ficou ligado a aparelhos. O velório do artista plástico ocorreu na Capela de Santa Terezinha e o sepultamento aconteceu em Ibertioga, MG, sua cidade natal.

Fonte: Wikipédia

Márcio Thomaz Bastos

MÁRCIO THOMAZ BASTOS
(79 anos)
Advogado

* Cruzeiro, SP (30/07/1935)
+ São Paulo, SP (20/11/2014)

Márcio Thomaz Bastos foi um advogado criminalista brasileiro. Foi ministro da Justiça do Brasil durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e durante três meses do segundo, entre 2003 e 2007.

Formado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, tradicional Largo de São Francisco, na turma de 1958, era casado com Maria Leonor de Castro Bastos.

Participou de seu primeiro júri em 1957, ainda na condição de solicitador acadêmico. Entre defesas e acusações, ao longo deste tempo, trabalhou em quase 1000 julgamentos perante o Tribunal do Júri, quase sempre defendendo gratuitamente acusados que não tinham condições de arcar com honorários advocatícios.

Na biografia de Márcio Thomaz Bastos registra-se uma hiato entre sua formação em 1958 e a aproximação dos movimentos populares, notadamente com a participação como assistente de acusação dos assassinos de Chico Mendes, ao lado do Eliseu Buchmeier. O que não se registra é que durante a Ditadura Militar o advogado Márcio Thomaz Bastos foi filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido pelo qual foi eleito vereador.

O advogado Márcio Thomaz Bastos foi o responsável pelas indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) feitas no Governo Lula, das quais resultaram a atual composição daquele tribunal.

Foi fundador e chefe de um dos mais respeitados escritórios de advocacia criminal do país, no qual atuou até 2003, quando tornou-se ministro da Justiça, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Teve como sócios, até assumir a pasta ministerial, os advogados Sônia Cochrane Ráo, Dora Cavalcanti Cordani e Luiz Fernando Pacheco.

Em seu escritório, com sede em São Paulo, liderou a equipe de defesa do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão, hoje capturado, como também à defesa dos estudantes que, durante um trote, afogaram Edison Tsung Chi Hsueh, estudante de medicina encontrado morto em uma piscina da Universidade de São Paulo (USP) em 1999, dos estudantes que assassinaram um chefe índio da aldeia pataxó em Brasília, que causou forte comoção nacional em 1997. Em ambos os casos, os estudantes foram sentenciados e encontram-se em liberdade vigiada.

Em 2012, figurou como um dos advogados responsáveis pela defesa do estudante Thor Batista, filho do empresário Eike Batista acusado de causar a morte de um ciclista na BR-040 por excesso de velocidade.

Seu escritório aceitou a defesa do empresário Carlinhos Cachoeira, em crime de colarinho branco, esse de conotação diferente dos outros, crimes considerados comuns, pois tem forte conotação política, devido ao novo paradigma do Código Penal.

Atuação Pública

Foi presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Estado de São Paulo, gestão de 1983 até 1985, com participação no movimento pelas Diretas Já, e do Conselho Federal da OAB, de 1987 até 1989, período da Constituinte.

Em 1990, após a eleição de Fernando Collor, integrou o governo paralelo instituído pelo Partido dos Trabalhadores (PT) como encarregado do setor de Justiça e Segurança. Em 1992, juntamente com o jurista Evandro Lins e Silva, participou da redação da petição que resultou no impeachment do presidente da República.

Em 1996, defendeu uma campanha informativa, encampada pela Ordem dos Advogados do Brasil, para incentivar o voto consciente dos eleitores. A campanha visava ainda cobrar dos candidatos às eleições a divulgação dos financiadores de suas campanhas para que o público soubesse quem estava por trás de cada um deles.

Foi fundador, juntamente com Severo Gomes, Jair Meneghelli e Dom Luciano Mendes de Almeida, do movimento "Ação Pela Cidadania". Recentemente, ao lado de profissionais liberais como o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, fundou o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).

Manteve várias ideias polêmicas, como a liberação da maconha e demais entorpecentes, controle externo do judiciário e ampliação das penas alternativas.

