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Maria Bonita

MARIA GOMES DE OLIVEIRA
(27 anos)
Cangaceira

☼ Glória, BA (08/03/1911)
┼ Poço Redondo, SE (28/07/1938)

Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.

Maria Bonita, nasceu em 08/03/1911 no Sítio da Malhada da Caiçara, povoado da então cidade de Santo Antonio da Glória, BA. Depois da emancipação, o endereço da rainha do cangaço passou integrar a cidade de Paulo Afonso, BA.

Filha de pais humildes, José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira, Maria Bonita casou-se muito jovem.  Aos 15 anos, Maria se casava com o sapateiro José Miguel da Silva, apelidado Zé do Neném. O casal permaneceria junto durante cinco anos, mas, como José era estéril, eles não tiveram filhos. As brigas entre os dois eram muito freqüentes e, a cada desavença, Maria costumava se mudar para a casa dos pais, que ficava próxima à Cachoeira de Paulo Afonso. 

Maria Bonita antes de ingressar no cangaço
E foi, justamente, numa dessas "fugas domésticas" que ela encontrou Virgulino Ferreira, o Lampião, em 1929. Por aquela fazenda passou Virgulino Ferreira da Silva, o famoso e temido Lampião. Uns dizem que, sem nunca tê-lo visto, Maria já nutria um grande amor platônico pelo cangaceiro. Outros afirmam que a mãe dela segredara, ao próprio Lampião, a existência daquela paixão. E, há quem jure, que foi Luís Pedro, um dos integrantes do bando, quem insistiu para Lampião conhecê-la.

Independentemente de como tenha sido, o fato é que a atração entre eles foi imediata e recíproca: o cangaceiro caiu de amores por Maria e vice-versa. Impressionado por sua beleza, passou a chamá-la de Maria Bonita. E, ao invés de ficar três dias na fazenda, como era de praxe, permaneceu dez, vivenciando com a esposa de Zé do Neném um tórrido romance. 

Ao fim dos dez dias, sem medir riscos e dificuldades, Maria Bonita colocou suas roupas em dois bornais, despediu-se do marido para sempre, abraçou os familiares, e partiu com Lampião rumo à caatinga. Foi a primeira mulher a se inserir oficialmente no bando, abrindo um precedente até então inabalável. Os demais cangaceiros respeitavam-na muito, referindo-se a ela como Dona Maria, Maria de Lampião ou Maria do Capitão. Era o ano 1931 e Maria Bonita tinha 20 anos. 

 A partir daí, outras mulheres também entraram para o cangaço. Seria uma verdadeira revolução feminista, uma vez que se emanciparam e impuseram respeito. Muito embora não participassem dos combates, de forma direta, elas eram preciosas colaboradoras, tomando parte das brigadas e empreitadas mais perigosas, cuidando dos feridos, cozinhando, lavando, e, principalmente, dando amor aos companheiros. Fosse representando um porto seguro, ou funcionando como um ponto de apoio importante, para se implorar algum tipo de clemência junto aos cangaceiros, as representantes do sexo feminino contribuíam para acalmar e humanizar os homens, limitando-lhes os excessos de desmandos. Muitas portavam armas de cano curto e, em caso de defesa pessoal, estavam sempre prontas para atirar. Excetuando-se Lampião e Maria Bonita, os casais mais famosos do cangaço foram: Corisco e Dadá, Galo e Inacinha, Moita Brava e Sebastiana, José Sereno e Cila, Labareda e Maria, José Baiano e Lídia, e Luís Pedro e Neném


Cabe ressaltar que, apesar de receberem a proteção paternalista dos cangaceiros, a vida das mulheres era bastante difícil. Levar a termo as gestações no desconforto da caatinga, por exemplo, significava sofrimento e, muitas vezes, logo após o parto, elas eram obrigadas a fazer longas caminhadas, fugindo das volantes. Caso não possuíssem uma resistência física incomum, não conseguiam sobreviver àquele cotidiano inóspito. 

Após ter ido viver com Lampião, Maria Bonita engravidou, mas, com pouco tempo, perdeu espontaneamente o feto. E este não seria o único aborto que teve na vida. Em 1932, contudo, ela conseguiu levar a termo a gestação, dando à luz à sombra de um umbuzeiro, no meio da caatinga, em Porto de Folha, no Estado de Sergipe. Lampião foi seu parteiro. A criança, uma menina que chamaram de Expedita Ferreira Nunes

A despeito de ser um bandido temido por muitos, Lampião era um homem extremamente jeitoso, dotado de grande capacidade de improvisação: confeccionava suas roupas, fazia os curativos, encanava pernas e braços quebrados, realizava os partos das companheiras dos cangaceiros, entre outros. Superdotado de inteligência, ele era, ao mesmo tempo, guerrilheiro, médico, farmacêutico, dentista, vaqueiro, poeta, estrategista e artesão.

Expedita Ferreira Nunes
No tocante à  Expedita Ferreira Nunes, vale salientar dois pontos importantes:
  • Não era permitida a presença de crianças no bando. Logo que nasciam, os bebês eram entregues aos parentes não engajados no cangaço, ou deixados com familiares de padres, coronéis, juízes, militares, ou fazendeiros.
  • A vida dos cangaceiros era instável, com intensas perseguições, tiroteios e confrontos. Por esses motivos, Lampião e Maria Bonita não podiam criar Expedita.
E os fatos, a partir daí, se tornaram, também, uma questão polêmica. Uns disseram que  Expedita foi entregue a tio João, irmão de Lampião, que nunca fez parte do cangaço, e outros, testemunharam que ela foi deixada com o vaqueiro Manuel Severo, na Fazenda Jaçoba. Seja lá como tenha sido, Maria Bonita não pôde criar a própria filha pois a sua vida já estava intimamente ligada à própria linha do cangaço.  

 Em uma luta contra a volante pernambucana, na vila de Serrinha, próximo ao município de Garanhuns, PE, a mulher de Lampião foi baleada. Como estava perdendo muito sangue, o Capitão Virgulino deu ordem para que a luta fosse encerrada imediatamente, pegou a sua amada nos braços e seguiu rumo ao município de Buíque, onde ela tratou os ferimentos na vila de Guaribas.


