Heloísa Millet

HELOÍSA MILLET
(64 anos)
Atriz e Bailarina

☼ Rio de Janeiro, RJ (14/12/1948)
┼ Rio de Janeiro, RJ (18/01/2013)

Heloísa Millet foi uma atriz brasileira. Bailarina clássica formada, que estreou no teatro no musical "Pippin", em 1974. Surgiu no cenário artístico nacional ao participar, em 1976, do corpo de dança da abertura do programa Fantástico, da Rede Globo e lá foi descoberta pelo diretor Ziembinski quando trabalhava como dançarina. Ziembinski a convidou para fazer a personagem Betina em "Estúpido Cupido" em 1976, em que fazia par romântico com o Medeiriquis, representado por Ney Latorraca.

Posteriormente, atuou nas telenovelas "Espelho Mágico" (1977), "Te Contei?" (1978), "Feijão Maravilha" (1979), "Marron Glacê" (1979), "Terras do Sem Fim" (1981), "Elas Por Elas" (1982), e no humorístico "Estúdio A... Gildo", com Agildo Ribeiro, em 1982.

Em 1983 estrelou o musical "A Chorus Line", produzido por Walter Clark, no papel de Diana Morales. Ainda na televisão, participou como bailarina de vários quadros especiais de dança e musicais no próprio Fantástico que a havia lançado, entre 1978 e 1979, com Carlinhos Machado, Paulo César Bacelar e Ronaldo Resedá.

No cinema, fez os filmes "O Rei e os Trapalhões" (1979) e "As Tranças de Maria" (2003).

Heloísa Millet era a celebração da alegria e do prazer de dançar.

"Sou pequena, baixa, e quando fiz aquela abertura, virei um mulherão de dois metros de altura. Então, acabaram-se os meus complexos"
(Heloísa Millet em entrevista de 1994)

Depois de dois casamentos, com o produtor musical Carlos Moletta (1969-1973), com quem teve um filho, Marcos Pereira Moletta, e com o maestro Edson Frederico (1975-1976), ao final da década de 1990 afastou-se da televisão, depois de se casar novamente, com um fazendeiro de Goiás, onde viveu até mudar-se para Delfim Moreira, em Minas Gerais, onde passou a residir e se dedicar à pintura.

Heloísa Millet morreu em 18/01/2013, aos 64 anos, vítima de câncer, e foi sepultada no Rio de Janeiro, RJ.

Televisão


  • 1985 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Dona Antonica
  • 1982 - Estúdio A... Gildo
  • 1982 - Elas Por Elas ... Suzane
  • 1981 - Terras do Sem Fim ... Julieta Zude
  • 1979 - Marron Glacê ... Rita
  • 1979 - Feijão Maravilha ... Carolina
  • 1978 - Te Contei? ... Mônica
  • 1977 - Espelho Mágico ... Luíza Barbosa
  • 1976 - Estúpido Cupido ... Betina
  • 1975 - Sandra & Miele ... Dançarina

Cinema


  • 2003 - As Tranças de Maria ... Filó
  • 1979 - O Rei e os Trapalhões ... Alina

Teatro


  • 1983 - A Chorus Line ... Diana Morales
  • 1973 - Pippin ... Guerreira em Trio

Fonte: Wikipédia e G1

Clayton Silva

CLAYTON SILVA
(74 anos)
Ator, Humorista e Dublador

* Carmo do Paranaíba, MG (06/02/1938)
+ Campinas, SP (15/01/2013)

Clayton Silva ficou marcado com os bordões "Tô De Olho No Sinhô" e "Êta Fuminho Bão", marcas registradas de seus personagens "Louco", que fazia apostas para que adivinhassem suas charadas, e "Caipira", que adorava contar causos ao lado do padre interpretado por Paulo Pioli, no programa "A Praça é Nossa". Nos últimos anos, Clayton Silva fazia participações esporádicas na "A Praça é Nossa", em função de seus problemas de saúde.

A trajetória do humorista na televisão é ainda mais antiga. Sua carreira na frente das câmeras começou nos anos 1960, quando estreou no programa "Miss Campeonato", na TV Paulista, no qual vivia o personagem Juventus. Também integrou o elenco do programa "Praça da Alegria", comandado por Manuel de Nóbrega, pai de Carlos Alberto de Nóbrega. Na década seguinte, fez participações em alguns quadros de "Os Trapalhões", na TV Globo.

Clayton Silva e Paulo Pioli
Mineiro nascido em Uberlândia em 6 de fevereiro de 1938, Clayton Silva deu os primeiros passos rumo ao meio artístico ainda em sua cidade natal, quando começou a fazer teatro. E foi lá mesmo que escreveu e produziu seu primeiro programa de rádio, "Tudo Pode Acontecer".

Clayton Silva também deixou sua marca no cinema nacional, onde participou de filmes como "Na Violência do Sexo" (1978), "O Bem Dotado - O Homem de Itu" (1979), com Paulo Goulart, Nuno Leal Maia e Fúlvio Stefanini, e "Pecado Horizontal" (1982), com Mariza Sommer e Matilde Mastrangi, "As Aventuras de Mário Fofoca" (1982).

