Carlos José

CARLOS JOSÉ RAMOS DOS SANTOS
(85 anos)
Cantor, Compositor e Advogado

☼ São Paulo, SP (22/09/1934)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/05/2020)

Carlos José Ramos dos Santos, mais conhecido como Carlos José, foi um cantor e seresteiro nascido em São Paulo, SP, no dia 22/09/1934.

Irmão do instrumentista Luís Cláudio Ramos, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1939. Aluno dos colégios Santo Inácio e Andrews e, mais tarde, da Faculdade de Direito, esteve sempre ligado a grupos musicais amadores.

Em 1947, foi classificado em 1º lugar no programa  de calouros "Papel Carbono", apresentado por Renato Murce na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Carlos José ingressou na Faculdade de Direito, onde organizou um grupo de teatro e música, que revelou, entre outros, Geraldo Vandré e Sylvia Telles.

Considerado um grande seresteiro, atuou em várias capitais do país consolidando o repertório tradicional da Música Popular Brasileira.

Do seu casamento com a jornalista e produtora Maria D'Ajuda, nasceram dois filhos.

Carlos José atuou durante muitos  anos na sede da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (SOCINPRO), no Rio de Janeiro, onde chegou a ser presidente, marcando-se como intransigente defensor dos direitos autorais dos compositores e intérpretes brasileiros.


Carlos José iniciou sua carreira profissional em 1957, apresentando-se no programa "Um Instante, Maestro", de Flávio Cavalcanti, transmitido pela TV Rio. Ainda nesse ano, gravou seu primeiro disco, um 78 rpm, lançado pela Polydor, com os sambas canção "Ouça" (Maysa), e "Foi a Noite" (Tom Jobim e Newton Mendonça). O disco lhe valeu o título de Cantor Revelação do Ano, concedido pelos cronistas do Rio de Janeiro. Em seguida, começou a ser solicitado para realizar shows em todo o Brasil. Abandonou a carreira de advogado e passou a dedicar-se exclusivamente à música.

Em 1958, gravou seu primeiro LP, que incluiu uma música de sua autoria, o samba canção "Oferta" (Carlos José).  No mesmo ano, gravou o fox "Tarde Demais Para Esquecer" (H. Adamson, McCarey, Chandler e Warren), com versão de Alberto Ribeiro, os sambas canção "Se Alguém Telefonar" (Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim), "Só Louco" (Dorival Caymmi), e o samba "Viva o Meu Samba" (Billy Blanco).

Em 1959, gravou "Cantiga de Enganar Tristeza" (Ary Barroso e Tiago de Melo), e "Prenúncio" (Marino Pinto e Vadico). No mesmo ano, gravou os sambas "Garotas" (Billy Blanco) e "Recado" (Djalma Ferreira e Luiz Antônio), e o samba canção "A Noite do Meu Bem" (Dolores Duran).

Em 1960, passou a gravar na Continental, estreando com o samba toada "Esmeralda" (Filadelfo Nunes e Fernando Barreto), um de seus maiores sucessos, e o samba "Saudade Querida" (Tito Madi). Ainda em 1960, gravou pela Odeon o bolero "A Noite de Nós Dois" (Fernando César e Otelo Zucolo).

Carlos José e Agnaldo Rayol
Em 1961, gravou o samba "História Singular" (Esdras Silva e Armando Cavalcânti), e o samba canção "Ninguém Chora Por Mim" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Gravou também os sambas canção "Paciência (Vou Brigar Com Ela)" (Lupicínio Rodrigues), e "O Tema é Solidão" (Edson Borges e Hianto de Almeida).

Em 1962, gravou na Continental os boleros "Gota de Carinho" (Umberto Silva, P. Aguiar e A. Pessanha), e "Não Importa" (Rossini Pacheco).

Em 1963, gravou os sambas canção "Mensagem" (Raul Sampaio e Benil Santos), e "Serra da Boa Esperança" (Lamartine Babo).

Nesta década de 1960, além das canções já mencionadas, destacou-se com outros sucessos como "Esmeralda" (Fernando Barreto e Filadelfo Nunes), "Lembrança", uma versão de Serafim Costa Almeida, "Queria" (Carlos Paraná) e "Guarânia da Saudade" (Luís Vieira).

Em 1966, lançou pela CBS o LP "Uma Noite de Serestas", no qual interpretou obras como "Boa Noite, Amor" (Francisco Mattoso e José Maria de Abreu), "Por Ti" (Sá Roris e Leonel Azevedo), "A Voz do Violão" (Horácio Campos e Francisco Alves) e "Serenata" (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa).

