J. Cascata

ÁLVARO NUNES
(48 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (23/11/1912)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/01/1961)

Filho de Álvaro Nunes e Leonor Neves Nunes, nasceu no bairro carioca de Vila Isabel. Cresceu num ambiente musical, pois sua casa vivia sempre cheia de músicos como o flautista Pedro Galdino, seu irmão José Seixas, que tocava bombardino, entre tantos outros.

Aos sete anos, a família mudou-se para o bairro da Abolição, onde ingressou na escola pública. Compôs sua primeira música aos 17 anos, uma marcha dedicada ao bloco carnavalesco do qual era integrante, obra que foi cantada por todo o bairro, e identificada como a "Música do Cascata".

Decidido a abraçar a música como profissão, comprou um violão e rapidamente fez amizade com Noel Rosa, João Petra de Barros e Cristóvão de Alencar, passando a frequentar as rodas de samba. Neste mesmo ano, 1929, foi convidado a integrar o conjunto Grupo do Mato, do qual faziam parte Luís Bernardes, Newton Teixeira, Valzinho, Euclides Lemos, Luís Bittencourt, entre outros.

J. Cascata, Donga, Ataulfo Alves, Pixinguinha, João da Baiana e Alfredinho
J. Cascata ingressou no rádio a convite de Cristóvão de Alencar, optando definitivamente pelo nome Cascata precedido de um "J" sugerido pelo próprio Cristóvão. Em 1932, já com o nome de J. Cascata, estreou no programa "Horas de Outro Mundo", de Renato Murce. Inicialmente, como os compositores não lhe confiassem obras inéditas, cantava o repertório dos grandes ídolos da época. Ao conhecer o compositor Leonel Azevedo, na época também iniciando na profissão, combinaram que ele cantaria as músicas de Leonel, e vice-versa.

Em 1935, quando fez a valsa "O Teu Olhar", o cantor João Petra de Barros pediu para gravá-la, sendo esta a primeira obra de sua autoria a chegar as lojas. Logo em seguida, teve a segunda composição gravada, o samba "Minha Palhoça", por Sílvio Caldas na Odeon, alcançando grande sucesso. No mesmo ano, Orlando Silva gravou na RCA Victor o samba "Para Deus Somos Iguais" (J. CascataJ. Barcelos)

Em 1936, Orlando Silva gravou as canções "Mágoas de Caboclo" e "História Joanina", as primeiras músicas compostas em parceria com Leonel Azevedo, estabelecendo-se assim uma das mais frutíferas parcerias da Música Popular Brasileira. No mesmo ano, compôs com Cristóvão de Alencar o samba "Tristeza" gravado por Orlando Silva.

Em 1937, o mesmo Orlando Silva gravou o samba "Juramento Falso" e a valsa "Lábios Que Beijei", um dos maiores sucessos de sua carreira, composição que iria consagrar a parceria com Leonel Azevedo, sendo a primeira parte de autoria de Azevedo e a segunda sua.

Leonel Azevedo (com o violão) e J.Cascata sempre estavam presentes. Na foto na casa de Zaíra Cavalcanti .
No ano seguinte, 1938, compôs com Antônio Almeida o samba "Jurei Mas Fracassei" e a marcha "Sabe Quem é? Você!", gravadas por Orlando Silva, um de seus maiores intérpretes. Ainda no mesmo ano, a cantora Odete Amaral lançou duas composições de sua parceria com Leonel Azevedo, a marcha "Não Pago o Bonde", grande sucesso no carnaval do ano seguinte e o samba "Não Chores".

Em 1938, Almirante gravou a marcha "Pierrô Moderno" (J. CascataJ. Barcelos), e Francisco Alves a valsa "Minha História" (J. Cascata e Leonel Azevedo). No mesmo ano, fez com Manezinho Araújo a canção "Mágoas de um Trovador", gravada por Sílvio Caldas na Columbia.