No dia 27/07/1938, conforme o costume de anos a fio, o bando acampou na Fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. Na madrugada do dia 28, porém, a volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Quando alguém deu o alarme, já era tarde demais.

Quando os policiais abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa. O ataque durou uns vinte minutos, e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Lampião foi ferido gravemente e, logo em seguida, o mesmo ocorreu com Maria Bonita.

Ainda assim, ela rastejou até o companheiro, que ainda respirava, e pediu para ele ser poupado. Mas, suas preces foram inúteis. Arrastada pelos cabelos por um dos soldados, José Panta de Godoy, a cangaceira foi degolada viva. Sua cabeça ficou pendurada no pescoço. O próprio Godoy contou, no local da chacina, como procedeu para separar a cabeça de Maria Bonita:

"Depois de cortar a cabeça, que até tive que bater no osso, saiu muito sangue, e eu enfiei o dedo dentro do tutano que tinha e barriei tudo, que era de um branco danado".

Feito isso, o corpo foi colocado em posições grotescas, para risos da volante. Das 34 pessoas presentes no bando, 11 foram mortas em Angico. Bastante eufóricos com a vitória, os soldados ainda saquearam e mutilaram os mortos, roubando-lhes todo o dinheiro, ouro, e jóias. Com Maria Bonita morreu, também, a mulher mais famosa da história do cangaço.

Maria Bonita
Os soldados colocaram as cabeças cortadas, como troféus de vitória, em latas de querosene contendo aguardente e cal. E, para alimentar os urubus, deixaram os corpos mutilados e ensangüentados a céu aberto. Mesmo em adiantado estado de decomposição, as cabeças percorreram uma parte do Nordeste brasileiro, sendo exibidas à população. Elas atraiam multidões, onde quer que fossem expostas.

No Instituto de Medicina Legal de Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas e examinadas, pois havia a hipótese de que, um indivíduo normal, não se tornava bandido. Em outras palavras, era preciso haver características sui generis, um tipo de tara sertaneja, para que alguém se transformasse em cangaceiro.

Depois de muitos estudos, no entanto, contrariando aquela tese, os pesquisadores concluíram que as cabeças não apresentavam qualquer sinal de degenerescência física, tampouco anomalias ou displasias, e classificaram-nas, simplesmente, como dolicocéfalas. Feito isto, os restos mortais seguiram para o sul do país e, de lá, para Salvador, onde permaneceram seis anos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Lá, os pesquisadores, não conformados com o laudo anterior, tornaram a medir, pesar, estudar as cabeças. Isto representou, apenas, mais uma das tentativas inúteis para se descobrir uma patologia preexistente. Depois dessa romaria, aqueles trunfos de guerra ficaram expostos, por mais de 30 anos, no Museu Nina Rodrigues, em Salvador.

Benjamin Abrahão ao lado de Lampião, Maria Bonita e o restante do bando.
As famílias dos cangaceiros lutaram junto à Justiça, durante muito tempo, visando proporcionar um enterro digno aos seus parentes. Isto só veio a ocorrer, porém, depois do Projeto de Lei nº 2.867, de 24 de maio de 1965, que teve sua origem nos meios universitários de Brasília, em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga, e que foi reforçado pelas pressões da população. Neste sentido, após longos anos de exposições, de estudos e protestos, no dia 6 de fevereiro de 1969, as cabeças de Maria Bonita e Lampião foram sepultadas no Cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador.

Em se tratando da memória do cangaço, do banditismo, da cultura violenta, indiferença e insensibilidade perante o sangue e a morte, entre outros temas, Maria Bonita tem sido pesquisada por acadêmicos, e destacada através da literatura, do cinema, da fotografia, das artes. Os trovadores e poetas populares nordestinos, ao longo dos anos, compuseram muitos versos, inclusive cantados, utilizando o seu nome. Um deles foi o seguinte:

Acorda, acorda Maria Bonita,
Acorda, vem fazer o café,
Que o dia já vem raiando,
E a polícia já está de pé.

Maria Bonita e Lampião possuem familiares em Aracaju, SE. Expedita Ferreira Nunes, a única filha do casal, casou-se com Manuel Messias Neto, dando quatro netos, Djair, Gleuse, Isa e Cristina, à mítica "Rainha do Cangaço".

Lampião

VIRGULINO FERREIRA DA SILVA
(40 anos)
Cangaceiro

☼ Serra Talhada, PE (04/06/1898)
┼ Poço Redondo, SE (28/07/1938)

Virgulino Ferreira da Silva nasceu das contradições e conflitos da terra, da violência do campo imposta pelos coronéis latifundiários, políticos corruptos e do clero aliado da aristocracia sertaneja e da burguesia litorânea. Eternizou-se como mito da cultura popular. Virou lenda no Brasil de Sul a Norte, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Influenciou a música popular nordestina. Apimentou os acordes de Luiz Gonzaga e de centenas de sanfoneiros, violeiros, repentistas e cordelistas. Seu sangue corre nas veias do xaxado (dança dos gangaceiros), no xote, no baião e no forró.

Existe uma grande controvérsia sobre a data de nascimento de Lampião. As mais citadas são:
  • 7 de julho de 1897: Data do Registro Civil.
  • 4 de junho de 1898: É a data citada em sua Certidão de Batismo, uma das mais citadas na literatura de cordel. A data de seu batismo é geralmente aceita por muitos devido ao costume das regiões do semiárido de se batizar as crianças primeiro e apenas registrá-las tempos depois, devido a um misto de religiosidade e desconfiança em relação ao poder civil constituído e a um "enquadramento administrativo" por parte deste. Através de inúmeras análises, constatou-se ser esta a verdadeira.
  • 12 de fevereiro de 1900: Data dada segundo Antônio Américo de Medeiros pelo próprio Lampião em entrevista ao escritor cearense Leonardo Mota, em 1926, no Juazeiro do Norte.

A questão de sua data de nascimento torna-se ainda mais relevante no contexto em que se instituem datas comemorativas em seu nome, como o Dia do Xaxado, projeto da Câmara Municipal de Serra Talhada que escolheu a data de 7 de julho, o que correspondente ao seu registro civil.

