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Pereira Passos

FRANCISCO PEREIRA PASSOS
(76 anos)
Engenheiro e Político

* São João Marcos, RJ (29/08/1836)
+ Em Viagem (12/03/1913)

Francisco Pereira Passos foi um engenheiro brasileiro e prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves.

Filho de Antônio Pereira Passos, Barão de Mangaratiba, e de Clara Oliveira. Até os 14 anos foi criado na Fazenda do Bálsamo, em São João Marcos, atualmente distrito de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro.

Em março de 1852 ingressou na então Escola Militar, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, antiga Universidade do Brasil, onde se formou em 1856 como Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas o que lhe dava o Diploma de Engenheiro Civil. Foi colega de turma de Benjamin Constant.

Estudou na França de 1857 ao final de 1860, onde assistiu a reforma urbana de Paris promovida por Georges-Eugène Haussmann. A estada em Paris lhe exerceu profunda influência, que iria dedicar-se à engenharia ferroviária e ao urbanismo.

Em seu retorno ao Brasil, em 1860, Pereira Passos dedicou-se à construção e expansão da malha ferroviária brasileira, sob a demanda da economia cafeeira. Participou da construção da ferrovia Santos-Jundiaí (1867), do prolongamento da Estrada de Ferro Dom Pedro II até o São Francisco (1868), foi consultor técnico do Ministério da Agricultura e Obras Públicas (1870).

Voltou à Europa em 1871, na companhia do Barão de Mauá, como inspetor do Governo Imperial. Na Europa, estudou o sistemas ferroviários europeus e se inspirou na estrada de ferro suiça, a que subia o Monte Righi com inclinações de até 20%, para a executar o prolongamento da estrada de ferro da serra de Petrópolis. Sistema que seria ainda usado posteriormente na primeira estrada turística do Brasil, a Estrada de Ferro Corcovado. Dirigiu na mesma época o Arsenal de Ponta da Areia, a convite do Barão de Mauá, produzindo trilhos, vagões, etc.

Foi nomeado engenheiro do Ministério do Império em 1874, cabendo a Pereira Passos acompanhar todas as obras do governo imperial. Integrou a comissão que iria apresentar o plano geral de reformulação urbana da capital, incluindo o alargamento de ruas, construção de grandes avenidas, canalizações de rios entre outras medidas urbanas e sanitárias. O levantamento realizado de 1875 a 1876, seria a base do futuro plano diretor da cidade, posto em prática em sua administração como prefeito.

Retornou à Europa em 1880 e permaneceu em Paris até 1881. Nesta época frequentou cursos na Sorbonne e no Collége de France. Visitou fábricas, siderúrgicas, empresas de transporte e obras públicas na Europa. Ainda em 1881 tornou-se consultor da Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, para acompanhar a construção de uma linha ferroviária no Paraná, ligando o porto de Paranaguá à Curitiba.

No seu retorno ao Brasil, mudou-se para o Paraná e somente após a inauguração da ferrovia em 1882, retornou à capital. Em seu retorno, assumiu a presidência da Carris de São Cristóvão, substituindo Visconde de Taunay.

Após restruturar a empresa, em 1884, Pereira Passos propõe aos acionistas a aquisição do projeto do italiano Giuseppe Fogliani, para a construção de uma grande avenida. Apesar da aprovação dos acionistas e da licença para construção obtida, o projeto não saiu do papel. No entanto, essa seria mais uma antecipação do que viria a ocorrer em sua gestão como prefeito 20 anos depois: a abertura da Avenida Central.

O prefeito Pereira Passos posando para Rodolpho Bernadelli
(Fonte: Foto Malta. Arquivo IHGB, Rio de Janeiro)
Panorama do Rio de Janeiro no Início do Século XX

No início do século XX, o Rio de Janeiro passava por graves problemas sociais, decorrentes, em grande parte de seu rápido e desordenado crescimento, alavancado pela imigração européia e pela transição do trabalho escravo para o trabalho livre.