Foi advogado de Carlos Augusto de Almeida Ramos Cachoeira, bicheiro que segundo a Policia Federal é uma das pessoas suspeitas de formação de quadrilha e corrupção com membros infiltrados em várias áreas do governo.

Ministério da Justiça

Como ministro da justiça do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou-se pela reestruturação da Polícia Federal, bem como também pela aprovação da Emenda Constitucional 45, conhecida como a Reforma do Poder Judiciário, e pelo Estatuto do Desarmamento; pela Homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, iniciativa das comunidades indígenas; e pelo início da reestruturação do Sistema Brasileiro de Concorrência, esse iniciado durante sua administração junto ao governo Lula; pela criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) e pela Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (ENCLA) depois modificada para incluir o combate à Corrupção, passando a se chamar Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA).

Apesar de sua atuação como advogado de defesa nas mais importantes acusações de crimes de colarinho branco, em sua gestão como ministro, houve avanços especialmente na reestruturação da Polícia Federal, no combate à lavagem de dinheiro, na cooperação jurídica internacional e recuperação de ativos ilícitos, que permitiram o substancial avanço nas investigações e persecução penal desses crimes.

Após cumprir um período de quarentena, retornou à advocacia em São Paulo, onde o escritório de sua administração acompanha judicialmente o caso de Carlinhos Cachoeira em processo antigo, no que se refere a organizações criminosas e que agora se encontra em Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPIM) do Congresso Nacional, que procura equacionar o problema altamente complexo, da esfera Politica, do Crime Organizado/Organização Criminosa, no Brasil.

A ação desenvolve-se a partir de vários inquéritos interligados, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência, já iniciados no governo Fernando Henrique Cardoso da versão moderna e coordenadora do Sistema Nacional de Inteligência do Brasil, que remontam a mais de dez anos de investigação a nível de Governo Federal.

Morte

Márcio Thomaz Bastos morreu na manhã de quinta-feira, 20/11/2014, aos 79 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratamento de descompensação de fibrose pulmonar. O velório é realizado na Assembleia Legislativa, na Zona Sul de São Paulo. O corpo será cremado às 08:00 hs de sexta-feira, 21/11/2014, no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. 

Fonte: Wikipédia

Samuel Klein

SAMUEL KLEIN
(91 anos)
Empresário

* Lublin, Polônia (15/11/1923)
+ São Paulo, SP (20/11/2014)

Quem esbarra com ele dificilmente vai associá-lo ao empresário que em seis décadas ergueu um dos maiores e mais sólidos empreendimentos do varejo brasileiro. Simples, de camisas pólo e chinelos franciscanos, boa conversa e um vibrante sotaque judaico, Samuel Klein pode ser facilmente confundido com o público - os fregueses, como ele costuma se referir aos milhões de clientes que frequentam suas lojas.

Vendedor nato, Samuel Klein adorava contar histórias do mundo dos negócios. Nem de longe deixava transparecer os horrores vividos durante a Segunda Guerra Mundial, quando abandonou uma Europa ameaçada por regimes autoritaristas e fincou raízes em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Sobre esse tempo, Samuel Klein parece ter uma memória seletiva. O passado deixou suas marcas, mas não dirige o futuro. "Eu vivo e deixo os outros viverem", costuma dizer.

Samuel Klein e família na famosa charrete
A Origem Humilde

Samuel Klein nasceu em Lublin, na Polônia, o terceiro de nove irmãos, filho de carpinteiro de família judaica. Nascido no dia 15/11/1923, na Polônia, Samuel Klein foi testemunha de um dos capítulos mais cruéis da história da humanidade, o genocídio de judeus pelos  nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Aos 19 anos foi preso pelos nazistas e mandado com o pai para o campo de concentração de Maidanek, na Polônia. Sua mãe e cinco irmãos mais novos foram para o campo de extermínio de Treblinka, e Samuel nunca mais os viu.

Ao lembrar desses tempos, Samuel afirma que sua sorte foi ser jovem e forte pois isso fez com que os nazistas o mandassem para um campo de trabalhos forçados, onde sobreviveu com suas habilidades de carpinteiro, ofício que havia aprendido com o pai.

Sua sorte começou a mudar em 1944. Aproveitando-se de uma distração dos guardas, Samuel sumiu no mato a caminho da Alemanha. Conseguiu fugir, permanecendo na Polônia até acabar a guerra. Em seguida foi para Munique, na Alemanha, em busca do pai.