Nos últimos anos, Clayton Silva se dividia entre "A Praça é Nossa", no SBT, apresentações em shows de humor pelo Brasil e um programa na Rádio Central, em Campinas, todos os domingos.

Clayton Silva contracena com Carlos Alberto de Nóbrega
Morte

Clayton Silva morreu, aos 74 anos, por volta das 16:00 hs na terça-feira, 15/01/2013, em Campinas, SP. O humorista estava internado no Centro Médico do distrito de Barão Geraldo desde o dia 27/12/2012 e lutava contra um câncer no pâncreas há três anos, de acordo com seu filho, que também se chama Clayton Silva.

No último dia 05/01/2013, Clayton Silva passou por uma cirurgia para retirar parte do tumor. Desde então, estava internado na UTI do hospital.

O velório ocorreu no Cemitério Memorial de Indaiatuba, município próximo de Campinas, SP, até às 13:00 hs. De lá, o corpo do humorista foi levado para o Cemitério Vila Alpina, em São Paulo, onde foi cremado.

Clayton Silva deixou a mulher, Isis, com quem era casado há 50 anos, três filhos, Clayton, Andréa e Érica, e quatro netos.

O também humorista Oscar Padini, companheiro de Clayton Silva no programa "A Praça é Nossa", lamentou a morte do colega em sua conta no Twitter:
"Saudades inconsoláveis para aqueles que te conheceram tanto e tiveram o privilégio de conviver com você, querido amigo. Que você esteja em paz. Deus console a família, os amigos de convívio e os admiradores, e que saibamos fazer rir até o fim de nossas vidas como você fez. Obrigado e adeus!"

Fonte: Terra, Veja, Gente IG e Yahoo

Dino 7 Cordas

HORONDINO JOSÉ DA SILVA
(88 anos)
Violonista

* Rio de Janeiro, RJ (05/05/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/05/2006)

Horondino José da Silva, conhecido como Dino 7 Cordas, foi um violonista brasileiro reconhecido como maior influência do violão de 7 cordas, instrumento musical no qual desenvolveu sua linguagem e técnica. Foi também um dos maiores instrumentistas de choro.

Mestre de várias gerações de violonistas, é referência para todos que tocam ou estão aprendendo a tocar violão. Criou uma linguagem própria para o violão de sete cordas e, em mais de 60 anos de carreira, acompanhou os mais importantes nomes da música brasileira, de Francisco Alves, Orlando Silva, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Cyro Monteiro, Dorival Caymmi, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Cartola, João Nogueira, Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho a Marisa Monte.

Dino 7 Cordas conseguia "a façanha de se destacar sem nunca invadir o espaço dos outros instrumentos ou do cantor. Ao contrário, ele os valorizava. Suas gravações são clássicas não só porque ele toca muito bem, mas porque ele faz os outros tocarem e cantarem melhor", bem o definiu Marcello Gonçalves, integrante do Trio Madeira Brasil.

Nasceu na Rua Orestes, no bairro carioca do Santo Cristo. Filho de Caetano José da Silva, fundidor do Lloyd Brasileiro, e de Cacemira Augusta da Silva, conhecida pelo apelido de Filhinha. Seu registro de nascimento foi feito em agosto, motivo pelo qual em algumas obras importantes está consignada a data de 5 de agosto como sendo a de seu nascimento.

Sua relação com o violão vem desde a infância. Seu pai era violonista amador, assim como outros amigos que frequentavam a casa. Estava sempre atento ao movimento musical ao qual prestava enorme atenção. Começou a praticar inicialmente o bandolim, que abandonou pouco depois pelo violão.

Ao terminar o curso primário, empregou-se como operário em uma confecção de calçados. Por essa época já participava de festas e saraus familiares, onde revezava o violão com seu pai. Em uma dessas ocasiões, conheceu o pandeirista Jacó Palmieri e o cantor Augusto Calheiros, figuras que teriam grande importância para seu ingresso na vida profissional.

Por volta de 1934, passou a acompanhar Augusto Calheiros em espetáculos de circo, ganhando pequena remuneração que complementava a do trabalho na fábrica de calçados. Nessa época, já dominava o repertório musical de toadas, valsas e sambas que aprendia através do rádio. Seu modelo de acompanhamento era fornecido pela dupla Ney Orestes e Carlos Lentine, violonistas do Regional de Benedito Lacerda, um dos mais sólidos regionais da época. Esse tipo de aprendizado foi definitivo em sua carreira. Daí vieram o repertório e a capacidade de acompanhar diversos gêneros, entre tantas outras peculiaridades.

Uma das primeiras formações do Regional Benedito Lacerda:
Popeye (pandeiro), Dino 7 Cordas, Benedito Lacerda (flauta), Canhoto (cavaquinho) e Meira (violão)
Nos Regionais

Dino iniciou sua carreira na década de 30, convidado a integrar o Regional de Benedito Lacerda, que se apresentava na Rádio Tupi, acompanhando cantores nos programas e gravações de discos. Permaneceu nesse regional até 1950, quando solicitaram aumento de salário.