Em 1939, Roberto Paiva gravou duas de suas parcerias com Leonel Azevedo, a valsa "Ao Cair da Noite" e o samba "Longe, Muito Longe". No mesmo ano, compôs com Roberto Martins o samba "Foi Num Sonho", gravado por J. B. de Carvalho, e fez a primeira composição com Nássara, a marcha "História Antiga", gravada por Orlando Silva. Ainda em 1939, Sílvio Caldas gravou o fox-canção "Eu e Você" (J. Cascata e J. Barcelos), e a valsa "Última Confidência" (J. Cascata e Leonel Azevedo).

Em 1940, fez com Haroldo Lobo a marcha "Maria Antonieta", gravada por Cândico Botelho, com Leonel Azevedo a batucada "Eu Já Mandei", gravada por Odete Amaral e o samba "Só Ela", gravado por Gastão Formenti. No mesmo ano, Violeta Cavalcânti gravou as marchas "Vou Sair de Pai João" (J. Cascata e Leonel Azevedo) e "Pulo do gato" (J. Cascata, Correia da SilvaOrlando Silva), duas de suas parcerias com Leonel Azevedo, o samba "Desilusão" e a valsa "Quero Voltar aos Braços Teus".

Em 1941, compôs sozinho, o samba "Lágrimas de Homem", que Orlando Silva gravou. No mesmo ano, fez com Nássara a marcha "Anastácio", que Marilu gravou, e com Heitor dos Prazeres a marcha "Africana", gravada por Odete Amaral.

Em 1942, outra composição de sua parceria com Leonel Azevedo foi gravada por Orlando Silva, a canção "Mágoas de Caboclo". Deixou inúmeras composições também com outros parceiros, como os compositores Nássara, Luís Bittencourt, entre outros.

Entre os anos de 1942 e 1943, passou a dedicar-se ao clube de danças do qual era proprietário e ao cargo de funcionário de Departamento de Saúde Pública. Reapareceu em 1944, com o samba "Não Serás Feliz", gravado por Orlando Silva na Odeon.

Em 1945, teve o samba "Ela Vai Voltar", parceria com Leonel Azevedo, gravado por Orlando Silva. Em 1946, Nelson Gonçalves regravou a canção "História Joanina". Em 1949, voltou a ter composições gravadas por Orlando Silva, a valsa "Beijando as Tuas Mãos", parceria com F. Correia da Silva, e o samba "A Que Ponto Chegaste", parceria com Leonel Azevedo.

Em 1954, integrou o Conjunto da Velha Guarda, organizado por Almirante, onde tocava afoxé, e atuava ao lado de Pixinguinha, Donga, e outros. A gravadora Sinter, registrou o trabalho do conjunto em dois LPs, "A Velha Guarda" e "Carnaval da Velha Guarda". Nesta mesma gravadora o cantor Carlos Augusto registrou várias de suas composições em parceria com Leonel Azevedo.

Em 1955, teve as canções "Benvindo Congressista" e "Canção do Peregrino", parcerias com Murilo Caldas, gravadas por Alcides Gerardi na Odeon. Em fins da década de 1950 ocupou o posto de assistente da direção artística da gravadora Sinter. Posteriormente, passou a diretor artístico da Prestige.


Alfredo Ferreira Lage

ALFREDO FERREIRA LAGE
(79 anos)
Advogado, Fotógrafo, Jornalista, Político e Benemérito

* Juiz de Fora, MG (10/01/1865)
Juiz de Fora, MG (27/01/1944)

Alfredo Ferreira Lage foi um advogado, fotógrafo e jornalista brasileiro, filho de Mariano Procópio Ferreira Lage e fundador do Museu Mariano Procópio.

Aos sete anos, com a morte do pai, foi morar na Europa, de onde voltou mais tarde para cursar a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Casou-se com a pintora espanhola Maria Pardos, e após a morte de sua mãe foi morar no Rio de Janeiro.

Alfredo investia grandes somas na aquisição de obras de arte, minerais preciosos e móveis raros, decorando a Villa Ferreira Lage que recebeu de herança em Juiz de Fora, MG, onde então firmou residência. Seu acervo cada vez maior, aumentado graças a leilões no Brasil e principalmente no exterior, obrigou-o a construir um anexo à Villa, que em 1915 já funcionava como museu.