Na Alemanha, Samuel fez de tudo para ganhar a vida vendendo produtos para as tropas aliadas. Em cinco anos juntou algum dinheiro e casou-se com uma jovem alemã, de nome Ana.

Em 1951, Samuel decidiu aventurar-se para a América do Sul. Primeiro, enquanto outros irmãos emigraram para os Estados Unidos. Inicialmente foi para a Bolívia, mas ao deparar-se com o país em plena guerra civil, rapidamente mudou o rumo e chegou no ano seguinte ao Brasil, onde, depois de uma rápida passagem pelo Rio de Janeiro, viajou para São Paulo, instalando-se em São Caetano do Sul, na região do ABC Paulista. A esposa e o primeiro filho do casal, Michael, então com um ano de idade, o acompanharam. Na bagagem, além da família, trazia o sonho de prosperar em um país onde, principalmente, se podia viver em paz.

O Primeiro Endereço da Casa Bahia
O Começo

Com US$ 6 mil no bolso, Samuel comprou uma casa e uma charrete. Com a ajuda de um conhecido que transitava bem pelo comércio do Bom Retiro, reduto dos imigrantes judeus e árabes na década de 50, adquiriu uma carteira de 200 clientes e mercadorias - roupas de cama, mesa e banho. De porta em porta, começou a mascatear pelas ruas de São Caetano do Sul. Quando alguém dizia que não podia pagar, Samuel logo lhe oferecia condições: ficar com o produto e pagar em prestações, tudo no crediário, cuja contabilidade era executada pela mulher.

Cinco anos depois, em 1957, já tinha capital suficiente para dar mais um passo em direção ao futuro. A primeira loja foi adquirida em 1957 e ficava no Centro de São Caetano, no número 567 da Avenida Conde Francisco Matarazzo. Ela recebeu o nome de Casa Bahia em homenagem aos nordestinos que se deslocaram para o ABC para atuar na indústria. Com a ampliação para outras unidades, o nome da primeira loja ganhou o plural, Casas Bahia, e batizou o empreendimento.

No endereço de número 567, da Avenida Conde Francisco Matarazzo, Samuel aumentou a variedade de produtos e começou a negociar com móveis, colchões de algodão, entre outros itens. A clientela não demorou a frequentar a loja para pagar suas prestações e, lógico, adquirir novas mercadorias. Era o início de um império que foi conquistando cada vez mais clientes e mercados até se transformar na potência dos dias de hoje.

Sua história de superação está entre as mais marcantes trajetórias dos grupos empresariais brasileiros e a empresa fundada por ele, a Casas Bahia, transformou-se em ícone na comercialização de produtos para as classes de baixo poder aquisitivo.

Samuel Klein já vendia para Classe C  quando grande parte das empresas desprezava esses consumidores, hoje cobiçados por todos os setores.

Mão de Ferro

Enquanto esteve à frente da Casas Bahia, Samuel Klein era considerado um gestor centralizador e costumava dizer que não queria sócios.

Em 2009, o Grupo Pão de Açúcar anunciou que havia fechado um acordo de fusão com as Casas Bahia. Segundo comunicado divulgado ao mercado na ocasião, o contrato visava a integração dos seus negócios no setor de varejo e de comércio eletrônico. Com isso, a associação uniu as operações do Ponto Frio (Globex), das Casas Bahia e do Extra Eletro (Grupo Pão de Açúcar) em uma única e nova sociedade.

De acordo com a nota, a empresa resultante da operação teria, na época, 1.582 lojas, em 337 municípios, incluindo super e hipermercados. As unidades estão em 18 estados e no Distrito Federal. O faturamento anualizado da Companhia em 2008 com Ponto Frio e Casas Bahia estava ao redor de R$ 40 bilhões.

No site da Via Varejo, a informação atual é de que a rede tem mais de 56 mil funcionários e 620 lojas e está presente em 17 estados (SP, RJ, ES, MG, GO, MT, MS, BA, SC, PR, SE, CE, TO, PE, RN, AL e PB), além do Distrito Federal. A marca Casas Bahia foi avaliada em US$ 420 milhões e é considerada a 6ª marca de varejo mais valiosa da América Latina e a 2ª do Brasil, segundo ranking "Best Retail Brands", divulgado pela consultoria Interbrand.