"Ganhávamos na época, 2 mil contos de reis e queríamos 2 mil e quinhentos. Então, nós quatro - eu, os falecidos Meira, Canhoto e Gilson, combinamos de parar no dia que terminasse nosso contrato, 31 de dezembro de 1950, se o aumento não viesse. O aumento não veio e nós saímos. Fomos para a Rádio Mayrink Veiga e o diretor na época, Gilberto Martins, ao saber o que havia ocorrido disse que pagaria 3 mil e quinhentos contos de réis para trabalharmos lá. Continuamos com o mesmo conjunto, sem o Benedito e sem o Pixinguinha no saxofone, que já era do conjunto há uns seis anos. E entraram o Altamiro Carrilho e o Orlando Silveira, de São Paulo, que tocava acordeon. Aí, ao invés de quinteto ficou sexteto, o Regional do Canhoto."

A dupla de violões Dino e Meira (Jaime Florence) atravessou décadas e conjuntos. Tocaram da década de 1930 à de 1970. No início dos anos 60, Jacob do Bandolim convidou-o a integrar o conjunto "Época de Ouro". Dino não saiu de imediato do conjunto de Canhoto: apresentava-se nos dois e havia a preocupação de não marcarem apresentações para o mesmo dia. Ele ressaltava que foi Jacob do Bandolim quem começou a divulgar o nome dos instrumentistas nas gravações de discos no Brasil, introduzindo nas contra capas a ficha técnica.

Raphael Rabello tinha-o por mestre e ressaltava a sua importância para a profissionalização que os músicos instrumentais alcançaram. Dino a esse respeito, com sua humildade, respondia que Raphael Rabello era muito seu amigo.

Até alguns anos atrás, além das apresentações do "Época de Ouro", Dino, dava aulas de violão em dois endereços no centro do Rio: no Bandolim de Ouro e Casa Oliveira.

Sua criatividade foi assim resumida por Raphael Rabello: "O violão do Dino não tem clichê, não tem frase igual."

Dino 7 Cordas nunca fez questão de ter seu nome na capa de nenhum disco, mas por insistência de um dos seus discípulos mais famosos, em 1991 gravou o "Raphael Rabello & Dino 7 Cordas".

Dona Rosa

Em 1943, quando o Regional de Benedito Lacerda exibia-se no programa "Piadas do Manduca" de Lauro Borges, conheceu aquela que seria sua grande companheira, Dona Rosa, com quem teve um filho, Dininho, também músico, contrabaixista, com grande atuação na MPB.


O Violão de Sete Cordas

Dino tinha em seu nome artístico Sete Cordas, sua marca. O violão de sete cordas foi utilizado inicialmente por Tute, violonista do conjunto de Pixinguinha, "Os Oito Batutas". Dino passou a usá-lo após a morte do violonista, na década de 1950 em suas apresentações e gravações para conseguir um grave a mais.

"Eu gostava de ver a sétima corda. Eu achava muito bonito, mas pensava comigo: gosto tanto dessa sétima corda, mas não vou botar no meu violão, não. Porque senão o seu Tute pode não gostar e dizer que estou imitando ele. Mas eu era fã do velho. Depois com o tempo, ele se afastou, adoeceu e também morreu. E aí eu comecei a sentir falta dessa sétima corda no meu violão. Eu sentia que estava faltando qualquer coisa. Mandei fazer um violão no 'Bandolim de Ouro', com sete cordas. O efeito é um grave a mais. Porque o violão vai de mi a mi. Mi grave, lá, ré, sol, si e mi agudo. Eu senti a falta de uma nota mais grave que o mi grave. Então procurava e quando precisava da nota tinha que descer para o ré daquela nota, mas só que era aguda. Eu achava muito feio. Então botei a sétima corda para sentir o efeito. E ficava então com o mi bemol, o ré, ré bemol e o dó. Quer dizer, quatro notas a mais. Aí comecei a desenvolver, a meter os peitos. Quando o violão chegou, eu o botei na mão, entrei no microfone e quando eu sentia que eu podia bater no dó, eu dava no dó. E, aí, fui estudando naturalmente e passei para o violão de sete cordas."

Morte

Dino Sete Cordas, ou Horondino José da Silva, um dos maiores violonistas do Brasil, faleceu na madrugada de sábado, 27/05/2006, aos 88 anos, após internação de alguns dias no Hospital do Andaraí, Rio de Janeiro, acometido por pneumonia. O corpo foi velado e sepultado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Raphael Rabello

RAFAEL BAPTISTA RABELLO
(32 anos)
Compositor, Violonista e Arranjador

* Petrópolis, RJ (31/10/1962)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/04/1995)

Rafael Rabello foi um violonista, compositor e arranjador brasileiro, ligado ao choro e à música popular brasileira. É considerado um dos maiores violonistas brasileiros de todos os tempos, sobretudo em sua especialidade, o violão de 7 cordas.

Irmão da cantora Amélia Rabello e da cavaquinista Luciana Rabello, foi o caçula de uma família de nove filhos. Sua primeira influência musical foi de seu avô materno José de Queiroz Baptista, chorão e violonista amador, a quem dedicou o choro "Meu avô". Quem lhe ensinou os primeiros acordes no violão foi seu irmão Ruy Fabiano, quando tinha apenas sete anos de idade. Sua desenvoltura no instrumento foi notada desde cedo e começou a ter aulas de teoria musical com Maria Alice Salles, professora também de seus irmãos.