Lampião seguido por Maria Bonita e Dadá
A Vida de Lampião

Nascido na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semiárido do estado de Pernambuco, foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes de Oliveira. O seu nascimento só foi registrado no dia 7 de agosto de 1900. Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava.

Virgulino desde criança demonstrou-se excelente vaqueiro. Cuidava do gado, trabalhava com artesanato de couro e conduzia tropas de burros para comercializar na região da caatinga, lugar muito quente, com poucas chuvas e vegetação rala e espinhosa, no alto sertão de Pernambuco.

Em 1915, acusou um empregado do vizinho José Saturnino de roubar bodes de sua propriedade. Começou, então, uma rivalidade entre as duas famílias. Quatro anos depois, Virgulino e dois irmãos se tornaram bandidos. Matavam o gado do vizinho e assaltavam. Os irmãos Ferreira passaram a ser perseguidos pela polícia e fugiram da fazenda. A mãe de Virgulino morreu durante a fuga e, em seguida, num tiroteio, os policiais mataram seu pai (1919). O jovem Virgulino jurou vingança e, ao fazê-lo, provou ser um homem de atitudes violentas e rudes. Tornou-se um mito em termos de disciplina. O bando chamava os integrantes das volantes de "Macacos" - uma alusão ao modo como os soldados fugiam quando avistavam o grupo de Lampião: "Pulando".

Maria Bonita
Durante os 19 anos seguintes (começou aos 21 anos), Lampião viajou com seu bando de cangaceiros, todos a cavalo e em trajes de couro, chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da vegetação caatinga. Para proteger o "capitão", como Lampião era chamado, todos usavam sempre um poder bélico potente. Como não existiam contrabandos de armas para se adquirir, em sua maioria eram roubadas da polícia e unidades paramilitares. A espingarda Mauser e uma grande variedade de pistolas semiautomáticas e revólveres também eram adquiridos durante confrontos. A arma mais utilizada era o rifle Winchester.

Existem duas versões para o seu apelido. Dizem que, ao matar uma pessoa, o cano de seu rifle, em brasa, lembrava a luz de um lampião. Outros garantem que ele iluminou um ambiente com tiros para que um companheiro achasse um cigarro perdido no escuro.

Comparado a Robin Hood, Lampião roubava comerciantes,  fazendeiros, políticos e coronéis, da época do coronelismo, sempre distribuindo parte do dinheiro com os mais pobres  miseráveis, que passavam fome e lutavam para sustentar famílias com inúmeros filhos. No entanto, seus atos de crueldade lhe valeram a alcunha de "Rei do Cangaço". Para matar os inimigos, enfiava longos punhais entre a clavícula e o pescoço. Seu bando sequestrava crianças, botava fogo nas fazendas, exterminava rebanhos de gado, estuprava coletivamente, torturava, marcava o rosto de mulheres com ferro quente. Em uma ocasião, antes de fuzilar um de seus próprios homens, obrigou-o a comer um quilo de sal. Em outra, assassinou um prisioneiro na frente da mulher, que implorava perdão. Lampião arrancou olhos, cortou orelhas e línguas, sem a menor piedade. Perseguido, viu três de seus irmãos morrerem em combate e foi ferido seis vezes.

Corisco
Grande estrategista militar, Lampião sempre se saía vencedor nas lutas com a polícia, pois atacava sempre de surpresa e fugia para esconderijos no meio da caatinga, onde acampavam por vários dias até o próximo ataque. Apesar de perseguido, Lampião e seu bando foram convocados para combater a Coluna Prestes, marcha de militares rebelados. O governo se juntou ao cangaceiro em 1926, lhe forneceu fardas e fuzis automáticos.

Era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.

Em 1929, conheceu Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, a linda mulher de um sapateiro chamado José Neném. Ela tinha 19 anos e se disse apaixonada pelo cangaceiro há muito tempo. Pediu para acompanhá-lo. Lampião concordou. Ela enrolou seu colchão e acenou um adeus para o incrédulo marido. Maria Bonita assim como as demais mulheres do grupo, vestia-se como cangaceiro e participou de muitas das ações do bando.

Virgulino e Maria Bonita tiveram uma filha, Expedita Ferreira de Oliveira Nunes, nascida em 13/09/1932. Há ainda a informação controversa de que eles tiveram mais dois filhos: os gêmeos Ananias Gomes de Oliveira e Arlindo Gomes de Oliveira, mas nunca foi comprovada a verdade dos fatos, além de outros dois natimortos.

A Morte de Lampião e Seu Bando

No dia 27/07/1938, o bando acampou na Fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 05:15 hs. do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.

Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do tenente João Bezerra e do sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as jóias.

Gato e Inacinha
A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desferiu um golpe com a coronha do fuzil na sua cabeça, deformando-a. Este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro.

Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.

Percorrendo os estados nordestinos, o tenente João Bezerra exibia as cabeças (já em adiantado estado de decomposição) por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois, foram levadas a Maceió e ao sudeste do Brasil.

Recompensa do Governo do Estado da Bahia Por Lampião, Vivo ou Morto
No Instituto Médico Legal de Aracaju, as cabeças foram observadas pelo médico Drº Carlos Menezes. Depois de medidas, pesadas e examinadas, os criminalistas mudaram a teoria de que um homem bom não viraria um cangaceiro, e que este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.

Do sudeste do País, apesar do péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Antropológico Estácio de Lima localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.

Placa de bronze e cruzes marcam o local da emboscada contra o bando de Lampião
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, CoriscoMaria Bonita lutaram para dar um enterro digno a seus parentes. O economista Silvio Bulhões, filho de Corisco e Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, em especial, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, a macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro de seu pai, a sepultura foi violada, o corpo foi exumado, e sua cabeça e braço esquerdo foram cortados e colocados em exposição no Museu Nina Rodrigues.

O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do Projeto de Lei nº 2.867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do Clero o reforçaram. As cabeças de LampiãoMaria Bonita foram sepultadas no dia 06/02/1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.