A fusão da Casas Bahia com o Ponto Frio, do Grupo Pão de Açúcar, foi liderada em 2010 por seu filho mais velho, Michael, a quem ele já havia nomeado como seu sucessor. Saul Klein, outro filho de Samuel e que também desempenhou um importante papel na gestão da varejista, decidiu sair do capital da empresa antes de concretizada a fusão.

Na época, a fusão foi vista como mais uma "tacada de mestre" de Abilio Diniz, herdeiro e líder do Grupo Pão de Açúcar, que conseguiu convencer um dos seus mais antigos concorrentes a fechar um negócio considerado até então pouco provável.

Pensamentos

Ao completar 80 anos, Samuel Klein escreveu sua biografia: "Samuel Klein e a Casas Bahia - Uma Trajetória de Sucesso". No livro Samuel Klein registrou suas memórias. Veja abaixo alguns de seus pensamentos:

"Acredito no ser humano. Caso contrário, não abriria as portas das minhas lojas todos os dias. O que ajuda a me manter vivo é a confiança que tenho no próximo."
"Em nossa vida profissional, não podemos falhar. São justamente nossos erros que estragam nossos acertos."
"Ontem foi ontem, já passou. Hoje é hoje e é o que nos importa. Amanhã, o futuro, a Deus pertence."
"De um bom namoro sai um bom casamento. Da boa conversa, sai um bom negócio."
"Que país abençoado esse Brasil. O povo também é pacato e acolhedor. O Brasil é um país que dá oportunidades para quem quer trabalhar e crescer na vida. Cresci junto com o Brasil. Não fiquei parado vendo o país crescer."
"O segredo é comprar bem comprado e vender bem vendido."
"A riqueza do pobre é o nome. O credito é uma ciência humana, não exata. Não importa se o cliente é um faxineiro ou um pedreiro, se ele for bom pagador, a Casas Bahia dará credito para que ele resgate a cidadania e realize seus sonhos."
"Temos que amar o país em que vivemos. A palavra crise não existe no meu dicionário. Eu sempre comprei por 100 e vendi por 200."
"Meu lema é confiar. Confiar no freguês, nos fornecedores, nos funcionários, nos amigos e, principalmente, em mim."
"Eu vivo e deixo os outros viverem."

Morte

Samuel Klein faleceu na madrugada de quinta-feira, 20/11/2014, aos 91 anos. Segundo informações da assessoria de imprensa da família, o empresário estava internado há 15 dias no Hospital Albert Einsten. A causa da morte foi insuficiência respiratória.

O velório aconteceu pela manhã no Cemitério Israelita do Butantã, onde o empresário foi enterrado no fim do dia em cerimônia fechada para amigos e familiares

Em comunicado divulgado à imprensa, a empresa lamentou o falecimento do fundador e ressaltou seu "espírito empreendedor", destacando sua contribuição para o desenvolvimento do varejo brasileiro.

"Foi a visão e o pioneirismo de Samuel Klein na oferta de crédito às camadas populares da população que possibilitou a realização dos sonhos de milhões de famílias brasileiras", informa a nota.

Fonte: Casas Bahia Institucional, IG Economia e G1
Indicação: Sérgio de Salles Penteado

Genival Santos

GENIVAL SANTOS
(70 anos)
Cantor

* Campina Grande, PB (21/05/1944)
+ Fortaleza, CE (18/11/2014)

O cantor Genival Santo, paraibano da cidade de Campina Grande, chegou ao Rio de Janeiro ainda criança, onde conheceu o sucesso e viveu boa parte da sua vida.  Há alguns anos mudou-se para Fortaleza, onde atualmente morava. Continuava em plena atividade, fazendo shows por todo território nacional, levando um público com idades bem variadas, desde seus fãs da década de 70 até os mais jovens que o admiravam e participavam de seus shows.

