Beto Sem Braço

LAUDENIR CASEMIRO
(52 anos)
Feirante, Cantor e Compositor

☼ Rio de Janeiro, RJ (24/05/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/04/1993)

Laudenir Casemiro, mais conhecido como Beto Sem Braço, foi um cantor e compositor brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 24/05/1940. Seu pseudônimo lhe foi dado na infância, em consequência de uma queda de cavalo, na qual perdeu o braço direito.

Trabalhou como feirante, pertenceu à Ala de Compositores da Vila Isabel e mais tarde, transferiu-se para a Escola de Samba Império Serrano.

No início da década de 1970 estreou no mercado fonográfico com a gravação de "Ai Que Vontade", interpretada por Oswaldo Nunes, tornando-se o seu primeiro sucesso em nível nacional.

No ano de 1977, Paulinho Mocidade interpretou "Põe Pimenta" (Beto Sem Braço e Jorginho Saberás) no LP "Se o Caminho é Meu", pela RCA.

Em 1978, Beth Carvalho, no LP "De Pé No Chão", gravou "Marcando bobeira" (Beto Sem Braço, Dão e João Quadrado).

Roberto Serrão, Beto Sem Braço, Martinho da Vila e Noca da Portela
Em 1979, Almir Guineto, no LP "Jeito De Amar", pela gravadora RGE, incluiu "Lindo Requebrado" (Beto Sem Braço, Almir Guineto, Carlos Senna e Adalto Magalha).

Na década de 1980, Beth Carvalho interpretou várias composições suas, como "Quando o Povo Entra Na Dança" (Beto Sem Braço e Carlito Cavalcanti), no LP "Sentimento Brasileiro" (1980).

Em 1981, Beth Carvalho incluiu no disco "Na Fonte", outra composição sua, "Escasseia" (Beto Sem Braço, Aluízio Machado e Zé do Maranhão).

Em 1983, o LP "Suor No Rosto" obteve um grande sucesso devido à interpretação de "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz).

Em 1984, Beth Carvalho juntamente com Martinho da Vila, interpretaram "São José de Madureira" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho), em novo disco da cantora.

Beto Sem Braço e Bandeira Brasil cantam "Ladainha", a última composição de sucesso da dupla.
Em 1986, Zeca Pagodinho incluiu várias composições suas em seu disco, como "Quando Eu Contar, Iaiá" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti),  "Vou Lhe Deixar No Sereno" (Beto Sem Braço Jorginho Saberás), "Cidade Do Pé Junto" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho) e "Brincadeira Tem Hora" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho), muito divulgadas em rodas de samba e emissoras de rádio por todo o país. Neste mesmo ano, outro sucesso de sua autoria viria a ser amplamente divulgado na voz de Carlos Sapato, "Papagaio" (Beto Sem Braço, Almir Guineto e Luverci Ernesto). A música foi gravada para o LP "Explosão Do Pagode", pela gravadora Fama, obtendo repercussão nacional. Ainda em 1986, duas outras composições suas foram gravadas no disco de Almir Guineto pela RGE, "Quem Me Guia" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti) e "Flecha Do Cupido" (Beto Sem Braço, Almir Guineto e Guará da Empresa). Dominguinhos do Estácio, no LP "Bom Ambiente", interpretou "Dura prova" (Beto Sem Braço, Serginho Meriti e Aluízio Machado) e Reinaldo interpretou "Coco de Catolé" (Beto Sem Braço Joel Menezes) no LP "Aquela Imagem", lançado pela gravadora Continental. Alcione gravou "Na Paz De Deus" (Beto Sem Braço, Sombrinha e Arlindo Cruz).

Em 1987, Jovelina Pérola Negra, no disco "Luz do Repente", incluiu duas músicas suas, "Feira De São Cristóvão" (Beto Sem Braço e Bandeira Brasil) e "Calango Do Morro" (Beto Sem Braço e Paulo Vizinho). No LP "Perfume de Champanhe", Almir Guineto cantou "Coisa Da Roça" (Beto Sem Braço e Almir Guineto), e o Grupo Exporta Samba gravou "Daltônico Varela" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti), "Samba Em Berlim" (Beto Sem Braço e Joel Menezes) e "Morena Do Canjerê"(Beto Sem Braço Joel Menezes). Deni de Lima gravou em seu primeiro disco pela RGE duas composições de sua autoria: "Céu Da boca" e "Concórdia".

Beto Sem Braço é carregado na escolha do samba-enredo do carnaval de 1987.
Em 1988, Elza Soares, no disco "Voltei", interpretou, de sua autoria, "Erê" (Beto Sem Braço Bandeira Brasil) e Zeca Pagodinho incluiu no disco "Jeito Moleque" outra composição sua, "Manera, Mané" (Beto Sem Braço, Serginho Meriti e Arlindo Cruz). Participou do LP "Samba De Roda De Salvador", produzido pelo baiano Walmir Lima e lançado pelo selo K-Tel, no qual foi incluída sua composição "Eu Quero Ver" (Beto Sem Braço Celso Apache), interpretada pela Sarabanda, Beto Sem Braço e Giba.

Em 1990, Zeca Pagodinho gravou diversas composições de Beto Sem Braço no CD "Mania De Gente", pela gravadora RCA, entre elas, "Aonde Será Que Eu Vá" (Beto Sem Braço e Martinho da Vila).

No ano de 1996, "Boi" (Beto Sem Braço e J. C. Santos), foi gravada por Zeca Pagodinho no CD "Deixa Clarear".

Em 1999, Zeca Pagodinho, no disco "Ao Vivo", interpretou  "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz) e "São José de Madureira" (Beto Sem Braço). Nesse mesmo ano, Leci Brandão, no disco "Auto-Estima", gravou "Com Toda Essa Gente"  (Beto Sem Braço, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho).

No ano 2000, Zeca Pagodinho interpretou "A Paisagem", no disco "Água da Minha Sede". Neste mesmo ano, Nininha, Almirzinho, Kléber, Nonana da Mangueira e Luizinho SP gravaram o CD "Pagode de Mesa - Terra Samba". No disco, feito ao vivo na casa de show Terra Samba, em São Paulo, foi incluída uma composição de autoria de Beto Sem Braço, "Pintou Uma Lua Lá" (Beto Sem Braço e Maurição).

Zeca Pagodinho e Beto Sem Braço
Em 2002, Deni Lima gravou um disco só com composições de Beto Sem Braço: "Deni de Lima Canta Beto Sem Braço", lançado pela gravadora Virrec, que, entre outras, apresentou as inéditas "Panos de Buda", "Marimbondo Dá Mel""Um Dia De Rei" e regravações de grandes sucessos do compositor. Em setembro de 2002 vários artistas, entre eles, Almir Guinéto, Arlindo Cruz, Serginho Meriti, Bandeira Brasil, Deni de Lima, Ivan Milanez, Marquinhos China, Ircea Pagodinho e Maurição fizeram o show-homenagem "Bum-Bum-Baticum-Beto", tributo ao compositor no Bar Supimpa, na Lapa, Rio de Janeiro. Ainda em 2002, Dudu Nobre regravou "Papagaio" em seu terceiro disco solo "Chegue Mais".

