Rodolpho Tourinho

RODOLPHO TOURINHO NETO
(73 anos)
Político

☼ Salvador, BA (27/12/1941)
┼ São Paulo, SP (07/05/2015)

Rodolpho Tourinho Neto foi um político brasileiro filiado ao Democratas (DEM). Era formado em Economia pela Universidade de São Paulo, e pós-graduado em Economia e Administração de Empresas pela Bradley University, nos Estados Unidos.

Foi Secretário da Fazenda do Estado da Bahia entre 1991 e 1998.

Em 1998 chegou ao Senado como suplente do Senador baiano Paulo Souto.

Ocupou as pasta de ministro de Minas e Energia (1999-2001), no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em 2003 assumiu a vaga de Paulo Souto no Senado, quando este tomou posse como Governador do Estado da Bahia, e permaneceu no Senado até 2007.

Rodolpho Tourinho disputou as eleições para o Senado em 2006 e perdeu a vaga para o candidato João Durval.

Morte

Rodolpho Tourinho morreu na manhã de quinta-feira, 07/05/2015, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, aos 73 anos, vítima de câncer. Segundo o filho, Rodolpho Tourinho Neto estava internado na unidade médica desde o final do mês novembro.

Ele deixa esposa e quatro filhos.

Fonte: Wikipédia e G1

Dom Miguel de Lima Valverde

MIGUEL DE LIMA VALVERDE
(78 anos)
Arcebispo Católico

* Santo Amaro, BA (29/09/1872)
+ Recife, PE (07/05/1951)

Dom Miguel de Lima Valverde foi um arcebispo católico brasileiro. Nasceu a 29/09/1872 em Santo Amaro, Bahia. Criada a Diocese de Santa Maria, em 1910, seu território continuou sendo administrado pelo Arcebispo de Porto Alegre, Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão.

Ordenado sacerdote em 30/03/1895. Não tardou, porém, e a Santa Sé elegeu, a 06/02/1911, Dom Miguel de Lima Valverde como primeiro Bispo da nova Diocese, sendo ordenado bispo no dia 29/10/1911, no Rio Grande do Sul.

Escolheu como lema de vida episcopal: "Quis ut Deus?" (Quem Como Deus?).

Tomou posse da Diocese de Santa Maria no dia 07/01/1912, com a presença de Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão.

Em seus dez anos de episcopado, Dom Miguel de Lima Valverde criou 14 novas Paróquias. Visitou diversas vezes o interior da vasta diocese incentivando as vocações sacerdotais, Deu início à construção do Seminário Diocesano São José, área hoje ocupada pelo Santuário e Parque Medianeira.

Foi nomeado pelo Papa Pio XI através da Bula Hodie Nos, de 14/02/1922. Havia sido o 1º Bispo de Santa Maria, RS, tendo sido sagrado pelo Arcebispo Primaz do Brasil Dom Jerônimo Tomé da Silva. Sua posse na Arquidiocese de Olinda e Recife ocorreu em 23/07/1922.


Esse prelado governou a Arquidiocese de Olinda e Recife entre 1922 a 1951, portanto, por quase trinta anos. Os seus contemporâneos, dentre os quais Gilberto Freyre, o descrevem como um homem "austero e até hierático", "um príncipe da Igreja". Mário Melo apresentou o seu nome pra membro do Instituto Histórico e Arqueológico de Pernambuco, como sócio honorário, o que significa suas boas relações com a sociedade civil e política pernambucana.

"O período de atuação de Dom Miguel foi um dos mais conturbados na história política pernambucana e brasileira, o que gerou oportunidades para que houvesse, por parte do Arcebispo, diversas manifestações de caráter político. Presenciou os movimentos que antecederam a Revolução de 1930, a Intentona Comunista, o estabelecimento do Estado Novo, a participação do Brasil na Guerra de 1939-1945, a reorganização democrática após a deposição de Getúlio Vargas. Seus pronunciamentos foram sempre no diapasão da ordem e da defesa das instituições, evitando qualquer palavra de apoio a movimentos que contestassem o status quo. Sempre reconheceu as mudanças após elas estarem estabelecidas."
(In Entre o Tibre e o Capibaribe, pg. 109)