Genival Santos iniciou sua carreira no programa de Flávio Cavalcanti, e passou a ser conhecido pelo Brasil inteiro por suas músicas "Meu Coração Pede Paz", "Se Errar Outra Vez", "Sendo Assim" e "Eu Não Sou Brinquedo". Despontando nas paradas de sucesso com "Eu Te Peguei No Flagra", na época o cantor barrou grandes nomes da música vendendo mais de 80 mil cópias logo em sua estréia. De acordo com informações de produtores do cantor, ele lançou 28 discos e vendeu cinco milhões de cópias ao longo de sua carreira.

Morte

Genival Santos morreu na terça-feira, 18/11/2014, às 14:45 hs, aos 70 anos. O falecimento aconteceu no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM). Ele sofria de doença pulmonar e morreu numa enfermaria onde ficam pacientes de pulmão.

Internado no Hospital de Messejana desde o dia 12/11/2014, o artista lutava contra um câncer no pulmão. Mas, no período em que esteve no hospital, conservou o bom humor e permaneceu consciente todo o tempo. O corpo foi velado posteriormente na Funerária Alvorada e o enterro ocorreu às 15:00 hs de quarta-feira, 19/11/2014, no Cemitério Jardim Metropolitano.

"Ele estava sedado, só esperando Deus chamar. Ele já estava fazendo tratamento desde março. Pegou uma pneumonia, depois uma trombose, que complicou", disse a viúva de Genival Santos

Há dois dias, o filho e também cantor Rodrigo Santos havia agradecido pelas redes sociais o carinho dos fãs e amigos.

"Obrigado a todos que estão indo ao hospital ver meu pai. Esse Carinho de vocês me dá força, e que Jesus abençoe a vida de todos! Obrigado mesmo!"

Indicação: Miguel Sampaio

Márcio de Souza Mello

MÁRCIO DE SOUZA MELLO
(84 anos)
Militar e Presidente do Brasil

* Florianópolis, SC (26/05/1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (31/01/1991)

Márcio de Souza Mello foi um militar brasileiro, marechal-do-ar da Força Aérea Brasileira. Nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 26/05/1906.

No final dos anos 1940, o filho de contra-almirante, que ingressara na Escola Militar do Realengo em 1925, no Rio de Janeiro, foi designado adido aeronáutico junto às embaixadas brasileiras em Buenos Aires e Montevidéu. Nessa função, estreitou laços de amizade com Arthur da Costa e Silva, à época adido militar e que na ocasião do 13/12/1968 era o presidente do Brasil.

O leitor assíduo de Eça de Queirós, e representante da linha dura das Forças Armadas, ocupou, em 1964, o cargo de ministro da Aeronáutica por 22 dias, no governo Castelo Branco. Pediu a exoneração da posição por discordar da decisão presidencial sobre a posse de um porta-aviões. Dois anos depois foi empossado novamente à frente do Ministério da Aeronáutica, a pedido de Arthur da Costa e Silva.

Exerceu o cargo de presidente da República numa junta composta pelos ministros Augusto Hamann Rademaker Grünewald, da Marinha, Aurélio de Lyra Tavares, do Exército, e Márcio de Souza e Mello, da Aeronáutica, em 31/08/1969, quando o presidente Artur da Costa e Silva foi afastado devido a uma trombose cerebral. A nomeação da junta composta por militares foi feita pelo Alto Comando das Forças Armadas, que temia a abertura do Congresso e suspensão dos atos institucionais que vigoravam.

Augusto Rademaker, Márcio de Souza Mello e Aurélio de Lyra Tavares
Em entrevista para o livro "1968, o Ano Que Não Terminou", de Zuenir Ventura, Márcio de Souza Mello admitiu a existência do plano de utilizar o Para-Sar, unidade de buscas e salvamento da Força Aérea Brasileira (FAB), na contenção dos "subversivos", fato que negou quando surgiu a denúncia, em outubro de 1968.

Este período teve grande conturbação política, incluindo o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick no Rio de Janeiro, em 04/09/1969, por movimentos rebeldes Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 (MR-8). Entre outras exigências, os militantes exigiam a libertação de presos políticos. O governo atendeu a condição dos sequestradores e libertou 15 pessoas em troca da liberdade do embaixador.

Após o episódio, o governo militar decretou mais dois atos institucionais, o AI-13, que estabeleceu a pena de banimento em caso de ameaça à segurança do Estado e o AI-14, que instituiu a pena de morte e prisão perpétua para casos de guerra revolucionária ou subversiva.

