Marisa Prado

OLGA COSTENARO
(51 anos)
Atriz

* Araçatuba, SP (26/12/1930)
+ Cairo, Egito (12/02/1982)

Olga Costenaro, mais conhecida como Marisa Prado foi uma atriz brasileira. Ainda criança mudou-se com a família para São Bernardo do Campo, SP, e empregou-se na Companhia Cinematográfica Vera Cruz assim que se instalou na cidade.

Começou na Vera Cruz como montadora de filmes, mas, muito bela, chamou a atenção de Abílio Pereira de Almeida, que fez um teste com ela e aprovou sua participação no filme "Tico-Tico no Fubá", no qual fez sua estreia no cinema no papel de Durvalina, ao lado de Anselmo Duarte e Tônia Carrero.

Rapidamente tornou-se uma das principais atrizes da Companhia Cinematográfica Vera Cruz e brilhou nos filmes "Terra é Sempre Terra", onde ganhou o Prêmio Saci de melhor atriz, "O Cangaceiro", com o qual Marisa Prado tornou conhecida internacionalmente, e "Candinho".

Marisa Prado foi casada durante um curto período com o cineasta e produtor Fernando de Barros. Viveu e filmou na Espanha e na França. Seu primeiro filme, "Orgulho", rendeu-lhe o prêmio de melhor atriz estrangeira, seguindo-se mais de uma dezena de outros em Portugal, México e Cuba.

Em 1958, Marisa Prado fez "Uma Chica de Chicago" e conheceu o embaixador cubano em Paris, com quem casou-se, passando a viver na França onde abandonou o cinema.

Em uma temporada em Monte Carlo, Marisa Prado se envolveu com um milionário Libanês, o conde Charies Gabriel de Chedid, e acabou se casando com ele.

Esteve no Brasil em 1981, saudável mas infeliz. Quatro meses depois, um telegrama do marido comunicou sua morte súbita ocorrida no Cairo, Egito, aos 51 anos de idade, em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas. Segundo seu marido libanês, ela atravessava uma forte crise de depressão.

Filmografia

  • 1963 - No Temas A La Ley ... Flora
  • 1963 - Plaza De Oriente ... María Luisa
  • 1963 - Aquí Está Tu Enamorado
  • 1962 - Los Secretos Del Sexo Débil
  • 1961 - ¡Que Padre Tan Padre!
  • 1961 - As Pupilas Do Senhor Reitor ... Margarida
  • 1960 - Mundo, Demonio y Carne
  • 1960 - Una Chica De Chicago
  • 1960 - Nada Menos Que Un Arkángel ... La Joven Americana
  • 1960 - El Traje De Oro
  • 1959 - María De La O
  • 1959 - La Rebelión De Los Adolescentes
  • 1959 - Vida Sin Risas
  • 1956 - Tarde De Toros ... Isabel
  • 1955 - Orgullo ... Laura
  • 1954 - Candinho ... Filoca
  • 1953 - O Cangaceiro ... Olívia
  • 1952 - Tico-Tico No Fubá ... Durvalina
  • 1952 - Terra É Sempre Terra ... Lina

Fonte: Wikipédia
Indicação: Reginaldo Monte

Luiz Baccelli

LUIZ BACCELLI
(69 anos)
Ator, Dramaturgo, Professor, Historiador e Diretor Teatral

+ São Paulo, SP (13/09/1943)
+ São Paulo, SP (25/02/2013)

Luiz Baccelli foi um ator, dramaturgo, professor, historiador e diretor do grupo teatral Ação Entre Amigos. Nascido em 13 de setembro de 1943, o paulistano Luiz Baccelli participou por mais de 40 anos de projetos de teatro, televisão e cinema. Segundo o site da Escola de Atores Wolf Maya, do qual foi professor, ele fez parte das equipes de novelas como "Top Model", "O Rei do Gado", "Esperança", "Laços de Família", "Celebridades", "A Favorita", "Caminho das índias" e "Araguaia", da TV Globo.

Luiz Baccelli iniciou sua carreira profissional com Antunes Filho, quando entrou para o Grupo de Teatro Macunaíma no final dos anos 60, participando dos espetáculos que percorreram vários países. Desde então, participou de mais de 60 peças como ator e diretor. Como diretor e professor, fez mais de 90 montagens teatrais em escolas. Ele se formou em história pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e também fez o curso do Teatro Suzuki, no Japão. Ganhou o Prêmio Molière de melhor ator por "Xica da Silva". Durante 10 anos fez parte do grupo Tapa/Cia.

Participou de novelas na TV Globo, no SBT, na TV Bandeirantes e na TV Record. Nas últimas novelas da TV Globo das quais participou, Luiz Baccelli interpretou o médico de Max (Lima Duarte) em "Araguaia", o personagem Darcy Queiroz em "A Favorita", e Barat Mugdaliar em "Caminho das Índias". Em 2012, fez uma pequena aparição em "Aquele Beijo".

Segundo Josemir Kowalick, coordenador pedagógico da Escola de Atores Wolf Maya, Luiz Baccelli tinha aulas de interpretação teatral agendadas para este fim de semana. "No semestre anterior, ele deu aulas normalmente. Ele veio até no dia 18/12/2012, na festa de confraternização de fim de ano. Estava feliz com a filha, parecia estar se recuperando", disse Josemir Kowalick.


Morte

Luiz Baccelli morreu na segunda-feira, 25/02/2013, em São Paulo, às 13:30 hs. Segundo o diretor do filme, "E a Vida Continua...", Oceano Vieira de Melo, Luiz Baccelli estava internado na UTI do Hospital São Camilo desde quinta-feira, 21/02/2013, quando teve uma parada cardíaca, decorrente de complicações renais que vinha enfrentando nos últimos meses. Recentemente, o ator descobriu que estava com um câncer no rim.

O velório começou a partir das 22:00 hs de segunda-feira, 25/02/2013, no Cemitério do Araçá, na Avenida Drº Arnaldo. Seu corpo será cremado no Cemitério da Vila Alpina, em Vila Prudente, às 15:30 de terça-feira, 26/02/2013.

