Ranieri Mazzilli

PASCOAL RANIERI MAZZILLI
(64 anos)
Advogado, Jornalista, Político e Presidente Interino do Brasil

* Caconde, SP (27/04/1910)
+ São Paulo, SP (21/04/1975)

Pascoal Ranieri Mazzilli foi um advogado, jornalista e político brasileiro, tendo sido presidente do Brasil em dois momentos durante o 17° período do Governo Republicano.

O primeiro, após a renúncia do titular Jânio Quadros, e durante a ausência do vice-presidente João Goulart, que estava em visita oficial à República Popular da China. Neste período, Ranieri Mazzilli governou o país durante catorze dias, de 25 de agosto a 8 de setembro de 1961. Ranieri Mazzilli governou o Brasil, pela segunda vez, de 2 de abril de 1964 até 15 de abril de 1964.

Filho de Domenico Mazzilli e Angela Liuzzi, imigrantes italianos, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1930, mas não terminou os estudos jurídicos nessa faculdade. Trabalhou brevemente como coletor de impostos em Taubaté. A partir de 1932 passou a trabalhar como jornalista especializado em temas fiscais. Em 1936 decidiu continuar os estudos de direito, vindo a se formar em 1940 na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense.

No Distrito Federal, à época na cidade do Rio de Janeiro, teve vários empregos no setor público. Foi diretor do Tesouro Público Nacional (1942), secretário-geral de Finanças da Prefeitura do Distrito Federal (1946) e diretor da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro (1948). Foi também chefe de gabinete do ministro da Fazenda Guilherme da Silveira, entre 1949 e 1951.

Na década de 1950 entrou para a política, elegendo-se deputado federal por São Paulo, filiado ao Partido Social Democrático (PSD). Foi reeleito em 1954 e 1958. Em 1959 candidatou-se à presidência da Câmara dos Deputados, cargo no qual permaneceu até 1965, reelegendo-se cinco vezes seguidas.


Presidência Interina

Primeiro Período

Na qualidade de presidente da Câmara dos Deputados, conforme previa a Constituição vigente, assumiu a presidência da República algumas vezes, dentre elas duas especialmente marcantes. Em 25 de agosto de 1961, em virtude da renúncia de Jânio Quadros e da ausência do vice-presidente João Goulart, que se encontrava em missão na China.

Nesta ocasião os ministros militares do governo Jânio Quadros, general Odílio Denys, do Exército, brigadeiro Gabriel Grün Moss, da Aeronáutica, e almirante Sílvio Heck, da Marinha, formaram uma junta militar informal que tentou impedir, sem sucesso, a posse de João Goulart, abrindo-se uma grave crise político-militar no país. A solução para o impasse foi a aprovação pelo Congresso, em 2 de setembro, de uma emenda à Carta de 1946, instaurando o sistema parlamentarista de governo. João Goulart assumiu, então, a presidência em 7 de setembro de 1961.

Segundo Período

Em 2 de abril de 1964, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu mais uma vez a presidência da República, por ocasião do golpe político-militar que depôs o presidente João Goulart. Em menos de três anos, era a sexta vez que assumia o cargo interinamente. Apesar disso, o poder de fato passou a ser exercido por uma junta, auto-denominada Comando Supremo da Revolução, composta pelo general Artur da Costa e Silva, almirante Augusto Rademaker Grünewald e o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo.

O regime instaurado com o golpe de 1964 apresentava-se como uma intervenção militar de caráter provisório, que pretendia reinstaurar a ordem social e retomar o crescimento econômico, contendo o avanço do comunismo e da corrupção. No dia 15 de abril, entregou o cargo ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

Os dois períodos em que Ranieri Mazzilli foi presidente se caracterizaram por sua pouca influência nas decisões políticas. Assim, o Ato Institucional, depois conhecido como número 1, foi baixado no seu segundo período, com a assinatura dos ministros militares, que se auto-denominavam Comando Supremo da Revolução e detinham o poder de fato, cabendo a Ranieri Mazzilli um cargo apenas formal.

Com saúde frágil, anoréxico, com problemas renais e com sequelas de uma bronquite mal curada, era jocosamente apelidado de "Modess": descartável, estava sempre na hora e lugar certo para evitar derramamento de sangue.

Apesar de ter facilitado a fundamentação política e constitucional do golpe de 1964, em 1966 o regime militar patrocinou sua derrota na candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, em favor de Bilac Pinto, União Democrática Nacional (UDN), depois nomeado pela ditadura ministro do Supremo Tribunal Federal, deixando assim um cargo que exercia havia sete anos. Foi também presidente da União Interparlamentar Mundial.