Lampião e Juriti
Lampião Compositor

"Mulher Rendeira" é um antigo tema popular, muito cantado nos sertões nordestinos ao tempo de Lampião, e cuja origem é controversa. Segundo a versão mais conhecida do padre Frederico Bezerra Maciel, regionalista pernambucano e biógrafo de Lampião, é de que o mesmo teria escrito os versos da versão original da música. A ele se acrescenta Câmara Cascudo, segundo o qual Lampião teria escrito a letra em homenagem ao aniversário de sua avó Dona Maria Jocosa Vieria Lopes (Tia Jacosa) em 15 de setembro, que era uma rendeira.

Compôs a música entre setembro de 1921 e fevereiro de 1922, quando apresentou a música em Floresta, PE. A música tornou-se praticamente um hino de guerra dos cangaceiros do bando de Lampião, tendo inclusive relatos de que o seu ataque à Mossoró em 1927 teria sido feito com mais de 50 cangageiros cantando  "Mulher Rendeira".

Por isso foi incluído no premiado filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, que o celebrizou no país e no exterior. Na ocasião, sofreu uma adaptação do compositor Alfredo Ricardo do Nascimento (Zé do Norte), autor de outras músicas do filme, que manteve a sua estrutura original. Há também uma gravação de um antigo cabra do bando de Lampião, o cangaceiro Volta Seca.

Representações na Cultura

1937 - Capitães da Areia (Citações Referentes a Lampião)
1953 - O Cangaceiro
1963 - O Lamparina
1969 - Corisco, O Diabo Louro
1982 - Lampião e Maria Bonita
1983 - O Cangaceiro Trapalhão
1997 - Mandacaru
1997 - Baile Perfumado
2006 - Canta Maria
2011 - Cordel Encantado

Cronologia

15 de julho de 1895: Nasce Antônio Ferreira da Silva, o cangaceiro Antônio Ferreira, filho de Maria Lopes de Oliveira, conhecida como Dona Maria Jacoza, e de Venâncio Nogueira, seu patrão. Venâncio Nogueira doa a ela o sítio Passagem das Pedras, no Riacho São Domingos, em Serra Talhada, PE. José Ferreira da Silva, conhecido como Zé Ferreira, natural da Fazenda Carro Quebrado, em Triunfo, PE, casa-se com Maria Jocoza, e assume a paternidade do seu filho.

7 de novembro de 1896: Nasce Levino Ferreira da Silva, o cangaceiro Vassoura, primeiro filho de Zé Ferreira com Maria Jacoza.

7 de julho de 1898: Nasce Virgulno Ferreira da Silva, o Lampião, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, PE.

8 de março de 1911: Nasce Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, na Fazenda Malhada Caiçara, em Santa Brígida, BA. Filha de José Felipe e Maria Joaquina da Conceição, conhecida como Maria Déa. Alguns estudiosos do cangaço revelam que não há certeza sobre a data de nascimento de Maria Bonita, e também que ela não seria filha de José Felipe, mas de um senhor chamado Agripino, ex-namorado de Maria Déa. Segundo o pesquisador Valdir de Moura Ribeiro, o nascimento de Maria Bonita foi em 10 de janeiro de 1910.

1916: Zé Caboclo, é preso pelo inspetor Manoel Lopes acusado de roubo de bodes. Os irmãos Ferreira (Antônio, Levino e Virgulino) também são acusados do mesmo crime, por Domingos Rodrigues, pagando a ele uma indenização financeira.

Após este incidente, foram encontrado dois chocalhos pertencentes a Zé Saturnino nas vacas dos Ferreiras. Zé Saturnino então pega três chocalhos dos Ferreiras e coloca em vacas suas.

O jovem Virgulino pega um burro pertencente a Zé Saturnino, que acusa os Ferreiras de ladrões. Virgulino Ferreira, ofendido, manda ele ir buscar o burro em sua casa, e então mata nove reses de Zé Saturnino.

Zé Saturnino foi falar com Zé Ferreira, arbitrariamente proibindo seus filhos de cuidar do rebanho em campo. Esta ordem de Zé Saturnino não foi acatada pelos irmãos Ferreira, e eles foram emboscados por Zé Saturnino na Fazenda Pedreira, em Lagoa da Água Branca. Nesta ocasião Antônio Ferreira, o irmão mais velho de Virgulino, foi ferido.

Zé Ferreira, foi então até Serra Talhada, PE, pedir ajuda ao coronel Antônio Timóteo de Lima, latifundiário petencente à mesma corrente política da família Nogueira (Venâncio Nogueira era o pai biológico de Antônio Ferreira). No entanto, nenhuma providência foi tomada.

Quelé do Cipó, parente de Zé Saturnino tentou apaziguar a questão, propondo reconciliação entre Zé Saturnino e os Ferreira, mas Zé Saturnino não quis saber de qualquer tentativa de acordo.

5 de agosto de 1917: É fundado o povoado de Nazaré do Pico, distrito de Floresta, PE.

1917: Na tentativa de evitar mais conflitos, Zé Ferreira, homem calmo e sensato, vende suas terras e vai morar na Fazenda Poço do Negro, próximo ao povoado de Nazaré do Pico, em Floresta, PE.

10 de fevereiro de 1918: Zé Saturnino vai até Nazaré do Pico, buscar um dinheiro quebrando um acordo feito - o acordo era que Zé Saturnino não deveria ir até a cidade onde a família Ferreira morava - e ele então é emboscado por Virgulino e seu primo Domingos Paulo. No dia seguinte Zé Saturnino acompanhado por 15 homens, cercam a Fazenda Poço do Negro, onde a família Ferreira morava. No conflito, um dos homens de Zé Saturnino é baleado, o cabra Zé Guedes.

1919: Nazaré do Pico é invadida por Jacinto Alves de Carvalho. Virgulino, agora chamado de Lampião defende o povoado.

José Alves Nogueira, tio de Zé Saturnino é emboscado por Virgulino. João Flor, padrinho de Virgulino, vai até o local do embate, pensando que era Jacinto novamente atacando o povoado. Contudo ele descobre que era o seu próprio afilhado, iniciando um atrito entre ele e os Ferreira.