Televisão

  • 1995 - Sangue do Meu Sangue ... Cuerro Verde
  • 1995 - As Pupilas do Senhor Reitor ... Joaquim
  • 1998 - Pérola Negra ... Benjamin Weinstein
  • 2000 - Laços de Família ... Drº Cláudio
  • 2001 - Amor e Ódio ... Severiano Cortes
  • 2004 - A Escrava Isaura ... Padre
  • 2006 - Cristal ... Erasmo
  • 2007 - Amazônia, de Galvez a Chico Mendes ... Campelo
  • 2008 - A Favorita ... Darcy Queiróz
  • 2009 - Caminho das Índias ... Barat Mugdaliar
  • 2009 - João Miguel ... Advogado
  • 2010 - Araguaia ... Médico de Max
  • 2011 - Amor e Revolução ... Monsenhor
  • 2012 - Aquele Beijo ... Juiz do julgamento de Olga


Cinema

  • 1998 - Ação Entre Amigos
  • 2001 - Mater Dei
  • 2006 - Os 12 Trabalhos ... Seu Moreira
  • 2012 - E a Vida Continua... ... Ernesto

Fonte: Wikipédia e G1
Indicação: Miguel Sampaio

Rubem Braga

RUBEM BRAGA
(77 anos)
Escritor,  Repórter, Redator, Editorialista e Cronista

☼ Cachoeiro de Itapemirim, ES (12/01/1913)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/12/1990)

Rubem Braga foi um escritor, irmão do poeta e jornalista Newton Braga. Era considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, em 12 de janeiro de 1913.

Iniciou seus estudos em Cachoeiro de Itapemirim, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. Sua família o enviou para Niterói, RJ, onde moravam alguns parentes, para estudar no Colégio Salesiano.

Iniciou a faculdade de Direito no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte, MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em Minas Gerais - no front da Mantiqueira conheceu Juscelino Kubitschek de Oliveira e Adhemar de Barros.

Na capital mineira se casou, em 1936, com Zora Seljan Braga, de quem posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho Roberto Braga.

Rubem Braga foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro "Com a FEB na Itália", em 1945, sendo que lá fez amizade com Joel Silveira. De volta ao Brasil morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro. Primeiro numa pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos. Depois, numa casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim num apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.

Rubem Braga (E) e Newton Braga (D) em 1932
Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da repressão.

Seu primeiro livro, "O Conde e o Passarinho", foi publicado em 1936, quando o autor tinha 22 anos, pela Editora José Olympio. Na crônica-título, escreveu:

"A minha vida sempre foi orientada pelo fato de eu não pretender ser conde."

De fato, quase tanto como pelos seus livros, o cronista ficou famoso pelo seu temperamento introspectivo e por gostar da solidão. Como escritor, Rubem Braga teve a característica singular de ser o único autor nacional de primeira linha a se tornar célebre exclusivamente através da crônica, um gênero que não é recomendável a quem almeja a posteridade.

Certa vez, solicitado pelo amigo Fernando Sabino a fazer uma descrição de si mesmo, declarou:

"Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento."

Foi com Fernando Sabino e Otto Lara Resende que Rubem Braga fundou, em 1968, a Editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel García Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.

Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos texto de Rubem Braga é a "crônica poética, na qual alia um estilo próprio a um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens, pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza."


A chave para entendermos a popularidade de sua obra, toda ela composta de volumes de crônicas sucessivamente esgotados, foi dada pelo próprio escritor: ele gostava de declarar que um dos versos mais bonitos de Camões"A Grande Dor Das Coisas Que Passaram", fora escrito apenas com palavras corriqueiras do idioma. Da mesma forma, suas crônicas eram marcadas pela linguagem coloquial e pelas temáticas simples.

Como jornalista, Rubem Braga exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio de Janeiro, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de O Globo em Paris, em 1947, e do Correio da Manhã em 1950.

Amigo de Café Filho, vice-presidente e depois presidente do Brasil, foi nomeado Chefe do Escritório Comercial do Brasil em Santiago, no Chile, em 1953. Em 1961, com os amigos Jânio Quadros na Presidência e Affonso Arinos no Itamaraty, tornou-se Embaixador do Brasil no Marrocos. Mas Rubem Braga nunca se afastou do jornalismo. Fez reportagens sobre assuntos culturais, econômicos e políticos na Argentina, nos Estados Unidos, em Cuba, e em outros países.

Quando faleceu, era funcionário da TV Globo. Seu amigo Edvaldo Pacote, que o levou para lá, disse:

"O Rubem era um turrão, com uma veia extraordinária de humor. Uma pessoa fechada, ao mesmo tempo poeta e poético. Era preciso ser muito seu amigo para que ele entreabrisse uma porta de sua alma. Ele só era menos contido com as mulheres. Quando não estava apaixonado por uma em particular, estava apaixonado por todas. Eu o levei para a Globo... Ele escrevia todos os textos que exigiam mais sensibilidade e qualidade, e fazia isto mantendo um grande apelo popular."

Morte

Na noite de segunda-feira, 17/12/1990, o escritor Rubem Braga reuniu um pequeno grupo de amigos, cada vez mais selecionados por ele, na sua cobertura em Ipanema. Foi uma visita silenciosa, mas claramente subentendida pelos amigos Moacyr Werneck de Castro, Otto Lara Resende e Edvaldo Pacote.

Às 23:30 hs da noite de quarta-feira, 19/12/1990, sedado num quarto do Hospital Samaritano, Rubem Braga morreu, sozinho como desejara e pedira aos amigos. A causa da morte foi uma Parada Respiratória em conseqüência de um tumor na laringe que ele preferiu não operar nem tratar quimicamente.