Em 1968, lançou "Uma Noite de Seresta - Volume 3", LP que trazia entre outras composições, "Se Me Faltar o Amor" (Mário Rossi e Gastão Lamounier), "Modinha" (Jaime Ovalle e Manuel Bandeira), "Pisando Corações" (Ernani Campos e Antenógenes Silva) e "Branca" (Duque de Abramonte e Zequinha de Abreu).


Em 1969, lançou o LP "Uma Noite de Seresta - Volume 4", no qual gravou "A Mulher Que Ficou na Taça" (Orestes Barbosa e Francisco Alves), "Duas Vidas" (Claudionor Cruz e Pedro Caetano), "Maria Bethânia" (Capiba), "Lágrimas" (Cândido das Neves), entre outras composições do repertório romântico e seresteiro.

Em 1970, gravou "Sombras na Madrugada", registrando entre outras, "A Volta" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) e "Seria Bem Melhor" (Pedro Paulo e Renato Barros).

Em 1974, gravou pela Polydor "Eu Quero" (Sergio Bittencourt), "Rotina" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), "Prelúdio Pra Ninar Gente Grande" (Luiz Vieira), "Dono Dos Teus Olhos" (Humberto Teixeira), "Oração da Mãe Menininha" (Dorival Caymmi) e "Viagem" (Paulo César Pinheiro e João de Aquino).

Em 1975, a RCA Victor lançou o álbum "Meu Canto de Paz", que registrou músicas de compositores novos ao lado de composições mais antigas como "Arrependimento" (Cristóvão de Alencar e Sílvio Caldas), "Cabelos Brancos" (Marino Pinto e Herivelto Martins) e "O Filho Que Eu Quero Ter" (Toquinho e Vinicius de Moraes).

A discografia de Carlos José registra mais de 25 discos e inclui uma série de seis LPs com o título "Uma Noite de Seresta", na qual interpreta canções famosas gravadas por Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas e Carlos Galhardo.

Em 1982, a convite de Ricardo Cravo Albin, estreou o show "Carlos José e Viva Voz", em que atuou ao lado da filha Luciana (uma das integrantes do conjunto), que depois tornou-se produtora musical.


Oito anos depois, em 1990, e com o mesmo produtor, tomou parte no elepê duplo "Há Sempre Um Nome de Mulher", distribuído pelas agências do Banco do Brasil e do qual se venderam 600 mil cópias em todo o país.

Em 1993, gravou o CD "Serestas Brasileiras", incluído no projeto Academia Brasileira de Música, destacando-se as faixas "Esses Moços" e "Nervos de Aço", ambas de Lupicínio Rodrigues, "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda" (Lamartine Babo e Francisco Matoso) e "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro), entre outras.

Em 1997, regravou seus principais sucessos, como "Lembrança", "Esmeralda" e "Guarânia da Saudade" no CD "20 Super Sucessos de Carlos José", lançado pela PolyGram, que incluiu também as faixas "Olhos Nos Olhos" (Chico Buarque), "Menino de Rua" (J. Júnior), "Naquela Mesa" (Sérgio Bittencourt), "Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges) e "Você é Uma Mentira" (Joelma).

Em 1999, organizou e estrelou espetáculo no auditório principal da Academia Brasileira de Letras, quando do lançamento das 14 canções do século XX e do livro "MPB - A História De Um Século", de Ricardo Cravo Albin.

Ao longo de sua carreira, Carlos José apresentou-se nos palcos de todo o Brasil, além de ter realizado shows em Portugal, México, Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador.

Em 2014, aos 80 anos, voltou a gravar, lançando com o irmão e violonista Luiz Cláudio Ramos, o CD "Musa Das Canções", apenas com voz e violão, no qual interpretou somente composições com nomes de mulher, como por exemplo, "Odete" (Herivelto Martins e Waldemar de Abreu, o Dunga), cantada em dueto com Chico Buarque, "Doralice" (Dorival Caymmi e Antônio Almeida), "Laura" (João de Barro e Alcyr Pires Vermelho), em dueto com Jerry Adriani, "Maria" (Ary Barroso), "Ai Que Saudades da Amélia" (Ataulfo Alves e Mário Lago), "Esmeralda"(Filadelfo Nunes), seu primeiro grande sucesso, e "Cantiga Por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), além da inédita "Celina" (Carlos José).

Morte

Carlos José faleceu na manhã de sábado, 09/05/2020, aos 85 anos, no Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde estava internado com problemas respiratórios, vítima de Covid-19.

Sua esposa, Vera Goulart, também ficou internada, com sintomas da doença provocada pelo Covid-19.

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