No show "Tributo a Beto Sem Braço" apresentado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, vários companheiros e parceiros, entre eles, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Deni de Lima, Arlindo Cruz e Sombrinha, lhe prestaram homenagem.

Dentre os muitos sucessos de sua carreira estão "Manera Mané" e "Meu Bom Juiz", ambas interpretadas por Bezerra da Silva.


Em 2003, sua composição "Meu Bom Juiz" deu título ao disco de Bezerra da Silva. Neste mesmo ano, Arlindo Cruz e o Grupo Roda fizeram show em sua homenagem, somente com composições de sua autoria, no projeto "Sala de Visita", apresentado no Ballroom. Zeca Baleiro incluiu "Deixa a Fumaça Entrar" (Beto Sem Braço e Martinho da Vila), no show de "Petshopmundocão", no Canecão. Zeca Pagodinho lançou o CD "Zeca Pagodinho Acústico MTV", disco no qual incluiu "Quando Eu Te Contar (YaYá)" ((Beto Sem Braço Serginho Meriti) e "Brincadeira Tem Hora" (Beto Sem Braço e Zeca Pagodinho).

Em 2004, Arlindo Cruz no Teatro Rival Br prestou homenagem a Guará, Neoci e Beto Sem Braço, no show "Arlindo Cruz - Homenagem Aos Poetas do Cacique de Ramos". Neste mesmo ano Beth Carvalho interpretou "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz) no DVD ao vivo "Beth Carvalho - A Madrinha do Samba", gravado em no Canecão e com a participação especial de Zeca Pagodinho nesta faixa.

Entre os vários intérpretes das mais de 500 músicas gravadas estão Alcione, Jovelina Pérola Negra, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva e Fundo de Quintal.

Beto Sem Braço faleceu no Rio de janeiro, RJ, no dia 15/04/1993, aos 53 anos, vítima de uma tuberculose.

Victor Siaulys

VICTOR SIAULYS
(72 anos)
Empresário, Advogado, Conferencista e Escritor

☼ São Paulo, SP (30/05/1936)
┼ São Paulo, SP (19/03/2009)

Victor Siaulys foi um empresário brasileiro nascido em São Paulo, SP, no dia 30/05/1936.

Filho de imigrantes lituanos, Victor Siaulys cresceu na capital paulista e começou a trabalhar ainda jovem ajudando seu pai no dia-a-dia da feira.

Estudando à noite, passou a trabalhar em um banco, depois em uma emissora de rádio até ser contratado como propagandista na Winthrop. Em seguida, foi para a Squibb, onde conheceu seus futuros sócios, Adalmiro Dellape Baptista e Antonio Gilberto Depieri. Nessa época, iniciou o curso de Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo mas destacou-se trabalhando como propagandista em empresas farmacêuticas. Mudou-se para o laboratório Sintofarma, onde começou sua experiência com desenvolvimento de produtos.

Em 1965, criou com Adalmiro Dellape BaptistaAntonio Gilberto Depieri e Raphael Dellape Baptista, a Prodoctor, para comercializar os produtos da Sintofarma.

Em 1966, compraram juntos um pequeno laboratório chamado Aché. Na divisão de funções, assumiu o desenvolvimento e marketing dos produtos.

Em 1978, nasceu sua terceira filha, Lara, com deficiência visual.

No Aché, Victor Siaulys, passou comandar a área de Recursos Humanos e investir nas ações de Responsabilidade Social. Como presidente do Conselho de Administração do Aché, vislumbrava novos negócios para a empresa, com destaque para os medicamentos fitoterápicos.

Sob sua liderança, a Aché Laboratórios, de capital 100% nacional, tornou-se um dos maiores laboratórios do país.

Em homenagem à filha que nasceu cega, criou junto com a esposa Mara em 1991 a entidade filantrópica Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, de apoio a inclusão educacional e social da pessoa com deficiência visual.

Victor Siaulys foi conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e escreveu o livro "Mercenário ou Missionário", pela editora da Laramara.

Morte

Em 2006, Victor Siaulys descobriu uma leucemia, seu quarto câncer. Os anteriores foram de tireoide, pele e próstata. Em 2008, passou por um transplante de medula.

Victor Siaulys faleceu às 19h30 de quinta-feira, 19/03/2009, no Hospital Albert Einsten, em São Paulo, SP, onde estava internado há 30 dias, lutando contra seu quarto câncer, aos 73 anos,  vítima de complicações causadas por um transplante de medula.

A luta de Victor Siaulys contra o câncer era pública. Em uma de suas internações ele escreveu uma mensagem, que foi enviada aos amigos mais próximos e acabou se tornando um viral, ficando conhecida via internet.

O corpo foi velado no Hospital Albert Einstein. O cortejo rumo ao Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, saiu às 15h00, onde ocorreu uma cerimônia de corpo presente celebrada pelo amigo e mentor Frei Beto e logo em seguida o corpo foi cremado.

Clóvis Tavares

SEBASTIÃO CLÓVIS TAVARES
(69 anos)
Professor, Militante da UJC e Espírita 

☼ Campos dos Goytacazes, RJ (20/01/1915)
┼ Campos dos Goytacazes, RJ (13/04/1984)

Sebastião Clóvis Tavares, mais conhecido por Clóvis Tavares, foi um espírita brasileiro nascido no distrito de São Sebastião, em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, em 20/01/1915. Era dia de São Sebastião e, por isso, seus pais deram-lhe o nome de batismo em homenagem ao padroeiro, embora sempre tenha sido tratado, em casa e em todos os ambientes, simplesmente por Clóvis.

A família mudou-se para a sede do município quando ele contava com 9 anos de idade. Desde a infância, demonstrou pendores religiosos. Era comum, na região de São Sebastião, ver seus irmãos jogando bola ou brincando de cabra-cega e ele lendo ou rezando em seu oratório particular.

Afeiçoou-se ao padre da Igreja de São Sebastião, chamado Émille Dés Touches, francês de nascimento, de família nobre e abastada. Ele teria abandonado a sua herança para dedicar-se à vida religiosa, tendo decidido vir para o Brasil seguindo uma inspiração ou determinação do Alto. Foi o seu professor de Francês e seu primeiro orientador espiritual. Do padre Émille Dés Touches, o público espírita conhece "Petição de Servo", eivada de beleza e sabedoria espiritual.

Na adolescência, estudando no célebre Liceu de Humanidades de Campos, integrou um grupo de jovens idealistas que decidiram mudar o mundo. Engajaram-se na União da Juventude Comunista (UJC) e viveram um sonho de liberdade.

Dois desses jovens eram Nina Arueira e Clóvis Tavares, que enamoraram-se e tornaram-se noivos. Os dois viviam intensamente a vida partidária, sendo líderes de greves operárias e movimentos estudantis. Inesperadamente, Nina Arueira é acometida de uma febre tifoide e Clóvis Tavares passa a fazer plantão ao seu lado, passando noites acordado, em vigilância, mas sem oração.

Por um destes 'mistérios da vida', ela conheceu, já doente, um homem chamado Virgílio de Paula, que a recebeu em sua casa para prestar-lhe tratamento. Era um profundo conhecedor de Teosofia e Espiritismo. Nina interessou-se inicialmente pela Teosofia. Leu "Do Recinto Interno", de Annie Bésant e decidiu, já no leito, renunciar à política partidária. Contou a Clóvis a sua decisão. Este, que também estava a discordar da direção partidária quanto a rumos decididos que feriam a sua ética, passou a escutar de Nina as lições que ela ouvia do Vovô Virgílio.