Homenagem

Foi inaugurada no dia 30/06/2010 a terceira saída da estação General Osório do Metrô em Ipanema, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. O novo acesso, que conta com duas torres com dois elevadores ligando a Rua Barão da Torre ao Morro do Cantagalo, recebeu o nome de Complexo Rubem Braga, em homenagem ao escritor que por anos morou na cobertura do prédio vizinho à estação.

Crônica

  • 1936 - O Conde e o Passarinho
  • 1944 - O Morro do Isolamento
  • 1945 - Com a FEB na Itália
  • 1948 - Um Pé de Milho
  • 1949 - O Homem Rouco
  • 1951 - 50 Crônicas Escolhidas
  • 1954 - Três Primitivos
  • 1955 - A Borboleta Amarela
  • 1957 - A Cidade e a Roça
  • 1958 - 100 Crônicas Escolhidas
  • 1960 - Ai de Ti, Copacabana
  • 1961 - O Conde e o Passarinho e O Morro do Isolamento
  • 1964 - Crônicas de Guerra - Com a FEB na Itália
  • 1964 - A Cidade e a Roça e Três Primitivos
  • 1967 - A Traição das Elegantes
  • 1988 - As Boas Coisas da Vida
  • 1990 - O Verão e as Mulheres
  • 200 Crônicas Escolhidas
  • Casa dos Braga: Memória de Infância (Público Juvenil)
  • 2002 - 1939 - Um episódio em Porto Alegre (Uma Fada no Front)
  • Histórias do Homem Rouco
  • Os Melhores Contos de Rubem Braga (Seleção Davi Arrigucci)
  • O Menino e o Tuim
  • Recado de Primavera
  • Um Cartão de Paris
  • Pequena Antologia do Braga


Romance

  • Casa do Braga


Adaptações

  • O Livro de Ouro dos Contos Russos
  • Os Melhores Poemas de Casimiro de Abreu (Seleção e Prefácio)
  • Coleção Reencontro Audiolivro - Cirano de Bergerac - Edmond Rostand
  • Coleção Reencontro: As Aventuras Prodigiosas de Tartarin de Tarascon Alphonse Daudet
  • Coleção Reencontro: Os Lusíadas - Luis de Camões (Com Edson Braga)


Tradução

  • Antoine de Saint-Exupéry - Terra dos Homens.


Sobre Rubem Braga

  • Na Cobertura de Rubem Braga (João Castello)
  • Rubem Braga (Jorge de Sá)
  • Rubem Braga - Um Cigano Fazendeiro do Ar (Marco Antonio de Carvalho)


No volume publicado, também de crônicas, "As Coisas Boas da Vida", em 1988, Rubem Braga enumera, no texto que dá título ao livro "as dez coisas que fazem a vida valer a pena". A última delas: "Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma solução, a morte - o assim chamado descanso eterno".

Fonte: Wikipédia e Releituras

Manoel Vieira

MANOEL VIEIRA
(74 anos)
Ator e Humorista

* Rio de Janeiro, RJ (05/10/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (1979)

Manoel Vieira foi um ator e comediante brasileiro. Ele começou sua carreira artística no Teatro de Revista, como comediante, ao lado de Oscarito e Pedro Dias no Teatro Recreio. Seu personagem característico era o do "português", fazendo o sotaque com perfeição que pensavam que ele realmente era natural de Portugal. Ficou conhecido também por participar de comédias populares ao lado de Mazzaroppi.

Manoel Vieira estreou no cinema em 1935 com o filme "Noites Cariocas". Ao longo de sua extensa carreira como ator cinematográfico, se destacou nos filmes "O Ébrio" (1946), "O Lamparina" (1963) e "Independência ou Morte" (1972).

Na televisão, Manoel Vieira participou da novela "SuperManoela" da TV Globo em 1974, e que foi seu último trabalho como ator.

Filmografia
  • 1935 - Noites Cariocas
  • 1945 - O Cortiço
  • 1946 - O Ébrio
  • 1947 - Esta É Fina
  • 1948 - Fogo Na Canjica
  • 1948 - Pra Lá De Boa
  • 1948 - Mãe
  • 1948 - O Cavalo 13
  • 1949 - Está Com Tudo
  • 1949 - Escrava Isaura
  • 1949 - Inocência
  • 1950 - Anjo Do Lodo
  • 1950 - Não É Nada Disso
  • 1953 - É Pra Casar?
  • 1955 - Angú De Caroço
  • 1957 - Com A Mão Na Massa
  • 1957 - O Noivo Da Girafa
  • 1957 - O Pirata Do Outro Mundo
  • 1957 - O Samba Na Vila
  • 1958 - Tudo É Música
  • 1959 - Cala A Boca, Etelvina
  • 1963 - O Lamparina
  • 1965 - Crônica Da Cidade Amada
  • 1970 - Se Meu Dólar Falasse
  • 1970 - Os Cara De Pau
  • 1971 - Assalto À Brasileira
  • 1972 - Independência Ou Morte

Fonte: Wikipédia

Jorge Selarón

JORGE SELARÓN
(65 anos)
Pintor e Ceramista

* Limache, Chile (1947)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/01/2013)

Jorge Selarón foi um pintor e ceramista autodidata chileno radicado na cidade do Rio de Janeiro. Ele foi o autor de muitas obras que decoram os bairros cariocas da Lapa e de Santa Teresa.

Jorge Selarón passou por mais de cinquenta países até decidir que viveria no Brasil. Sua maior e mais conhecida obra está na Rua Manoel Carneiro, no bairro de Santa Teresa: é a "Escadaria do Convento de Santa Teresa", também conhecida como "Escadaria do Selarón", que liga a Rua Joaquim Silva, no bairro da Lapa, à Ladeira de Santa Teresa, no bairro de Santa Teresa.

Banheiras
Após fixar residência na escadaria em 1990, Jorge Selarón inicialmente instalou uma série de banheiras ajardinadas nas calçadas, que foram subsequentemente pintadas e adornadas com azulejos. A partir de 1994, sobre a pintura verde-amarela com que os moradores decoraram a escadaria para a copa do mundo de futebol de 1994, Jorge Selarón passou a azulejar os espelhos dos degraus. Trabalhando solitário e contando apenas com o rendimento obtido com a renda de seus quadros e eventuais doações de moradores, com dificuldade atingiu sua meta de ter os 215 degraus e 125 metros da escadaria concluídos antes do ano 2000.