Aprendeu muito tocando junto com discos, em especial os dois volumes de "Choros Imortais", do Regional do Canhoto. Jayme Florence, mais conhecido como Meira, era o violonista desse grupo e acabou tornando-se seu professor. Mais tarde, teve aulas de harmonia com Ian Guest.

Menino prodígio que executava partituras aos 8 anos e aos 13 se tornou profissional, Rafael Rabello participou de mais de 200 discos de astros como Ney MatogrossoCaetano Veloso e seu cunhado Paulinho da Viola, além de gravar uma dezena de CDs com o próprio nome.

Rafael Rabello foi casado com Liana Rabello, com quem teve duas filhas: Diana e Rachel.

Iniciou sua carreira profissional em 1976, integrando o conjunto musical Os Carioquinhas, juntamente com sua irmã Luciana (que, a seu pedido, trocou o violão pelo cavaquinho), Paulo Alves (bandolim), Téo (violão de seis cordas) e Mario Florêncio (pandeiro).

Rafael Rabello participou de concertos e gravações com famosos músicos brasileiros, tais como Tom Jobim, Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Jacques Morelenbaum, Paulo Moura, João Bosco e também instrumentistas internacionais, como por exemplo Paco de Lucia.

Rafael Rabello passou a tocar o violão de sete cordas influenciado por Dino 7 Cordas, com quem gravou um álbum em 1991. Rafael Rabello, por um tempo, dedicou-se somente ao violão de sete cordas, chegando, inclusive, a adotar o nome "Raphael 7 Cordas" (o mesmo nome de seu primeiro álbum).

No início dos anos 1980, ele participou como instrumentista em famosas gravações de samba como por exemplo, "Minha Missão", de João Nogueira. Ele desenvolveu um ritmo de samba para violão que é reproduzido por diversos violonistas de hoje em dia.

"Ele não tem limitações. Técnica, velocidade, bom gosto harmônico, um artista completo!"
(Dino 7 Cordas)


O Início do Drama

Na vida pessoal, depois de descobrir que era portador do vírus da AIDS, o violonista, casado e com duas filhas, passou os últimos tempos lutando ferozmente contra o vício da cocaína e do álcool. Raphael Rabello também sofria de apnéia - suspensão da respiração, que acontece normalmente durante o sono.

A tragédia de Raphael Rabello começou involuntariamente, em maio de 1989, quando ele sofreu um acidente de carro no Rio de Janeiro, a bordo de um táxi, e teve o braço direito esmagado. No pronto-socorro, quiseram amputar-lhe o braço. Levado a um hospital particular, submeteu-se a uma delicada cirurgia de reconstituição, tão bem-sucedida que meses depois ele voltava a dedilhar seu violão. Dois anos mais tarde decidiu procurar um médico para emagrecer e iniciou um regime acompanhado por anfetaminas. A certa altura do tratamento, o médico constatou que Rafael Rabello estava anêmico e pediu uma bateria de exames, inclusive o teste de HIV. O exame deu positivo.

Segundo a família, o vírus teria sido contraído numa transfusão de sangue à época do acidente. Embora em 1989 a disseminação da AIDS já tivesse determinado uma fiscalização rígida nos bancos de sangue, a infectologista carioca Maria de Lourdes Moura não descartou a hipótese de que Rafael Rabello tivesse sido vítima de contaminação no hospital.

A descoberta de que era soropositivo fez com que Raphael Rabello mergulhasse fundo no álcool e nas drogas. "Durante uma temporada que fizemos numa casa noturna, ele ficou três dias sem dormir", recordou o saxofonista Paulo Moura. Além disso, Raphael Rabello iniciou uma desvairada corrida contra o tempo. "Ele passou a ter um sentimento de urgência diante da vida, queria fazer mil trabalhos ao mesmo tempo", relatou o jornalista Ruy Fabiano, o mais velho de seus oito irmãos.

Em 1994 Raphael Rabello deixou o Brasil, já com problemas com as drogas, e foi para os Estados Unidos com a perspectiva de expansão de sua carreira profissional. Chegando lá começou a lecionar em uma universidade de música em Los Angeles. Paralelamente começou a libertar-se das drogas. Mais tarde, porém, Raphael Rabello precisou voltar ao Brasil para breve trabalho aprovado pela Fundação Cultural Banco do Brasil: a realização de um disco resgatando a obra do compositor Capiba.

Atormentado pelo vírus da AIDS e pelas drogas, Raphael Rabello morreu vítima de Arritmia Cardíaca seguida de parada respiratória aguda, aos 32 anos, dia 27 de abril de 1995, no Rio de Janeiro.


Legado

Raphael Rabello teve 2 CD's gravados em sua homenagem e uma escola nomeada com seu nome. O último trabalho feito em sua homenagem, era o que ele se encontrava produzindo antes de sua morte: Um Tributo à Lourenço da Fonseca Barbosa, conhecido por Capiba (1904–1997). Ele foi um dos arranjadores, também creditado como produtor, tocou grande parte do violão do disco e mesmo, cantou uma das canções. A lista de cantores convidados é realmente impressionante: Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Alceu Valença, João Bosco e Ney Matogrosso.

