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Geraldo Vietri

GERALDO VIETRI
(68 anos)
Diretor, Autor, Novelista, Escritor, Roteirista, Produtor, Cineasta e Dramaturgo

☼ São Paulo, SP (27/08/1927)
┼ São Paulo, SP (01/08/1996)

Geraldo Vietri foi um diretor e dramaturgo nascido em São Paulo, SP, no dia 27/08/1927.

Personalidade controversa dentro da televisão, pioneiro, de temperamento difícil e politicamente conservador, Geraldo Vietri começou sua carreira na TV Tupi, em 1958, quando um de seus textos, "Este Mundo é dos Loucos", foi aprovado e produzido pela emissora paulista. Depois disso, Geraldo Vietri viria a ser contratado para trabalhar no "TV de Comédia", como autor e diretor. Em "TV de Comédia", ganhou notoriedade e respeito.

Quando a emissora resolveu produzir telenovela, o nome de Geraldo Vietri foi logo lembrado. Na primeira produção diária, "Alma Cigana" (1964), atuou como diretor. Dois anos depois escreveu A Inimiga" (1966), adaptando um original argentino. Consagrado como autor/diretor, mostraria uma inquietação para reformular o gênero com "Os Rebeldes" (1967).

Geraldo Vietri alcançou sucesso e projeção nacional com as telenovelas "Antônio Maria" (1968) e "Nino, o Italianinho" (1969), duas marcas registradas de sua trajetória pelo mundo das telenovelas. Além destas duas, também escreveu "Meu Rico Português" (1975), última novela a derrotar a TV Globo no horário das 19h, feito imbatível durante muito tempo.

Outro grande sucesso foi "Vitória Bonelli" (1972), intensa história de decadência econômica e superação ambientada na colônia italiana de São Paulo que contou com um memorável desempenho de Berta Zemel no papel-título.


Com a falência da TV Tupi, Geraldo Vietri se revezou entre algumas emissoras, dentre elas a TV Globo, TV Bandeirantes, TV Cultura, Rede Manchete e CNT.

Geraldo Vietri lançou e formou vários nomes importantes da história de nossa televisão, como Juca de Oliveira, Aracy Balabanian, Tony Ramos, Denis Carvalho e Paulo Figueiredo. Extremamente centralizador, Geraldo Vietri produzia, escrevia e dirigia suas novelas. Essa característica dificultou seu trabalho na esquemática TV Globo, em 1980, quando começou a adaptar o romance "Olhai Os Lírios do Campo", de Érico Veríssimo, para o horário das 18h00. Geraldo Vietri desentendeu-se com o diretor Herval Rossano e não concluiu a novela.

Geraldo Vietri também produziu para o cinema, usando em seus elencos os mesmos amigos que atuavam em suas novelas na TV Tupi. Como exemplo, "Senhora" (1976), com Elaine Cristina e Paulo Figueiredo, e "Tiradentes, o Mártir da Independência" (1976), com Adriano Reys. Contudo, não obteve no meio a mesma qualidade e a mesma repercussão de suas incursões na televisão, estabelecendo-se, meramente, como um artesão de produções comerciais.

No cinema, Geraldo Vietri mencionou pela única vez sua própria homossexualidade. No filme "Os Imorais" (1979), mostrou de forma positiva o amor entre dois rapazes.

Geraldo Vietri foi proprietário de restaurantes, um com o ator Flamínio Fávero chamado La Sorella Pizza Bar, inaugurado em 1972, e outro chamado Il Fratello, inaugurado também nos anos 70.

Geraldo Vietri sofria de enfisema pulmonar.

Morte

Geraldo Vietri faleceu na quinta-feira, 01/08/1996, aos 68 anos, vítima de broncopneumonia.

Carreira

CNT
  • 1996 - Antônio dos Milagres ... Autor
  • 1996 - Irmã Catarina ... Co-autor
  • 1995 - A Verdadeira História de Papai Noel ... Autor

Manchete
  • 1991 - O Fantasma da Ópera ... Supervisor de Texto
  • 1991 - Floradas na Serra ... Autor (Remake)
  • 1991 - Na Rede de Intrigas ... Autor
  • 1985 - Antônio Maria ... Autor e Diretor
  • 1984 - Santa Marta Fabril S.A. ... Autor e Diretor

TV Bandeirantes
  • 1983/1984 - Casa de Irene ... Autor e Diretor
  • 1982 - Renúncia ... Autor e Diretor
  • 1981/1982 - Dona Santa ... Autor e Diretor

TV Cultura
  • 1981 - Floradas na Serra ... Autor
  • 1981 - O Homem Que Sabia Javanês ... (Adaptação para o Teleconto)

TV Globo
  • 1980 - Olhai os Lírios do Campo ... Autor
  • 1986 - A Única Chance (Teletema) ... Autor
  • 1990 - Iaiá Garcia (Teletema) ... Autor

TV Tupi
  • 1978 - João Brasileiro, o Bom Baiano ... Diretor e Supervisor
  • 1976 - Os Apóstolos de Judas ... Autor e Diretor
  • 1975 - Meu Rico Português ... Autor e Diretor
  • 1972 - Vitória Bonelli ... Autor e Diretor
  • 1971 - A Fábrica ... Autor e Diretor
  • 1971 - A Selvagem ... Autor e Diretor
  • 1969 - Nino, o Italianinho ... Autor e Diretor
  • 1968 - Antônio Maria ... Autor e Diretor
  • 1967 - Os Rebeldes ... Autor e Diretor
  • 1967 - Paixão Proibida ... Diretor
  • 1967 - A Ponte de Waterloo ... Autor e Diretor (Remake)
  • 1967 - A Intrusa ... Autor e Diretor
  • 1967 - Angústia de Amar ... Diretor
  • 1966 - Ciúme ... Diretor
  • 1966 - A Ré Misteriosa ... Autor e Diretor
  • 1966 - A Inimiga ... Autor e Diretor
  • 1965 - Um Rosto Perdido ... Diretor
  • 1965 - A Outra ... Diretor
  • 1965 - O Cara Suja ... Diretor
  • 1965 - Teresa ... Diretor
  • 1964 - O Sorriso de Helena ... Diretor
  • 1964 - Quando o Amor é Mais Forte ... Diretor
  • 1964 - Se o Mar Contasse ... Diretor
  • 1964 - A Gata ... Diretor
  • 1964 - Alma Cigana ... Diretor
  • 1963 - Klauss, o Loiro ... Autor e Diretor
  • 1963 - Moulin Rouge, a Vida de Tolouse Lautrec ... Autor e Diretor
  • 1963 - Terror nas Trevas ... Autor e Diretor
  • 1963 - A Sublime Aventura ... Autor e Diretor
  • 1963 - As Chaves do Reino ... Autor e Diretor
  • 1962 - Prelúdio, a Vida de Chopin ... Autor e Diretor
  • 1962 - A Única Verdade ... Autor e Diretor (Remake)
  • 1962 - A Estranha Clementine ... Autor e Diretor
  • 1962 - A Noite Eterna ... Autor e Diretor
  • 1959 - Adolescência ... Autor e Diretor
  • 1959 - A Ponte de Waterloo ... Autor
  • 1958 - A Única Verdade ... Autor
Argentina

  • 1971 - Nino, Las Cosas Simples de La Vida (Adaptação de "Nino, o Italianinho")
  • 1984 - Lúcia Bonelli (Adaptação de "Vitória Bonelli")
  • 1987 - El Duende Azul (Foi exibida em 1989 pela Band com o título de "Desencontros")
Peru

  • 1972 - La Fábrica (Adaptação de "A Fábrica")
  • 1996 - Nino (Adaptação de "Nino, o Italianinho")

Brenda Lee

CÍCERO CAETANO LEONARDO
(48 anos)
Transexual e Militante dos Direitos LGBT

☼ Bodocó, PE (10/01/1948)
┼ São Paulo, SP (28/05/1996)

Cícero Caetano Leonardo, mais conhecido por Brenda Lee, foi um transexual, militante dos direitos LGBT, nascido em Bodocó, PE, no dia 10/01/1948. Brenda Lee foi considerada o "Anjo da Guarda das Travestis" e tinha como objetivo ajudar a todos, doentes ou não, que eram discriminados pela sociedade.

Nascida como Cícero Caetano Leonardo no interior de Pernambuco, Brenda Lee era muito efeminada ainda na infância, o que desde cedo lhe tornou alvo de preconceitos. Inicialmente adotou o nome social de Caetana, mas ao se estabelecer em São Paulo escolheu o nome que a tornaria conhecida: Brenda Lee.