Levino Ferreira da Silva dá um tiro no canto da rua e Odilon Flor, filho de João Flor revida quase atingindo Lampião na cabeça. Começa o tiroteio e Levino é ferido e vai até a casa de Chico Euzebio onde é preso e levado para Floresta. Levino é solto e os Ferreiras vão embora para Alagoas.

1920: Lampião junta-se ao cangaceiro Antônio Matilde e atacam por diversas vezes a Fazenda Pedreira, pertencente a Zé Saturnino. Dos cabras que acompanhavam Lampião podemos destacar os cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira (Vassoura), Antônio Rosa, Baião, Manoel Tubiba, Cajazeira, Baliza, Zé Benedito, Olimpio Benedito e Manoel Benedito.

Zé Saturnino vendo seu gado e sua fazenda invadida, procurou seu tio, o famoso cangaceiro Cassimiro Honório que trouxe vários cabras para defesa da fazenda do sobrinho onde travaram alguns combates com o bando de Lampião, que voltou para Alagoas. Entres os cabras de Zé Saturnino podemos citar Nêgo Tibúrcio, Zé Guedes, Zé Caboclo, Vicente Moreira, Batoque e o famoso Marcula.

Maio de 1920: Em Alagoas, Zé Ferreira manda o filho João Ferreira comprar remédio para um sobrinho doente. O delegado Amarilio prende João Ferreira, como isca para tentar prender os seus irmãos foragidos.

Maria Jacoza, mãe de Lampião, fica preocupada e resolve ir embora da região. Ela adoece e morre na Fazenda Engenho de Luiz Fragoso. Dezoito dias após sua morte. Zé Ferreira (pai de Lampião, Antônio e Vassoura), é morto pelo tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão e os irmãos Ferreira resolvem entrar de vez na vida do cangaço.

1921: Os Ferreira entram no grupo dos Purcinos e matam o viajante Arthur Pinto. O tenente Zé Lucena vai até Poço Branco, AL, onde trava tiroteio com o grupo dos Purcinos. O cangaceiro Gafanhaque é morto. Nesse ano os Ferreiras e os Purcinos matam ainda 6 irmãos da família Quirino, de Julio Batista.

Junho de 1921: Os Ferreiras entram no grupo de Sebastião Pereira e Silva, vulgo Sinhô Pereira, cangaceiro famoso de Serra Talhada, PE.

8 de agosto de 1921: Combate na centenária Fazenda Carnauba, em Serra Talhada, PE, entre Sinhô Pereira  Capitão Zé Cataeno sendo morto o cangaceiro Luiz Macario, e vitória da força volante.

Setembro de 1921: Combate na Fazenda Feijão entre Sinhô Pereira  tenente João Marques de Sá. Vitória dos cangaceiros sem morte nenhuma.

Outubro de 1921: O bando de Sinhô Pereira e Lampião vai para o Ceará, onde travam combate na Fazenda Mandaçaia, não sofrendo nenhuma baixa em ambas as partes. Quatro dias depois travam combate na Vila de Coité morrendo um soldado e saindo dois bandidos feridos. Depois houve outro combate onde foi morto o cangaceiro Pitombeira e saiu ferido o cangaceiro Lavandeira e dois soldados.

23 de junho de 1922: Lampião faz um assalto a Fazenda Baronesa de Água Branca, da cidade de Água Branca, AL, roubando ai grande quantia em dinheiro, sendo a primeira vez comandante de um grupo próprio.

18 de julho de 1922: Combate em Poço da Areia, AL, contra a força de 120 soldados do tenente Medeiros, além de parte da família Quirino. Baixas após assalto: O sargento Agapito e dois soldados, contra 20 cangaceiros de Lampião. Neste combate saiu gravemente ferido o cangaceiro Fiapo I sendo morto por Lampião depois.

Agosto de 1922: Devido aos pedidos da familia o cangaceiro Sinhô Pereira vai embora da Fazenda Preá, no Ceará, com destino a Goiás, para junta-se ao primo e ex-cangaceiro Luiz Padre.

20 de outubro de 1922: Invasão de São José do Belmonte, PE, onde é morto o rico comerciante e chefe politico, coronel Luiz Gonzaga Lopes Ferraz. Lampião não tinha nenhum inimizade com o coronel mas atacou a cidade e matou o comerciante a pedido de Yoyo Maroto, parente de Sinhô Pereira e inimigo politico de Luiz Gonzaga Lopes Ferraz. Despois disso a viúva vai embora do estado.

31 de julho de 1923: De surpresa, Lampião entra em Nazaré do Pico e vai até o casamento de sua prima e ex-amor de infância Maria Licor Ferreira e Enoque Menezes com o intuito de acabar o casamento sendo repelido pelo padre Kerlhe que pede para ir embora e deixar o casamento acontecer. Ele decide ir embora mas deixa a ordem para ninguém no povoado dançar.

1 de agosto de 1923: Combate na praça de Nazaré entre Lampião e a forca do sargento Sinhozinho Alencar com a ajuda dos civis nazarenos João Flor, Euclides Flor, Manoel Flor, Davi Gomes Jurubeba, Pedro Gomes de Lira, Zé Saturnino e mais seis homens. Lampião vai embora. Depois desse ocorrido João Flor consegue alistar sua família na Força Volante de Combate ao Banditismo de Pernambuco por influência aos irmãos Pessoa de Queiroz. Tem inicio a Força de Nazaré, a mais ferrenha perseguidora de Lampião.

12 de agosto de 1923: Combate na Fazenda Enforcado, na Serra do Pico, em Floresta, PE, entre o grupo de Lampião e os nazarenos. Saiu ferido o bandido Miguel Piloto e os nazarenos Pedro Gomes de Lira, Olimpio Jurubeba e Adão Thomaz Nogueira.

5 de janeiro de 1924: Lampião invade a cidade de Santa Cruz da Baixa Verde, PE, em busca de matar o seu ex-amigo Clementino Quelé. Nesse combate Lampião incendiou 3 casas e foi repelido pela força policial comandada pelo tenente Pedro Malta. Nesse combate morreram Pedro Quelé e Alexandre Cruz, ficando ferido Deposiano Alves Feitosa.