Após esta data, com renda gradativamente aumentada devido à crescente inclusão da escadaria nos roteiros turísticos, pôde dedicar-se à ornamentação das calçadas laterais e realizar inúmeras modificações, em coerência com sua concepção da escadaria como obra de arte mutante. Para isto contou também com azulejos remetidos por fãs do mundo inteiro, chegando ter a mais de 2000 azulejos diferentes, provenientes de mais de sessenta países.

Teve igualmente condições realizar grandes acréscimos, como a pirâmide de banheiras, do lado direito da entrada da escadaria, em 2005 e 2006, e a calçada ao início da Ladeira de Santa Teresa, ao pé dos Arcos da Lapa, em 2007. Esta última obra foi interrompida após protestos de que estaria interferindo com o monumento histórico, e acabou sendo demolida pela prefeitura em 2012.

Em 2010 concluiu a imponente bandeira na parte alta da escadaria, na esquina da Rua Pinto Martins. As muretas frontais das residências da escadaria foram executadas em épocas diferentes, de acordo com a solicitação ou permissão de seus proprietários.

Segundo o artista, ele só conseguiu se manter financeiramente e prosseguir com sua grande obra pintando e vendendo mais de 25000 quadros, quase sempre com um tema motivado por um problema pessoal: o tema da mulher negra grávida.

A famosa escadaria já correu o mundo, ora como tema principal para reportagens de revistas e programas de televisão, ora servindo de palco para videoclipes, campanhas publicitárias e até para fotos de uma edição da revista Playboy estadunidense.

Reconhecimento

Em maio de 2005, a escadaria foi tombada pela prefeitura da cidade e Jorge Selarón recebeu o título de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro.


Morte

O pintor foi encontrado morto nas escadarias da Lapa na manhã do dia 10/01/2013. O corpo queimado do artista estava junto a uma lata de thinner. A polícia ainda não tem informações sobre a motivação da morte de Jorge Selarón mas, ao que tudo indica, foi assassinato motivado por vingança.

De acordo com o jornal O Dia, ele vinha sofrendo ameaças de morte de um ex-colaborador e registrou queixa na 7ª Delegacia de Polícia, em Santa Teresa, onde o caso está sendo investigado. Ainda segundo a publicação, o corpo foi encontrado com marcas de queimaduras.

O desentendimento teria acontecido quando o ex-colaborador de Jorge Selarón danificou obras do artista chileno. O ex-colaborador seria irmão de um preso, condenado por tráfico de drogas e roubo, de acordo com informações do jornal O Globo.

Sob aplausos, o corpo do artista plástico Jorge Selarón foi enterrado às 14:00 hs de quarta-feira, 16/01/2013, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Amigos usaram uma blusa em homenagem ao artista. Em um cartaz na parede estava escrito:

"A escada é algo que nunca vai ficar pronto, ela vai ficar no dia da minha morte, quando eu mesmo me transforme na própria escada e fique eterno para sempre. Eu sou Selarón, a escadaria é minha vida"

Muitos também vestiram vermelho e branco, cores preferidas do artista.

Durante o velório, um amigo de Jorge Selarón, o ator Losferato Luiz, leu uma carta enviada pela família do chileno. "Cada um de nós vive a perda da alma. Mas seguimos tranquilos, porque ele esta em paz", dizia parte do texto.


Corpo Será Cremado

Segundo uma amiga do artista, Lena Moraes, o corpo de Jorge Selarón também será cremado. No entanto, segundo ela, a cremação só acontecerá quando uma carta de autorização do irmão do pintor chegar ao Brasil. "Ele não tem parentes aqui. Então para cremar o corpo dele, nós precisamos de uma autorização de algum parente dele do Chile. Assim que esta chegar, a cerimônia será realizada", explicou Lena Moraes.


Custos Pagos Pela Prefeitura

Todos os custos do velório e do enterro foram pagos pela Prefeitura, como foi anunciado. De acordo com o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, a decisão foi tomada pelo prefeito Eduardo Paes, após amigos do ceramista pedirem publicamente ajuda financeira para pagar as despesas.

"Essa foi uma determinação do prefeito Eduardo Paes. A Prefeitura vai se responsabilizar pelo velório e cremação. Agora, vamos fazer contato com os assistentes dele. O Selarón foi um grande artista popular carioca e é um exemplo de como uma pessoa faz a diferença. A Prefeitura vai contribuir para que o velório possa acontecer com o máximo de dignidade", disse Washington Fajardo.


Marinês

MARIA INÊS CAETANO DE OLIVEIRA
(71 anos)
Cantora

* São Vicente Férrer, PE (16/11/1935)
+ Recife, PE (14/05/2007)

Marinês, nome artístico de Maria Inês Caetano de Oliveira, foi uma cantora brasileira de forró, baião e xaxado, entre outros ritmos, dona do título de "Rainha do Forró e do Xaxado".

Filha de pai seresteiro, iniciou a carreira na banda Patrulha de Choque do Rei do Baião, que formou com o marido Abdias e o zabumbeiro Cacau para se apresentar na abertura dos shows de Luiz Gonzaga.

Gravou o primeiro disco em 1956, já à frente do grupo Marinês e Sua Gente, com o qual se consagrou. A Primeira canção gravada por Marinês foi em 1956, com Luiz Gonzaga, intitulada "Mané e Zabé".

Mas sem dúvida, a canção que consagrou Marinês foi "Peba na Pimenta", de João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, que causou polêmica na época em que foi gravada, devido ao seu duplo sentido.

Abdias e Marinês
Morte

Maria Inês Caetano de Oliveira, a Marinês, morreu na segunda-feira, 14/05/2007, no Hospital Português, em Recife, PE, aos 71 anos. Ela havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no começo do mês de maio de 2007, em Caruaru, PE.