Ranieri Mazzilli morreu esquecido do meio político, em 21 de abril de 1975.

Fonte: Wikipédia

Sabotage

MAURO MATEUS DOS SANTOS
(29 anos)
Cantor, Compositor e Ator

☼ São Paulo, SP (13/04/1973)
┼ São Paulo, SP (24/01/2003)

Mais conhecido pelo seu nome artístico Sabotage, foi um rapper, compositor e ator brasileiro. Mauro Mateus dos Santos era pai de 3 filhos e nasceu na Zona Sul de São Paulo.

Mauro encontrou a saída no rap, depois de ter sido gerente de tráfico. Entrou na música pois este era seu único e verdadeiro talento. Considerado uma lenda na Zona Sul, Mauro inspirou vários rappers como Rhossi, Pavilhão 9, além de ter ensinando o titã Paulo Miklos como ser um digno malandro no filme "O Invasor" de Beto Brent, com quem escreveu até uma música.

Sabotage fez um disco solo, o "Rap é Compromisso!", e participou de vários CDs como de RZO, SP Funk e outros. Também participou de dois filmes, o já citado "O Invasor" e o premiado "Carandiru", além de ter recebido vários prêmios como Personalidade e Revelação no Hútus, o grande festival de premiação de rap no Brasil.

Sabotage era o próprio compositor e cantor de suas músicas. Em toda sua carreira, compôs dezenas e algumas delas se tornou uma espécie de hino nos guetos do país, fazendo com que vários outros artistas usassem-nas como samples, colagens e scratches de seus trabalhos. Expressões como "Respeito é Pra Quem Tem" e "Rap é Compromisso, Não é Viagem", constantes de suas letras, viraram jargões adotados por todo Brasil.

Vida Social

Durante a adolescência, Mauro foi interno da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM) e traficante na Zona Sul de São Paulo. Com a convivência junto ao crime na favela do Canão, ele acabou sendo indiciado em 1995 duas vezes, uma por porte ilegal de arma, outra por tráfico de drogas.

No final de 1998, mudou-se para o complexo Vila da Paz, onde segundo a polícia montou um ponto de tráfico de drogas com o colega Durval Xavier dos Santos, o Binho. O problema era que já existia nas proximidades do local outro ponto de tráfico, desencadeando uma guerra entre as facções, acirrada após os dois assassinarem Euclides Menzes Pessoa, chefe da facção rival, em 1999.

Após a morte de Euclides Menzes Pessoa, Sirlei Menezes da Silva assumiu o grupo e indicou Nivaldo Pereira da Silva, conhecido como Caçapa, como segundo na hierarquia da quadrilha. No ano seguinte, Mauro se mudou para a favela do Boqueirão com o intuito de fugir da guerra. Binho continuou, tendo sido preso em 2002, mas em 14/10/2002 ano foi morto no Cadeião de Pinheiros 3 em um acerto de contas. E como suposta vingança a isto, Mauro teria executado Denivaldo Alves da Silva, conhecido como Vadão, que era segurança de Sirlei Menezes da Silva, em 09/01/2003. Em outra represália, 15 dias após, Sirlei Menezes da Silva, acompanhado de Bocão e o irmão de Vadão, assassinaram Mauro. Um mês depois, Bocão foi morto.

Carreira Musical

Quando era pequeno se via naquela música "O Meu Guri", de Chico Buarque e se imaginava cantando.

Em 1985, ele escreveu uma música e ensaiou, mas só pra ele mesmo. E usava o solo de uma música do Léo Jaime, pra cantar a sua rima em cima. Ouvia Malcolm McLaren, Afrika Bambaataa e Barry White. Dentre todos esses artistas ele se identificou muito com Barry White, porque, como ele, Mauro também perdeu seu irmão para o crime. Desde pequeno tinha mania de andar com um caderninho pra escrever música. As pessoas diziam:

"Meu, você é louco! Vai puxar uma carroça, pegar um papelão, jornal, levar um dinheiro pra casa!"

E depois de ter sido reconhecido com rapper, elas se desculpavam: "Meu, eu não devia ter te falado aquilo!"

Sabotage sempre fez rimas, mas ele nunca se revelava musicalmente pra ninguém. Aí em 1988, 1989, começou a se inscrever em concursos de rap. Num deles, no salão Zimbabwe, conheceu Mano Brown e o Ice Blue, ambos do Racionais MC's, que ficaram principalmente impressionados com performance dele.