Alguns violonistas manifestaram suas opiniões sobre Raphael Rabello:

"A música e o seu estilo único de tocar o violão fazem falta, apesar de termos admiráveis “sucessores” como o Yamandú Costa e o Alessandro Penezzi, dois monstros. Mas o Raphael tinha um estilo diferente, ele conseguia transitar por mundos diferentes dentro da música e não ficava preso ao mundo do violão instrumental, ele fazia parcerias fantásticas com grandes vozes da música brasileira."
(Andreas Kisser, Sepultura)

"O melhor violonista que eu já ouvi em anos. Ele ultrapassou as limitações técnicas do violão, e sua música vinha progressivamente de sua alma, diretamente para os corações de quem o admirava."
(Paco de Lucia)

"Raphael Rabello foi simplesmente um dos maiores violonistas que já existiu. Seu nível de introspecção no potencial do instrumento só foi alcançado, talvez, pelo grande Paco de Lucia. Ele foi 'o' Violonista Brasileiro de nosso tempo, na minha opinião. Sua morte, em uma idade ainda tão jovem é uma perda incrivelmente dolorosa, não apenas pelo que ele já tinha feito, e sim pelo que ele poderia vir a fazer."
(Pat Metheny)

"Raphael Rabello foi um dos mais notáveis violonistas de todos os tempos. A sua 'pegada' era muito expressiva e confiante, com interpretações vibrantes e técnica exuberante. A contribuição dele foi essencial, deixando uma das mais ricas e memoráveis páginas na história do violão brasileiro."
(Marco Pereira)

"Se o violão tem se estabelecido mais uma vez como a principal voz instrumental da música moderna brasileira, muito do crédito pode ser dado a Raphael Rabello…"
(Mark Holston, Guitar Player Magazine)

"Ele foi um incrível violonista. Eu nunca vi igual… ele foi único!"
(Francis Hime, Guitar Player Magazine)

"Esse é um dos melhores violonistas que eu já ouvi."
(Lee Ritenour, JazzTimes Magazine)

"Raphael era um amigo muito próximo. Quando eu o conheci, eu fiquei impressionada com o seu talento. Eu estava estonteada pela sua genialidade."
(Gal Costa)


Discografia

  • 2002 - Mestre Capiba (Lançamento Póstumo)
  • 2001 - Amélia Rabelo & Raphael Rabello (Lançamento Póstumo)
  • 1997 - Raphael Rabello & Armandinho em Concerto
  • 1996 - Armandinho e Raphael Rabello (Brasil Musical - Série Música Viva)
  • 1994 - Relendo Dilermando Reis
  • 1994 - Cry, My Guitar (Gravado em 1994 - Lançado Postumamente)
  • 1993 - Delicatesse - Raphael Rabello e Déo Rian
  • 1992 - Dois Irmãos - Raphael Rabello e Paulo Moura
  • 1992 - Todos os Tons - Raphael Rabello
  • 1992 - Shades Of Rio - Romero Lumambo e Raphael Rabello
  • 1991 - Todo o Sentimento - Raphael Rabello e Elizeth Cardoso
  • 1991 - Raphael Rabello e Dino 7 Cordas
  • 1990 - À Flor Da Pele - Ney Matogrosso e Raphael Rabello
  • 1989 - Nelson Goncalves & Raphael Rabello - Ao Vivo
  • 1988 - Raphael Rabello
  • 1987 - Raphael Rabello Interpreta Radamés Gnattali
  • 1982 - Raphael 7 Cordas
  • 1982 - Tributo a Garoto - Radamés Gnattali e Raphael Rabello
  • 1977 - Os Carioquinhas no Choro

Mestre Pastinha

VICENTE JOAQUIM FERREIRA PASTINHA
(92 anos)
Lutador de Capoeira

* Salvador, BA (05/04/1889)
+ Salvador, BA (13/11/1981)

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol Jose Señor Pastinha e de Maria Eugenia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe ,com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupas.

Mestre Pastinha foi um dos principais mestres de Capoeira da história. Ele dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto.

Viveu uma infância feliz, porém, modesta. Durante as manhãs frequentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava arraia e jogava capoeira. Com 13 anos era o mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado por seu pai na Escola de Aprendizes de Marinheiro que não concordava muito com a prática da capoeira pois achava que era muita vadiagem. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos amigos que conquistou a arte da capoeira.


Em depoimento prestado no ano de 1967, no Museu da Imagem e do Som, Mestre Pastinha relatou a história da sua vida:

"Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza."

A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.

"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui." 

Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor.

"Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."


Ensino e Difusão

Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do Mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade tradicional do esporte no Brasil.

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.

Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro "Capoeira Angola", em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.

Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco "Transa" (1972).

Durante décadas, dedicou-se ao ensino da Capoeira, e mesmo quando cego não deixava de acompanhar seus alunos.

"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Com 84 anos de idade, doente, e fisicamente debilitado, foi morar no Pelourinho em um pequeno quarto, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia. Deixando a antiga sede da Academia, devido aos problemas financeiros, o único meio de sobrevivência provinha dos acarajés que sua esposa vendia.