Na ocasião em que Pereira Passos assumiu a prefeitura da cidade, o Rio de Janeiro, com sua estrutura de cidade colonial, possuía quase 1 milhão de habitantes carentes de transporte, abastecimento de água, rede de esgotos, programas de saúde e segurança.

No centro do Rio de janeiro, a Cidade Velha e adjacências, eclodiam habitações coletivas insalubres (cortiços), epidemias de febre amarela, varíola, cólera, conferindo à cidade a fama internacional de porto sujo ou Cidade da Morte, como se tornara conhecida.

A reforma urbana de Pereira Passos, período conhecido popularmente como "Bota-abaixo", visou o saneamento, o urbanismo e o embelezamento, dando ao Rio de Janeiro ares de cidade moderna e cosmopolita.

Monumento ao Prefeito Francisco Pereira Passos
Prefeito

Nomeado prefeito pelo presidente Rodrigues Alves, ao lado de Lauro Müller, Paulo de Frontin e Francisco Bicalho, promoveu uma grande reforma urbanística na cidade, com o objetivo de transformá-la numa capital nos moldes franceses.

Inspirado nas reformas de Georges-Eugène Haussmann, em quatro anos Pereira Passos transformou a aparência da cidade: aos cortiços (locais serviam de moradia para aqueles que não seriam benquistos na "cidade higienizada") e às ruas estreitas e escuras, sobrevieram grandes bulevares, com imponentes edifícios, dignos de representar a capital federal.

Alargamento e Abertura de Ruas:

Com a finalidade de saneamento e ordenação da malha de circulação viária, Pereira Passos demoliu casarões, abriu diversas ruas e alargou outras. O alargamento das ruas permitiu o arejamento, ventilação e melhor iluminação do centro e ainda a adoção de uma arquitetura de padrão superior.

Foram abaixo todos os prédios paralelos aos Arcos da Lapa e o Morro do Senado, a fim de liberar passagem para a Avenida Mem de Sá. Para a abertura da Avenida Passos, foi demolido o Largo de São Domingos. Após a conclusão do alargamento da Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana, em 1906, que custou a demolição de todo o casario de um dos lados da rua, esta passou a abrigar as melhores lojas do início do século.

Foi também em sua administração que ocorreram as obras de abertura das avenidas Beira-Mar e Atlântica, além do alargamento da Rua da Carioca, Rua Sete de Setembro, dentre outras obras.

Avenida Central:

Pereira Passos idealizou e realizou a Avenida Central, com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura, a atual Avenida Rio Branco, um dos mais importantes logradouros da cidade ainda hoje, a exercer o papel de centro econômico e administrativo. É considerada um dos marcos de sua administração.

Avenida Beira Mar:

As obras da Avenida Beira Mar, iniciadas logo que assumiu, foram inspecionadas pessoalmente. Esta ligaria o centro da cidade até o Morro da Viúva. A avenida foi uma forma eficiente de ligar as extremidades da cidade, sendo esta ligação reforçada posteriormente pela abertura de túneis.

Cidade Maravilhosa

Após as obras de Pereira Passos e o trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz o Rio de Janeiro perdeu o apelido de Cidade da Morte, ganhou o título de Cidade Maravilhosa e realizou a Exposição Nacional de 1908, idealizada pelo presidente Afonso Pena para festejar o Centenário da abertura dos portos.


Aspectos Sociais na Gestão Pereira Passos

Apesar das melhorias sanitárias e urbanísticas, o plano de Pereira Passos implicou alto custo social, com o início das formações de favelas na cidade.

A reforma promoveu uma grande valorização do solo na área central, ainda ocupada parcialmente pela população de baixa renda. Cerca de 1.600 velhos prédios residenciais foram demolidos. A partir destas demolições, a população pobre do centro da cidade se viu obrigada a morar com outras famílias, a pagar altos aluguéis ou a mudar-se para os subúrbios, uma vez que foram insuficientes as habitações populares construídas em substituição às demolidas.