Em 2003, a cantora havia se submetido a uma cirurgia de implante de uma ponte de safena.

O velório aconteceu no Teatro Severino Cabral e o enterro foi às 10:00 hs de terça-feira, 15/05/2007, no Cemitério da Paz, em Campina Grande, PB.

Luiz Gonzaga e Marinês
Discografia
  • 1957 - Vamos Xaxar
  • 1959 - Aquarela Nordestina
  • 1960 - Marinês e Sua Gente
  • 1961 - O Nordeste e Seu Ritmo
  • 1962 - Outra Vez, Marinês
  • 1963 - Coisas do Norte
  • 1964 - Siu, Siu, Siu
  • 1965 - Maria Coisa
  • 1966 - Meu Benzim
  • 1967 - Marinês
  • 1968 - Mandacaru
  • 1969 - Vamos Rodar Roda
  • 1970 - Sonhando Com Meu Bem
  • 1971 - Na Peneira do Amor
  • 1972 - Canção da Fé
  • 1973 - Só Pra Machucar
  • 1974 - A Dama do Nordeste
  • 1975 - A Volta da Cangaceira
  • 1976 - Nordeste Valente
  • 1976 - Meu Cariri
  • 1977 - Balaiando
  • 1978 - Cantando Pra Valer
  • 1979 - Atendendo ao Meu Povo
  • 1980 - Bate Coração
  • 1981 - Estaca Nova
  • 1982 - Desabafo
  • 1983 - Só o Amor Ilumina
  • 1986 - Tô Chegando
  • 1987 - Balaio de Paixão
  • 1988 - Feito Com Amor
  • 1995 - Marinês, Cidadã do Mundo
  • 1998 - Marinês e Sua Gente - Raízes do Nordeste
  • 1999 - Marinês e Sua Gente - 50 Anos de Forró
  • 2000 - Marinês
  • 2003 - Cantando Com o Coração
  • 2006 - Marinês Canta a Paraíba

Fonte: Wikipédia

Mestre Irineu

RAIMUNDO IRINEU SERRA
(78 anos)
Fundador da Doutrila Religiosa Santo Daime

* São Vicente Ferrer, MA (15/12/1892)
+ Rio Branco, AC (06/07/1971)

Raimundo Irineu Serra, mais conhecido como Mestre Irineu, foi o fundador da doutrina religiosa do Santo Daime que usa como sacramento a bebida chamada Ayahuasca, batizada por ele de Daime, associada a orações e cânticos (hinos) a diversas divindades, caracterizando um culto resultante da mistura de diversas religiões e crenças indígenas, africanas e europeias. Predominam, no entanto, o Deus Pai, Jesus Cristo e Nossa Senhora, e os adeptos da doutrina a consideram uma doutrina cristã. Tem também grande influência do espiritismo.

Mestre Irineu era filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, família humilde, descendentes de escravos que viviam do trabalho de cultivo da terra. Mestre Irineu chegou ao estado do Acre com vinte anos, afro-brasileiro de alta estatura, integrando o movimento migratório da extração do látex em seringais.

Em 1912 foi para Manaus, no Porto de Xapuri, onde residiu por dois anos, indo trabalhar posteriormente nos seringais da Brasiléia durante três anos e, em seguida, em Sena Madureira, onde residiu por mais três anos. Foi ali  no coração das florestas da América do Sul, que o Mestre Irineu cristianizou as tradições caboclas e xamânicas da bebida sacramental Ayahuasca, conhecida desde antes dos incas e rebatizou-a com o nome de Daime, significando, com isso, a invocação espiritual que deveria ser feito pelo fiel, ao comungar com a bebida: Dai-me amor, Dai-me luz, etc.


De volta ao Rio Branco, foi para a Guarda Territorial, até chegar ao posto de cabo, e em seguida participou e passou no concurso para integrar a Comissão de Limites, entidade do Governo Federal que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão este, comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon que nomeou Irineu Tesoureiro da Tropa, um cargo de confiança.

Em Rio Branco começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. Instalou definitivamente sua família e um grupo de seguidores na localidade denominada Alto Santo.

Posteriormente retornou à floresta, de volta ao seringal, conheceu aquele que tornou-se um grande amigo: Antônio Costa.

Relatos colhidos na região contam que Antônio Costa tomava a bebida, por volta de 1918, com o ayahuasquero peruano Dom Crescêncio Pizango, que se acreditava herdeiro dos conhecimentos de um rei inca de nome Huascar.


Numa reunião com a presença de doze pessoas, a miração estava forte quando o caboclo Pizango se acercou do grupo, de modo que só Irineu percebeu sua presença. A certa altura do trabalho, o caboclo aproximou-se e entrou na cuia grande onde era servida a Ayahuasca, olhou para Irineu e lhe disse para convidar seus companheiros a olhar dentro da cuia, para falarem o que viam. Mas eles olhavam e repetiam que só viam a bebida.

"Só tu tem condições de trabalhar com a Ayahuasca. Ninguém mais está vendo o que tu está vendo", anunciou o caboclo a Irineu, avisando-lhe que ele era o único capacitado para trabalhar com a bebida.

Certo dia, Mestre Irineu tomou a Ayahuasca e foi se deitar na rede. Era uma noite iluminada e muito bela. Sentiu vontade de olhar para a lua, que foi se aproximando até ficar bem pertinho. Dentro da lua, ele avistou uma senhora muito formosa de nome Clara, que lhe disse:

"O que está vendo agora ninguém jamais viu, só tu. Eu vou te entregar esse mundo para tu governar. Tu vais te preparar, porque eu não vou te entregar nada agora. Vai ter uma preparação para ver se tu tens merecer verdadeiramente. Tu vais passar oito dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida insossa, com água e mais nada. Também não pode ver mulher, nem uma saia de mulher a mil metros de distância."