11 de janeiro de 1924: - Lampião ataca novamente Santa Cruz da Baixa Verde, PE. Foi repelido por Clementino Quelé que depois entrou na policia.

Janeiro de 1924: Lampião ataca o povoado de Tupanaci, em Mirandiba, PE, onde na ocasião encontrava-se um pequeno grupo de cangaceiros comandados por Tibúrcio Severino dos Santos, vulgo Nêgo Tibúrcio, ex-cabra de Zé Saturnino e odiado por Lampião. Lampião então entra em combate e mata Nêgo Tibúrcio e seus cabras, partindo o cangaceiro em vários pedaços e jogando o corpo no meio da rua.

Março de 1924: Combate de Lampião na Serra do Catolé, em São José do Belmonte, PE. Lampião é gravemente ferido no pé sendo cuidado pelo Drº José Cordeiro e pelo Drº Severino Diniz, da cidade de Triunfo, PE. A pedido do padre Kerlhe ele pensou em se entregar para a policia mas depois voltou e continuou no cangaço.

27 de julho de 1924: Lampião manda um sub-grupo com 84 cabras tendo o comando dos cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Sabino Gomes, Paizinho, Meia Noite e o fazendeiro Chico Pereira atacar e saquear a cidade de Sousa, PB. Tudo na cidade virou alvo de saque, os cangaceiros roubaram o comércio, residências, tendo a cidade um prejuízo incalculável. O principal alvo era o coronel Otávio Mariz, desafeto de Chico Pereira que fugiu. O juiz Drº Archimedes Soutto Mayor foi humilhado em praça publica pelo bando. O destacamento local era comandado pelo tenente Salgado que nada pode fazer. Depois desse ataque o coronel Zé Pereira, de Princesa Isabel, PB, nunca mais deu proteção ao cangaceiro.

14 de novembro de 1924: Lampião toca fogo na casa da Fazenda Lagoa do Mato, de Pedro Thomaz Nogueira, sendo perseguidos pelos nazarenos Manoel Jurubeba, Manoel Flor, Inocêncio Nogueira e Levino Cabloco até chegar na Fazenda Baixas de Antônio Feitosa, em Floresta, PE. Lá houve novo combate entre Lampião com 15 a 20 bandidos contra os nazarenos Euclides Flor, Olimpio Jurubeba, Eloi Jurubeba, Pedro Lira, Abel Thomaz, Manoel Thomaz e Davi Jurubeba que saiu ferido no tornozelo. Foi morto o bandido Manoel de Margarida e dos nazarenos Olimpio Jurubeba e Inocêncio Nogueira.

11 de fevereiro de 1925: Lampião entra pacificamente na cidade de Custódia, PE.

4 de julho de 1925: Lampião ataca a Fazenda Melancia, em Flores, PE. O proprietário Zé Calú é violentado pelo grupo. Em seu socorro vieram os sargentos Imbrain e Zé Guedes com 30 soldados. Vão atrás do grupo que se aloja na Fazenda Barra do Juá onde é morto dois cangaceiros. Dali os cangaceiros vão para o Sítio Tenório, em Flores, PE onde o soldado Berlamino Morais em pleno combate, viu um vulto de cangaceiro em cima de uma pedra gritando e atirando. Belarmino então atira e mata. Era o cangaceiro Levino Ferreira da Silva, irmão de Lampião. No outro dia ao saber disso o capitão Zé Caetano e o cabo Pedro Monteiro vão até a Fazenda Tenório e encontram os 3 corpos sem a cabeça, pratica esta utilizada pelos cangaceiros para dificultar o reconhecimento pela policia.

14 de novembro de 1925: Combate na Fazenda Xique-Xique, em Serra Talhada, PE entre Lampião e a força volante composta de Euclides Flor, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercilio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque. Neste combate é morto o soldado Ildefonso Flor. Dois cangaceiros são capturados, Mão Foveira e Cancão.

4 de fevereiro de 1926: Na Fazenda Caraibas, em Floresta, PE, houve combate entre Lampião com 60 cangaceiros e a força volante do tenente Optato Gueiros com 35 soldados. O tenente Higino Belarmino, o cabo Manoel de Souza Neto e o rastejador Batoque sairam feridos. Foi morto os soldados Aristides Panta, Benedito Bezerra de Vasconcelos, Antônio Benedito Mendes e também 6 cangaceiros de Lampião.

18 de fevereiro de 1926: Lampião ataca Nazaré do Pico com 50 cabras. No povoado estavam apenas Lúcio Nogueira, Abel Thomaz, Aureliano Nogueira, Manoel Jurubeba, Gomes Jurubeba e João Jurubeba. Depois chegou Odilon Flor com Euclides Flor, Vicente Grande, Manoel Lira, Antônio Capistrano e Quinca Chico. Lampião recuou de com raiva tocou fogo nas fazendas de Euclides, João Flor, Afonso Nogueira e Praxedes Capistrano.

20 de fevereiro de 1926: A Coluna Prestes passa próximo ao povoado de Nazaré com 600 homens sendo perseguida pela força legalista comandada pelo major Otacilio Fernandes que ao entrar no povoado houve troca de tiros por engano com os habitantes.

23 de fevereiro de 1926: Lampião ataca a Fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada, PE e Antônio Ferreira mata Zé Alves Nogueira, tio de seu inimigo Zé Saturnino. Zé Nogueira havia sido sequestrado pela Coluna Prestes na passagem da mesma pela região e tinha acabado de chegar em casa cansado da violência sofrida pelos revoltosos e sua morte gerou grande ódio na família Nogueira.

12 de março de 1926: Lampião recebe a patente de capitão do Exército Patriótico de Padre Cícero em Juazeiro do Norte, CE. Lampião tinha bastante respeito e devoção ao padre e sua chegada na cidade foi com festa sendo até entrevistado. Foi a ultima vez que reuniu toda a família para tirar uma foto. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes.

20 de abril de 1926: Lampião ataca o povoado de Algodões que se encontrava com os soldados doentes de malária.

3 de julho de 1926: Lampião ataca as cidades de Cabrobó, Ouricuri e Parnamirim, todas no estado de Pernambuco.