Virgílio de Paula, por sua vez, aos poucos introduziu um pouco de Evangelho em suas conversações com Nina. Ela maravilhou-se com a visão de um Jesus Cristo amigo dos pobres e dos sofredores. Um Jesus Cristo amigo da justiça e da caridade e entregou-se, de alma inteira, ao Evangelho, explicado pela racionalidade Espírita. Foram apenas alguns meses, mas ela desencarnou considerando-se espírita.

Após a sua morte é que Clóvis Tavares começou a ler os livros que ela lera no seu estágio derradeiro. E como ocorreu com Nina, ele também apaixonou-se pela cosmovisão espiritista. Quando leu pela primeira vez os versos de Olavo Bilac, Cruz e Souza, Fagundes Varella, Augusto dos Anjos, Castro Alves, João de Deus, Auta de Souza, entre outros, então declarou-se espírita. E com o mesmo afinco que se dedicou há apenas alguns meses à política partidária, passou a militar ativamente no meio espírita. Começou a frequentar o Grupo Espírita João Batista, dirigido pelo Srº Virgílio de Paula e outros companheiros da primeira hora do Espiritismo em Campos.

Em pouco tempo, Clóvis Tavares passou a realizar palestras doutrinárias que a muitos atraíram por sua fluência evangélica e pelo ardor de seu verbo. Paralelamente a essas atividades, fundou uma escola de Doutrina Espírita para crianças, na casa da mãe de sua antiga noiva, Dona Didi Arueira. Passaram a chamar essa casa de Escola Infantil Jesus Cristo.

Mais uma vez, o inesperado ocorreu. Os frequentadores do Grupo Espírita João Batista, somados aos pais das crianças da Escola Infantil, afluíram em número crescente para escutar suas palestras na casa de Dona Didi.

Decide, então, a diretoria do Grupo Espírita João Batista auto-dissolver-se e passar a integrar os quadros da nascente Escola Jesus Cristo, já sem o qualificativo de "Infantil".

Repetiu-se, em escala institucional, o mesmo que acontecera entre João Batista e Jesus Cristo. "É necessário que eu diminua para que Ele cresça", e o Grupo precursor João Batista dissolveu-se e seus seguidores, assim como os seguidores de João, passaram a seguir a Escola Jesus Cristo. Iniciou-se uma nova era para o Espiritismo local, até então conhecido apenas pelas sessões mediúnicas.

Clóvis Tavares, Carlos Vítor e Hilda Mussa Tavares, em 1957
Com Clóvis Tavares, alvoreceu, em 1935, o Espiritismo da cultura e da prática da caridade. Clóvis sempre priorizou na Escola Jesus Cristo o serviço de amor ao próximo e o estudo doutrinário. Na Escola Jesus Cristo, ele fundou dois orfanatos: um de meninas, dirigido inicialmente pela filha de Virgílio de Paula, Inaiá de Paula, e outro para meninos, dirigido por ele mesmo e por seu companheiro de ideais, Medeiros Correia Júnior. Fundou, ainda, um Culto de Assistência, onde um grupo de irmãos visitava duas favelas de Campos, para distribuição de gêneros e para a realização de um culto de Evangelho no Lar dos assistidos.

Fundou, ainda, a Sopa dos Domingos com a ajuda dos irmãos portugueses Inocêncio Noronha, Bonifácio de Carvalho, Dona Candinha e Dona Mariquinhas, portugueses que sempre estiveram presentes na história da Escola Jesus Cristo.

Surge, ainda, por seu ideário, o Curso Elzinha França para orientação espiritual às crianças. A escolha do nome Elzinha França deveu-se ao fato de que a Mocidade Espírita de Campos, da qual fazia parte a jovem Hilda Mussa, com quem se casaria mais tarde, e sua amiga Zenith Pessanha, visitava as famílias pobres da Escola Jesus Cristo na busca do sofrimento a fim de mitigá-lo. Numa dessas peregrinações, na favela, encontram desvalida menina recém-nascida, abandonada. Como não havia, na época, nenhum órgão oficial de amparo à criança e nem de longe pensava-se no Estatuto da Criança e do Adolescente, decidiram trazer a menina para a Casa da Criança. Apesar de Clóvis Tavares ter providenciado todos os cuidados médicos, a menor desencarnou em pouco tempo.

Todavia, em uma de suas habituais viagens a Pedro Leopoldo para encontrar-se com Chico Xavier, obteve do médium a informação de que o visitava um espírito de muita luz, chamado Elzinha França. Clóvis Tavares, a princípio pasmo, contou ao médium quem era a menina, que Chico Xavier identificou como sendo uma professora que estava integrando a equipe espiritual de serviço na Escola Jesus Cristo e que trabalharia na educação dos menores.

Chico Xavier e Clovis Tavares
Clóvis Tavares fundou o Clube da Fraternidade, espaço artístico e lúdico para a realização de jogos infantis, teatros e coros musicais nos domingos à tarde, numa época em que não havia televisão.

Passou a visitar semanalmente os presos, recordando o ensino de Paulo aos hebreus: "Lembrai-vos dos encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles. E dos maltratados, como se habitásseis no mesmo corpo com eles." (Hb, 13:3).

Uma vez por ano, pregava o Evangelho Consolador no cemitério, no dia 2 de novembro, iniciando uma prática consoladora e esclarecedora na nossa Terra.

Outra particularidade da Escola Jesus Cristo foi abrigar em suas dependências, na década de 60, uma escola de educação formal: o Instituto Allan Kardec.

Paralelamente a essa atividade espírita, Clóvis Tavares lecionava História em duas escolas e Direito Internacional Público na Faculdade de Direito de Campos. Foi autor de livros espíritas, renunciando, todavia, aos direitos autorais, pois, aprendeu com Chico Xavier a doá-los às editoras que se dedicavam à difusão doutrinária.

Tornou-se amigo íntimo de Chico Xavier, com quem conviveu por 50 anos, o que é relatado nos referidos livros do parágrafo anterior. Frequentava com assiduidade as reuniões do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo. Visitou, também, Belo Horizonte várias vezes, onde travou contato com Arnaldo Rocha, Joaquim Alves, Cícero Pereira e tantos outros que dignificaram o Espiritismo em Minas Gerais.

Na década de 1950, passou a se corresponder com o sábio italiano Pietro Ubaldi, a quem promoveu duas vindas ao Brasil - a última das quais, definitiva. Traduziu do italiano os seguintes livros do referido autor: "As Noúres, Ascese Mística, Grandes Mensagens" e "Fragmentos de Pensamento e Paixão".

Clóvis Tavares veio a casar-se somente 20 anos após da desencarnação de Nina Arueira, e a jovem Hilda Mussa, que o ajudava na pesquisa sobre a vida dos santos católicos, passou a ser também a sua fiel colaboradora nos trabalhos da Escola Jesus Cristo. Deste matrimônio nasceram cinco filhos: Carlos Vítor, que faleceu aos 17 anos, após uma vida de sofrimentos para ele e para os pais - que está relatado no livro: "A Morte é Simples Mudança" - , Margarida, Flávio, Luís Alberto e Celso Vicente.