Ela não fez sucesso por sua beleza, pelos trabalhos artísticos e muito menos por escândalos na televisão. Mesmo assim, tornou-se referência e exemplo de ser humano: Brenda Lee, um anjo bom do amparo, da doação e da entrega para aquelas que, expulsas pela família, tinham tudo para serem expulsas da vida. Uma militante dos direitos humanos e minorias e do grupo LGBT, que acolheu uma população sujeita à vulnerabilidade social.

Brenda Lee veio de Pernambuco para São Paulo aos 14 anos e se instalou no bairro Bixiga e fez muitas amizades ao comprar em 1984 uma casa e acolheu o primeiro portador do vírus HIV, numa época em que predominava muita desinformação e preconceito sobre a AIDS, quando até mesmo os familiares rejeitavam quem sofria dessa doença e não havia infraestrutura para acolher quem recebia alta hospitalar e não tinha onde morar. Esta casa se tornou uma pensão para travestis e transexuais, na Rua Major Diogo, 779.

Lúcio Mauro e Brenda Lee
Na Pensão da Caetana, como era chamada inicialmente, amparava jovens abandonados e abandonadas pela família, que até então não contavam com nenhum apoio do Governo e sequer das ONGs.

Brenda Lee era uma transexual alegre, sem papas na língua e devota de Nossa Senhora Aparecida. Usava saltos enormes, estava sempre com taillerus, grandes brincos e preferia frasqueiras a bolsas, disse Maria Luiza, amiga e presidente da Casa de Apoio Brenda Lee.

Tudo caminhava bem até que uma hóspede ficou acamada e uma série de outras travestis também adoeceram. Era a Peste Gay ou Câncer Gay, títulos que a mídia sensacionalista tratava a AIDS, propagando a desinformação. Porém, ao contrário do que pensavam na época e da maioria das reações, as garotas não foram expulsas da pensão, muito menos estiveram fadadas à morte social. Na verdade, foram acolhidas por Brenda Lee, cuidadas e atendidas à medida do possível.

Outras transexuais saudáveis abandonaram a pensão, com receio do contágio, mas Brenda Lee seguiu firme no apoio, se desfez da pensão e automaticamente, sem saber aonde a ação daria, criou um centro de apoio.

Com o tempo, perdeu quase tudo, mas ganhou o apoio do Hospital Emílio Ribas, ainda que sem remédios. Seu nome ganhou repercussão na tevê, foi parabenizada pela apresentadora Hebe Camargo, e convidada a vários eventos com a intenção de angariar fundos. Porém, muitos a enganaram, querendo se promover às custas do espaço, sem qualquer tipo de ajuda.

Brenda Lee e Hebe Camargo
As dificuldades aumentaram, Brenda Lee cogitou se prostituir na Europa, mas graças à ajuda do Governo e apoiadores individuais, conseguiu suprir as necessidades da casa.  O tratamento era tão diferenciado que, na falta de leitos, oferecia sua própria cama para acomodar os doentes.

Em 1988, firmou convênio com a Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo para acolhimento e cuidado de soropositivos.

A Casa de Apoio Brenda Lee, também conhecida como Palácio das Princesas, foi instituída formalmente em 1988 para abrigar pessoas homossexuais e portadores de HIV rejeitados por parentes e também com o objetivo de dar assistência médica, social, moral e material, fossem elas travestis ou não. A casa, que ficava na Rua Major Diogo, 779 começou com três pacientes ainda no ano de sua compra. A casa de apoio foi uma semente que germinou e continua na ativa há mais de 30 anos.

Em 1988, o cineasta suíço Pierre-Alain Meier dirigiu o filme-documentário intitulado "Dores de Amor" (Douleur d'Amour), no qual expôs a vida nua e crua de quatro mulheres transgêneras. Além da própria Brenda Lee, figuravam Andrea de Mayo, Cláudia Wonder, Condessa Mônica e Telma Lipp.

Seu trabalho se tornou um referencial e um marco importante e, por isso, em 21/10/2008 foi instituído o "Prêmio Brenda Lee" concedido quinquenalmente para sete categorias por ocasião das comemorações do Dia Mundial de Combate à AIDS e aniversário do Programa Estadual DST/AIDS do Estado de São Paulo.

Google Doodle Celebration

Quem abriu o Google na terça-feira, dia 29/01/2019, se deparou com um Doodle especial em homenagem ao 71º aniversário da militante transexual brasileira Brenda Lee. A iniciativa do Google aconteceu no Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais.


Morte

O trabalho de Brenda Lee foi interrompido precocemente em 28/05/1996, aos 48 anos, quando foi encontrada morta, assassinada com tiros na boca e no peito, no interior de uma Kombi, em São Paulo, SP.

A polícia prendeu os irmãos Gilmar Dantas Felismino, ex-funcionário de Brenda Lee, e José Rogério de Araújo Felismino, na época policial militar, pelo crime. O motivo seria um golpe financeiro que o funcionário tentou dar em Brenda Lee e que teria sido descoberto.

Em sua missa de corpo presente, o padre Júlia Lancellotti representou o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e foi à sede da Casa de Apoio Brenda Lee.

Com o assassinato de Brenda Lee, o espaço criado por ela foi vendido e se tornou uma Organização Não Governamental (ONG), e entre 2011 e 2015 passou a oferecer apenas cursos.

A Casa de Apoio Brenda Lee reabriu em março de 2016, onde voltou a sua vocação original, de atender ao marginalizados pela sociedade. Atualmente, além do serviço de acolhimento, oferece atividades e engajamento social com treinamento de liderança, comunidade e defesas, psicológicos, jurídicos, educação, encaminhamentos e intervenção em defesa das vítimas.

Fonte: WikipédiaNLUCON e El País

Nhô Totico

VITAL FERNANDES DA SILVA
(92 anos)
Radialista e Humorista

☼ Belém do Descalvado, SP (11/05/1903)
┼ São Paulo, SP (04/04/1996)

Nhô Totico, nascido Vital Fernandes da Silva, foi um radialista e humorista brasileiro que ao lado de nomes como Silvino Neto tornou-se um dos ícones do humor radiofônico no Brasil.

O Museu Público Municipal de Descalvado possui um acervo com aproximadamente 5 mil objetos, entre móveis, documentos, fotografias, prêmios e cartas trocadas com celebridades e autoridades políticas de importância nacional e com amigos e fãs da cidade-natal.

Vital Fernandes da Silva nasceu em 11/05/1903 na cidade de Descalvado, interior do Estado de São Paulo, cidade na qual viveu até os 10 anos de idade. Último de seis filhos da italiana Adelina Mandelli da Silva e do baiano João Fernandes da Silva, logo ganhou o apelido de Totó. Desde muito jovem tinha tendências para as artes influenciado por seu pai. João Fernandes da Silva era um músico hábil que tocava vários instrumentos, mas adorava o violão, tanto que o próprio Vital escreveu tempos depois:
"Mas virtuose mesmo ele o era no violão, instrumento que tocava por música. Causa muita admiração porque, além de dominar completamente o instrumento, sendo canhoto, não invertia as cordas do mesmo, como habitualmente fazem os canhotos. Uma singularidade: só tocava com inteiro agrado no violão que ele mesmo fabricasse. Nossa casa era um arsenal de instrumentos musicais. Piano, harpa, saxofone, clarinete, requinta, violão, bandolim, flauta, violino e até um 'celo' (violoncelo) de fabricação caseira."
Bom musico, o pai de Vital, se empregou no cinema da cidade fazendo acompanhamento das seções de filmes mudos, e com empenho conseguiu sociedade no cinema. O que seria ótimo para Vital e um grupo de amigos que passaram a produzir os sons, como  uma espécie de sonoplastia para as fitas, atrás das telas. Tudo sob a regência de Vital.

Com dez anos, Vital foi com a família para São Paulo, capital, onde ficou pouco tempo, pois logo ingressou no Seminário Salesiano de Lavrinhas, onde viveu por um ano e depois retornou a São Paulo. De volta, começou a trabalhar para ajudar a família e através de um amigo conheceu a professora Leonor de Campos que o apresentou aos Frades do Convento de São Francisco. Na instituição Vital expandiu suas atividades artísticas encenando, dirigindo e muitas vezes fazendo às vezes de cenógrafo.