Em outubro de 1969, a junta militar editou o AI-16, que extinguiu o mandato do presidente Costa e Silva e de seu vice Pedro Aleixo e criou um calendário para a nova eleição presidencial.


Numa manobra política para acabar com a oposição à indicação do general Emílio Garrastazu Médici, foi instituído ainda o AI-17, que mandava para a reserva os militares considerados ameaçadores à coesão das forças armadas.

Ainda com o objetivo de reprimir os movimentos de esquerda, a junta editou a emenda constitucional número 1 ao AI-5, um dos mais populares que foi criado em 1967 instituindo a censura, através da qual aumentavam os poderes punitivo e repressivo do Estado.

Em 22/10/1969, o Congresso Nacional foi reaberto para eleger Emílio Garrastazu Médici como presidente e Augusto Hamann Rademaker Grünewald, como vice.

Márcio de Souza Mello foi novamente ministro da Aeronáutica durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, mas pediu exoneração do cargo em 26/11/1971.

Exatos dez anos após a assinatura do AI-5, em dezembro de 1978, o ministro da Aeronáutica declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que assinara o documento "porque sabia de sua transitoriedade ou, pelo menos, assim imaginava (...) Não se pode negar que foi desvirtuado (...) dos ideais revolucionários". Estava afastado da vida pública havia sete anos, quando foi exonerado do cargo de ministro no governo de  Emílio Garrastazu Médici, devido a conflito de doutrina na direção da Aeronáutica.

Márcio de Souza Mello morreu no Rio de Janeiro, em 31/01/1991 aos 85 anos. Foi casado e teve duas filhas.

Promoções
  • Tornou-se praça em 31/03/1925
  • Aspirante a oficial em 20/01/1928
  • Segundo-tenente em 09/08/1928
  • Primeiro-tenente em 14/08/1930
  • Capitão em 16/06/1933
  • Major em 07/09/1938
  • Tenente-coronel em 20/12/1941
  • Coronel em 01/11/1946
  • Brigadeiro em 10/04/1954
  • Major-brigadeiro em 22/04/1961


Aurélio de Lyra Tavares

AURÉLIO DE LYRA TAVARES
(93 anos)
Militar e Presidente doo Brasil

* João Pessoa, PB (07/11/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/11/1998)

Aurélio de Lyra Tavares foi um general de exército brasileiro, membro da junta provisória que governou o Brasil durante sessenta dias, de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969.

Aluno da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, formou-se também em direito e em engenharia.

Aurélio de Lyra Tavares nasceu na cidade da Paraíba (atual João Pessoa), na Paraíba, em 07/11/1905. Militar, fez parte do Estado-Maior do Exército, onde foi encarregado de organizar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e comandou o 4º Exército pelo período de governo de Castelo Branco

Foi Comandante da Escola Superior de Guerra (ESG), entre 28 de setembro de 1966 e 13 de março de 1967. Em seguida, foi ministro do Exército no governo Costa e Silva, de 1967 a 1969.

Exerceu o cargo de presidente da República numa junta composta pelos ministros Augusto Hamann Rademaker Grünewald, da Marinha, Aurélio de Lyra Tavares, do Exército, e Márcio de Souza e Mello, da Aeronáutica, em 31/08/1969, quando o presidente Artur da Costa e Silva foi afastado devido a uma trombose cerebral. A nomeação da junta composta por militares foi feita pelo Alto Comando das Forças Armadas, que temia a abertura do Congresso e suspensão dos atos institucionais que vigoravam.

Este período teve grande conturbação política, incluindo o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick no Rio de Janeiro, em 04/09/1969, pelos movimentos rebeldes Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 (MR-8). Entre outras exigências, os militantes exigiam a libertação de presos políticos. O governo atendeu a condição dos sequestradores e libertou 15 pessoas em troca do embaixador.


Após o episódio, o governo militar decretou mais dois atos institucionais, o AI-13, que estabeleceu a pena de banimento em caso de ameaça à segurança do Estado e o AI-14, que instituiu a pena de morte e prisão perpétua para casos de guerra revolucionária ou subversiva.