Em abril de 1981, Mestre Pastinha participou da última roda de Capoeira de sua vida.

Apesar da fama, o Velho Mestre terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Numa sexta-feira, 13/11/1981, Mestre Pastinha se despediu desta vida aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma Parada Cardíorrespiratória.


Waly Salomão

WALY DIAS SALOMÃO
(59 anos)
Poeta, Letrista e Produtor Cultural

☼ Jequié, BA (03/09/1943)
┼ Rio de Janeiro, RJ (05/05/2003)

Waly Dias Salomão foi um poeta brasileiro, era filho de mãe baiana e pai sírio, formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia 1967, mas nunca exerceu a profissão. Cursou a Escola de Teatro da mesma universidade (1963-1964) e estudou inglês na Columbia University, Nova York (1974-1975).

Nos anos 60 teve ligações estreitas com o movimento tropicalista, que tinha representantes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o também poeta Torquato Neto. Apesar da ligação, ele nunca se considerou um tropicalista. Foi também uma figura importante da contracultura no Brasil, nos anos 1970, e atuou em diversas áreas da cultura brasileira. Seu primeiro livro foi "Me Segura Qu'eu Vou Dar Um Troço", de 1971. Os poemas presentes no livro de estréia foram escritos durante a temporada na prisão. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica, de quem Waly Salomão foi muito amigo, chegando a escrever a biografia "Qual É O Parangolé".

Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia "Algaravias". Seu último livro foi "Pescados Vivos", publicado em 2004, após sua morte.

Além de poeta, Waly Salomão também era letrista e produtor cultural. Como letrista, colaborou com diversos artistas, como Caetano Veloso (Talismã), Lulu Santos (Assaltaram a Gramática, sucesso com os Paralamas do Sucesso), Adriana Calcanhotto (Pista de Dança), entre outros. Waly Salomão também é co-autor de "Vapor Barato", de 1968, feita em parceria com Jards Macalé. Suas canções foram interpretadas por Maria BethâniaCaetano VelosoAdriana CalcanhottoGal CostaO Rappa, entre outros.


Amigo do poeta Torquato Neto, editou seu único livro, "Os Últimos Dias de Paupéria", lançado postumamente.

Entre os seus trabalhos marcantes está a revista "Navilouca", feita em parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, morto em 1972. A revista só teve uma edição lançada, mas bastou para entrar para a história. Na época do lançamento da "Navilouca", ele passou a assinar como Wally Sailormoon, mas o pseudônimo não vingou.

A sua obra reúne livros como "Gigolô de Bibelôs", "Surrupiador de Souvenirs", "Algaravias", "Lábia" e "Tarifa de Embarque", lançado em 2000.

Nos anos 1990, Waly Salomão dirigiu dois discos da cantora carioca Cássia Eller: "Veneno AntiMonotonia" (1997) e "Veneno Vivo" (1998).

No cinema, em 2002, Waly Salomão viveu o poeta Gergório de Matos, em filme homônimo da diretora Ana Carolina. No elenco estavam também Rodolfo Bottino, Ruth Escobar, Marília Gabriela, Xuxa Lopes, entre outros. O filme narra a vida do poeta Gregório de Mattos, na Bahia século XVII. Com sua obra, o poeta anuncia o perfil tenso e dividido do povo brasileiro e satiriza os poderosos da época, que passam a combatê-lo até transformar sua vida em um verdadeiro inferno.


Waly Salomão trabalhou no Ministério da Cultura, como Secretário Nacional do Livro e da Leitura, na gestão de Gilberto Gil, no início de seu mandato. Uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica dos brasileiros.

Em março de 2003, Waly Salomão, já ocupando o cargo de Secretário Nacional do Livro e da Leitura, veio a público com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, para explicar-se sobre um suposto favorecimento do governo para pagar a tradução espanhola do livro "Algaravias", de sua autoria.

O livro foi incluído no Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros, que concedeu nove bolsas de R$ 15 mil a editores espanhóis para publicar na Espanha autores brasileiros. Segundo Pedro Corrêa do Lago, a aprovação do livro de Waly Salomão se deu na gestão de Eduardo Portela à frente da Biblioteca Nacional, quando Waly Salomão ainda não ocupava o cargo de secretário.

Em entrevista à Istoé Gente, na ocasião do lançamento de "Tarifa de Embarque", questionado sobre "quanto se paga para escrever um livro", Waly Salomão respondeu, com o tom profético de sempre: "O corpo vira cinza para que o fogo habite as páginas do livro!"

Morte

Waly Salomão morreu na segunda-feira, 05/05/2003, às 7:00 hs, na Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, aos 59 anos. Waly Salomão estava internado desde o dia 23/04/2003, morreu em decorrência de um tumor no intestino, com metástase para o fígado. O velório, que aconteceria na capela 8 do Cemitério São João Batista, foi transferido para a Biblioteca Nacional, e ocorreu às 16:00 hs. O corpo de Waly Salomão foi cremado na terça-feira, 06/05/2003, às 9:00 hs, no Cemitério do Caju.