7 de julho de 1926: Lampião manda o cangaceiro Sabino Gomes atacar a cidade de Triunfo, PE, saqueando o comercio local. Houve troca de tiros com a policia saindo mortos 2 soldados e o comandante da policia local.

1 de agosto de 1926: Lampião com 80 cangaceiros ataca a Fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada, PE. A família Nogueira composta do major João Alves Nogueira, do seu filho Neneco e dos seus netos Luiz, Dãozinho, Raimundo e Gentil Nogueira combatem saindo morto o cabra Zé Paixão e Antônia, ambos moradores de João Nogueira, este tio-sogro de Zé Saturnino.

26 de agosto de 1926: O cangaceiro Horácio Novaes pede a Lampião para atacar a família Gilo, na Fazenda Tapera, em Floresta, PE, por conta de uma mentira que Horácio soltou para Lampião sobre o patriarca da família. Lampião então mata 12 pessoas da família e na hora de mostrar uma carta ao patriarca o mesmo responde que não sabe ler e escrever sendo morto na mesma hora por Horácio Novaes. Lampião percebe a mentira de Horácio e ele sai do grupo indo embora para o sul do pais.

2 de setembro de 1926: Lampião ataca novamente a cidade de Cabrobó, PE.

6 de setembro de 1926: Lampião ataca Parnamirim, PE, morrendo 2 soldados.

16 de setembro de 1926: Combate na Fazenda Tigre, em Itacuruba, PE, entre Lampião e o cabo Francisco Liberato. Lampião foi ferido na omoplata e o cangaceiro Moreno no pé. Lampião foi para a Serra da Cunha, em Tacaratu, PE tratar do ferimento. Lá ficou escondido sobre a proteção do rico fazendeiro Angêlo Gomes de Lima, o Anjo da Gia.

11 de novembro de 1926: Combate na Fazenda Favela, em Floresta, PE, entre Lampião e a força volante comandada pelo cabo Manoel de Souza Neto e o sargento Zé Saturnino. A força recuou morrendo 5 soldados sendo um deles João Gregório Ferraz Neto, da família Nazarena. Do lado dos cangaceiros morreram cinco bandidos. Após o combate o capitão Muniz de Farias chegou na fazenda e mandou tocar fogo em tudo por ter raiva do dono da mesma.

25 de novembro de 1926: Lampião sequestra o viajante Mineiro Dias e vai até a Serra Grande, em Serra Talhada, PE. Nessa serra acontece o maior combate entre cangaceiros e a policia. Participam do combate o major Theofanes Ferraz Torres, tenente Higino Belarmino, tenente Sólon Jardim, sargento Arlindo Rocha, cabo Manoel Neto, Euclides Flor e mais 400 homens. Lampião do alto da serra ataca e mata onze policiais e deixa onze feridos entre eles Manoel Neto e Arlindo Rocha. Da parte de  Lampião apenas Antônio Ferreira foi baleado.

25 de dezembro de 1926: Por conta do ferimento e da falta de munição gasta no combate da Serra Grande, o cangaceiro Antônio Ferreira junto com Luiz Pedro, Jurema e Biu vão até a Fazenda Poço do Ferro, em Tacaratu, PE, pertencente ao coiteiro Angelo Gomes de Lima. O cangaceiro Luiz Pedro estava limpando uma arma e acabou dormindo. Antônio Ferreira em ato de brincadeira balança a rede para acorda-lo e a arma dispara acidentalmente atingindo Antônio Ferreira. Lampião é chamado até a fazenda e chegando lá encontra Antônio Ferreira ainda vivo que isenta Luiz Pedro de culpa. Logo depois morre o cangaceiro Antônio Ferreira, seu irmão.

3 de abril de 1927: Lampião manda um subgrupo comandado pelo cangaceiro Jararaca atacar a cidade de Carnaíba, PE, assaltando o comércio local.

15 de maio de 1927: Lampião tenta entrar na cidade de Uiraúna, PB, com 35 cabras, sendo repelidos pela força policial comandada pelo tenente Nelson Furtado Leite e mais 14 homens. O combate durou cerca de uma hora saindo vencedora a força policial que perdeu apenas um soldado.

13 de junho de 1927: Lampião ataca a cidade de Mossoró, RN. O bando de Lampião foi dividido em vários subgrupos comandados pelos cangaceiros Sabino Gomes, Massilon Leite, Jararaca e Luiz Pedro. A cidade estava totalmente organizada tendo a frente o prefeito Rodolfo Fernandes que distribuiu seu pessoal nas 4 torres da cidade, que aquela altura era a segunda maior do estado. Lampião sofreu sua maior derrota. O cangaceiro Jararaca foi preso e enterrado vivo. Mossoró saiu vencedora.

15 de junho de 1927: Lampião em fuga do combate de Mossoró sequestra a senhora Maria Rocha e o senhor Antônio Gurgel pedindo 80 contos de réis. Para isso ele vai até a cidade de Limoeiro do Norte, CE, sendo recebido pacificamente pelo juiz Custódio Saraiva que passou telegrama sobre o resgate do sequestro que não chegou. Lampião dormiu na cidade e depois foi embora.

17 de junho de 1927: Combate entre Lampião e a Força Volante na Serra da Mucamba, em Jaguaribara, RN. Lampião com 42 homens e a policia com 815 homens comandados pelo major Moisés Leite de Figueiredo, cunhado do major Isaías Arruda, este velho coiteiro de Lampião. Apesar de no combate terem sido mortos somente dois soldados e um saiu ferido, o major Moisés, com grande numero de policias, foi acusado de covarde pelo tenente Joaquim Teixeira de Moura.

7 de julho de 1927: Lampião em fuga de Mossoró passa um bom tempo na Serra do Coxá, em Milagres, CE. Depois de alguns dias saiu e foi para a casa de Zé Cardoso na Fazenda Ipueiras, em Aurora, CE. Lá era coito de seu velho amigo Isaías Arruda o que fez Lampião confiar. Chegando nessa fazenda Lampião almoçou e logo depois o dono ofereceu 8 cabras para participar do bando o que foi recusado por Lampião desconfiado de traição. Realmente estava combinado entre o major Moisés e seu cunhado Isaías Arruda essa estratégia. Lampião resolve ir embora sendo atacado pelo major Moisés com 15 soldados.