Alguns anos mais tarde fundou a Associação dos Amigos de Santo Antônio, com sede no próprio convento. As atividades artísticas capitaneadas por ele iam tão bem que a verba conseguida com os festivais teatrais possibilitaram a reforma do Salão de Atos, a compra de um projetor de cinema e o lançamento do jornal "Mensageiro da Paz".

Vital passou a ser o animador oficial de eventos promovidos pelas obras assistenciais do Convento de São Francisco de Assis, ao lado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em breve ganhou o cargo de humorista oficial da turma de direito do diretório estudantil XI de Agosto, mas ainda não tinha conseguido seu grande sonho que era ser "artista".

Para ganhar a vida conseguiu um emprego na Repartição de Águas e Esgotos, mas continuou tentando decolar com sua carreira. Neste meio tempo começou a Revolução de 32 e como a maioria dos jovens ingressou nas tropas paulistas.

Vital manteve um diário onde narrava as atividades das batalhas e as impressões dos locais por onde passou:
"Diário de Campanha do soldado nº 135, adido do 5º R.C.D. Vital Fernandes da Silva, residente em São Paulo - Butantã à Rua Fernão Dias 93. Filho de João Fernandes da Silva e dona Adelina Mandelli da Silva. Nascido em 11 de maio de 1903 em Belém do Descalvado, Estado de São Paulo. Fui designado para seguir  para Cruzes ao 16 de agosto, para onde segui em 19 de agosto. Custou-me separar-me dos meus.  Despedi-me dos amigos e da minha 'Ex' da qual me lembrei ao passar por Taubaté, por ter visto ao lado da linha férrea uma laranjeira coberta de flores brancas... flores brancas... casamento. Quanta recordação... Recordar é viver. Ao chegar em Cruzes encontrei muitos colegas, todos mais moços que eu, todos incorporados. Pensei nas laranjeiras, no casamento, na impossibilidade de realização desse meu sonho e... incorporei-me sem grande contentamento dia 20/08 incorporei-me no 5º R.C.D" 
(Paulo Fernandes, 2002)


Os paulistas são derrotados e Vital voltou a capital paulista e retomou seus contatos com o mundo artístico. Entre eles Oduvaldo Viana Filho e Otávio Gabus Mendes que logo se interessaram pelo rádio teatro, impulsionando esta nova linguagem. Mas embora tão próximo do veículo que o iria consagrar, o jovem Vital só ingressaria no rádio pelas mãos de um parente.

Vital  tinha um cunhado que era saxofonista do "Grupo Sertanejo Cigarra" ligado a revista bastante conhecida na cidade. Um dia o grupo foi convidado a se apresentar nos estúdios da Radio Educadora Paulista, instalada no Palácio das Industrias no Parque Dom Pedro, no centro da capital.

Como o grande sonho de Vital era ser "artista", procurava se infiltrar em todas a manifestações culturais que podia. Assim, aproveitou para ir a Rádio Educadora com o cunhado. Após o programa, os produtores pediram a ele que contasse uma anedota, ação que o jovem interiorano aproveitou.

De improviso contou uma história um pouco picante para os ouvintes da época e por isto, sua estréia foi um fiasco. Logo após o término da piada, ouviu a censura dos colegas e amigos que passaram a ligar para sua casa reclamando do teor da história. 

O próprio Vital contou que ficou muito envergonhado e que há certo tempo "queria que o chão se abrisse" para que pudesse ser engolido e desaparecesse de tanta vergonha. Mas mesmo não dando certo sua tentativa de alegrar os ouvintes, esta foi a primeira vez que utilizou o pseudônimo de Nhô Totico. Nascia ali uma das maiores lendas do rádio paulista.

Ele contou que depois da vergonha continuou tentando a vida artística até que conseguiu iniciar a carreira pelas mãos de um dos estudantes de direito, Enéias Machado de Assis, que já atuava como radialista. Enéias levou Vital para conhecer o jovem Olavo Fontoura, diretor e um dos proprietários de uma rádio clandestina. Na realidade a emissora era resultado de uma brincadeira dos Irmãos Fontoura que chamaram a emissora de DKI A Voz do Juqueri.

Na hora do teste, Vital perguntou o que devia fazer e Olavo Fontoura pediu para que ele repetisse as ações que fazia diante dos estudantes. Vital conclui que não poderia fazer as mesmas brincadeiras, pois eram muito "pesadas" para programação. Ele foi ao microfone e fez um pequeno teatrinho onde revelou sua maior característica: Fez todas as vozes dos personagens e ainda complementou a história com "efeitos especiais" feitos por ele mesmo. Neste momento conseguiu o espaço para fazer o seu primeiro programa, mas ainda sem remuneração.

Nhô Totico desenvolveu inicialmente um programa voltado ao público adulto, "XPTO, Vila de Santo Antonio de Arrelia", ou simplesmente "Vila do Arrelia". O sucesso foi tanto que a rádio se regularizou e Nhô Totico ganhou um contrato.

Já em 1935 na Radio Record de São Paulo, ele apresentava um programa diário com seus personagens, entre as 18h30 e 19h00. Um dia antes de entrar no ar, encontrou com Marcelino de Carvalho, um dos diretores da emissora que tinha acabado de voltar da Europa, onde foi fazer a cobertura da Guerra.

Marcelino disse a Vital que no hemisfério norte as emissoras faziam programa para crianças em horário mais cedo por causa do inverno, para que elas pudesse se deitar ouvindo o rádio. Então o patrão propôs a Vital que fizesse um programa para crianças formatado em um clube de futebol. O humorista se negou afirmando que sobre o esporte não falaria e que era contra o fanatismo que envolvia as crianças contrapondo com a necessidade de estudo. Neste momento tocou a campainha para que Vital entrasse no ar. Marcelino de Carvalho insistiu: "Então vai falar do quê?". Vital respondeu: "Não sei. Mas ouça!".

Neste momento adentrou o estúdio da Record e começou seu programa, e acabou criando ali a "Escolinha da Dona Olinda", onde compunha estudantes como personagens oriundos das diversas colônias que existiam na cidade. Nasceu assim o italiano, o japonês, o filho do sírio e do nordestino. Além do inspetor e zelador da escola Srº Joaquim, um negro velho com todas as suas crendices. Nhô Totico afirmava que tudo que fazia era de improviso e sem script. Como ele mesmo dizia "como pastel de chinês" feito na hora.

Randal Juliano, radialista e ouvinte de Nhô Totico afirmava que ele sentia no operador o efeito de suas piadas, e se fosse necessário mudava o sentido do programa na hora bastando perceber que suas falas não haviam empolgado o colega de trabalho.

Vital afirmou várias vezes que para ele este processo de improviso era um "dom divino". Com um raciocino rápido e uma criatividade acima da média Nhô Totico ganhou espaço rápido no rádio paulista em dois horários. Das 18h00 às 18h30 apresentava a "Escolinha da Dona Olinda" e as 23h00 apresentava a "Vila do Arrelia". O primeiro programa voltado as crianças e o segundo aos adultos.  O sucesso foi tanto que logo Vital passou a excursionar pelo país e a dividir o palco com grandes nomes da Música Popular Brasileira.

Como na apresentação em Santos, onde presenciou Carmen Miranda brincar com a irmã Aurora Miranda sobre o namoro com Custódio Mesquita diante dos expectadores.
A competição acirrada pela audiência no final dos anos 30 para os 40 levou a Rádio Cultura, dos Irmãos Fontoura, a expandir a estrutura física da emissora para que as apresentações dos programa de Nhô Totico fossem feitas ao vivo em um auditório.

Inauguram em 1939 o Palácio de Rádio em um ponto privilegiado na Avenida São João, no centro da cidade de São Paulo. O prédio de seis andares possuía um auditório para 400 lugares que passou a lotar com as transmissões dos programas.

Uma característica dos programas de Nhô Totico era que sua formação católica sempre esteve presente. O foco do programa para as crianças era educar e discutir valores de ética e cidadania. Como demonstra o texto publicado no Jornal Folha da Manhã em 1944:
"Conta-se pelos dedos de uma mão o número dos autênticos humoristas que o rádio brasileiro apresentou em vinte anos. Nhô Totico é um deles. É o único, no entanto, entre raros eleitos, cujo humorismo pode e deve ser levado a um público infantil. Falou-se aqui ainda há pouco sobre educação pelo rádio, afirmando-se que  ela não poderia ignorar o lema da escola de Maria Montessori, que é ensinar divertindo e divertir ensinando. O popularíssimo artista de São Paulo segue as pegadas da famosa educadora italiana. Seus programas não se contentam em ser simples passatempos. São também lições de solidariedade humana."  