Clóvis Tavares faleceu, vítima de parada cardíaca no hospital Santa Casa de Campos, no dia 13/04/1984.

Nina Arueira

MARIA DA CONCEIÇÃO ROCHA E SILVA
(19 anos)
Escritora, Jornalista, Poetisa e Militante da UJC

☼ Campos dos Goytacazes, RJ, (07/01/1916)
┼ Rio de Janeiro, RJ (18/03/1935)

Maria da Conceição Rocha e Silva, melhor conhecida como Nina Arueira, foi uma escritora, jornalista, líder sindical e poetisa brasileira, nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, numa casa não mais existente, na Avenida Alberto Torres, no dia 07/01/1916.

Fez seu curso primário e normal (incompleto) em sua cidade natal. Desde os primeiros anos da juventude, militou na imprensa de Campos e do Estado do Espírito Santo.

O nome Nina Arueira é fruto de um pseudônimo, porque o nome de batismo era Maria da Conceição Rocha e Silva. De seu apelido na intimidade, que era Pequenina, e do sobrenome do pai, Arueira, formou um nome muito forte e que viria a ser conhecido em muitos lugares fora de Campos.

Filha de Lino Arueira e de Maria Magdalena Rocha e Silva, desde a infância demonstrou qualidades invulgares. A sua avó chamava-a de Pequenina, e os familiares apenas de Nina, pseudônimo que viria a adotar na adolescência.

Aos 5 anos de idade já teria lido um livro de Victor Hugo e ditava pequenas poesias que o seu pai anotava e que, mais tarde, seriam selecionadas e publicadas no periódico "Rindo", sob o pseudônimo de Princesa de Vera Cruz.


No dia 15/07/1924, então com 8 anos de idade, foi escolhida para, numa grande comemoração cívica municipal, receber o primeiro bispo da cidade de Campos dos Goytacazes, Dom Henrique César Fernandes Mourão.

Em 1928, então com 12 anos de idade, perdeu o pai, passando a auxiliar a mãe no pequeno comércio da família. Este é um momento de grande amadurecimento da jovem e as observações que ali faz acerca da sociedade, das relações trabalhistas e da hipocrisia reinante na mesma, se refletirão nos seus futuros texto e poesias.

Aos 15 anos, ingressou no Liceu de Humanidades de Campos, onde a sua fama de articulista e crítica se difundiu. Realizou conferências no teatro da cidade, nas quais criticou instituições como a Igreja Católica, o capitalismo e outras. É deste período o seu manifesto "À Mocidade de Minha Terra". Por suas ideias, enfrentou críticas e perseguições por parte de outros jornalistas e pessoas da cidade.

Ainda no Liceu, conheceu Clóvis Tavares e Adão Pereira com os quais fundou um jornal estudantil. O grupo foi o responsável por apresentar à sociedade campista o Modernismo.

Nina abandonou o Liceu por estar insatisfeita com a metodologia educacional ali utilizada.

Foi membro da Loja Leadbeater da Sociedade Teosófica no Brasil, cujo presidente era o venerando Srº Virgílio Paula, posteriormente, durante muitos anos, Presidente da Escola Jesus Cristo. Seu diploma de membro da Sociedade Teosófica se encontra no Museu de Ciro (Exposição Espírita Permanente), da Escola Jesus-Cristo.

A Militância na União da Juventude Comunista (UJC)

Nos dias difíceis no início da década de 1930 no Brasil, e em meio às preocupações familiares, filiou-se à União da Juventude Comunista (UJC), juntamente com seus dois amigos do jornal estudantil. Iniciou-se para a jovem um período de lutas: cansado dos debates escritos, vai para a porta das fábricas, onde organiza comícios e funda sindicatos.

Ainda neste período, passou a frequentar a Sociedade Teosófica como que a buscar a religiosidade que lhe faltava no movimento do operariado, e apaixona-se por Clóvis Tavares, o companheiro de todos os momentos.

Em 01/05/1934, durante o grande comício na Praça do Santíssimo Salvador em Campos, o casal foi convidado a discursar para os trabalhadores. Durante a fala de Clóvis Tavares, alguém na multidão ateou fogo à bandeira nacional, fato encarado pela polícia presente como uma afronta ao Governo. Na repressão resultante, Clóvis Tavares foi detido e Nina escapou.

Durante o período em que Clóvis Tavares ficou detido, continuaram a se corresponder, mas Nina afastou-se da militância política e começou a dedicar-se a questões transcendentais. Neste período, foi de grande valia a amizade de Virgílio de Paula, que Nina chamava carinhosamente de "Vovô Virgílio".

Profundamente deprimida, a jovem contraiu tifo, transferindo-se para a residência de Virgílio de Paula, para melhor ser cuidada. Aqui continuou a escrever e debater com uma lucidez que espantava os poucos que tinha a coragem de ir visitá-la, vindo a falecer aos 19 anos, no Rio de Janeiro, RJ, no dia 18/03/1935.

O Espírito Nina

Profundamente abalado pela morte da noiva, Clóvis Tavares recebeu a notícia que o espírito de Nina havia se comunicado numa sociedade espírita. Esse fato deu novo alento à vida de Clóvis que, a partir de então, tornou-se adepto da doutrina espírita e, pouco depois, em outubro de 1935, fundou um educandário inspirado numa escola do plano espiritual fundada pelo espírito Nina.

Entre os médiuns que psicografaram as mensagens do espírito Nina, que nortearão os trabalhos de Clóvis Tavares, destaca-se Francisco Cândido Xavier. Desde então foram fundadas casas espíritas e grupos assistenciais com o nome de Nina Arueira.

Mais recentemente, o espírito Nina, pela psicografia de Alceu da Costa Filho, ditou o romance espírita "O Diário de Sofia".

A Memória de Nina Arueira e Clóvis Tavares No Cinema

A vida de dois nomes muito conhecidos no Movimento Espírita, Clóvis Tavares e Nina Arueira, foi a inspiração para o documentarista Oceano Vieira de Melo fazer seu novo filme. O longa "Luz na Escola" foi exibido no dia 24/11/2015 em duas salas do circuito Kinoplex na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, cidade natal dos personagens, em comemoração ao centenário de Clóvis Tavares e aos 80 anos da Escola Jesus Cristo.

Reconhecido pelo movimento espírita e autor de mais de dez livros, dentre eles "Amor e Sabedoria de Emmanuel", "Histórias Que Jesus Contou" e "Trinta Anos Com Chico Xavier"Clóvis Tavares ganha cena no filme quando, ainda jovem estudante, se identifica com os ideais comunistas na cidade onde nascera.

Nina Arueira é sua companheira de sala, no Liceu de Humanidades de Campos, nos anos 30, e igualmente levada pelos ideais, ajuda a fundar as bases para a Juventude Comunista, provocando na cidade acirrados debates em favor dos menos favorecidos. Neste mesmo tempo, os dois se apaixonam, iniciam o namoro e passam a ser os principais líderes da doutrina de Lênin na região.

Enquanto Clóvis aprimora seu discurso materialista e ambos começam a sofrer com as perseguições, Nina conhece um dos admiradores dos seus artigos publicados, Srº Virgílio de Paula, o estudioso de teosofia e do espiritismo e fundador do Grupo Espírita João Baptista, na cidade. Por seu intermédio e também dos livros espíritas, Nina se identifica com o Evangelho e fica maravilhada com a visão de Jesus todo justiça, amor e caridade, explicado à luz do espiritismo.