Fonte: Wikipédia e Terra

Dilermando Reis

DILERMANDO DOS SANTOS REIS
(60 anos)
Compositor, Professor de Violão, Arranjador e Instrumentista

* Guaratinguetá, SP (22/09/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/01/1977)

Dilermando Reis foi um violonista e compositor brasileiro. Foi professor de música do então presidente Juscelino Kubitschek. Gravou diversos discos de sucesso, sendo o chorinho o seu estilo musical. Trabalhou na Rádio Clube do Brasil e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Dilermando dos Santos Reis começou a estudar violão com o pai, o violonista Francisco Reis, ainda na infância. Em 1931, aos 15 anos de idade, Dilermando já era conhecido como o melhor violonista de Guaratinguetá. Neste mesmo ano, assistindo a um concerto do violonista Levino da Conceição, que se apresentava na cidade, tornou-se seu aluno e seu acompanhador, seguindo-o em suas excursões.

Em 1933 chegou ao Rio de Janeiro, em companhia de Levino da Conceição e segundo contou em depoimento "ao desembarcarmos na Central, tomamos o bonde com destino à Lapa à procura do violonista João Pernambuco", que era amigo de Levino da Conceição. O violonista residia num quarto de uma república na Praça dos Governadores, posteriormente Praça João Pessoa, localizada no cruzamento da Avenida Mem de Sá com a Rua Gomes Freire. Passaram o resto do dia e a noite com João Pernambuco, entre conversas e música.

Em 1934, Levino da Conceição a pretexto de fazer uma viagem, deixou pagos 15 dias de hotel para o jovem violonista e nunca mais voltou. Sozinho na cidade, Dilermando procurou auxílio com João Pernambuco, que o acolheu.

Em fins da década de 30, envolveu-se num caso amoroso com Celeste, companheira de seu ex-professor Levino Conceição. O casal passou a residir na Rua Visconde de Niterói, próximo ao Morro de Mangueira. Viveram juntos por toda a vida.

Um dos mais importantes violonistas brasileiros, Dilermando Reis atuou como instrumentista, professor de violão, compositor, arranjador, tendo deixado uma obra vultuosa, versátil, composta de guarânias, boleros, toadas, maxixes, sambas-canção e principalmente de valsas e choros.


Iniciou sua vida profissional aos 18 anos de idade. Segundo seu relato ao Jornal do Brasil:

"Naquela época as lojas de instrumentos musicais mantinham professores de música que ajudavam a aumentar a clientela. Dei aulas numa loja na rua Buenos Aires, depois fui apresentado por um aluno ao dono da loja Ao Bandolim de Ouro."

Em 1935, passou a lecionar na loja A Guitarra de Prata. Nessa época, Dilermando começou a acompanhar calouros na Rádio Guanabara, trabalho esporádico e sem contrato. No intervalo de uma dessas apresentações, Dilermando como costumava fazer, solava a valsa "Gota de Lágrima", de Mozart Bicalho quando o radialista Renato Murce ouviu e gostou. Levou o violonista para a Rádio Transmissora e deu-lhe um programa de solos de violão, para experimentar o resultado.

O programa foi um sucesso e iniciava-se neste momento uma carreira de violonista destinado à fama. Como já naquela época não era possível sobreviver apenas de solos de violão, continuou como acompanhador em regionais, como faziam todos os grandes violonistas da época como Garôto, Laurindo de Almeida, e outros.

Em 1940, Dilermando Reis transferiu-se pra a Rádio Clube do Brasil. Nesse mesmo ano, formou uma orquestra de violões composta de 10 violonistas, à qual acredita-se que tenha sido uma das primeiras do gênero. Atuou com êxito na Rádio Clube do Brasil e também no Cassino da Urca.

Em 1941, gravou seu primeiro disco pela Columbia, onde constavam a valsa "Noite de Lua" e o choro "Magoado", provavelmente o mais conhecido e mais executado de seus choros. Em 1944, fez um segundo disco também com composições suas. Em 1946, mais dois discos num dos quais registrou pela primeira vez músicas de outro compositor. Encerrou a década de 1940, com um total de nove discos gravados.

A década de 50, representou a consolidação e grande avanço na carreira do artista. Em 1956, assinou contrato com a Rádio Nacional, com o programa "Sua Majestade, o Violão", nos primeiros anos apresentado por Oswaldo Sargentelli e posteriormente por César Ladeira. O programa tinha por prefixo a mazurca "Adelita", de Francisco Tárrega e se manteve no ar até 1969.

Na década de 60, Dilermando Reis gravou vários LPs. Em 1960, lançou o disco "Melodias da Alvorada", em homenagem à nova capital, com arranjos e regência de Radamés Gnattali. De 1941 a 1962, lançou 34 discos de duas faces (68 músicas) em 78 rpm. Dentre essas, 43 de sua autoria. Com o início da era do LP, Dilermando Reis passou a gravar perfazendo um total de 35 LPs gravados em sua carreira.

Os LPs, mostraram uma nova faceta do violonista: o acompanhamento de cantores com apenas um violão, que neste caso se caracterizava pela apresentação da canção, seguida de um solo de Dilermando Reis, voltando ao acompanhamento para terminar. Nesse estilo de acompanhar, Dilermando Reis esteve ao lado de José Mojica quando este veio ao Brasil e fez um total de sete LPs com o cantor Francisco Petrônio.