Sem filhos, Alfredo começou a doar seus bens à cidade de Juiz de Fora, começando pelo parque que ficava em torno de sua residência, que teve os portões abertos ao público em 1934. No mesmo ano fez uma escritura de doação do Museu e de toda área em torno para o município no valor de três mil contos de réis (aproximadamente 150 milhões de dólares em valores atuais).

Preocupado com o destino do imóvel, Alfredo criou a Sociedade Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio, dirigindo a fundação e o próprio museu, uma de suas principais exigências ao finalmente completar a doação do prédio com uma escritura lavrada em 29 de fevereiro de 1936. Alfredo Só deixou a direção com sua morte em janeiro de 1944.

Homem de sólida base cultural, cosmopolita, participou de várias atividades nos campos das Artes, do Jornalismo e até da Política, tendo sido vereador no início do período republicano. Também foi presidente do Photo Club do Rio de Janeiro, dando continuidade à paixão de Mariano Procópio pela fotografia.

Villa Ferreira Lage - Museu Mariano Procópio
Museu Mariano Procópio

O Museu Mariano Procópio, localizado em Juiz de Fora, MG, é o primeiro museu surgido em Minas Gerais. Fundado em 1915 por Alfredo Ferreira Lage, abriga um dos principais acervos do país, com aproximadamente 50 mil peças.

Seu conjunto arquitetônico compreende dois edifícios: a Villa Ferreira Lage, construída entre 1856 e 1861, e o Prédio Mariano Procópio, inaugurado em 1922. Atualmente, ambos se encontram em reformas, estando fechados para visitação pública.

Além do conjunto histórico, conta com um acervo natural de grande importância ecológica, valorizando em seus jardins a exótica flora brasileira.

História

A história do museu está ligada ao surgimento da Estrada União e Indústria, que une Juiz de Fora, MG a Petrópolis, RJ. Mariano Procópio, engenheiro e responsável pela estrada, mandou construir a Villa Ferreira Lage para abrigar Dom Pedro II, que inauguraria a rota. Para a construção Mariano Procópio escolheu um terreno situado no coração da nova localidade que fizera surgir, defronte ao hotel que atenderia os usuários da União e Indústria. Como a construção não ficou pronta a tempo, ele teve de hospedar a família imperial em sua própria residência.

Somente em sua segunda visita à cidade em 1869 o imperador pôde conhecer a Villa Ferreira Lage.

Villa Ferreira Lage

Projetado e construído pelo alemão Carlos Augusto Gambs, chefe dos engenheiros e arquitetos da União e Indústria, o prédio é representante típico do estilo imponente que marcou as principais obras do final do século XIX. Implantado em platô alteado, foi edificado com tijolos maciços aparentes. A ornamentação foi feita a partir de tijolos com caneluras e arestas arredondadas, entre outros elementos. A vila conserva até hoje suas características originais, inclusive no interior, decorado com paredes revestidas de papel e pinturas, forro em estuque e lambris de madeira de lei decorados. Guarda também um importante acervo mobiliário.

Museu Mariano Procópio (2005)
O Museu

Com a morte de Mariano Procópio em 14 de fevereiro de 1872, o terreno foi herdado por seus dois filhos, Frederico e Alfredo Ferreira Lage. Na parte dedicada a si Frederico construiu um imenso palacete, com material todo proveniente da Europa. Após sua morte repentina aos 39 anos de idade em 1901, as dívidas provocadas pelas obras resultaram na venda do imóvel à Estrada de Ferro Central do Brasil, sendo posteriormente transferido para o Ministério da Guerra, que instalou no local a sede da Quarta Região Militar.

A vila e a parte superior do terreno foram herdadas por Alfredo, que revelou a intenção de abrigar ali um acervo que vinha colecionando desde a juventude. Com o aumento gradual de sua coleção, graças à aquisição de peças em leilões no Brasil e principalmente no exterior - além de doações de figuras importantes como Duque de Caxias, Afonso Arinos, Rodolfo Bernardelli e Amélia Machado Cavalcanti de Albuquerque, esposa do Visconde de Cavalcanti - Alfredo viu-se obrigado a ampliar o castelo original, iniciando a construção de um prédio anexo.