Mesmo com o sucesso Vital Fernandes da Silva manteve seu emprego na repartição pública e cumpria religiosamente seus horários desempenhando suas funções com empenho e esmero.

Com jornada dupla Vital era assediado por todas as grande emissoras do eixo Rio/São Paulo, mas sempre manteve sua palavra ao amigo Fontoura. Mas a Rádio Record fez novamente uma proposta que não pôs em xeque sua amizade. Nhô Totico manteve seus programas na Rádio Cultura e fez um novo programa na concorrente, evidentemente em outro horário. Nasceu assim, em maio de 1936, mais um programa "Chiquinho, Chicote e Chicória". Mas a vida em três empregos ficou difícil e Vital encerrou seu programa na Rádio Record um ano depois. Seus personagens foram incorporados aos programas da Rádio Cultura para tranqüilidade dos Irmãos Fontoura.

Em breves licenças do serviço público Vital excursionava pelo país fazendo grande sucesso. No Rio de Janeiro fez algumas temporadas na Radio Mayrink Veiga, coordenada na época por César de Alencar, amigo de rádio e de armas de Nhô ToticoCésar de Alencar tinha sido ao lado de Nicolau Tuma e Renato Macedo as vozes da Revolução de 32, sendo transmitidos pela Rádio Record de São Paulo.

A esta altura, Vital já era uma celebridade nacional tendo status de estrela, conquistando até a disputada imprensa carioca. Como demonstra este trecho do texto de Carlos Cavaco, no Correio da Noite, em outubro de 1941.
"... Totico que é, ao meu ver o primeiro e o mais completo artista do gênero na América do Sul, e que aproveita os seus magníficos programas para educar as crianças e fazer propaganda altiva e inteligente do nosso nacionalismo. É de homens assim, desse talento, dessa cultura, que o rádio precisa; e não dessa enxurrada de nulidades que aparece nas irradiações, atormentando os ouvidos de cinqüenta milhões de criaturas."
Nos anos 50, com a chegada da televisão, os empresários passaram a investir no novo meio e as verbas do rádio começaram a minguar. Embora muitos tenham indicado o fim do rádio, o que aconteceu foi uma acomodação de mercado, onde as emissoras radiofônicas passaram a focar mais suas programações para a prestação de serviço e as televisões ficaram com a maior fatia do entretenimento.

Em 1950, Vital tinha ganho o premio Roquete Pinto, o maior e mais badalado do rádio brasileiro, como melhor humorista. Com todo o seu sucesso no rádio foi natural a tentativa das emissoras de televisão em levar Nhô Totico para suas programações, mas ele sempre preferiu o rádio. Chegou a trabalhar por um breve período na TV Record de São Paulo e voltou a suas origens.

Em 1953, com 21 anos de atuação no rádio, Nhô Totico pensou em parar. Mas acabou assinando um contrato com a Rádio América, onde ficou até 1962, quando efetivamente encerrou sua carreira tendo cumprindo 30 anos de dedicação ao rádio brasileiro.

Nos anos seguintes passou um longo período longe dos palcos e dos microfones. Embora tenha participado de vários programas de rádio e de entrevistas para a televisão, Vital não voltou efetivamente a trabalhar em um veículo até os anos 80.

Entre 1983 e 1985 fez um contrato com a TV Globo para participar trimestralmente do programa "Som Brasil" apresentado por Rolando Boldrin.

As participações serviram para mostrar que Nhô Totico ainda estava em forma, embora com mais de 80 anos. Diante da platéia do programa Vital refazia os personagens que o tornaram famoso nos anos 30 e 40, desta vez com o suporte da imagem. O público delirava ao ver aquele senhor de cabelos brancos fazendo as vozes da "Escola da Dona Olinda" e os personagens da "Vila do Arrelia".

Vital que tinha ficado viúvo no final da década de 30, se casou em 1946 com Jutta Hertel Fernandes da Silva. Ela foi a companheira que iria acompanhar toda a ascensão do artista e ajudá-lo até o fim de sua vida.

Vital Fernandes da Silva faleceu em 04/04/1996, sendo velado na Assembléia Legislativa de São Paulo e enterrado no Cemitério da Consolação, Zona Oeste de São Paulo.

Mesmo tendo alcançado grande sucesso, Vital não ganhou muito dinheiro, sempre manteve seu emprego na repartição pública e após deixar os microfones viveu modestamente em uma casa na capital paulista. Seu acervo que inclui fotos, recortes de jornais, cartas e alguns móveis foi doado pela viúva para a Academia de Letras de Descalvado, cidade natal do artista.

A prefeitura local havia se comprometido a doar um imóvel para abrigar o acervo que conta a história de Nhô Totico, mas até hoje nada foi feito.

Não há registros sonoros gravados de nenhum programa de Vital Fernandes da Silva. Há indícios não comprovados de que algumas gravações da censura teriam sido passadas para discos, mas ninguém sabe dizer onde podem estar. Incêndios e inundações ajudaram a apagar dos arquivos da Radio Cultura de São Paulo os registros da "Escola da Dona Olinda" e da "Vila do Arrelia".

Parte do material que consta neste texto resultado de depoimentos do próprio Vital Fernandes da Silva em eventos do Centro Cultural São Paulo e algumas emissoras de rádio da capital paulista. Outra parte é resultado das pesquisas de Paulo Fernandes, sobrinho neto do humorista que desde 2002 tenta financiamento para fazer um livro sobre o Nhô Totico.

Os Programas

Vital Fernandes da Silva inovou ao fazer vários personagens mudando sua voz para poder caracterizá-los. Dono de uma criatividade ímpar produzia tudo sem script apenas com o improviso e algumas idéias sobre as mensagens que gostaria de passar a seus ouvintes. 

Escolinha da Dona Olinda

A "Escolinha da Dona Olinda" trazia a mescla de raças contidas nas ruas da cidade de São Paulo. Para que os ouvintes visualizassem os personagens de Vital, bastava abrir a janela ou dar um passeio pelas ruas. Como mostra o depoimento do diretor e ator Paulo Afonso Grissolli:
"Na escola e na igreja não se olha para trás”, afirmava a severa, mas bondosa professora Dona Olinda, personagem principal de um programa que influenciou muitos outros que surgiram. Todos os dias, às seis e meia da tarde, pelas ondas da Rádio Cultura, eu ouvia as suas vozes e, por elas e através de sua infindável comicidade, eu aprendia uma generosa lição de vida. D. Olinda era professora de uma escola ímpar, que durava, a cada dia, apenas meia hora. Os demais eram seus alunos (junto comigo):Soko, o japonesinho humilde; Mingau, o ítalo-brasileiro, torcedor do Palmeiras; Mingote o cabeça-chata verborrágico; Manuel o lusitano; Jorginho, o 'turco', Sebastião, o caipirinha maroto; e Minguinho, menino urbano...Com rapidez invencível, ele mudava, num segundo, da voz aguda de dona Olinda para o timbre roufenho e pesado de “seu” Joaquim, o preto velho, bedel da Escolinha  a presença negra necessária para que o quadro étnico-humano de São Paulo se completasse no programa."
(Paulo Fernandes, 2002)

Embora não tenhamos cópias dos programas, Vital ficava feliz em poder representar novamente todos seus personagens sempre que podia. Foi assim que em 10/09/1984 ele participou do evento "O Rádio Paulista no Centenário de Roquete Pinto" no Centro Cultural São Paulo. Na ocasião Vital representou ao vivo e de improviso um pequeno trecho da "Escola da Dona Olinda", diante dos olhos atentos da platéia.

Vila da Arrelia

Na "Vila do Arrelia" a personagem principal era Dona Aqueropita, filha de italianos, solteirona obcecada com a ideia de encontrar um homem solteiro para se casar. Durante as apresentações havia uma interação com os expectadores presentes no auditório que permitia a Nhô Totico desenrolar a trama levando os personagens as compras, ao cinema e as passeios na Vila. Paulo Fernandes afirma que: 

"O humorista fazia sozinho e de improviso todos os outros personagens do programa, entre eles o motorista de praça Sayamoto Kurakami, que conduzia dona Aqueropita pelas ruas da cidade, o negociante de tecidos Salim Kemal Fizeu; Betto Spacca Tutto era o inflexível irmão da Aqueropita, o português Manoel e o nordestino Trinta e Nove, que reapareciam no programa da tarde, como os pais das crianças da Escola de Dona Olinda."
Chiquinho, Chicote e Chicória

O programa foi feito por Nhô Totico na Rádio Record de São Paulo em 1936, por aproximadamente um ano. Período em que o humorista continuou a fazer "A Escola da Dona Olinda" e "A Vila do Arrelia" na Rádio Cultura. Com o fim do trabalho na Rádio Record, Vital continuou com os novos personagens, só que desta vez absorvidos nos outros programas.