Mas faltando apenas dois meses para seu casamento com Clóvis, Nina adoece e vem a desencarnar com tifo, deixando o noivo desolado, mas que não demora a receber mensagens da própria noiva, em espírito, orientando-o para que ele se dedicasse à educação com o Evangelho.

Consolado pelas mensagens e pela doutrina, Clóvis começa um trabalho junto às crianças e funda o que chama Escola Infantil Jesus Cristo, nominada depois Escola Jesus Cristo, dado que os adultos também se afeiçoaram ao trabalho.

Todo o preparo do jovem espírita, que se mudara para estudar no Rio de Janeiro e lá tivera contato com intelectuais e escritores na Federação Epírita Brasileira (FEB) - Guillon Ribeiro, Manoel Quintão, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado - é resgatado pelo produtor Oceano Vieira de Melo, ao retratar a vida de Clóvis Tavares.

Pela amizade de mais de 50 anos do professor Clóvis Tavares com o médium Chico Xavier, quem chegava a ir duas vezes por ano visitar, muitas passagens entre os dois também são lembradas no documentário.

Em 1939, quatro anos depois da desencarnação da noiva, Clóvis Tavares faz sua primeira visita ao médium e recebe de Nina sua segunda mensagem, onde ela cita um fato de conhecimento apenas dos dois: antes de desencarnar, Nina havia escrito um pequeno romance espiritualista, "Yanur", dedicado ao noivo que, materialista, guardara em segredo.

A mocidade espírita de Campos visitava famílias necessitadas da Escola Jesus Cristo e numa dessas visitas, uma criança recém-nascida abandonada foi resgatada e acolhida, mas apesar de Clóvis ter providenciado todos os cuidados, ela veio a desencarnar.

Em uma de suas habituais viagens a Pedro Leopoldo para encontrar-se com Chico XavierClóvis obteve do médium a informação de que o visitava um espírito de muita luz, chamado Elzinha França, o nome dado à criança acolhida. Clóvis contou ao médium quem era a menina e Chico Xavier logo complementou que ela era uma das professoras que integravam a equipe espiritual de serviço na Escola Jesus Cristo.

Clóvis Tavares vem a se casar apenas 20 anos depois da desencarnação de Nina, com Hilda Mussa, que passou a ser também a sua fiel colaboradora nos trabalhos da Escola Jesus Cristo.

São essas e tantas outras histórias, como a revelação de Chico Xavier sobre a reencarnação de Santos Dumont naquele núcleo familiar, ajudam a compor o importante registro cinematográfico "Luz da Escola", que além de entreter o público, certamente guardará a memória daqueles que fizeram a diferença na história do espiritismo no Brasil.

Fausto dos Santos

FAUSTO DOS SANTOS
(34 anos)
Jogador de Futebol

☼ Codó, MA (28/01/1905)
┼ Santos Dumont, MG (28/03/1939)

Fausto dos Santos, conhecido por Maravilha Negra, foi um jogador de futebol nascido em Codó, MA, no dia 28/01/1905. Fausto dos Santos era um volante de muita disposição, grande técnica, habilidade e chute razoavelmente forte, que liderava o meio de campo de sua equipe com muita elegância e tinha precisão no toque de bola.

Fausto dos Santos teve uma infância difícil, por força da miséria no Nordeste brasileiro. Sua mãe, Dona Rosa, queria um futuro melhor para o filho, coisa que dificilmente teria no interior maranhense. Por isso foi com a família tentar a sorte no Rio de Janeiro, então a capital e maior cidade do Brasil.

Naqueles áureos tempos em que os campos de futebol se espalhavam por todos os cantos da cidade, Fausto dos Santos encontrou sua vocação, ao manter uma relação íntima com a bola. Ele a chamava de tu e ela o obedecia em todos os malabarismos que fazia, caindo sempre aos seus pés, como se uma escrava fosse. Era aquilo que hoje chamamos de domínio da bola.

Em 1926, aos 21 anos, Fausto dos Santos, alto e magro, aparecia jogando como titular da equipe do Bangu Atlético Clube, atuando de meia atacante e mostrando sinais evidentes de que se tratava de um verdadeiro craque. Era bonito vê-lo tocar na bola, dar a matada no peito, driblar, fazer ginga, no desarme e na preparação do gol. Todas essas qualidades encantaram a Henry Welfare, um inglês radicado no Brasil e técnico do Clube de Regatas Vasco da Gama.

Nos campeonatos cariocas de 1926 e 1927, Fausto dos Santos mostrava que era bom de bola, porém era mais conhecido pela sua vida boêmia.

Tinoco, um de seus muitos amigos de jornadas noturnas, jogava no Vasco da Gama e sempre insistia para Fausto dos Santos vestir a camisa do Vasco. Os principais argumentos eram que no Vasco ele ganharia fama e que Bangu era muito distante. 

Em 1928, Fausto dos Santos cedeu aos apelos dos companheiros e se transferiu para o Vasco. Era o destino natural. O Vasco era um clube que procurava ascender, ao mesmo tempo combatendo uma odiosa, porém disfarçada, discriminação racial. Construíra, em 1927, o maior estádio do Brasil, o fantástico São Januário. Contratara para treinador o britânico Harry Welfare. O Vasco crescia e Fausto dos Santos crescia também, à sua maneira.

Em 1929, a equipe do Vasco, formada por jogadores do naipe de Brilhante, ItáliaFausto dos Santos, Santana e Russinho, foi uma das melhores de sua história. Com apenas uma derrota, o esquadrão de São Januário terminou o campeonato empatado com o América, que, tendo conservado a base de 1928, foi um adversário difícil. Pela primeira vez o título de campeão carioca teria que ser decidido numa melhor de três.

A primeira partida, disputada nas Laranjeiras, foi equilibrada e terminou com um empate em branco. Mas o América levou azar, já que Osvaldinho chutou um pênalti na trave. No segundo jogo, ainda nas Laranjeiras, deu outro empate, 1x1, com gols de Russinho para o Vasco, e do inevitável Osvaldinho para o América. A finalíssima, ainda no campo do Fluminense, foi sensacional. Mexendo com os nervos da torcida, o jogo bateu todos os recordes de público da época, proporcionando a assombrosa renda de 130 contos de réis. Com 3 gols do centroavante Russinho, um de Mário Mattos e outro de Santana, o Vasco aplicou um memorável 5x0 no time rubro, sagrando-se campeão.