No dia 23 de junho de 1921, marcando o centenário do nascimento de Mariano Procópio, Alfredo Ferreira Lage inaugurou oficialmente o museu na Villa Ferreira Lage. Foi nessa ocasião que Alfredo revelou pela primeira vez sua intenção de repassar todo o acervo para o município.

Em 13 de maio de 1922 o Museu Mariano Procópio foi oficialmente aberto ao público, inaugurado com um acervo que ocupava tanto a Villa Ferreira Lage quanto o prédio anexo.


Parque Mariano Procópio

Em torno da Villa Ferreira Lage foi projetado um imenso jardim. Mariano Procópio reunira ali diversas árvores, arbustos e espécies vegetais brasileiras - muitas delas atualmente ameaçadas de extinção, como o Pinheiro do Paraná. Esta flora hoje centenária abriga uma variada fauna de pássaros, macacos e preguiças, e foi considerada pelo naturalista suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz como "O Paraíso dos Trópicos".

Do enorme terreno arborizado que englobava a área onde atualmente localiza-se a Quarta Região Militar e o bairro Vale do Ipê - a chamada "Chácara de Mariano Procópio" - restam cerca de 88,200 metros quadrados. Com um lago, bosque e espaço recreativo, o parque foi aberto à visitação pública gratuita em uma cerimônia em 31 de maio de 1934, quando teve início a transferência da área das mãos de seu proprietário, Alfredo Ferreira Lage, para o controle da prefeitura.

Entre aplausos, discursos e descerramento de placa, o evento serviu para que o município começasse a reconhecer os méritos daquele "ilustre e insigne amigo de Juiz de Fora", que, segundo o animado escrivão da ata da cerimônia, "vêm pugnando pela grandeza deste torrão".

A Doação

Sem filhos, Alfredo Ferreira Lage passou a doar seus bens a Juiz de Fora, começando em 1934 pelo Parque Mariano Procópio. No mesmo ano fez uma escritura de doação do Museu Mariano Procópio e de toda área em torno para o município no valor de três mil contos de réis (aproximadamente 150 milhões de dólares em valores atuais).

Preocupado com o destino do imóvel, Alfredo criou a Sociedade Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio, dirigindo a fundação e o próprio museu, uma de suas principais exigências ao finalmente completar a doação do prédio com uma escritura lavrada em 29 de fevereiro de 1936. A escritura incluía outras condições para a entrega, entre elas a proibição de alteração em sua finalidade cultural, a "proibição perpétua de serem retirados do museu os objetos artísticos, históricos e científicos a ele incorporados", a permanência "das denominações atuais dadas às salas do museu" e a perpetuidade da denominação "Mariano Procópio", homenagem de Alfredo a seu pai.

Ainda segundo as exigências da escritura, Alfredo exerceria enquanto quiser, o cargo de diretor, com dispensa de submeter suas contas ao exame do Conselho, e com direito de usufruto dos bens ora doados, para o fim de conservar a sua atual habitação no imóvel. Só mesmo sua morte em 1944 o afastou da direção da instituição que criara, mas já então o Museu Mariano Procópio era considerado um dos mais importantes do Brasil.

Em 1978 o município criou a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA) para administrar o museu de acordo com os termos de doação. A Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage exerceu a tarefa até 2005, ano em que foi criada a Fundação Museu Mariano Procópio (MAPRO).

Getulio Vargas e Alfredo Ferreira Lage
Acervo

As peças presentes no Museu Mariano Procópio refletem em quase toda sua totalidade as influências culturais do século XIX e princípio do século XX, seguindo principalmente o gosto de Alfredo Ferreira Lage. Trata-se de um dos principais acervos da período imperial brasileiro - em sua maior parte originário do Palácio São Cristóvão, antiga residência de Dom Pedro II no Rio de Janeiro.

O primeiro levantamento de suas peças foi feito em 1944. O próximo só seria realizado em 1981, ocasião aproveitada para a ampliação do espaço físico do museu e reforma de grande parte das obras. Muitos documentos então encontravam-se irrecuperáveis, destruídos pela ação de cupins e traças, reflexo da má conservação do local. Desde então o museu passou por várias reformas, na maioria das vezes devido a vazamentos e infiltração de água da chuva nas paredes e no teto.