Após esta preparação, Mestre Irineu recebeu da Virgem da Conceição, a Rainha da Floresta os fundamentos da Doutrina do Santo Daime, e dentro deste contexto ele determinou o seu futuro, assim como o futuro de todos aqueles que viriam a seguir os seus passos: O povo de Juramidam.

Desde a mais tenra idade que Mestre Irineu conheceu as adversidades da vida, mas a medida que se tornou homem formado e digno de sua herança devota, religiosa, também se aprofundou, se aperfeiçoou e mergulhou nos segredos e mistérios da floresta.

Descendente de escravos, este negro forte e de estatura avantajada, media 1,98m e calçava 48, se casou quatro vezes e deixou um único filho, chamado Walcírio.

O Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo, é hoje dirigido por Dona Peregrina Gomes Serra, viúva do Mestre Irineu, e fica na Vila Irineu Serra, no estado do Acre. Graças a ela que nos Trabalhos os Hinos são acompanhados com instrumentos de corda, o violão.

Morte

Na manhã de 06/07/1971, por volta das 09:00 hs, Mestre Irineu se despedia do planeta terra. Com uma forte crise de urina, desmaiou por cima da rede quando tentava urinar. Seguro por Francisco Martins, que gritou pela presença de madrinha Peregrina, o Mestre dava seus últimos suspiros já com uma vela na mão. O clamor e a tristeza tomavam conta da região. Em pouco tempo a notícia ganhava dimensão. O radialista Mota de Oliveira, uma das últimas pessoas curadas pelas mãos de Mestre Irineu, anunciava seu falecimento nas ondas da Rádio Capital. A cidade de Rio Branco parava para ouvir a triste notícia. A irmandade que morava na capital, era tolhida pela notícia da perda. Iniciava-se nas primeiras horas daquela manhã, um dos dias mais tristes da história da Doutrina do Santo Daime.

Providências para a realização do velório foram tomadas. O corpo de Mestre Irineu ficou em sua residência até ser vestido com a farda oficial utilizada pelo grande líder. Na sede, os homens arrumavam os bancos e a mesa central para o ritual de velório. Fardados em branco, todos os irmãos receberam o corpo de Mestre Irineu, perfilados em forma de "V" que significava vitória. Seu caixão foi colocado ao centro, coberto pela Bandeira Nacional, que lhe dava as honras de um Chefe de Estado. Na cidade, o governo Valério Magalhães divulgava nota de pesar ao falecimento do grande líder. Uma crônica lida na rádio também evidenciava o triste acontecimento.


Durante o restante do dia e toda a noite de 06 para 07 de julho, foram cantados os hinários base da Doutrina por ele difundida. A emoção e o sentimento de dor e tristeza era visíveis, principalmente na execução dos hinos do hinário "O Cruzeiro". O semblante de cada seguidor parecia flutuar em um fato que jamais eles esperavam que fosse acontecer naquele momento.

Ao amanhecer, após longas horas de palestras e discursos de autoridades e oradores do centro, acompanhados pela Banda da Polícia Militar, em toque fúnebre, perfilados em fileiras masculinas e femininas, o batalhão cantando os hinos novos, seguia para a morada final escolhida por Mestre Irineu, bem ao lado da residência de Leôncio Gomes da Silva. Todos, de adultos a crianças choravam pela perda. Dona Peregrina Gomes Serra acompanhada de sua mãe e irmãos, recebia os pêsames das autoridades, amigos e admiradores do grande líder. Sentia, mais que todos, naturalmente, a profunda perda do grande companheiro, conselheiro, amigo e esposo. Alguns como o orador Luiz Mendes do Nascimento, chegaram a desmaiar por cima do caixão fechado de Mestre Irineu. A irmandade dava adeus ao Mestre, comovida, os 78 anos de história marcavam aquele momento inesquecível. Os mistérios e encantos de uma vida dedicada à bondade e ao companheirismo. Abria-se um novo capítulo na história daquele povo.

Gilberto Alves

GILBERTO ALVES MARTINS
(76 anos)
Cantor

* Rio de Janeiro, RJ (15/04/1915)
+ Jacareí, SP (04/04/1992)

Gilberto Alves Martins, "carioca da gema", como ele próprio dizia, nasceu no bairro de Lins de Vasconcelos no Rio de Janeiro, em 15/05/1915.

Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse trabalho. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.

Gilberto Alves conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.

Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Um dia Almirante "A Maior Patente do Rádio" ouviu Gilberto Alves cantar, e o convidou a se apresentar na Rádio Club do Brasil, onde era o diretor artístico, além de um programa que fazia. Corria o ano de 1935, e, mesmo sem contrato, Gilberto Alves se apresentou por algum tempo no programa de Almirante, ganhando 30 mil réis por mês.

É bom que se diga que na Rádio Club do Brasil, na mesma época, eram contratados Orlando Silva e Aracy de Almeida, com 70 e 50 mil réis por mês, respectivamente. Gilberto Alves permaneceu na Rádio Club do Brasil, por treze meses, cantando sem contrato, recebendo apenas cachê.

Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, hoje Rádio Bandeirantes, onde atuava no "Programa Carioca" programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel.

Gilberto Alves cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista, Marília e Henrique, atuando paralelamente em outras emissoras. O Souza Barros, diretor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, resolveu fazer um pesquisa para saber dos cantores novos, qual o de maior possibilidades de se tornar um grande cartaz no futuro, qual o mais promissor. Para isso determinou uma votação que foi feita entre os grandes da época. Votaram Francisco Alves, Carlos GalhardoSílvio Caldas, Saint Clair Senna, Moacir Fenelon, Bide, Marçal.

Gilberto Alves foi escolhido por unanimidade o cantor revelação, e assinou o seu primeiro contrato com a Rádio Tupi para fazer um programa semanal de ¼ de hora. Era o ano de 1939. E, pela primeira vez, Gilberto Alves se deu conta que era um cantor profissional, preso a uma emissora de rádio através de um contrato. Ele, que praticamente só cantava por prazer.

Gilberto Alves ficou na Rádio Tupi até o ano de 1948, quando então foi para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas "Mulher Toma Juízo" (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e "Favela Dos Meus Amores" (Roberto Cunha), na gravadora Columbia.

Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, "Mãos Delicadas", além de "Duas Sombras", esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela gravadora Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi.

O primeiro grande êxito de Gilberto Alves junto ao público brasileiro foi a música "Tra La La" (Roberto Martins e Mário Rossi), lançada em 1940 pela gravadora Odeon. Depois veio, em 1941, "Uma Grande Dor Não Se Esquece" "Sonhos de Outono"; em 1942, "Algum Dia Te Direi", "Gavião Caçudo" e "Pombo Correio", músicas de grande efeito e enorme vendagem de discos.

Nas gravações de Gilberto Alves, mesmo as mais antigas, cuja qualidade técnica deixa a desejar, o ouvinte tem condições de entender plenamente todas as palavras. Segundo as declarações do cantor, ele nunca tinha sequer sonhado em se tornar profissional do canto. Vivia cantando entre amigos e em rodas de samba. Primeiro porque o convidavam e, segundo, gostava muito. Mas nunca pensou em ser artista. Tudo aconteceu de forma natural.

Gilberto Alves ficou na gravadora Columbia por pouco tempo, transferindo-se a seguir para a Odeon, onde se firmaria como um dos maiores cantores brasileiros, dono de uma discografia de mais de 400 discos 78 rpm, além de diversos LPs.

Cada cantor do passado, mesmo sendo detentor de vários sucessos em suas apresentações fora do Rio de Janeiro, era praticamente obrigado a interpretar a música que o definia junto ao grande público. Com Francisco Alves este fato ocorria com "A Voz do Violão", com Carlos Galhardo, "Fascinação", com Sílvio Caldas, "Chão de Estrelas", com Vicente Celestino, "O Ébrio", e com Gilberto Alves "Algum Dia Te Direi", composição de Felisberto Martins e Cristóvão de Alencar.

Onde fosse, em qualquer parte do Brasil, o público pedia ou até exigia "Algum Dia Te Direi", a música com a "cara" de Gilberto Alves. A este seguiram-se outros sucessos, como "Natureza Bela" (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha "Cecília, No Carnaval" de 1943, e no ano seguinte o fox "Adeus", dos mesmos autores.

Em 1944 gravou "Despedida" (Tito Ramos), "Algum Dia Te Direi" (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), "Sinfonia Dos Tamancos" (Roberto Martins) e "Capital Do Samba" (José Ramos). No ano seguinte, deixou a gravadora Odeon e foi para a RCA Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco "Rosa Maria" (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional.

Em 1949 Gilberto Alves casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão.

Em 1975 completou quarenta anos de carreira. Nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada Velha Guarda.


Uma particularidade de Gilberto Alves era sua prodigiosa memória. Quando morava no Rio de Janeiro, depois de se aposentar em 1970 da Rádio Nacional e, posteriormente, em Cezário Lange, pequena cidade do interior paulista, onde viveu seus últimos anos, sempre era convidado a participar das serestas quando estas ocorriam. Nestas ocasiões, sempre lhe pediam que cantasse aquelas músicas antigas com letras quilométricas e, às vezes rebuscadas, que ele sabia de memória, mas não se lembrava de como as tinha aprendido. Devia ser coisa de sua infância, pois ele não tinha ideia de como tomara conhecimento delas.

Pelo temperamento alegre e sempre disposto a uma boa brincadeira, Gilberto Alves era um alvo predileto de "gozações" de seus amigos do meio radiofônico. Sílvio Caldas, por exemplo, dizia que o cabelo de Gilberto Alves era "penteado a metralhadora", tal o número de ondulações que possuía, por ser muito crespo. Gilberto Alves retrucava chamando Sílvio Caldas de "saci", pelo fato dele ser extremamente magro e muito experto, "elétrico" mesmo, além de apelidá-lo de "rompe-fronha", por possuir cabelo crespo e duro.

Além do grande cantor que foi, possuidor de uma das mais belas e expressivas vozes do nosso cancioneiro, Gilberto Alves era ainda um estudioso da nossa música popular, possuindo uma enorme coleção de discos de chorinho, gênero que adorava.

Fonte: Letras
Indicação: Miguel Sampaio

Elsie Houston

ELSIE HOUSTON-PÉRET
(40 anos)
Cantora

* Rio de Janeiro, RJ (22/04/1902)
+ Nova York, Estados Unidos (20/02/1943)

Elsie Houston-Péret foi uma soprano brasileira. Elsie Houston era filha de James Franklin Houston, um dentista estadunidense do Tennessee que se estabeleceu no Rio de Janeiro em 1892, e de Arinda Galdo, uma carioca descendente de portugueses da Ilha da Madeira.

Diva Lírica

Tendo iniciado na adolescência e na Europa seus estudos de canto lírico (foi aluna da soprano Lilli Lehmann, na Alemanha), em 1922, Elsie Houston conheceu o maestro e compositor Luciano Gallet, de quem tomou o gosto por harmonizar canções folclóricas em estilo erudito. Nos anos seguintes, fez amizade com expoentes do Movimento Modernista, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Pagu, Manuel Bandeira e Murilo Mendes.

Em 1927, já era reconhecida internacionalmente como um grande nome do canto lírico, apresentando-se em Paris ao lado de Arthur Rubinstein e Villa-Lobos na Maison Gaveaux, e no ano seguinte em Praga, no I Congresso Internacional das Artes Populares.

Foi também durante sua passagem por Paris em 1927 que Elsie Houston conheceu e casou-se com o poeta surrealista e militante trotskista Benjamin Péret. Entre 1929 e 1931, o casal residiu no Brasil, e Benjamin Péret incentivou a esposa a pesquisar o folclore e as religiões afro-brasileiras, o que fizeram durante viagens pelo Norte e o Nordeste do Brasil em 1929. A colaboração foi prolífica. Em 1930, enquanto Benjamin Péret contribuía com a Revista de Antropofagia e publicava os estudos "O Almirante Negro" e "Candomblé e Macumba"Elsie Houston lançava, em Paris, o livro "Chants Populaires du Brésil", e no ano seguinte, o ensaio La musique, la danse et les cérémonies populaires Du Brésil. Neste período, ela ainda gravou várias canções folclóricas com arranjos próprios.