No seu ótimo livro "O Negro No Futebol Brasileiro", o jornalista Mário Filho revela o temperamento e a importância do Maravilha Negra em São Januário:

"Fausto falava pouco, ia guardando o que tinha de dizer, de repente explodia, lá vinha tudo. Vingava-se dando gritos no vestiário, dando pontapés no campo.
Pouco antes do time entrar em campo, Harry Welfare reunia os jogadores. Era o momento das instruções… Welfare nem se atrevia a dizer 'faça isso ou aquilo'. Se Fausto brigasse com ele, com quem quer que fosse no Vasco, o Vasco ficaria com Fausto. Quanto mais jogava, mais força tinha dentro do Vasco. Entreva em São Januário de chapéu no alto da cabeça, o paletó desabotoado, a camisa sem um botão, deixando aparecer um pedaço da barriga preta. E olhava para todo mundo de cara amarrada, para ver se alguém não gostava…
Fausto, se estava doente, nem se queixava, bom ou doente tinha de entrar em campo. Também o jogador que estivesse na frente tratasse de tirar o corpo fora. Fausto não conversava, metia logo o pé. Vinha uma bola alta, ele levantava a perna como uma bailarina, as travas da chuteira dele passavam raspando pela cara do jogador do outro time. A bola era de Fausto, não era de mais ninguém.
Pena que Fausto fosse assim, um revoltado. Se não seria o maior center-half brasileiro de todos os tempos.
Welfare não se lembrava de nenhum center-half que tomasse conta de um campo como Fausto. Fausto ficava no grande círculo, as bolas vinham direitinho para onde ele estava. Parecia que ele atraía a bola. Não precisava entrar de sola, tomar a bola à valentona, ameaçando todo mundo…"
("O Negro No Futebol Brasileiro", Mario Filho - trechos das páginas 171 e 173)


"O ano de 1930 vai encontrar Fausto dos Santos como um jogador muito popular, ídolo entre os vascaínos, adorado pelas mulheres que frequentavam os cabarés. Já havia sido selecionado para alguns jogos das Seleções Carioca e Brasileira.
Era ano de Copa do Mundo - a primeira - e os cartolas, para variar, não chegavam a um acordo, perdidos no bairrismo que opunha cariocas e paulistas. Resultado: saiu do Brasil uma Seleção formada por jogadores vinculados ao futebol do Rio de Janeiro, exceção de Araken Patusca, que pegou o navio em Santos, pois estava brigado com seu clube, o Santos."
(Revista Placar Especial Vasco -  Abril, 1979)

Fausto dos Santos seguiu com a delegação brasileira e, na capital uruguaia, atuou contra a Iugoslávia e a Bolívia. Suas duas notáveis exibições extasiaram a crônica esportiva e o público uruguaios. Os jornais estampavam manchetes, referindo-se a Fausto dos Santos como a "Maravilha Negra".

Na estréia na Copa do Uruguai, o Brasil perdeu para a Iugoslávia por 2x1 e venceu a Bolívia por 4x0. Porém, a vitória iugoslava diante dos bolivianos por 4x0 tirou o Brasil do mundial. Apesar da eliminação brasileira, o futebol de Fausto dos Santos estava consagrado.

A Copa transformou Fausto dos Santos numa espécie de deus para os vascaínos. A partir daí, era figura obrigatória nos noticiários dos jornais, nos bares da Lapa, nas rodas de boemia da cidade.

Em 05/09/1931, na véspera de uma partida contra o Uruguai, no campo do Fluminense, pela Copa Rio Branco, Fausto dos Santos recebeu do próprio médico da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) a notícia de que não jogaria. Uma forte gripe o deixara de cama por vários dias no dormitório de São Januário. Eram os primeiros sintomas da tuberculose. A vida boêmia deixava suas marcas.

"Sofria a discriminação, revoltava-se, explodia, dentro e fora de campo. Faltava a jogos - ou estava gripado ou expulso, punido pela Liga.
Em 1931, o Vasco foi o primeiro clube carioca a excursionar pela Europa. No primeiro jogo, o Vasco perdeu para o Barcelona por 3x2, mas Fausto dos Santos ganhou imensa popularidade. E o prestígio subiu, no dia seguinte, na revanche, quando o Vasco venceu por 2x1.
Pronto, Fausto dos Santos tinha conquistado a Espanha. La Maravilha Negra passava a ser também uma definição espanhola.
Da Espanha, o Vasco foi para Portugal. Oito jogos, seis vitórias, um empate e uma derrota."
(Revista Placar Especial Vasco - Abril, 1979)

O Vasco encantou plateias europeias, deu show de bola e voltou sem dois de seus principais jogadores: O goleiro Jaguaré e Fausto dos Santos. Eles não resistiram ao encanto das pesetas espanholas e assinaram contrato com o Barcelona.

Fausto dos Santos e Jaguaré foram alvos de críticas ofensivas por parte da imprensa. A resposta dos dois eram suas atuações que se transformavam em grandes vitórias para o Barcelona.

Pelo clube espanhol, o negro brasileiro foi a Paris e recebeu do jornal France Football este elogio:

"Ele faz com espantosa facilidade o que outros fariam com um esforço sobre-humano. Fausto, com seu futebol maravilhoso, veio ensinar à Europa como deve jogar um center-half."

Mas já era um homem doente. Seu estado se agravava a cada noitada, a cada esforço que fazia em campo. Com o Barcelona, foi campeão da Cataluña. Mas a derrota ante um clube húngaro apressou sua saída da Espanha. Foi para o Young Fellows, da Suíça. Ficou pouco, apenas dois meses. Em 1934, mais magro, sem vintém, estava de volta ao Vasco. Pagaram 7 contos por seu passe.

Apesar de tudo, Fausto dos Santos ainda era ídolo, e a torcida prestigiou o Vasco, que voltou a ser Campeão Carioca - pela Liga Carioca de Futebol -, com um super time: Rei, Domingos da Guia e Itália, Gringo, Fausto e Mola, Orlando, AlmirLeônidas da Silva, Nena e D’Alessandro.

Por ser profissional e, portanto, não filiado à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que na época defendia o amadorismo, Fausto dos Santos não pôde ir à Copa do Mundo na Itália, em 1934. Mas em 1935, com a mudança de mentalidade, ele estava de volta às seleções Carioca e Brasileira.

Ainda em 1935, o Nacional de Montividéu o contratou. No Uruguai não teve o mesmo brilho de antes, sendo expulso de campo em quase todos os jogos. Com a saúde bastante abalada o craque brasileiro não conseguia mais correr os dois tempos de uma partida e por isso voltou ao Brasil, em 1936, para jogar no Flamengo.

No Flamengo teve o azar de se deparar com o técnico húngaro Dori Kruschner, fã do sistema WM que consistia de 3 beques, 2 médios, 2 meias e 3 atacantes e um rígido treinamento físico, até então inédito no país. Fausto dos Santos já não tinha gás, por isso o técnico o escalou na zaga. Fausto dos Santos não gostou e pediu rescisão do contrato, que lhe foi negada no clube e na Justiça.

Em 1938, porém, vendo-se sem chance e humilhado, Fausto dos Santos se retratou em carta exaltando o trabalho de Dori Kruschner. O Maravilha Negra ainda voltou a jogar com o aparente talento de sempre e foi até cogitado para a Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo, disputada na França, em 1938. Mas a velha e cruel gripe, cheia de tosse, veio abatê-lo novamente.

Morte

Uma tarde, após jogar entre os aspirantes do Flamengo, sentiu-se mal e teve hemoptise. Quando quis retornar aos treinos, em 1939, os médicos o enviaram a um sanatório na cidade de Palmira, hoje Santos Dumont, no Estado de Minas Gerais, sem muita esperança de curá-lo da tuberculose.

Sob os cuidados da Irmã Catarina, abnegada freira que lhe incutiu a fé cristã através de doutrinação oral e de um livro emprestado, Fausto dos Santos que viera do Rio de Janeiro viveu seus últimos momentos.