Esculturas:

Ao adentrar no Museu já se tem a impressão do seu imponente acervo de esculturas, com estátuas que compõem o jardim, escadarias e a pérgula da Villa. Em seu interior encontram-se duas estatuetas de terracota "de Tanagra", cidade da Grécia antiga, além de moldes em gesso e bronze para várias estátuas, expostas no salão principal. Alfredo Ferreira Lage adquiriu grande parte desse acervo na Europa e também no Brasil, contando com obras de Antonin Mercié, Louis Barye, Claude Michel Clodion, Modestino Kanto, José Otávio Correia Lima e Rodolfo Bernadelli.

Quadros:

Casado com a pintora Maria Pardos, era natural que Alfredo Ferreira Lage se tornasse um grande apreciador e colecionador de quadros. A essência do acervo está no período entre 1870 e 1930, com um interesse particular pela arte européia e posteriormente brasileira, consequência do desenvolvimento das academias artísticas no país. Somando as várias doações, principalmente por parte da Viscondessa de Cavalcanti, a coleção de pinturas, gravuras e desenhos chega a um total de quase 2 mil obras.

Um dos maiores destaques é o quadro "Tiradentes Esquartejado", de autoria de Pedro Américo. Feito por encomenda, passou muitos anos na sala de reuniões da Câmara Municipal de Juiz de Fora, após o qual foi transferido para o museu. Também encontram-se expostas obras dos franceses Jean Honoré Fragonard e Charles-François Daubigny, e do holandês Willem Roelofs, premiado com a medalha de ouro na Exposição de Paris em 1888. Os brasileiros estão representados por Antônio Parreiras, Rodolfo Amoedo, Horácio Pinto da Hora e Henrique Bernadelli.

Para abrigar a coleção foi projetada no anexo à Villa Ferreira Lage, a Galeria Maria Amália, uma homenagem de Alfredo Ferreira Lage à sua mãe. Foi inaugurada em 13 de maio de 1922, e sua estrutura segue o modelo das principais galerias de arte do século XIX.

História Natural:

São duas salas dedicadas à paleontologia, geologia, zoologia e mineralogia. Foi a primeira coleção de Alfredo Ferreira Lage, consequência de sua viagem à Europa aos sete anos de idade. Embrionária, daria origem à paixão de seu dono pelas artes.

Fósseis, cristais e uma grande variedade de minerais podem ser vistos, além de insetos e animais selvagens empalhados, como uma onça pintada, um jacaré de papo amarelo e um lobo guará.

O setor foi inaugurado em 1931 e reúne 1279 minerais e fragmentos de rochas, 50 fósseis, 55 vidros de carpoteca (coleção de frutos secos e sementes), 527 exsicatas do herbário (folhas de plantas), 415 espécimes zoológicos e inúmeros insetos.

Armas e Indumentária:

A exposição de armas de fogo como o bacamarte e o revólver, e de armas brancas como a espada e o sabre ajudam a revelar parte da história da armaria no Brasil.

Entre as roupas presentes no acervo do museu destaca-se o Fardão da Maioridade, usado por Dom Pedro II em 18 de julho de 1841 na cerimônia em que foi considerado apto para assumir o Império do Brasil.

Jóias, Moedas e Medalhas:

A coleção numismática deve-se em grande parte às doações da Viscondessa de Cavalcanti, especialista no assunto. De sua coleção fazem parte raros exemplares de medalhas cunhadas na Europa referentes à episódios da história do Brasil, como a ocupação holandesa na Bahia (1624) e em Pernambuco (1631).

Destaque também para as medalhas, entre elas a Imperial Ordem do Cruzeiro, criada em 1822 na coroação de Dom Pedro I e a Ordem do Cruzeiro do Sul concedida a partir de 1932 em homenagem a civis, militares e estrangeiros.

