Duque de Caxias

LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA
(76 anos)
Militar

* Porto da Estrela (Hoje Duque de Caxias), RJ (25/08/1803)
+ Desengano (Hoje Juparanã), RJ (07/05/1880)

Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, alcunhado O Pacificador ou O Marechal de Ferro, foi um dos mais importantes militares e estadistas da história do Império do Brasil. Filho do brigadeiro e regente do Império brasileiro, Francisco de Lima e Silva, e de Mariana Cândida de Oliveira Belo.

Luís Alves de Lima, como assinou seu nome por muitos anos, foi descrito por alguns dos seus biógrafos como um predestinado à carreira das armas que aos cinco anos de idade assentou praça no exército do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808). O que os biógrafos não explicitam é que essa trajetória apoteótica é devida às especificidades da carreira militar nessa época. Ter sido cadete aos 5 anos não era um sinal de seu caráter especial: a honraria era concedida aos filhos de nobres ou militares e muitos alcançaram o mesmo privilégio, até mesmo com menor idade.


Pertencia a uma tradicional família de militares. De um lado, a família paterna, constituída de oficiais superiores e generais do Exército Português, e, posteriormente, quando da independência do Brasil, em 1822, do Exército Brasileiro. Do lado materno, a família era de oficiais de milícia. Foi com o pai e com os tios que Luís Alves de Lima e Silva aprendeu a ser militar.

Luís Alves de Lima e Silva desde cedo ingressou na vida militar. Teve intensa carreira profissional no Exército, ascendendo ao posto de marechal-de-campo aos 39 anos de idade.

Cadete desde os 5 anos de idade, ingressou aos 15 anos na Academia Militar, de onde saiu como tenente para ingressar numa unidade de elite do Exército do Rei. Em 1822, organizou a Guarda Imperial de Dom Pedro I. O batismo de fogo teve lugar no ano seguinte, ao entrar em campanha para combater os revoltosos na Bahia, no movimento contra a independência comandado pelo general Madeira de Melo. Em 1825, o então capitão Luiz Alves deslocou-se para a Campanha da Cisplatina, nos pampas gaúchos. Participou do esforço pela manutenção da ordem pública na capital do Império após a abdicação de Dom Pedro I, em 1831.

Voluntariamente se juntou as forças do Corpo de Guardas Municipais Permanentes que marcham contra a rebelião de Miguel de Frias, em 03/04/1832, que tentava derrubar a Regência.

Em 20/10/1832, após ser promovido a tenente-coronel, assumiu o seu primeiro comando militar: o Corpo de Guardas Municipais Permanentes - A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A frente dela, implanta várias inovações na Corporação, como as rondas de Cavalaria e o Serviço Médico, além dos postos de major e tenente-coronel (a oficialidade da corporação só ia até capitão).

Duque de Caxias perto dos 54 anos
Em 1833, casou-se com Ana Luisa do Loreto Carneiro Viana, na época com 16 anos de idade, membro da aristocrática família Carneiro Leão, sendo neta da Baronesa de São Salvador de Campos de Goitacases. Com ela teve duas filhas, Luisa do Loreto, casada com o Barão de Santa Mônica, e Ana de Loreto, casada com o Visconde de Ururaí, e um varão, Luís Alves de Lima Filho, falecido na adolescência. Suas filhas deixaram conhecida descendência, em sua maioria, estabelecida em Macaé, RJ.

Em 1839, seguiu para o Rio Grande do Sul com uma força de 200 permanentes, para lutar na Revolução Farroupilha. Em dezembro de 1839 passou o comando dos permanentes, por ter sido nomeado presidente da Província do Maranhão.

Luiz Alves tomou parte nas ações militares da Balaiada, na Província do Maranhão, em 1839. Foi nomeado para presidente da Província do Maranhão e Comandante Geral das Forças Militares em operação, num esforço de união civil e militar. O papel que desempenhou, na resolução do conflito, valeu-lhe seu primeiro título de nobreza, o de Barão de Caxias, outorgado em 1841. O título faz referência à cidade maranhense de Caxias, palco de batalhas decisivas para a vitória das forças imperiais. Neste mesmo ano, foi eleito deputado à Assembléia Legislativa pela Província do Maranhão.