Nesses concursos você não podia ser muito contundente nas letras, mas na sua apresentação, Sabotage cantava uma música totalmente fora dos padrões do concurso, chamada "Na City". E a galera não acreditava que aquele moleque tinha feito a música.

E foi com o grupo Rapaziada Zona Oeste (RZO), que, aliás, é conhecido por revelar talentos para o público fora do rap, Negra Li, por exemplo, que Sabotage viu seu trabalho repercutir no rap nacional, especialmente após a gravação de várias músicas e vídeo clipes, bem como a apresentação destes em shows.

Na sequência, Sabotage gravou seu primeiro e único disco solo, intitulado "Rap é Compromisso", gravado pelo selo Cosa Nostra, o mesmo que lançou o disco "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MC's.

O lançamento do seu primeiro álbum e as participações em shows, sobretudo nos do RZO, renderam ao rapper o convite para atuar em filmes do cinema nacional e, com isso, ter seu trabalho apreciado e reconhecido por um público ainda maior. Ao todo, foram dois os filmes em que Sabotage fez atuações: "O Invasor" (2002), de Beto Brant, e "Carandiru" (2003), de Hector Babenco.

No filme "O Invasor"Sabotage fez parte da equipe do filme desempenhando três funções distintas. Participou da trilha sonora com cinco músicas, sendo três inéditas, serviu de consultor de "cultura da periferia" para moldar o personagem Anísio, interpretado pelo titã Paulo Miklos, e ainda por cima atuou no filme, interpretando ele mesmo, em uma cômica cena em que o personagem Anísio o apresenta para seus clientes "pedindo" um dinheiro para ele gravar seu CD.

Já no filme "Carandiru", ele encarnou o personagem Fuinha e gravou uma das músicas da trilha sonora. Fez várias participações como na música "Dorobo" do BNegão, "Nem Tudo Está Perdido" do Posse Mente Zulu; com Rappin' Hood; "Black Steel In The Hour Of Chaos" com a banda Sepultura; com Helião, Sandrão, Negra Li, Negro Útil, KL Jay em "Piri-Pac"; com Jacksom, Trilha Sonora do Gueto e Z'África Brasil em "Giria Criminal"; e com Charlie Brown Jr. em "A Banca", "Marginal Alado" e "Cantando Pro Santo".

Carreira no Cinema

O músico fez sua estréia cinematográfica em "O Invasor", do diretor Beto Brant. "Ele viu um vídeo em que eu cantava com o grupo RZO. E ele pensou: esse cara é louco!". Mas a insanidade pareceu lógica para o diretor de "Ação Entre Amigos" e "Os Matadores", que convocou Sabotage para uma entrevista.

Durante a conversa, Beto Brant apresentou o músico a Paulo Miklos, cantor do Titãs que encarnou Anísio, o protagonista de "O Invasor". "Eu não conseguia parar de rir da cara dele!", diz Sabotage.

Apesar da descontração, o rapper fez questão de palpitar no roteiro da produção, apontando erros em relação à vida na periferia. Acabou consultor técnico e "treinador" de Paulo Miklos na área de fala e gírias. O roteiro da fita foi escrito por Beto Brant e Renato Ciasca em parceria com o autor do livro "O Invasor", Marçal Aquino.

Para SabotageMarçal Aquino reflete com perfeição o dia-a-dia da periferia. "Ele não esconde nada, eu acho isso muito bom. Eu li aquele livro dele, o Faroestes e é veridicção. Aquela placa com os tiros na capa...", contou, lembrando que o escritor é também uma inspiração. "Eu quero chegar à idade dele do jeito que ele é. Eu chamo ele de garotão. Ele é ligado, comenta as coisas que viu. Por isso faz os livros daquele jeito."

O cantor, agora convertido a ator, passou a integrar o meio do cinema. Durante as filmagens de "O Invasor"Beto Brant teve a prova da influência que o rapper tem na periferia.

"O Beto me falou: 'Sabota, aqui no mesmo lugar onde nós fizemos este filme, já me levaram todo o equipamento antes'. Porque é assim: a periferia sabe quem está explorando ela."

Hector Babenco, diretor de "Carandiru", baseado no livro de Dráuzio Varella, "Estação Carandiru", veio a conhecer Sabotage durante as filmagens de "O Invasor", o diretor comentou com Beto Brant sobre um preso, condenado a 29 anos de cadeia, o Velho Monarca. Com a descrição, descobriram que ele era tio de Sabotage. "A mesma idade que eu tenho aqui (29 anos), ele vai passar lá (na cadeia)", lembrou o rapper.