O trabalho de Vital Fernandes da Silva demonstra a genialidade do menino de origem humilde em retratar em seus programas a diferenças sócio-culturais das diversas etnias que formou a cultura da capital paulista na primeira metade do século XX. Inovador ao criar um programa de humor voltado as crianças e transgressor ao não utilizar roteiros pré-estabelecidos, Nhô Totico marcou a história do rádio brasileiro. Mesmo com todo o sucesso que alcançou se manteve fiel as suas origens caipiras, mas dando a ela a dimensão cosmopolita trazida pelo desenvolvimento agrário e industrial do Estado de São Paulo. Seu trabalho dá continuidade ao de humoristas da Belle Époque transcendendo seu momento histórico ao retratar os conflitos da chegada do progresso.

Do ponto de vista artístico Vital Fernandes da Silva foi único, jamais outro humorista conseguiu catalisar tantos ouvintes com um produto tão específico para crianças.

Infelizmente pela falta de um política pública para o resgate e manutenção da história no Brasil, estamos perdendo o pouco que resta do acervo de Nhô Totico. Caso não tenhamos um mudança considerável no lidar com os produtos históricos assistiremos a boa parte da história dos veículos de comunicação, especialmente do rádio, ser apagada pelo descaso e ignorância. 

Líria Marçal

LÍRIA MARÇAL
(61 anos)
Atriz e Dubladora

☼ Lins, SP (06/06/1935)
┼ São Paulo, SP (08/07/1996)

Líria Marçal foi uma atriz e dubladora brasileira, celebrizada principalmente por ter dublado Jeannie na famosa série "Jeannie é Um Gênio" (1965-1970).

Líria Marçal nasceu em 06/06/1935 em Lins, SP e começou a carreira no rádio como radio-atriz. Depois foi para o cinema aonde fez os filmes "Helena" (1961), "Lá no Meu Sertão" (1962), "Tortura d'Alma"  (1964) e "Eu Amo Esse Homem" (1964).

Em 1965 entrou para a Rede Globo aonde fez a novela "O Ébrio".

Em 1968 foi para a Rede Bandeirantes aonde fez a novela "Nunca é Tarde Demais" (1968), aonde fazia a protagonista, ao lado dos também dubladores José Miziara, Aldo César e Mara Di Carlo, depois fez a novela "Asas São Para Voar" (1970).

Na dublagem entrou no início dos anos 60 na Artes Industriais Cinematográficas (AIC). A grande maioria de seus trabalhos foram feitos na AIC, mas Líria Marçal também dublou na BKS, mais já não com tanta frequência. Permaneceu dublando na BKS até meado dos anos 80.

Entre suas dublagens estão Jeannie interpretada por Barbara Eden na série "Jeannie é Um Gênio", seu trabalho mais conhecido. Também fez Victoria Cannon interpretada por Linda Cristal na primeira dublagem da série "Chaparral", a segunda voz de Victoria Barkley interpretada por Barbara Stamwick na série "Big Valley", Rosemary Sidney interpretada por Rosalind Russell no filme "Férias de Amor", Patricia Stanley "Pat" interpretada por Carole Gray no filme "A Maldição da Mosca", Karen Holmes interpretada por Deborah Kerr no filme "A Um Passo da Eternidade", a atriz Rita Hayworth nos filmes "A Dama de Shanghai" e "Lábios de Fogo".

Líria Marçal faleceu em São Paulo, SP, no dia 08/07/1996.

Dublagens

  • Jeannie (Barbara Eden) em "Jeannie é Um Gênio"
  • Jeannie em "Jeannie" (Desenho)
  • Victoria Cannon (Linda Cristal) em "Chaparral" (Primeira Dublagem)
  • Rosemary Sidney (Rosalind Russell) em "Férias de Amor"
  • Drª Lureen Elkins (Collin Wilcox Paxton) em "Tubarão 2"
  • Melanie Daniels (Tippi Hedren) em "Os Pássaros"
  • Ann Thorn (Lee Grant) em "Damien - A Profecia 2"
  • Rainha Taramis (Sarah Douglas) em "Conan - O Destruidor"
  • Patricia Stanley "Pat" (Carole Gray) em "A Maldição da Mosca"
  • Karen Holmes (Deborah Kerr) em "A Um Passo da Eternidade"
  • Rita Hayworth em "A Dama de Shanghai" e "Lábios de Fogo"
  • Drª Sandra Mornay (Lenore Aubert) em "Abbott e Costello As Voltas Com Fantasmas"
  • Victoria Barkley (Barbara Stamwick) segunda voz em "Big Valley"

Novelas

  • 1970 - As Asas São Para Voar (TV Bandeirantes)
  • 1968 - Nunca é Tarde Demais (TV Bandeirantes)
  • 1965 - O Ébrio (TV Globo)
  • 1964 - Eu Amo Esse Homem (TV Paulista)
  • 1964 - Tortura d'Alma (TV Paulista)

Filmes

  • 1932 - Luar do Meu Sertão

Pinga

JOSÉ LÁZARO ROBLES
(72 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (11/02/1924)
+ Campinas, SP (07/05/1996)

José Lázaro Robles, mais conhecido como Pinga, foi um jogador de futebol brasileiro. Pinga estreou no time profissional da Portuguesa em 16/03/1944, derrota para o Juventus por 2x0.

Seu irmão mais velho, Arnaldo Robles, defendia o Juventus e, quando foi para a Portuguesa, alguns anos mais tarde, formou com Pinga a única dupla de irmãos a atuar juntos na história do clube.

Em 1950 foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, embora fosse uma seleção reserva, convocada para a disputa da Taça Oswaldo Cruz, contra o Paraguai. Pinga marcou três dos cinco gols do Brasil (vitória por 2x0 e empate em 3x3). Muitos dos jogadores dessa seleção acabaram convocados pelo técnico Flávio Costa para disputar a Copa do Mundo de 1950, mas Pinga ficou de fora.

Ele seria convocado quatro anos depois, para a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, e marcou dois gols contra o México na estréia. Jogou ainda a partida seguinte, contra a Iugoslávia, mas foi substituído por Humberto no jogo seguinte, em que o Brasil foi eliminado pela Hungria. Foi sua última partida pela Seleção Brasileira. Com ela, conquistou apenas o Pan-Americano de 1952.


Entre as duas Copas, conquistou seu único título com a Portuguesa, o Torneio Rio-São Paulo de 1952, de que foi artilheiro, com 11 gols. Dois anos antes, foi ainda artilheiro do Campeonato Paulista, com 22 gols.

No começo de 1953, foi vendido ao Vasco da Gama, onde passou para a ponta esquerda e seguiu marcando muitos gols. Só em Campeonatos Cariocas, foram mais de cem. Pelo Vasco, ganhou dois Campeonatos Cariocas (1956 e 1958) e um Rio São Paulo (1958).

Entrou em declínio no início dos anos 60, e, em 1961, marcou apenas um gol durante o ano todo, no Rio-São Paulo.

No ano seguinte, transferiu-se para o Juventus, onde encerraria a carreira em 1963.

Pinga é até hoje o maior artilheiro da história da Associação Portuguesa de Desportos, com 190 gols, sendo 132 no Campeonato Paulista, 18 no Rio-São Paulo, 16 em partidas internacionais e 24 em amistosos.

Pinga foi até garoto propaganda da Gillette. Na revista Seleções de Reader's Digest, de julho de 1953, havia o seguinte anúncio:

"José Lázaro Nobles nasceu em S. Paulo, a 11 de Fevereiro de 1924. É o meia-esquerda da A. Portuguesa de Desportos, de São Paulo. Campeão Brasileiro, Pan-Americano e do Torneio Rio-São Paulo. Temido pelos goleiros, devido às suas infiltrações rápidas e sempre perigosas, porque possui magnífica visão de gol."