Ao início da noite do dia 28/03/1939, depois de arder em uma febre de graus elevados, com a respiração sôfrega e os pulmões corroídos, Fausto dos Santos, aos 34 anos de idade deu seu último suspiro, vítima de tuberculose.

E por lá mesmo Fausto dos Santos foi enterrado sem grandes pompas em cova rasa, cravada por uma tosca cruz de madeira, sem nome nem data.

Fausto dos Santos morreu tendo conquistado 2 títulos cariocas para o Vasco, em 1929 e em 1934 e marcando seu nome como um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Morreu na miséria, um fim triste para um jogador que, menos de uma década antes, encantou o mundo.

Títulos
  • 1929 - Campeonato Carioca
  • 1931 - Copa Cataluña
  • 1932 - Copa Cataluña
  • 1934 - Campeonato Carioca

Itália e Fausto dos Santos
Premiações
  • 1931 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco.
  • 1933 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco.


Indicação: Miguel Sampaio

Vic Militello

VICÊNCIA MILITELLO MARTELLI
(73 anos)
Atriz

☼ São Paulo, SP (17/02/1943)
┼ São Paulo, SP (28/01/2017)

Vicência Militello Martelli, conhecida como Vic Militello, foi uma atriz brasileira nascida em São Paulo, SP, no dia 17/02/1943. Filha da atriz Dirce Militello e do ator Humberto Militello.

Filha de artistas circenses, aprendeu a atuar no picadeiro, com os pais, Dirce Militello e Humberto Militello, apresentando-se em viagens pelo interior do Brasil. Quando criança participou de várias peças de teatro infantil e shows de canto popular.

Durante a adolescência, se aproximou do teatro, destacando-se em "A Celestina" (1969) e em seguida foi convidada para participar da comédia "Deu a Louca no Cangaço" (1969), filme de Fauzi Mansur e Nelson Teixeira Mendes. Logo enveredou pelas pornochanchadas, sendo dirigida até por José Mojica Marin, o Zé do Caixão, no terror erótico "Como Consolar Viúvas" (1976).

Entre "O Poderoso Machão" (1974) e "Eu Faço… Elas Sentem" (1976), acabou encaixando um clássico do cinema brasileiro, "O Rei da Noite" (1975), de Hector Babenco, como uma das três irmãs apaixonadas pelo personagem-título, vivido por Paulo José.

A repercussão do filme de Hector Babenco lhe abriu as portas da TV Globo, onde foi logo escalada para viver seu papel mais famoso, como Joana D’Arc, a Daquinha, fazendo par romântico com Tony Ferreira na novela de época "Estúpido Cupido" (1976), sobre a juventude rebelde dos anos 1950.


Vic Militello ganhou os principais prêmios de interpretação e seus principais trabalhos no cinema foram em "Beijo 2348/72" (1990), "Bellini e a Esfinge" (2001) e "O Homem do Ano" (2003).

Na televisão participou de telenovelas como "Estúpido Cupido" (1976), "Vereda Tropical" (1984) e "Kubanacan" (2003), todas da TV Globo. Na TV Bandeirantes, participou de "Floribella" (2005). Atuou também em "Olho Por Olho" (1988), "Memorial de Maria Moura" (1994), "Uga Uga" (2000) e "Sítio do Pica-Pau Amarelo".

Vic Militello fez parte do Movimento Humanos Direitos, uma organização não-governamental formada sobretudo por artistas brasileiros. Seu propósito é a defesa de direitos humanos no Brasil, além de ser, em virtude da inversão da expressão "direitos humanos", uma conclamação para que os humanos sejam direitos, ou seja, decentes.

Nos palcos, fez fama com seu "Teatro de Terror" nos anos 1990, uma espécie de "Rock Horror Show" brasileiro.

Seu último trabalho foi na comédia "Amanhã Nunca Mais" (2011), de Tadeu Jungle. Como a sogra do protagonista, vivido por Lázaro Ramos, foi responsável pelas melhores tiradas da produção.

Morte

Vic Militello faleceu no sábado, 28/01/2017, aos 73 anos, devido a complicações de um câncer. Ela lutava contra um câncer desde 2013.

A morte de Vic Militello foi confirmada por sua neta Juliana Martelli Machado, no Facebook.

"Eh com muita tristeza que venho informar o falecimento da minha avó Vic Militello. Obrigada a quem rezou ou orou por ela. Agora ela descansou."
O velório da atriz aconteceu no Teatro de Arena de São Paulo, no sábado, 28/01/2017, às 20h30 e o sepultamento no domingo, 29/01/2017, no Cemitério do Araçá, em São Paulo.

Carreira

Televisão
  • 1967 - Sítio do Pica-Pau Amarelo
  • 1976 - Estúpido Cupido ... Joana d'Arc
  • 1980 - Um Homem Muito Especial ... Iolanda
  • 1980 - Drácula, Uma História de Amor ... Yolanda
  • 1980 - As Cinco Panelas de Ouro ... Dona Emília Mourão
  • 1984 - Vereda Tropical ... Teda Bara
  • 1988 - O Primo Basílio ... Carvoeira
  • 1988 - Olho Por Olho ... Otávia
  • 1994 - Memorial de Maria Moura ... Agatha
  • 1994 - Você Decide (1 Episódio)
  • 1995 - Tocaia Grande ... Dora Pão-de-Ló
  • 2000 - Uga Uga ... Dominatrix
  • 2003 - Kubanacan ... Vicky
  • 2005 - Floribella ... Helga Beethoven
  • 2005 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Mulher-barbada

Cinema
  • 1969 - Deu a Louca no Cangaço
  • 1974 - Onanias, o Poderoso Machão
  • 1975 - O Rei da Noite ... Maria das Graças
  • 1975 - Eu Faço... Elas Sentem
  • 1976 - Como Consolar Viúvas ... Marieta
  • 1976 - Pesadelo Sexual de Um Virgem
  • 1981 - As Prostitutas do Drº Alberto ... Marta
  • 1987 - Romance da Empregada ... Amiga de Fausta
  • 1990 - Beijo 2348/72 ... Madame
  • 1996 - Correspondência ... Dona Maria
  • 2001 - Bellini e a Esfinge
  • 2002 - Xuxa e os Duendes 2 - No Caminho das Fadas ... Bruxa Desdêmona
  • 2003 - O Homem do Ano ... Tia Laura
  • 2005 - Mais Uma Vez Amor ... Vizinha em São Paulo
  • 2010 - A Guerra dos Vizinhos ... Dona Lurdes
  • 2011 - Amanhã Nunca Mais ... Olga

Prêmios:
  • 1996 - Melhor Atriz em Curta-metragem por "Correspondência" (Festival de Brasília)

Tibério Gaspar

TIBÉRIO GASPAR RODRIGUES PEREIRA
(73 anos)
Cantor, Compositor, Produtor Musical e Violonista

☼ Rio de Janeiro, RJ (11/09/1943)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/02/2017)

Tibério Gaspar Rodrigues Pereira foi um violinista, produtor musical e compositor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 11/09/1943. Gaspar é autor de várias composições que foram sucessos na voz de Wilson Simonal, além de "Sá Marina", "BR-3" e "Teletema".