9 de julho de 1927: Lampião passa pelo Morro Dourado, em Milagres, CE, rumo a cidade de Santa Inês, PB.

27 de março de 1928: Lampião vai até a Fazenda Batoque, em Jati, CE, do coiteiro Antônio da Piçarra. A Força de Nazaré entra no estado cearense. O cangaceiro Sabino Gomes conversava ao pé de um fogueira quando é atingido na boca por Hercilio Nogueira, dos Nazarenos. Lampião bate em retirada sendo perseguindo pela policia. Duas semanas depois, não aguentando ver tanto sofrimento com o ferimento de Sabino, o cangaceiro Mergulhão, á pedido, mata Sabino Gomes com um tiro de misericórdia.

21 de agosto de 1928: Lampião atravessa de canoa o Rio São Francisco entrando no estado da Bahia com os cangaceiros Luiz Pedro, Ezequiel Ferreira, Moreno, Virgínio Mordeno e Mergulhão.

26 de agosto de 1928: Lampião entra na cidade de Bonfim, BA. Houve pequeno combate com a força do tenente Manoel Neto.

1 de março de 1929: Lampião entra pacificamente na cidade de Carira, SE.

25 de novembro de 1929: Lampião entra em Nossa Senhora das Dores, SE. De lá vai de carro até a cidade de Capela, SE. Lá visita o comércio local, assiste um filme no cinema e recolhe dinheiro com os comerciantes locais.

16 de dezembro de 1929: Lampião entra na cidade de Pombal, BA.

22 de dezembro de 1929: Lampião entra em Queimadas, BA. Lá ele assaltou a casa de João Lantyer de Araújo Cajahyba, cortou os fios do telégrafo e sequestrou os telegrafistas Joaquim Cavalcante e Manoel Evangelista pelos quais recebeu o regaste de 500 mil réis. Depois foi até a cadeia e prendeu o sargento Evaristo Costa e outros 7 soldados. Foi almoçar, voltou para a cadeia e soltou todos os presos. Mandou todos os 7 soldados ajoelharem e matou um por um. Pela noite, saqueou o comércio onde conseguiu 20 contos de réis. Foi ao cinema da cidade e depois mandou fazer um baile.

23 de dezembro de 1929: Lampião invade a cidade de Quijingue, BA. Lá ele fez um baile e deu dinheiro para o povo.

25 de dezembro de 1929: Lampião ataca a cidade de Mirandela, BA. A força policial comandada por Francisco Guedes de Assis repele o ataque travando pequeno combate onde é morto os civis Manoel Amaral, Jeremias Dantas e mais um soldado. Nesse combate é ferido o cangaceiro Luiz Pedro. Lampião então entra na cidade e saqueia o comércio local.

17 de outubro de 1930: Lampião invade a cidade de Simão Dias, SE. Invadiu casas, saqueou o comércio local e humilhou alguns moradores, levando a morte à esposa do latifundiário Martinho Ferreira Matos que estava de resguardo quando foi violentada pelo próprio.

Dezembro de 1930: Lampião conhece Maria Bonita, casada com o sapateiro Zé de Neném. Ela já era apaixonada pelo cangaceiro e fugiu com ele deixando uma carta para o ex-marido. Foi a primeira mulher a participar do cangaço.

24 de maio de 1931: Combate em Tanque do Touro entre o bando de Lampião e o tenente Arsênio. Nesse combate, a cangaceira Sérgia Ribeiro da Silva, esposa de Corisco tem um filho que nasce em pleno tiroteio. A criança, de nome Josafá morre dois meses depois.

28 de julho de 1931: O Governo da Bahia contrata a Força de Nazaré comandada pelo tenente Manoel de Souza Neto para combater Lampião naquele estado. Faziam parte daquela força o sargento Davi Jurubeba, Euclides Flor, Manoel Flor, João Gomes de Lira, Pedro Gomes de Lira, Herculano Nogueira, João Cavalcanti, Vicente Grande, Henrique Gregório e Antônio Capistrano, tudo gente do povoado.

6 de setembro de 1931: Combate na Fazenda Aroeiras, em Glória, BA, entre Lampião e a força volante do tenente Manoel Neto com 15 soldados. Neste combate acontece episódio épico em um riacho onde Manoel Neto e o famoso cangaceiro Corisco ficam frente a frente, tendo o cangaceiro fugido em disparada. Não houve baixas nesse combate.

5 de janeiro de 1932: Lampião invade a cidade de Canindé, SE. Nesta cidade, violenta várias moças e saqueia o comércio local.

8 de janeiro de 1932: Lampião encontra-se com 32 cangaceiros na Fazenda Maranduba, em Poço Redondo, SE. A força do tenente Manoel Neto com 100 soldados vai em perseguição travando grande combate. Na frente da força estava os soldados João CavalcantiHercílio Nogueira que tombaram mortos. Adalgisio Nogueira, irmão de Hercílio Nogueira tentou socorrer e também foi alvejado morrendo no local. Foi o maior combate de Lampião na Bahia. A força recuou com 6 soldados mortos e 12 feridos. Os cangaceiros perderão 3 cabras e um outro que de tão ferido Lampião matou.

20 de janeiro de 1932: Lampião invade a cidade de Olindina, BA.

22 de abril de 1932: Lampião trava combate na Fazenda Caldeirão contra força do tenente Abdon Menezes e Manoel Neto.

11 de agosto de 1932: Combate entre o bando de Lampião e o tenente Ladislau na Fazenda Cajazeira, em Cipó, BA.

13 de setembro de 1932: Nasceu Expedita Ferreira Nunes, filha de LampiãoMaria Bonita em Porto da Folha, SE.

23 de outubro de 1937: Um subgrupo de Lampião, comandado por Corisco e Gato atacam violentamente a cidade de Piranhas, AL. O intuito era resgatar a cangaceira Inacinha, companheira de Gato.

28 de julho de 1938: O bando de Lampião acampou na Fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 05:15 hs., os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.  O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer.

Fonte: Wikipédia