O Apelido

O apelido herdado de um irmão que chutava muito forte e era chamado, nas peladas por Pinga-Fogo. De sacanagem, a rapaziada passou a chamá-lo de Pinga Segundo, que evoluiu para, simplesmente, Pinga, nas brincadeiras da molecada de rua, subido em pés de mangueiras, para se empanturrar da fruta, ou nadando no rio mais próximo de casa.

Carreira
  • 1943-1944 - Juventus
  • 1944-1953 - Portuguesa de Desportos
  • 1953-1961 - Vasco
  • 1962-1964 - Juventus

Títulos

  • 1951 - Fita Azul (Portuguesa de Desportos)
  • 1952 - Torneio  Rio-São Paulo (Portuguesa de Desportos)
  • 1952 - Campeonato Pan-americano de Futebol (Seleção Brasileira)
  • 1952 - Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais (Seleção Paulista)
  • 1956 - Campeonato Carioca (Vasco)
  • 1957 - Troféu Teresa Herrera (Vasco)
  • 1957 - Torneio de Paris (Vasco)
  • 1958 - Campeonato Carioca (Vasco)
  • 1958 - Torneio  Rio-São Paulo (Vasco)


Premiações

  • 1960 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1959 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1956 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1955 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1954 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco

Marca Histórica

  • 4º maior Artilheiro da história do Vasco da Gama com 250 gols.


Fonte: Wikipédia

Pedro Sertanejo

PEDRO DE ALMEIDA E SILVA
(69 anos)
Compositor e Acordeonista

* Euclides da Cunha, BA (26/04/1927)
+ (03/01/1997)

Nascido no sertão da Bahia, em Euclides da Cunha, seguiu para a região sudeste a fim de tentar a carreira artística Em 1946 mudou para São Paulo. Seu pai Aureliano foi um grande mestre sanfoneiro na cidade de Euclides da Cunha, próxima da região de Canudos, Bahia. Pedro Sertanejo é pai de Osvaldinho do Acordeom.

Em 1956 realizou a primeira gravação, companhado de seu conjunto, pela Copacabana, interpretando o xote "Roseira do Norte" (Pedro Sertanejo e Zé Gonzaga) e a polca "Zé Passinho na Festa"  (Pedro Sertanejo).

Em 1958, já na gravadora Todamérica, gravou de sua autoria, o baião "Balaio do Norte" e o forró "Forró Brejeiro", tocando acordeom.

Em 1959 gravou a polca "Euclides da Cunha" (Pedro Sertanejo), em referência ao nome de sua cidade natal, e a rancheira "Caipirinha" (Nadim de Correia Marques).

Em 1960 gravou o forró "Forró de Aracaju" (Pedro Sertanejo) e o baião "Rancho Velho" (Pedro Sertanejo).


Em 1961 foi contratado pela gravadora Continental, que relançou no mesmo ano vários de seus antigos sucessos gravados principalmente na Todamérica, entre os quais a polca "Festa na Fazenda" e o xote "Arco-Verde", de sua autoria. Ainda no mesmo ano lançou a polca "Bela vista" (Pedro Sertanejo e Pedrinho), e o forró "Forró Pernambucano" (Pedro Sertanejo e Bernardo Lima).

Em 1962 passou a gravar na gravadora Caboclo, onde lançou com seu conjunto o forró "Forró Alagoano" (Pedro Sertanejo), o baião "Azulão" (Pedro Sertanejo e Milton Cristofani), e a quadrilha "Festa de São João" (Sertãozinho e Milton Cristofani), entre outras composições.

Em 1963 gravou de sua autoria o forró "Sete Punhá" e o chamego "Chuliado da Vovó" (Milton José).

Em 1964 fundou o selo Cantagalo, dirigindo a gravadora por toda a década de 60. Nesse período, convidou Dominguinhos, então iniciante, a gravar LP destinado ao público migrante nordestino.

Nos anos 70 gravou diversos LPs pela gravadora Continental, entre os quais "Forró Brejeiro", "Visite o Nordeste" e "Sanfoneiro do Norte", sempre cultuando a música de raiz nordestina, especialmente o forró.

Apontado por muitos como o iniciador da cultura do forró em São Paulo, ao longo de sua carreira, lançou mais de 40 discos e compôs cerca de 700 músicas. Criou o Salão Pedro Sertanejo em São Paulo, para a apresentação de show de forró.

Discografia

  • S/D - Forró Brejeiro (Continental)
  • S/D - Forró de Luna (Musicolor, LP)
  • S/D - Forró na Casa Grande (Musicolor, LP)
  • S/D - Meu Sabiá (Musicolor, LP)
  • S/D - Na Onda do Forró (Tropicana, LP)
  • S/D - Rato Molhado (Musicolor, LP)
  • S/D - Sanfoneiro do Norte (LP)
  • S/D - Sertão Brasileiro (Continental, LP)
  • S/D - Visite o Nordeste (Continental, LP)
  • S/D - Forró Pernambucano (Cantagalo, LP)
  • 1997 - Adeus Jacobina (RB Music, CD)
  • 1983 - Homenagem aos Conterrâneos (Sertanejo/Chantecler, LP)
  • 1982 - Forró na Capital (Sertanejo/Chantecler, LP)
  • 1979 - Forró da Gafieira (Musicolor/Continental, LP)
  • 1978 - Forró de Luna (Musicolor/Continental, LP)
  • 1978 - Forró na Casa Grande (Musicolor/Continental, LP)
  • 1977 - Meu Sabiá (Musicolor/Continental, LP)
  • 1975 - Forró Brejeiro (Musicolor/Continental, LP)
  • 1974 - Sertão Brasileiro (Musicolor/Continental, LP)
  • 1973 - Visite o Nordeste (Musicolor/Continental, LP)
  • 1973 - Sanfoneiro do Norte (Musicolor/Continental, LP)
  • 1972 - Na Onda do Forró (Tropicana/CBS, LP)
  • 1970 - Coração Do Norte (Musicolor/Continental, LP)
  • 1970 - Pedro Sertanejo (Musicolor/Continental, LP)
  • 1967 - Rato Molhado (Musicolor/Continental, LP)
  • 1967 - Chapéu de Couro (Musicolor/Continental, LP)
  • 1966 - Saudade de Itapoã (Continental, LP)
  • 1963 - Sete Punhá / Chuliado da Vovó (Continental, 78)
  • 1963 - Roseira do Norte / Zé Passinho na Festa (Sabiá, 78)
  • 1963 - Festa em Geremoabo / Coqueiro Seco (Sabiá, 78)
  • 1962 - Forró Alagoano / Azulão (Caboclo, 78)
  • 1962 - Sanfoneiro do Norte / Limeirinha (Caboclo, 78)
  • 1962 - Festa de São João / Coração do Norte (Caboclo, 78)
  • 1961 - Festa na Fazenda / Arco-Verde (Continental, 78)
  • 1961 - Diabo no Forró / Saudade de Jacobina (Continental, 78)
  • 1961 - Boa Esperança / Ladeira do Sabão (Continental, 78)
  • 1961 - Balaio do Norte / Forró Brejeiro (Continental, 78)
  • 1961 - Forró Nordestino / Euclides da Cunha (Continental, 78)
  • 1961 - Campo Formoso / Caipirinha (Continental, 78)
  • 1961 - O Rei do Sertão / Quadrilha do Norte (Continental, 78)
  • 1961 - Bela Vista / Forró Pernambucano (Continental, 78)
  • 1961 - Balão, Quadrilha e Quentão (Continental, LP)
  • 1960 - Rancho Velho / Forró de Aracajú (Todamérica, 78)
  • 1960 - Festa na Fazenda / Arco-Verde (Todamérica, 78)
  • 1959 - Forró Nordestino / Euclides da Cunha (Todamérica, 78)
  • 1959 - Campo Formoso / Caipirinha (Todamérica, 78)
  • 1959 - Diabo no Forró / Saudade de Jacobina (Todamérica, 78)
  • 1959 - Boa Esperança / Ladeira do Sabão (Todamérica, 78)
  • 1958 - Balaio do Norte / Forró Brejeiro (Todamérica, 78)
  • 1958 - O Rei do Sertão / Quadrilha do Norte (Todamérica, 78)
  • 1956 - Roseira do Norte / Zé Passinho na Festa (Copacabana, 78)
  • 1956 - Festa em Geremoabo / Coqueiro Seco (Copacabana, 78)

Indicação: Miguel Sampaio

Nelson Carneiro

NELSON DE SOUZA CARNEIRO
(85 anos)
Advogado, Jornalista e Político

* Salvador, BA (08/04/1910)
+ Niterói, RJ (06/02/1996)

Nelson de Souza Carneiro foi um político e jornalista brasileiro com larga atuação parlamentar. Tornou-se conhecido pela defesa da causa do divórcio, aprovada no ano de 1977.