Parte considerável da imensa população atingida pela remodelação permaneceu na região e nos morros situados no centro da cidade - Providência, Santo Antonio, entre outros - outrora pouco habitados, sofreram uma rápida ocupação habitacional proletária. Surgiram as favelas, que marcariam a configuração da cidade até os dias de hoje.

Principais Obras da Gestão de Pereira Passos

  • 1903 - Inauguração do Pavilhão da Praça XV
  • 1903 - Prolongamento da Rua do Sacramento (atual Avenida Passos) até a Rua Marechal Floriano
  • 1903 - Inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista
  • 1903 a 1904 - Alargamento da antiga Rua da Prainha (atual Rua do Acre)
  • 1904 - Construção do Aquário do Passeio Público
  • 1904 - Obras na Rua 13 de Maio
  • 1905 - Início da Construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (inaugurado em 1909)
  • 1905 - Inauguração da nova estrada da Tijuca
  • 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita
  • 1905 - Alargamento da Rua do Catete
  • 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana (antiga Rua da Vala)
  • 1905 - Inauguração da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), marco de sua administração
  • 1905 - Decreto para a construção da Avenida Atlântica, em Copacabana
  • 1905 - Inauguração da Escola-Modelo Tiradentes
  • 1905 - Abertura da Rua Gomes Freire de Andrade
  • 1905 - Abertura da Avenida Maracanã
  • 1906 - Alargamento da Rua da Carioca
  • 1906 - Inauguração da fonte do Jardim da Glória
  • 1906 - Inauguração da nova Fortaleza na Ilha de Lage
  • 1906 - Inauguração do palácio da exposição permanente de São Luiz (futuro Palácio Monroe)
  • 1906 - Conclusão das obras de melhoramento do porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue
  • 1906 - Inauguração das obras de melhoramento e embelezamento do Campo de São Cristóvão
  • 1906 - Aterramento das praias do Flamengo e Botafogo, com construção de jardins
  • 1906 - Inauguração do alargamento da Rua Sete de Setembro , entre as avenidas Central e Primeiro de Março
  • 1906 - Inauguração da Avenida Beira-Mar
  • 1906 - Reforma do Largo da Carioca
  • 1906 - Construção do Pavilhão Mourisco, em Botafogo
  • 1906 - Construção do Restaurante Mourisco, próximo à estação das barcas, no Centro
  • 1906 - Melhorias no abastecimento de água da cidade


Outros Feitos

  • Foi presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro
  • Construção da Estrada de Ferro do Corcovado (a primeira estrada de ferro turística do Brasil)

Morte

Pereira Passos morreu a bordo do navio Araguaia, quando viajava do Rio de Janeiro para a França no dia 12/03/1913.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Aluísio de Azevedo

ALUÍSIO TANCREDO BELO GONÇALVES DE AZEVEDO
(55 anos)
Romancista, Contista, Cronista, Caricaturista, Desenhista, Pintor, Jornalista e Diplomata

☼ São Luís, MA (14/04/1857)
┼ Buenos Aires, Argentina (21/01/1913)

Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo foi um romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro, além de bom desenhista e discreto pintor.

Ainda criança revelou pendores para o desenho e para a pintura, dom que mais tarde lhe auxiliaria na produção literária. Concluindo os preparatórios em São Luís do Maranhão, transferiu-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu estudos na Academia Imperial de Belas-Artes, obtendo, a título de subsistência imediata, ofício de colaborador caricaturista de jornais.

Filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo, que, ainda jovem, enviuvara-se em boda anterior, e de Dona Emília Amália Pinto de Magalhães, separada do rico comerciante português Antônio Joaquim Branco, assiste Aluísio, em garoto, ao desabono da sociedade maranhense a essa união dos pais contraída sem segundas núpcias, algo que se configurava grande escândalo à época. Foi Aluísio de Azevedo, irmão mais novo do dramaturgo e jornalista Artur de Azevedo, com o qual, em parceria, viria a esboçar peças teatrais.