Dominou os movimentos revoltosos dos liberais em Minas Gerais e São Paulo em 1842. Em 1845, quando decorria a Guerra dos Farrapos, recebeu o título de marechal de campo. Passou a ocupar o cargo de presidente do Rio Grande do Sul. A sua ação militar e diplomática levou à assinatura da Paz de Ponche Verde em 1845, que pôs fim ao conflito. Sua atuação aliou ação militar com habilidade política, respeitando os vencidos. Contribuiu, assim, para a consolidação da unidade nacional brasileira e para o fortalecimento do poder central. Foi feito Conde de Caxias.

Duque de Caxias perto dos 58 anos
No plano externo, participou de todas as campanhas platinas do Brasil independente, como a Campanha da Cisplatina (1825-1828), contra as Províncias Unidas do Rio da Prata. Comandante-chefe do Exército do Sul (1851), dirigiu as campanhas vitoriosas contra Manuel Oribe, no Uruguai, e Juan Manuel de Rosas, na Argentina (1851-1852). Comandante-geral das forças brasileiras (1866) e, pouco depois, comandante-geral dos exércitos da Tríplice Aliança (1867), na Guerra do Paraguai (1864-1870). O Conde de Caxias, que já havia atuado como conselheiro no começo da guerra, assumiu o treinamento e a reorganização das tropas. Instituiu o avanço de flancos gerais, o contorno de trincheiras e o uso de balões cativos para espionagem. Finalmente, depois da célebre Batalha de Itororó seguiu-se a campanha final, a Dezembrada, uma fase de vitórias, como a Batalha do Avaí e Lomas Valentinas, em dezembro de 1868, conduzindo à ocupação da cidade de Assunção.

Após a ocupação da capital paraguaia, ainda antes do término do conflito, por motivos de saúde retornou a Corte. O comando das tropas foi mais tarde passado ao Conde D'Eu. Seu retorno a Corte, foi polêmico, seus opositores, partidários do Conde D'Eu, o acusavam de ter abandonado uma guerra ainda em curso, por outro lado, seus partidários defendiam que a tomada de Assunção encerrava a guerra, com o Paraguai sem recursos e Solano Lopez isolado e liderando um bando de maltrapilhos.

No Rio de Janeiro, Caxias recebeu o título de Duque, o único atribuído durante a época imperial.

Na vida política do Império seu papel foi, também, significativo, como um dos líderes do Partido Conservador. Tornando-se senador vitalício desde 1845, foi presidente das províncias do Maranhão e Rio Grande do Sul, por ocasião dos movimentos revolucionários que venceu, e vice-presidente da província de São Paulo. Ministro da Guerra e presidente do Conselho por três vezes na segunda metade do século XIX (1855-1857, 1861-1862 e 1875-1878), procurou modernizar os regulamentos militares, substituindo as normas de origem colonial.

Duque de Caxias aos 74 anos
Na terceira vez em que ocupou a presidência do Conselho apaziguou os conservadores, divididos no que dizia respeito à questão da escravatura, encerrou o conflito entre o Estado e os bispos ("questão religiosa") e iniciou o aperfeiçoamento do sistema eleitoral. Em reconhecimento aos seus serviços, o Imperador Dom Pedro II agraciou-o, sucessivamente, com os títulos de Barão, Conde, Marquês e Duque de Caxias.

Retirou-se, por motivos de saúde, para a fazenda de Santa Mônica, em Desengano (hoje Juparanã, Rio de Janeiro) em 1878.

No dia 07/05/1880, às 20:30 hs, fechava os olhos para sempre aquele bravo militar e cidadão, que viveu no seio do Exército para glória do próprio Exército. No dia seguinte, chegava, em trem especial, na Estação do Campo de Sant'Ana, o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de Marechal-de-Exército, trazendo ao peito apenas duas das suas numerosas condecorações, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai, tudo consoante suas derradeiras vontades expressas.

Outros desejos testamentários são respeitados: enterro sem pompa; dispensa de honras militares; o féretro conduzido por seis soldados da guarnição da Corte, dos mais antigos e de bom comportamento, aos quais deveria ser dada a quantia de trinta cruzeiros (cujos nomes foram imortalizados em pedestal de seu busto em passadiço do Conjunto Principal antigo da Academia Militar das Agulhas Negras); o enterro custeado pela Irmandade da Cruz dos Militares; seu corpo não embalsamado.