Nascido em Salvador, BA, filho de Antônio Joaquim de Souza Carneiro, primeiro especialista a reconhecer a existência de petróleo em Lobato, e de Laura Coelho de Souza Carneiro. Iniciou sua vida pública como repórter em O Jornal, ligado a oposição democrática na Bahia, em 1929. Advogado formado na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia em 1932, foi preso ao apoiar a Revolução Constitucionalista contra os esbirros de Getúlio Vargas cumprindo pena no Rio de Janeiro, então capital do país.

Com a redemocratização do país em 1945, filiou-se à União Democrática Nacional (UDN) e disputou uma vaga na Assembléia Constituinte destinada a elaborar a nova Constituição ficando apenas na suplência.

Passada a refrega político-eleitoral cobriu os trabalhos constituintes para dois impressos baianos: o Jornal da Bahia e O Imparcial.

Convocado para exercer o mandato parlamentar em abril de 1947, foi reeleito em 1950 numa coligação com o antigo Partido Social Democrático (PSD). No ano seguinte apresentou seu primeiro projeto divorcista e um outro desígnio que igualava a mulher casada ao marido, protagonizando debates acerbos com o Padre Arruda Câmara, frontal adversário de tais inovações.

Já filiado ao Partido Libertador (PL) não foi reeleito em 1954, derrota atribuída à firme oposição da Igreja Católica às teses encampadas por Nelson Carneiro.


Em 1958 Nelson Carneiro transferiu-se para o Rio de Janeiro com o fito de concorrer às eleições pelo então Distrito Federal, apostando que um eleitorado de perfil menos conservador assimilaria suas propostas.

Foi eleito deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) em 1958 e a partir de 21/04/1960 passou a representar a Guanabara sendo reeleito em 1962.

Em meio à crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros em 25/08/1961, foi o autor da emenda que instituiu o parlamentarismo no Brasil de modo a assegurar a posse do vice-presidente João Goulart na presidência desde que o governo estivesse nas mãos de um primeiro-ministro, neste caso o mineiro Tancredo Neves. Com a deposição do presidente João Goulart por um golpe militar em 31/03/1964 e a subsequente adoção do bipartidarismo, Nelson Carneiro ingressou Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sendo reeleito deputado federal em 1966.

Eleito senador pela Guanabara em 1970, passou a representar o Rio de Janeiro após a fusão entre essas unidades federativas em 15/03/1975 em face de lei sancionada pelo presidente Ernesto Geisel.

Após 26 anos de espera Nelson Carneiro obteve a aprovação da Lei 6.515 que instituiu o divórcio no Brasil em 26/12/1977 em virtude de sua tenacidade e ainda beneficiado pela mudança de quórum para aprovação de emendas constitucionais, que passou de dois terços para maioria absoluta dentre o total de parlamentares eleitos graças ao Pacote de Abril baixado pelo governo.


Reeleito em 1978, prescindiu da orientação do governador Chagas Freitas que fundou o Partido Popular (PP) e aportou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Ivete Vargas, cuja candidata ao governo do Rio de Janeiro em 1982 era Sandra Cavalcanti, outrora adversária do senador. Por ocasião da eleição presidencial indireta de 1985 votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. De volta ao convívio de antigos companheiros ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e disputou a convenção do partido como candidato ao governo, todavia a vitória de Moreira Franco o levou a disputar seu terceiro mandato como senador em 1986 numa campanha vitoriosa.

Membro da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988, foi eleito presidente do Senado Federal no ano seguinte e empossou Fernando Collor na Presidência da República em 15/03/1990, sendo que nesse mesmo ano ficou em terceiro lugar na eleição para governador do Rio de Janeiro num pleito marcado pelo triunfo de Leonel Brizola. Disputou a reeleição em 1994 pelo Partido Progressista (PP), mas não obteve a vitória.

Viúvo, casou-se com Maria Luísa Monteza de Souza Carneiro, natural do Peru, com quem teve uma filha, Laura Carneiro. Divorciado, veio a casar-se com Carmem Perim Casagrande de Souza Carneiro.

Nelson Carneiro se despediu do Senado Federal, em 18/01/1995, depois de 43 anos de atividade parlamentar. Em discurso de três horas, durante o qual chorou diversas vezes, disse ter sido derrotado pelo "Judas do Rio", referindo-se ao governador Marcello Alencar (PSDB), que apoiou a candidatura de Artur da Távola (PSDB).

"Os traidores passam. Nós conhecemos agora a verdadeira fisionomia do Judas. Saio da vida pública não pela vontade do povo do Rio, mas pela vontade do Judas do Rio"

Morte

Nelson Carneiro morreu por volta das 18:00 hs, do dia 06/02/1996, em sua casa, em Niterói, RJ, aos 85 anos. Ele se recuperava de uma cirurgia abdominal a que havia sido submetido em dezembro de 1995.

Fonte: Wikipédia

João Dias

JOÃO DIAS RODRIGUES FILHO
(69 anos)
Cantor

* Campinas, SP (12/10/1927)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/11/1996)

João Dias Rodrigues Filho foi um cantor nascido em Campinas, SP, no dia 12/10/1927.

Iniciou sua carreira em 1948 na Rádio São Paulo, para onde foi levado por Cardoso Silva, e em 1949 já estava na Rádio Bandeirantes.

Em 1950, foi descoberto por Francisco Alves, quando se apresentava na Boate Cairo, em São Paulo, sendo levado para o Rio de Janeiro onde gravou seu primeiro disco na gravadora Odeon, com "Guacyra" (Hekel Tavares e Joraci Camargo) e "Canta, Maria" (Ary Barroso). Em seguida gravou o bolero "Peço a Deus" (Francisco Alves e David Nasser). Obteve grande sucesso com as canções "Sinos de Belém" (Jingle Bells), de Pierpont, com versão de Evaldo Rui"Fim de Ano" (Francisco Alves e David Nasser), presenças obrigatórias nas festas de fim de ano daí em diante. 

Em 1952 gravou na Odeon seu primeiro grande sucesso carnavalesco, "Grande Caruso" (Osvaldo Guilherme e Augusto Duarte Ribeiro), e em novembro do mesmo ano estreou na Rádio e TV Tupi, do Rio de Janeiro, com o programa semanal "Audição João Dias", que ficou no ar por um ano. Gravou o bolero "Voltei, Voltei" (Joubert de Carvalho) e o samba canção "Santa Mulher" (Jair Maia e Felisberto Martins).

Em 1953 obteve sucesso canavalesco com a marcha "Grande Caruso". Gravou ainda o samba "Silêncio do Cantor" (Joubert de Carvalho David Nasser), homenagem ao cantor Francisco Alves, falecido no final do ano anterior. No mesmo período foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro onde passou a apresentar um programa dominical. Gravou ainda na mesma época a valsa "Luzes da Ribalta", versão de João de Barro e Antônio Almeida para a composição original de Charles Chaplin para o filme do mesmo nome.

Em 1954 gravou a marcha "Botão de Rosa" (Denis Brean e Osvaldo Guilherme), a valsa "Vaya Com Dios" (Russel, James e Pepper), com versão de Joubert de Carvalho e os baiões "Noite de São João" e "Ninguém Fica Em Casa Hoje", ambos da dupla Haroldo LoboDavid Nasser, além de outras músicas. Gravou em dueto com a cantora Edith Falcão a canção "A Doce Canção de Natal" (Altir Gonçalves e Sivan Castelo Neto) e a valsa "O Velhinho" (Otávio Filho).

Conquistando grande popularidade, em 1955, seu programa da Rádio Nacional passou a ser apresentado no horário antes ocupado pelo de Francisco Alves, que ficou no ar por vários anos. Passou para a gravadora Copacabana, onde estreou cantando o bolero "Amor Cigano" (Mário Mascarenhas) e a canção "Separando Corações" (Francisco Alves e David Nasser).

Em 1956 homenageou o Flamengo gravando o "Hino Rubro-Negro" e a marcha "Gol do Flamengo", ambos de autoria de Paulo de Magalhães. Gravou com Ângela Maria, o sucesso "Mamãe" (Herivelto MartinsDavid Nasser).