Com o falecimento do pai em 1879, volta ao Maranhão para sustentar a família, onde, instigado por dificuldades financeiras, finalmente dá início à atividade literária, publicando "Uma Lágrima de Mulher" (1880).

Em 1881, ano dentre a crescente efervescência abolicionista, publica o romance "O Mulato", obra que deixa a sociedade escandalizada pelo modo cru com que desnuda a questão racial. Nela, o autor já demonstra ser abolicionista convicto.

Diante da reação hostil da província, obtendo sucesso com a obra na Corte, onde era considerada como exemplo da escola naturalista, volta à capital imperial e aí, incessantemente, produz romances, contos, crônicas e peças de teatro.

Sua obra é tida na conta de irregular por diversos críticos, uma vez que a produção oscile entre o romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial para o grande público, e o naturalismo já em obras mais elaboradas, deixando a marca de precursor do movimento.

Diplomata

Feito Diplomata em 1895 deixa definitivamente da pena, indo servir na Espanha, Inglaterra, Itália, Japão (do qual fez apontamentos antevidentes e singulares), Paraguai e Argentina.

Em 1910, feito já Cônsul de primeira classe, instala-se em Buenos Aires, onde, passados quase três anos, vem a falecer deixando esposa e os dois filhos desta.

Academia Brasileira de Letras

Aluísio Azevedo foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 4, que tem por patrono Basílio da Gama.

Contribuições

  • Inaugurou a estética do naturalismo no Brasil com a publicação do romance "O Mulato" (1881). É também autor de outros romances de mesma estética, "Casa de Pensão" (1884), "O Cortiço" (1890) e outros.
  • Tendo por influência escritores naturalistas europeus, dentre eles Émile Zola, por tal ótica capta a mediocridade rotineira, a vida dos sestros, os preconceitos e mesmo taras individuais, opção contrária à dos românticos precedentes.
  • Fazem-se veementemente presentes em sua obra certos traços fundamentais do naturalismo, quais sejam a influência do meio social e da hereditariedade na formação dos indivíduos, também o fatalismo. Em Aluísio de Azevedo "a natureza humana afigura-se-lhe uma certa selvageria onde os fortes comem os fracos", afirma o crítico Alfredo Bosi.

Obras

  • 1880 - Uma Lágrima de Mulher (Romance)
  • 1881 - O Mulato (Romance)
  • 1882 - Mistério da Tijuca ou Girândola de Amores (Romance)
  • 1882 - Memórias de um Condenado ou A Condessa Vésper (Romance)
  • 1884 - Casa de Pensão (Romance)
  • 1884 - Filomena Borges (Romance)
  • 1887 - O Homem (Romance)
  • 1890 - O Cortiço (Romance)
  • 1890 - O Coruja (Romance)
  • 1894 - A Mortalha de Alzira (Romance)
  • 1895 - Demônios (Contos)
  • 1895 - O Livro de uma Sogra (Romance)
  • 1894 - O Japão ¹
  •            O Touro Negro (Crônicas e Epistolário)
  •            Os Doidos (Peça)
  •            Casa de Orates (Peça)
  •            Flor de Lis (Peça)
  •            Em Flagrante (Peça)
  •            Caboclo (Peça)
  •            Um Caso de Adultério (Peça)
  •            Venenos Que Curam (Peça)
  •            República (Peça)
  •            O Esqueleto ²

¹ Publicado, a partir de manuscritos encontrados na Academia Brasileira de Letras (1894)
² Não obstante publicado em recente versão de suas obras completas, organizadas por Nogueira Jr., não é de autoria de Aluísio Azevedo senão de Olavo Bilac e de Pardal Mallet.

Fonte: Wikipédia