Contato estabelecido, ficou determinado que o artista interpretaria o personagem Fuinha, além de cuidar de músicas para a trilha sonora do filme e do making of. E a parceria com Hector Babenco foi além, gerando, inclusive, uma música.

"Imagina ele falando pra mim 'águas turvas', com aquele espanhol! Pra pôr isso numa rima foi foda, mas ficou muito classe!"

Em "Carandiru", Sabotage também voltou a atuar como consultor técnico. Foi ele quem conseguiu os figurantes para as cenas que exigiam um número grande de pessoas.

Morte

Era manhã do dia 24/01/2003, na altura do número 1800 da Avenida Abrão de Morais, no bairro Saúde, perto de sua casa, Zona Sul de São Paulo, quando Sabotage, levou sua mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, ao ponto de ônibus. Na despedida, Sabotage disse à esposa que iria para o Fórum Social Mundial de 2003, em Porto Alegre.

Após entrar no carro, segundo testemunhas, foi abordado por um traficante que disparou quatro vezes. Sabotage foi atingido com dois tiros na coluna vertebral, enquanto outros dois atingiram sua mandíbula e sua cabeça. O rapper foi encontrado ao lado de seu carro, às 5h50. Além das balas disparadas, foi encontrado, ao seu lado, uma máscara preta.

Sabotage chegou a ser reanimado por meia hora no Hospital São Paulo, mas devido ao estado considerado gravíssimo, não resistiu. Especulações sobre o assassinato apontam várias causas. Entre elas, o envolvimento do rapper com o mundo do crime como uma possível razão para o ocorrido. Seus amigos e familiares, no entanto, não concordam com essa hipótese, visto que Sabotage desistiu da bandidagem 10 anos antes de sua morte.

"Sabota", como também era chamado, nunca escondeu de ninguém seu envolvimento com os atos ilícitos no passado de sua vida. Em depoimentos à revista da MTV de agosto de 2002, o rapper alegou:

"Moro na favela desde os 29 anos e, dos 8 aos 19, andei no crime que nem louco. Saí por causa de Deus por que polícia não intimidava, tapa na orelha só deixa a criança mais nervosa."

Assim como o DJ Jam Master Jay, do grupo americano Run DMC, Sabotage estava em uma fase tranquila de sua vida e não possuía inimigos quando de repente foi morto num crime aparentemente sem mais nem menos. Se faz necessária também a comparação com a morte de Chico Science, visto que ambos faleceram numa fase brilhante de suas carreiras, fase esta acontecida logo depois de serem descobertos pela mídia e pelo público embora ainda pequeno, deixando poucos discos lançados e partindo numa época de grande expectativa com relação a seus trabalhos e projetos futuros.

Julgamento

O julgamento do assassino de Sabotage estava previsto para iniciar em 28/04/2010, aproximadamente 7 anos e 3 meses após o acontecimento. No entanto, ele acabou sendo adiado para 12/07/2010 pela ausência de uma testemunha imprescindível pela acusação, segundo a juíza Fabíola Oliveira Silva. O processo foi reiniciado na data prevista, então contando com todos os integrantes necessários.

O julgamento durou dois dias, com Sirlei Menezes da Silva defendendo as acusações negando a morte de Sabotage, alegando torturas e colocando a culpa no Primeiro Comando da Capital (PCC).

A defesa questionou as provas e a conduta da polícia, obtendo como réplica a acusação de que Sirlei Menezes da Silva fez uma festa para comemorar o assassinato do "inimigo".

Aproximadamente às 17h30 de 13/07/2010, o júri se reuniu para decidir se condenava ou absolvia o réu. Às 18h00 o resultado se tornou público: Sirlei Menezes da Silva foi condenado a 14 anos de prisão.

Discografia

  • 2000 - Rap é Compromisso!

Coletâneas

  • 2002 - Uma Luz que Nunca Irá Se Apagar
  • 2008 - Rap é o Hino Que Me Mantem Vivo

Filmes

  • 2002 - O Invasor ... Sabotage
  • 2003 -  Carandiru ... Fuinha

Prêmios

  • 2002 - Prêmio Hutúz Revelação
  • 2002 - Prêmio Hutúz Personalidade do Ano
  • 2009 - Prêmio Hutúz Maiores Revelações da Década
  • 2009 - Prêmio Hutúz Maiores Artistas Solo da Década

Fonte: Wikipédia