Em 1957 gravou com sucesso o samba "Caminhando" (Ataulfo Alves).

Em 1959 gravou na Columbia a habanera "O Milagre da Volta" (Fernando César e Diva Correia), o samba "A Última Mulher" (Wilson Batista e Jorge de Castro) e a toada baião "Margarida" (Lupicínio Rodrigues).

Em 1960 relançou o samba "Eterna Capital" (Newton TeixeiraDavid Nasser), em homenagem ao Rio de Janeiro, que naquele ano, deixava de ser capital do país. Voltou a gravar na Odeon interpretando o bolero "Dia e Noite" (Fernando César e Tony Vestani) e o samba canção "As Horas de Tua Vida" (Armando Cavancanti).

Em 1961 viajou com Dalva de Oliveira por todo o país, depois de regravar o sucesso "Brasil" (Benedito Lacerda e Aldo Cabral).

Em 1962 voltou a gravar em dueto com Dalva de Oliveira, registrando a música "O Relicário" (J. PadilhaDavid Nasser). Lançou ainda os LPs "João Dias", pela Odeon e "Tangos", pela Imperial.

João Dias foi o idealizador e responsável pela Lei de Direito Conexo, que, tendo sido aprovada e regulamentada em 1968, garantiu ao intérprete receber direitos pela execução posterior de suas gravações, o que anteriormente era restrito aos autores.

Em 1975, lançou pela Odeon o LP comemorativo de seus 25 anos de carreira, com músicas de compositores atuais.

Ao todo, lançou pela Odeon seis LPs e um pela Copacabana, além de lançar em média dois a três discos por ano. Considerado o "Herdeiro de Francisco Alves", de quem foi grande amigo. João Dias ficou conhecido também com o slogan de "Príncipe da Voz".

Entre seus maiores sucessos, destacam-se, além dos já citados, a marcha do Carnaval de 1966 "É o Pau, e o Pau" (Jujuba e Rodrigues Pinto), "Quando Eu Era Pequenino" (David NasserFrancisco Alves e Felisberto Martins), "Canção dos Velhinhos" (René Bittencourt) e "Silêncio do Cantor" (Joubert de CarvalhoDavid Nasser).

No ano em que faleceu 1996, dirigia a Sociedade Brasileira de Intérpretes e Produtores Fonográficos (SOCIMPRO).

Com 45 anos de carreira, João Dias, gravou cerca de 320 músicas em 78 rpm, LPs e CDs.

Discografia


  • 1963 - É Por Ti Que Eu Choro / Deixa-me Só (Odeon, 78)
  • 1963 - O Relicário / Dias De Vinho E Rosa (Odeon, 78)
  • 1962 - O Amor É Um Só / O Beijo (Odeon, 78)
  • 1962 - Você Merece Um Tango / Porteiro Suba E Diga (Odeon, 78)
  • 1962 - Ora Pílulas / Não Vou Pela Cara Da Mulher (Orion, 78)
  • 1961 - Poema Das Mãos / Perdão Senhorita (Odeon, 78)
  • 1961 - Exodus / Brasil (Odeon, 78)
  • 1961 - Transformação / Angélica (Odeon, 78)
  • 1960 - Dia E Noite / As Horas De Tua Vida (Odeon, 78)
  • 1960 - Sino De Belém / Fim De Ano (Odeon, 78)
  • 1959 - Contigo, Comigo / Dançar Com Você (Copacabana, 78)
  • 1959 - O Milagre Da Volta / Margarida (Columbia, 78)
  • 1959 - O Homem Da Vassoura / Avental De Pastora (Columbia, 78)
  • 1959 - Eu Falei, Está Falado / A Última Mulher (Columbia, 78)
  • 1959 - Protesto / Moleque (Columbia, 78)
  • 1958 - Engole Ele, Paletó / Bicho Carpinteiro (Copacabana, 78)
  • 1958 - Volta Ao Mundo / Mais Uma Vez Escuta (Copacabana, 78)
  • 1958 - Otário / O Mundo Nos Fez Para Amar (Copacabana, 78)
  • 1958 - Eterna Capital / Vida (Copacabana, 78)
  • 1958 - Até Logo Crocodilo / Garota Enxuta (Copacabana, 78)
  • 1958 - Quem Dá Cartaz / Remador (Copacabana, 78)
  • 1958 - Noite Cheia De Estrelas / Por Causa Dessa Cabocla (Copacabana, 78)
  • 1957 - Desde Que O Mundo É Mundo / Vou Procurar Outro Bem (Copacabana, 78)
  • 1957 - Sem Dinheiro E Sem Cabelo / Andorinha (Copacabana, 78)
  • 1957 - Morena, Morena... / Todo Mundo Censurou (Copacabana, 78)
  • 1957 - Que Murmurem / Tecedeira (Copacabana, 78)
  • 1957 - Caminhando / Amarras (Copacabana, 78)
  • 1957 - Marcelino Bom Menino / O Relógio (Copacabana, 78)
  • 1957 - Geny / Arlindo (Copacabana, 78)
  • 1956 - Passarinho / Homem Que É Homem (Copacabana, 78)
  • 1956 - Margot / Mandrake (Copacabana, 78)
  • 1956 - Cego / Boneca Aventureira (Copacabana, 78)
  • 1956 - Quem Amanhece Cantando / Amar É Pecado (Copacabana, 78)
  • 1956 - História De Um Amor / Roteiro De Boêmio (Copacabana, 78)
  • 1956 - Hino Rubro-Negro / Gol Do Flamengo (Copacabana, 78)
  • 1955 - Amor Cigano / Separando Corações (Copacabana, 78)
  • 1955 - A Abelha E A Borboleta / Rainha Do Show (Copacabana, 78)
  • 1955 - Desejo / Salomé (Copacabana, 78)
  • 1955 - Divina Comédia / Fim De Romance (Copacabana, 78)
  • 1955 - Esperando Você / Revanche (Copacabana, 78)
  • 1954 - Don Juan / Botão De Rosa (Odeon, 78)
  • 1954 - Vaya Com Dios / Outono Da Vida (Odeon, 78)
  • 1954 - Um Paulista No Rio / História Paulista (Odeon, 78)
  • 1954 - Noite De São João / Ninguém Fica Em Casa Hoje (Odeon, 78)
  • 1954 - É O Amore / Falso Amigo (Odeon, 78)
  • 1954 - Mamma Mia / Sinal Dos Tempos (Odeon, 78)
  • 1954 - Meu Último Reinado / Cigana (Odeon, 78)
  • 1954 - Sinceridade / Ai, Meu Tempo (Odeon, 78)
  • 1954 - A Doce Canção De Natal / O Velhinho (Odeon, 78)
  • 1953 - Grande Caruso / Bobo (Odeon, 78)
  • 1953 - Beber Faz Bem / Meu Figurino (Odeon, 78)
  • 1953 - O Silêncio Do Cantor / Quando Eu Era Pequenino (Odeon, 78)
  • 1953 - Canção Dos Velhinhos / Orfão De Mãe (Odeon, 78)
  • 1953 - Buenos Aires / Te Odeio (Odeon, 78)
  • 1953 - Atende / Travesseiro (Odeon, 78)
  • 1953 - Luzes Da Ribalta / Padam... Padam... (Odeon, 78)
  • 1953 - Moulin Rouge / Eu Beijo A Tua Mão Madame (Odeon, 78)
  • 1952 - Eu Hei De Encontrar / Se O Mundo Acabar (Odeon, 78)
  • 1952 - Voltei, Voltei / Presença De Maria (Odeon, 78)
  • 1952 - Santa Mulher / Madrecita (Odeon, 78)
  • 1952 - Divórcio / Vestido De Noiva (Odeon, 78)
  • 1952 - Tango Valentino / Chega (Odeon, 78)
  • 1951 - Canta Maria / Guacira (Odeon, 78)
  • 1951 - Peço A Deus / Plena Manhã (Odeon, 78)
  • 1951 - Amor... Saudade / Triste Despertar (Odeon, 78)
  • 1951 - Doce Amor / Três Palavrinhas (Odeon, 78)
  • 1951 - Jingle Bells / Fim De Ano (Odeon, 78)
  •   S/D - João Dias (Odeon, LP)
  •   S/D - Tangos (Imperial, LP)

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB
Indicação: Miguel Sampaio