Iniciou sua carreira profissional em 1967, trabalhando em parceria com Antônio Adolfo. As primeiras composições da dupla foram "Caminhada", finalista do II Festival Internacional da Canção (FIC), "Tema Triste" e "Rosa Branca". Ainda nesse ano, teve registrado pela primeira vez seu trabalho de compositor, com a gravação da composição "Caminhada", por Agostinho dos Santos.

Em 1968 "Sá Marina" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo) foi gravada, com enorme sucesso, por Wilson Simonal. Também nesse ano, trabalhou na produção e direção musical do evento "Música Nossa" (Teatro Santa Rosa, RJ), ao lado de Roberto Menescal, Mário Telles, Ugo Marotta e Paulo Sérgio Valle.

Em 1969 participou do IV Festival Internacional da Canção (FIC) com "Juliana" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo), defendida pelo conjunto A Brazuca e classificada em 2º lugar no evento.

Em 1970 representou o Brasil na Olimpíada da Canção de Atenas, na Grécia, com "Teletema" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo), defendida por Evinha e classificada em 2º lugar. Nesse mesmo ano, venceu o V Festival Internacional da Canção (FIC) com "BR3" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo), defendida por Tony Tornado e Trio Ternura.

Participou, como compositor, de trilhas sonoras para o cinema, com destaque para os filmes "O Matador Profissional" (1969), "Balada dos Infiéis" (1970), "Ascenção e Queda De Um Paquera" (1970), "Memórias De Um Gigolô" (1970), "O Enterro Da Cafetina" (1971), "Romualdo e Juliana" (1971) e "Beth Balanço" (1984).


Ainda como compositor, teve músicas incluídas em trilhas sonoras de novelas da TV Globo, como "Véu De Noiva" (1969), "Verão Vermelho" (1969), "Assim Na Terra Como No Céu" (1970), "Irmãos Coragem" (1970) e "O Cafona" (1971).

Classificou composições em vários festivais, tais como II Canta Rio-Sul, Festival de Alegre, Festival de São Silvério, Festival de São Simão, Festival de Pinheiros, Festival de Boa Esperança, XV Festival Antense da Canção, Festival de Ilha Solteira, Festival de Piraí, Festival de Juiz de Fora, Festival de Diamantina, Festival de Itumbiara e Festival de Montanha, além dos já citados. 

Tibério Gaspar participou da produção de discos de artistas como Antonio Adolfo & A Brazuca, Ruy Maurity, Tony Tornado, Cristina ConradoEudes Fraga, entre tantos outros, além de ter assinado, para a Prefeitura de Sapucaia, a produção do CD do "XV Festival Antense da Canção".

Trabalhou também na área publicitária, tendo ocupado, em 1977 e 1978, o cargo de diretor geral da Aquarius Produções, responsável pela produção de inúmeras peças publicitárias para todo o Brasil. Compôs jingles para clientes como Leite Gogó, Sérgio Dourado, Caixa Econômica Federal, Adidas, Caderneta de Poupança Letra, Caderneta de Poupança Delfim, Carrocerias Randon, Sudantex, Lanjal, Coca-Cola, dentre outros.

Criou e produziu, em 1986, o jingle institucional de fim de ano da Rede Manchete de Televisão.

Como produtor de televisão, atuou, com Lúcio Alves no III Festival Universitário (TV Tupi) e no programa "Som Livre Exportação" da TV Globo, no qual participou também como apresentador, ao lado de Elis Regina, Rita Lee, Suzana de Moraes e Ivan Lins.

Antonio Adolfo e Tibério Gaspar
Trabalhou na produção e direção de shows de artistas como Ruy Maurity e Belchior (Teatro Carioca), Antonio Adolfo & A Brazuca (Teatro Casa Grande), Johnny Alf (Teatro de Bolso), Tony Tornado (Teatro Copacabana Palace), Maria Alcina (Teatro Copacabana Palace), Nonato Buzar (Hotel Intercontinental), Leonardo Ribeiro (Vinicius Piano Bar), Cristina Conrado (People e Mistura Fina), além de ter dirigido a cantora Elza Soares no show "Passaporte" (Teatro Rival).

Como intérprete de suas composições, lançou, em 2002, o CD "Tibério Canta Gaspar".

Em 2004 o parceiro Sidney Mattos interpretou as faixas "Ia-Kekerê" e "Nossos Meninos", parceria de ambos, no CD "Boas Novas", de Sidney Mattos.

Em 2005 representou o Brasil no Festival Internacional de Viña del Mar com a composição "Matilde" (Tibério Gaspar e Guto Araújo), interpretada pela cantora Cristina Conrado.

No ano de 2015 lançou o CD "Caminhada", no qual interpretou as faixas "A Voz Da América" (Tibério Gaspar e Nonato Buzar), "Caminhada" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo), "Companheiro" (Tibério Gaspar e Naire Siqueira), "Coração Maluco", "Dança Mineira" (Tibério Gaspar e Aécio Flávio), "Dono Do Mundo" (Tibério Gaspar e Antônio Adolfo), "Luz Na Escuridão", "O Melhor Amigo", "Será Que Eu Pus Um Grilo Na Sua Cabeça?" (Tibério Gaspar e Guilherme Lamounier), "Sideral" (Tibério Gaspar, Durval Ferreira e Valdir Granthon), "Vê Ser Vê" (Tibério Gaspar e Rubão Sabino) e "Vitória Do Bem" (Tibério Gaspar).

Entre seus intérpretes constam Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Leoni, Cristina Conrado, Elis Regina, Luiz Melodia, Denise Pinaud, Antonio Adolfo & A Brazuca, Agostinho dos Santos, Andréa Montezuma, Pery Ribeiro, Golden Boys, Paula Toller, Tim Maia, Marinês, Maysa, Emílio Santiago, Wanderléa, Tony Tornado, Regininha, Evinha, Claudette Soares, Dóris Monteiro, Luiz Cláudio, Luiz Camilo, Taiguara, Zizi Possi, Dalto, Leonardo Ribeiro, Toots Thieleman, Antoine, Herb Albert & Tijuana Brass, Sérgio Mendes & Brasil 77, Earl Klug, Joe CockerStevie Wonder, Márcio Lott, entre tantos outros.

Morte

No dia 29/01/2017, o músico passou mal no Teatro Glaucio Gill, na passagem de som para um show em homenagem a Tom Jobim, e foi levado para o Hospital Miguel Couto. No período em que ficou internado, sua saúde piorou com uma infecção e ele veio a falecer vítima de septicemia às 12h00 de quarta-feira, 15/02/2017, aos 73 anos, no Rio de Janeiro, RJ.

O velório de Tibério Gaspar aconteceu na quinta-feira, na capela 9 do Cemitério São João Batista. O sepultamento foi às 17h00.

Pelo Facebook, Antônio Adolfo lamentou a morte do artista:

"Profundamente triste com o falecimento de meu querido amigo e parceiro. Vamos ficar com a lembrança de Tibério, amigo de todas as horas, grande poeta, compositor, e tantas outras qualidades: justiça, raça, fibra, carisma, dedicação ao próximo etc. Gostaria de ter sua poesia para poder escrever coisas mais bonitas e profundas, como as que você sempre escreveu e mereceu!"

Discografia
  • 2015 - Caminhada (Selo Kriok Produções, CD)
  • 2002 - Tibério Canta Gaspar (Independente, CD)