Em 1970, Radamés Gnattali dedicou ao violonista o "Concerto nº 1", gravado nesse mesmo ano.

Como professor, ensinou a grandes violonistas dentre os quais Darci Vilaverde e Bola Sete. Foi também professor de Maristela Kubitscheck, filha do presidente Juscelino Kubitschek, de quem foi grande amigo e parceiro de serenatas. Essa amizade, aliás, valeu a Dilermando Reis a nomeação para um cargo público, o que muito lhe aliviou as dificuldades financeiras.

Em 1972, gravou o LP "Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha", e em 1975 lançou "O Violão Brasileiro de Dilermando Reis" ambos pela Continental. Em alguns de seus LPs foi acompanhado pelos grandes violonistas Horondino Silva, o Dino Sete Cordas e em outros por Jaime Florence, o Meira.

Além de sua vasta obra, Dilermando Reis deixou inúmeros arranjos editados. Na década de 90, o violonista Genésio Nogueira iniciou uma coleção de LPs e CDs dedicados à obra do compositor.


Discografia
  • 1941 - Noite De Lua / Magoado
  • 1944 - Dança Chinesa / Adeus De Pai João
  • 1945 - Recordando / Saudade De Um Dia
  • 1945 - Minha Saudade / Rapsódia Infantil
  • 1946 - Noite De Estrelas / Dedilhando
  • 1946 - Adelita / Grajaú
  • 1948 - Vê Se Te Agrada / Dois Destinos
  • 1948 - Araguaia
  • 1949 - Súplica / Tempo De Criança
  • 1949 - Flor De Aguapé / Doutor Sabe Tudo
  • 1950 - Alma Sevilhana / Quando Baila La Muchacha
  • 1951 - Xodó Da Baiana / Promessa
  • 1951 - Cuidado Com O Velho / Vaidoso
  • 1951 - Sentimental / Bingo
  • 1952 - Sons De Carrilhões / Abismo De Rosas
  • 1953 - Calanguinho / Penumbra
  • 1953 - Alma Nortista / Interrogando
  • 1954 - Recordando A Malaguenha / Uma Noite Em Haifa
  • 1954 - Eu Amo Paris / Fingimento
  • 1955 - Poema De Fibich / Barqueiro Do Volga
  • 1955 - Dois Destinos / Vê Se Te Agrada
  • 1955 - Limpa-Banco / Sonhando Com Você
  • 1955 - Rosita / Chuvisco
  • 1956 - Tristesse - Opus Nº 3 / Adelita
  • 1956 - Dilermando Reis
  • 1956 - Sua Majestade O Violão
  • 1958 - Se Ela Perguntar / Índia
  • 1958 - Romance De Amor / Pavana
  • 1958 - Abismo De Rosas
  • 1958 - Volta Ao Mundo Com Dilermando Reis
  • 1960 - La Despedida (Chilena N° 1) / Ausência
  • 1960 - Melodias Da Alvorada
  • 1960 - Abismo De Rosas
  • 1961 - Uma Valsa E Dois Amores / Marcha Dos Marinheiros
  • 1961 - Soluços / Odeon
  • 1962 - Oiá De Rosinha / Abandono
  • 1962 - Pequena Cantiga De Natal / Idealista / Felicidade / Ato De Caridade
  • 1962 - No Tempo Do Vovô / Fingimento
  • 1962 - L'arlequin De Toléde / Recordando A Malagueña
  • 1962 - Presença De Dilermando Reis
  • 1962 - Uma Voz E Um Violão - Francisco Petrônio e Dilermando Reis
  • 1963 - Sons De Carrilhões / Despertar Da Montanha
  • 1963 - Gotas De Lágrimas / Cisne Branco
  • 1963 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 2
  • 1964 - Junto A Teu Coração
  • 1965 - Meu Amigo Violão
  • 1965 - Gotas De Lágrimas
  • 1965 - Sua Majestade, O Violão
  • 1965 - Junto A Teu Coração
  • 1966 - Subindo Ao Céu
  • 1967 - Recordações
  • 1968 - Saudade De Ouro Preto
  • 1968 - Dilermando Reis
  • 1969 - Dilermando Reis
  • 1970 - Grand Prix
  • 1970 - Dilermando Reis
  • 1971 - Dilermando Reis
  • 1971 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 6
  • 1972 - Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha
  • 1973 - Homenagem A Ernesto Nazareth
  • 1973 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 7
  • 1975 - O Violão Brasileiro De Dilermando Reis
  • 1976 - Concerto Nº 1 Para Violão E Orquestra
  • 1977 - O Melhor De Dilermando Reis
  • 1978 - Dilermando Reis
  • 1978 - Presença De Dilermando Com Orquestra de Radamés
  • 1978 - Dilermando Reis No Choro
  • 1979 - Aplausos
  • 1986 - Violão Brasileiro
  • 1988 - Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha
  • 2004 - Noite De Estrelas (CD)

Fonte: Wikipédia e NetSaber
Indicação: Moacir Teles Maracci