Max Wolf Filho

MAX WOLF FILHO
(33 anos)
Militar e Herói Brasileiro

☼ Rio Negro, PR (29/07/1911)
┼ Biscaia, Espanha (12/04/1945)

Max Wolf Filho foi um militar do Exército Brasileiro, nascido em Rio Negro, PR, no dia 29/07/1911. Participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na frente de combate italiana durante a II Guerra Mundial.

Era filho de Max Wolf, descendente de alemães e de Etelvina, natural de Lapa, PR. Até os 4 anos viveu as tensões da Guerra do Contestado. Aos 5 anos, durante a I Guerra Mundial, frequentava a escola em Rio Negro, PR. Aos 11 anos já era o principal auxiliar de seu pai na torrefação e moagem de café. Aos 16 anos passou a trabalhar como escriturário de uma companhia que explorava a navegação no Rio Iguaçu. Nas horas de folga, juntava-se aos carregadores para ensacar erva-mate, carregar e descarregar vapores.

Max Wolf alistou-se em Curitiba, aos 18 anos, no 15º Batalhão de Caçadores (15º BC), hoje 20º Batalhão de Infantaria Blindado Sargento Max Wolf Filho (20º BIB), onde participou da Revolução de 1930.

Na década de 1930 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou na Polícia Militar na qual permaneceu por uma década. Combateu a Revolução de 1932 no Vale do Paraíba. Foi professor de Educação Física e Defesa Pessoal.

No ano de 1944 apresentou-se voluntariamente para compor a Força Expedicionária Brasileira (FEB), integrando a então 1ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), em São João del-Rei, MG.

Ingressou na Força Expedicionária Brasileira (FEB) como 3° Sargento, desde cedo tornou-se muito popular e querido, dada as suas atitudes desassombradas e a maneira carinhosa e paternalista com que tratava seus subordinados. Com o passar do tempo passou a ser admirado não só pelos seus camaradas, mas pelos superiores tanto da Força Expedicionária Brasileira (FEB) como do V Exército de Campanha Americano, pelas suas inegáveis qualidades.

Todas as vezes que se apresentava para missões difíceis de serem cumpridas, lá estava o Sgt Wolf se declarando voluntário, principalmente participando de patrulhas. Fazia parte da Companhia de Comando e, portanto, sem estar ligado diretamente às atividades de combate, participou de todas as ações de seu Batalhão no ataque de 12 de dezembro a Monte Castelo, levando, de forma incessante, munição para a frente de batalha e retornando com feridos e, na falta deste, com mortos.

Indicado por sua coragem invulgar e pelo excepcional senso de responsabilidade, passou a ser presença obrigatória de todas as ações de patrulha de todas as companhias, como condição indispensável ao êxito das incursões.

Um desses exemplos está contido no episódio em que o General Zenóbio da Costa, ao saber do desaparecimento do seu Ajudante-de-Ordens, Capitão João Tarciso Bueno, que foi colocado à disposição do escalão de ataque, pelo general, por absoluta falta de recompletamento de oficiais, ordenou ao comandante do Batalhão que formasse uma patrulha para resgatar o corpo do seu auxiliar. O comandante adiantou ao emissário que a missão seria muito difícil, mas que tentaria. Para tanto, sabedor que só um Wolf poderia cumpri-la, o chamou, deu a ordem e ouviu do Sargento Wolf, com a serenidade, a firmeza e a lealdade que só os homens excepcionalmente dotados podem ter:

''Coronel, por favor, diga ao General que, desde o escurecer, este padioleiro e eu estamos indo e voltando às posições inimigas para trazer os nossos companheiros feridos. Faremos isto até que a luz do dia nos impeça de fazer. Se, numa dessas viagens, encontrarmos o corpo do Capitão Bueno, nós o traremos também!"

Não logrou o Sargento Wolf trazer o corpo do Capitão João Tarciso Bueno que, apenas ferido, havia sido resgatado por um soldado, mas ainda lhe foi possível, naquela madrugada, salvar muitas outras vidas.

Max Wolf Filho momentos antes de ser morto em combate
A Última Missão

O Sargento Max Wolf Filho foi elevado ao comando de um pelotão de choque, integrado por homens de elevados atributos de combate, especializado para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente capital "Ponto Cotado 747", ação fundamental nos planos concebidos para a conquista de Montese.

Foi-lhe lembrado sobre a poupança da munição para usá-la no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão seria à luz do dia.

Partiu às 12h00 de Monteporte, passou pelo "Ponto Cotado 732" e foi a Maiorani, de onde saiu às 13h10 para abordar o "Ponto Cotado 747". Tomou, o Sargento Wolf todas as precauções, conseguindo aproximar-se muito do casario, tentando envolve-lo pelo norte. Estavam a 20 metros e o Sargento Wolf, provavelmente, tendo se convencido de que o inimigo recuava, estando longe, abandonou o caminho previsto para, desassombradamente, à frente de seus homens, com duas fitas de munição trançadas sobre seus ombros, alcançar o terço superior da elevação.

O inimigo deixou que ele chegasse bem perto, até quando não podiam mais errar. Eram 13h15 do dia 12/04/1945. O inimigo abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que, ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído mortalmente também o soldado que estava ao seu lado.

Após esta cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas penas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido e ousado, trouxe o Sargento Wolf à primeira cratera que se lhe ofereceu.

Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização. Os soldados do 11º Regimento de Infantaria (11º RI) queriam, a qualquer custo, buscar o companheiro na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas. Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face a eficácia dos fogos inimigos, inclusive de artilharia.

Somente vários dias após sua morte, o corpo do Sargento Max Wolf Filho foi encontrado. Foi agraciado post mortem com as medalhas de Campanha de Sangue e Cruz de Combate, do Brasil e com a medalha Bronze Star, dos Estados Unidos da América.

Montese foi conquistada e seu nome será sempre presente pois as grandes ações resistem ao tempo e são eternas. Foi promovido "post-mortem" ao posto de 2º Tenente (Decreto Presidencial, de 28/06/1945).

Max Wolf Filho deixou na orfandade sua filha Hilda, seu elevo e a maior afeição de sua vida de soldado. Da Itália, escreveu a sua irmã Isabel, relatando seu orgulho em pertencer ao Exército Brasileiro e que, se a morte o visitasse, morreria com satisfação.

Max Wolf Filho foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro, em Pistóia, na Itália. Posteriormente, seus restos mortais foram trasladados para o Brasil.

Eis a síntese do heroísmo de um homem simples e valoroso. Seus restos mortais encontram-se no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Jazigo 32, Quadra G.

Carta comunicando a morte em combate do Sgt Max Wolf Filho
Reconhecimento

Em sua homenagem, a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) leva seu nome como patrono.

Em 2010, foi criada a Medalha Sargento Max Wolf Filho pelo Decreto nº 7118. Tal medalha é conferida a Subtenentes e Sargentos do Exército brasileiro, em reconhecimento à dedicação e interesse pelo aprimoramento profissional, que efetivamente se tenham destacado no seu desempenho profissional, evidenciando características e atitudes inerentes ao 2º Sargento Max Wolf Filho.

Em São Paulo, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Max Wolf Filho, Sgt. também leva o seu nome.

O 20º Batalhão de Infantaria Blindado (20º BIB), em Curitiba, PR, tem a denominação histórica de Batalhão Sargento Max Wolf Filho.

Condecorações
  • Cruz de Combate
  • Medalha Sangue do Brasil
  • Medalha de Campanha
  • Estrela de Bronze (Estados Unidos)