Entre o acervo de jóias encontra-se um relógio de bolso presenteado a Dom Pedro II por suas irmãs Francisca e Januária em seu décimo aniversário, no dia 2 de dezembro de 1835.

Mobiliário:

Composto principalmente do chamado "mobiliário de estilo", imitações brasileiras das peças produzidas na Europa. É a atração principal do acervo da Villa Ferreira Lage, que procura conservar o ambiente familiar dos Ferreira Lage. Destaque especial para a sala de música, trabalhada em madeira. Originalmente construída na Inglaterra, foi transportada e montada no local.

Cristais, Louças e Porcelanas:

Esta coleção, espalhada por todo o prédio, tem como base as peças da Família Real adquiridas do Palácio de São Cristóvão, além de doações feitas por personagens marcantes da história social e política do Brasil.

Ainda assim o monograma imperial aparece em grande parte das peças - algumas exóticas, como uma sopeira do século XVIII que reproduz a cabeça de um javali.

Peças Sacras:

Representadas especialmente por objetos de ouro, prata, marfim e madeira nobre dos séculos XVIII e XIX, como castiçais, turíbulos e esmoleiros.

Reserva Técnica:

Esta seção abriga a maior parte do acervo do museu. Com condições especias de armazenamento - controle de iluminação, umidade e temperatura - realizadas depois de uma reforma em 1996, a reserva abriga as peças que requerem mais cuidados, consequentemente ficando fechada à visitação pública e disponível apenas para fins de pesquisa ou exposições temporárias.

Documentos:

Reunido basicamente em função de doações e aquisições de arquivos particulares e documentos avulsos, o acervo de documentos é composto por cartas, livros, revistas, jornais, mapas, fotografias e ofícios. Alguns desses papéis trazem relatos de importantes momentos históricos, como um livro revestido de ouro e prata exaltando os feitos do Duque de Caxias durante a Guerra do Paraguai e as cartas de Dom Pedro I enviadas à sua amante, a Marquesa de Santos.

São aproximadamente 10 mil documentos que, somados à coleção de mais de 18 mil fotografias, forma um importante e diversificado acervo cultural e histórico.

Sede da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA)
Administração

Conselho de Amigos:

Criada por Alfredo Ferreira Lage em 1936 após a doação do museu ao município de Juiz de Fora, o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio foi dirigido por ele até 1944. Apesar da criação da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA) o Conselho de Amigos continuou a existir, atuando como órgão curador do patrimônio do museu.

Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage:

Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA), criada para promover a valorização cultural de Juiz de Fora, administrou o Museu Mariano Procópio de 1978 a 2005. Subordinada à prefeitura e integrada à Secretaria de Política Social, a gestão da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage ficou marcada por problemas estruturais.

Apesar de algumas reformas, a Villa Ferreira Lage e seu prédio anexo continuaram com um sistema elétrico e hidráulico arcaico, comprometendo a integridade do acervo ali reunido. Tanto no teto quanto nas paredes eram frequentes o vazamento e infiltração de água, culminando em 2003 com o desabamento de parte do forro do segundo andar do anexo, que encontra-se atualmente fechado ao público, negando aos visitantes o acesso às principais atrações do acervo.

Fundação Museu Mariano Procópio:

Surgida a partir de um projeto de lei de maio de 2001, a Fundação Museu Mariano Procópio (MAPRO) passou a exercer a administração em setembro de 2005, mesmo ano em que prefeitura de Juiz de Fora anunciou um projeto de revitalização do Museu Mariano Procópio.

A instituição continua integrada à Secretaria de Política Social mas agora conta com mais autonomia, tendo orçamento próprio e capacidade de receber investimentos externos.

Reforma

Em janeiro de 2008 parte do museu foi interditado para o início das obras de restauração no parque, o mesmo acontecendo posteriormente com as instalações. As obras dão continuidade ao processo de recuperação iniciado em 2005.

A primeira etapa, referente à reforma do parque, foi concluída e entregue em 15 de julho de 2008. As obras nos edifícios do museu, no entanto, foram interrompidas na mesma época e retomadas apenas no final de 2009, o que representou um atraso significativo na reabertura do museu ao público.

Fonte: Wikipédia