Quantas vezes o caixão foi transportado, suas alças foram seguras por seis praças de pré do 1º e do 10º Batalhão de Infantaria. No ato do enterramento, o grande literato Visconde de Taunay, então major do Exército, proferiu alocução assim concluída:

"Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextinguível que nós militares, de norte a sul deste vasto Império, vimos render ao nosso velho Marechal, que nos guiou como General, como protetor, quase como pai durante 40 anos; soldados e orador, humildes todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor."


Foi enterrado no jazigo de sua esposa, no Cemitério do Catumbi, onde repousou até 1949, quando seus restos foram exumados e trasladados para o Panteão Duque de Caxias.

Para culto de sua memória, o governo federal proclamou-o, em 1962, "Patrono do Exército Brasileiro". O dia do seu nascimento, 25 de agosto, é considerado o Dia do Soldado. Seu nome está inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria".

Os cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras prestam o seguinte juramento durante a cerimônia de graduação:

"Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da Honra Militar!"

Representações na Arte e Espetáculos

O Duque de Caxias já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Sérgio Britto na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999) e Nelson Diniz na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (2003).

Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 2,00 (dois cruzeiros) emitida entre 1944 e 1958 e nas de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) emitidas de 1981 a 1984.


Homenagens

  • Há no centro da cidade de Niterói a Rua Marquês de Caxias em sua homenagem.
  • Em sua homenagem o Palácio Duque de Caxias no Rio de Janeiro, antiga sede do Ministério do Exército, atual sede do Comando Militar do Leste.
  • Em frente ao Palácio Duque de Caxias há o Panteão Duque de Caxias, com uma estátua equestre do patrono do Exército, monumento onde estão sepultados seus restos mortais e de sua esposa.
  • Em 14/03/1931, a antiga Porto da Estrela, onde nasceu, foi nomeada Distrito de Caxias. Em 31/12/1943, através do Decreto-Lei 1.055, elevou-se à categoria de município, recebendo o nome de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
  • Em sua homenagem, foi dado o nome de 25 de Agosto, data de seu nascimento, a um dos principais bairros do município de Duque de Caxias.
  • O 15º (responsável pela cidade de Duque de Caxias) e o 17º Batalhões (responsável pela Ilha do Governador) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro recebem o nome de "Batalhão Duque de Caxias", haja vista cada terem recebido tal denominação quando o primeiro pertencia a Policia Militar do antigo estado do Rio de Janeiro e o segundo, a Polícia Militar do antigo estado da Guanabara. Além disso, o militar também foi comandante-geral daquela corporação, em seus primórdios.

Busto de Duque de Caxias (Parque da Redenção - Porto Alegre, RS)
Títulos e Condecorações

Títulos Nobiliárquicos
  • Barão por decreto de 18/07/1841
  • Visconde por decreto de 15/08/1843
  • Conde por decreto de 25/03/1845
  • Marquês por decreto de 20/06/1852
  • Duque por decreto de 23/03/1869

Títulos Agremiativos
  • Membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
  • Presidente de Honra do Institut D'Afrique
  • Sócio honorário do Instituto Politécnico do Brasileiro
  • Sócio efetivo da Sociedade dos veteranos da Independência da Bahia
  • Sócio honorário do Instituto Literário Luisense

Condecorações
  • Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro
  • Medalha de Ouro da Independência
  • Comendador da Ordem de São Bento de Avis
  • Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa
  • Grã-cruz da Ordem Militar de Avis
  • Medalha de Ouro da Campanha do Uruguai
  • Grã-cruz efetivo da Imperial Ordem da Rosa
  • Medalha de Ouro Comemorativa da Rendição de Uruguaiana
  • Grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro
  • Grã-cruz da Imperial Ordem de D. Pedro I
  • Medalha do Mérito Militar
  • Medalha Comemorativa do término da Guerra do Paraguai


Campanhas Pacificadoras

Primeiro Reinado
  • 1825 - Guerra da Cisplatina

Período Regencial
  • 1841 - Balaiada (Maranhão/Piauí)
  • 1842 - Revolução Liberal em São Paulo
  • 1842 - Revolução Liberal em Minas Gerais

Segundo Reinado
  • 1835 a 1845 - Revolução Farroupilha

Fonte: Wikipédia
Indicção: Miguel Sampaio