Em outubro de 1969, a junta militar editou o AI-16, que extinguiu o mandato do presidente Costa e Silva e de seu vice Pedro Aleixo e criou um calendário para a nova eleição presidencial. Numa manobra política para acabar com a oposição à indicação do general Emílio Garrastazu Médici, foi instituído ainda o AI-17, que mandava para a reserva os militares considerados ameaçadores à coesão das forças armadas.

Ainda com o objetivo de reprimir os movimentos de esquerda, a junta editou a emenda constitucional número 1 ao AI-5, um dos mais populares dos atos, que foi criado em 1967 instituindo a censura, através da qual aumentavam os poderes punitivo e repressivo do Estado. 

Em 22/10/1969, o Congresso Nacional foi reaberto para eleger Emílio Garrastazu Médici como presidente e Augusto Hamann Rademaker Grünewald, como vice.

Amante das letras, Aurélio Lyra  dirigiu, durante seu período no Colégio Militar, a revista literária "A Inspiração", dos alunos do colégio. A literatura e a poesia eram, ao lado do Exército, a grande paixão do general. Um pouco antes de assumir o cargo de embaixador, em abril de 1970, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ganhando a disputa contra o poeta Lêdo Ivo

Augusto Rademaker, Márcio de Souza Mello e Aurélio de Lyra Tavares
No dia de sua nomeação para a Academia Brasileira de Letras, uma festa foi organizada na casa de seu irmão, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Brincou com os jornalistas presentes e, ao ser questionado se iria tomar parte da "revolução da linguagem", tentou fugir da pergunta, mas acabou respondendo de forma bem humorada: "Lá vem você com revolução. Mas que revolução? Está bem, pronto, vou tomar, sim".

Na mesma ocasião afirmou ser um romântico e contou que havia jogado como meia-direita do Fluminense, numa época em que, pelos jogos, "só se ganhava uma garrafa de gasosa".

Aurélio Lyra publicou 17 livros, a grande maioria versando sobre historiografia militar. Nos dois volumes de o "O Brasil de Minha Geração", de 1976 e 1977, contou a história da "revolução" e da ditadura, atendo-se, no entanto, a uma mera cronologia dos fatos. Também escreveu poesias, sob o pseudônimo "Adelita", formado pela combinação das primeiras sílabas de seu nome e sobrenomes.

Após voltar da França, recusava-se sistematicamente a conceder entrevistas sobre questões políticas. Dizia que, depois "daquilo" (AI-5), havia morrido para outras coisas.

"Dedico minha vida à Academia Brasileira de Letras e ao Instituto Histórico, nada mais"

Depois de compor a junta militar, foi embaixador do Brasil em Paris, de 1970 a 1974. Foi ainda o autor da letra da "Canção da Engenharia" do Exército Brasileiro.

Aurélio Lyra teve duas filhas. Sobre a neta que vivia na Bahia com a mãe, disse, uma vez, "avô é pai com mel" e reclamou da saudade. Fazia caminhadas regulares na orla de Copacabana, bairro onde morou pela maior parte de sua vida.

Aurélio de Lyra Tavares faleceu no Rio de Janeiro, em 18/11/1998, aos 93 anos de idade vítima de uma parada cardíaca.

Obras
  • 1931 - Domínio Territorial do Estado
  • 1942 - História da Arma de Engenharia
  • 1951 - Quatro Anos na Alemanha Ocupada
  • 1955 - Território Nacional
  • 1965 - Temas da Vida Militar
  • 1965 - A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil
  • 1968 - Além dos Temas da Caserna
  • 1973 - A Independência do Brasil na Imprensa Francesa
  • 1973 - A Amazônia de Júlio Verne
  • 1976 - O Brasil de Minha Geração
  • 1977 - O Brasil de Minha Geração
  • 1978 - Brasil-França ao Longo de Cinco Séculos
  • 1981 - Crônicas Ecléticas
  • 1981 - Vilagran Cabrita e a Engenharia de Seu Tempo
  • 1982 - Reminiscências Literárias
  • 1984 - O Centenário de Augusto dos Anjos
  • 1985 - Nosso Exército, Essa Grande Escola
  • 1987 - Aristides Lobo e a República


E muitas outras conferências e discursos sobre temas militares.