Em 1931, nasceu o filho dos Péret, a quem o pai deu o estranho nome de Geyser (Satan chegou a ser cogitado, mas convenceram-no a descartar a ideia. No mesmo ano, o casal, hostilizado pelo regime anti-comunista de Getúlio Vargas, é obrigado a deixar o Brasil rumo à França. Geyser foi deixado no Brasil, aos cuidados da avó materna. Na França, o casal Péret pareceu ter se distanciado progressivamente, em boa parte, supõe-se, graças ao gênio rude e intransigente do poeta, difícil de tolerar mesmo entre seus colegas surrealistas. Benjamin Péret partiu em 1936 para lutar na Guerra Civil Espanhola e lá se envolveu com uma mulher mais jovem, a pintora hispano-mexicana Remedios Varo. Em 1937, por este e/ou outros motivos, Elsie Houston decidiu mudar-se para Nova York.

Cantora da Noite

Em má situação financeira, Elsie Houston havia cantado na noite parisiense e lá desenvolveu uma performance que nada mais era do que um ritual de macumba estilizado. Ao mudar-se para Nova York, passou a apresentar-se em boates sofisticadas da cidade, como o Le Ruban Bleu e o Rainbow Room, atraindo atenções pelo exotismo da cerimônia de vudu (como a entendiam os norte-americanos) e por seus notáveis dotes vocais, que já foram comparados aos de um pássaro da selva. Segundo escreveu um repórter da Time Magazine, iluminada por um círculo de velas, ela "batia num tambor" e "cantava invocações a Iemanjá, deusa do Brasil (sic), Ogum, deus da guerra e a Exú, o demônio (sic)".

Apesar de seus problemas anteriores com o governo brasileiro, e sem atingir a dimensão de uma Carmen Miranda, Elsie Houston também parece ter atuado como uma "embaixatriz" dentro do espírito da "Política de Boa Vizinhança" que então imperava entre os Estados Unidos e seus vizinhos sul-americanos. Entre 1939 e 1940, ela apresentou um programa semanal de rádio pela NBC, a "Fiesta Pan Americana", onde divulgava a música brasileira.

Apesar de ter rompido com Benjamin Péret e de nem mesmo citar publicamente seu nome (para a já citada matéria da Time Magazine, ela justificou isso declarando que "ele era anti-nazista e ainda vivia em Paris"), Elsie Houston aparentemente ainda se considerava casada com o poeta. Todavia, isso não a impediu de manter um romance com o conde belga Marcel Courbon.

Caso Encerrado?

Na tarde de 20 de fevereiro de 1943, Elsie Houston foi encontrada morta em seu apartamento na elegante Park Avenue. Segundo informou ao New York Times o detetive William Chaplain, da polícia de Nova York, tratava-se de um "aparente suicídio". O corpo foi encontrado por Marcel Courbon, citado na reportagem como um "amigo", na cama, "totalmente vestido", mas sem sapatos. Ao lado do corpo, um vidro de pílulas para dormir, vazio, e dois "bilhetes de suicida" escritos em francês: um endereçado à irmã, Mary "Maria" Pedrosa, que residia em Washington D.C., e outro ao próprio Marcel Courbon.

Nas notas, Elsie Houston afirma estar "terrivelmente confusa" e acrescentava: "por favor, não deixe ninguém saber disso". É motivo de especulação o que ela não queria que ninguém soubesse. Falou-se que sua carreira estava em declínio, posto que o Rainbow Room havia fechado as portas pouco depois da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e que outras "embaixatrizes exóticas", como Olga Coelho, haviam tomado o seu lugar na preferência do público.

Outra hipótese levantada é que ela, uma pesquisadora séria, odiava a vida em Nova York e as performances que tinha de fazer para sobreviver. Ou então que jamais se recuperou da separação de Benjamin Péret. Ou mesmo que Marcel Courbon a desprezava. E até mesmo que ela foi assassinada num complô stalinista. Provavelmente, jamais se descobrirá o verdadeiro motivo por trás do suposto suicídio de Elsie Houston.

Elsie Houston por Mário de Andrade

Em 1943, Mário de Andrade escreveu um obituário para a cantora, em cuja introdução se lê:

"Era uma cantora esplêndida. Possuía técnica larga, auxiliada por uma inteligência excepcional em gente do canto. Tão excepcional que Elsie Houston conseguia vencer as vaidades, reconhecer suas pequenas deficiências técnicas e os limites naturais da sua voz. E era um gozo dos mais finos a gente perceber a habilidade com que ela escolhia programas ou disfarçava os escolhos ocorrentes no meio duma canção."

Discografia

  • 1930 - Morena Cor De Canela / Saudades da Bahia (Columbia)
  • 1930 - Vou Prá Bahia / Coração Das Muié (Columbia)
  • 1930 - Tristeza (Januário de Oliveira) / Macumbagelê (Columbia)
  • 1930 - O Barão Da Bahia / Cadê Minha Pomba Rola (Columbia)
  • 1930 - Aluga-se Um Coração / Cheguei! (Columbia)
  • 1930 - Puxa O Melão, Sabiá! / Coco Dendê Trapiá-Ai Sabiá Da Mata (Columbia)
  • 1930 - Eh! Jurupanã / Aribu (Columbia)
  • 1932 - Capote Do Mangô É Teu / Vejo A Lua No Céu (RCA Victor)
  • 1996 - Rare Recording Of Songs From Brazil, Russia And The United States (Sanctus)
  • 2004 - Elsie Houston - A Feminilidade do Canto (Atração Fonográfica)

Publicações

  • 1930 - Chants Populaires Du Brésil (Paris: Librairie Orientaliste Paul Geuthner)

Fonte: Wikipédia