Dom Miguel de Lima Valverde foi um tenaz opositor ao socialismo e ao comunismo, não poupando esforços em suas pastorais em combater essas ideologias políticas sociais como doutrinas que dizimariam a Igreja, o Estado e a Família, sustentáculos da vida católica. Esse seu ponto de vista foi fundamental para a formação do clero e povo de pernambuco, cuja influência ultrapassou ao seu governo diocesano, chegando aos dias atuais. Mesmo quando a Igreja de Pernambuco seguia uma linha mais "à esquerda", a partir de 1964, muitos dos clérigos formados por Dom Miguel se contrapuseram às novas idéias, como também leigos, irmandades e confrarias.

Bodas de prata de Agamenon Magalhães e Dona Antonieta, com Dom Miguel Valverde (16/07/1944)
Dom Miguel era amigo pessoal de Agamenon Magalhães, Interventor Federal em Pernambuco, homem de confiança do Arcebispo. Católico, o interventor tinha confessor indicado pelo prelado. Mantinha com o poder público relações amistosas, incentivando participação da sociedade nos programas governamentais, incluindo o censo, utilizando-se desses dados para uso administrativo eclesial, dentre esses a ereção de paróquias, dentre as quais: N. S. da Soledade, Bom Jesus do Arraial, N. S. do Rosário do Pina, São Sebastião do Cordeiro, Santo Antonio de Água Fria, Coração Eucarístico do Espinheiro, N. S. do Rosário de Tejipió e N. S. da Boa Viagem, dentre outras, em bairros que já apontavam aumento populacional. E ainda nova reforma da Sé de Olinda, remodelada em estilo neobarroco.

"Dom Miguel Valverde viu-se envolvido em uma disputa com os inovadores educacionais, especialmente Carneiro Leão, que introduzia no Estado de Pernambuco novos parâmetros, antecedendo o debate que viria ocorrer nas décadas seguintes entre os partidários de uma educação modernista e os defensores da tradição. Embora óbvio, assinalamos que as aulas de catecismo formam mentalidades e os católicos formados naquele período receberam a orientação anticomunista da Igreja no período, o que não é de pouca importância para o momento em que veio a ocorrer a movimentação progressista dos anos setenta."
(In Entre o Tibre e o Capibaribe, pg. 112)

Lápide de Dom Miguel de Lima Valverde

Sua morte foi assim noticiada pelos jornais:

"Às 5 horas e 30 minutos do dia 7 de maio de 1951, ocorreu o falecimento de Dom Miguel de Lima Valverde, Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, no Palácio do Manguinho, aos 79 anos."

Seu sepultamento na Sé de Olinda, onde jaz, ocorreu meio à comoção popular e foi muito concorrido pelo povo e pelas autoridades.

Pinga

JOSÉ LÁZARO ROBLES
(72 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (11/02/1924)
+ Campinas, SP (07/05/1996)

José Lázaro Robles, mais conhecido como Pinga, foi um jogador de futebol brasileiro. Pinga estreou no time profissional da Portuguesa em 16/03/1944, derrota para o Juventus por 2x0.

Seu irmão mais velho, Arnaldo Robles, defendia o Juventus e, quando foi para a Portuguesa, alguns anos mais tarde, formou com Pinga a única dupla de irmãos a atuar juntos na história do clube.

Em 1950 foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, embora fosse uma seleção reserva, convocada para a disputa da Taça Oswaldo Cruz, contra o Paraguai. Pinga marcou três dos cinco gols do Brasil (vitória por 2x0 e empate em 3x3). Muitos dos jogadores dessa seleção acabaram convocados pelo técnico Flávio Costa para disputar a Copa do Mundo de 1950, mas Pinga ficou de fora.

Ele seria convocado quatro anos depois, para a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, e marcou dois gols contra o México na estréia. Jogou ainda a partida seguinte, contra a Iugoslávia, mas foi substituído por Humberto no jogo seguinte, em que o Brasil foi eliminado pela Hungria. Foi sua última partida pela Seleção Brasileira. Com ela, conquistou apenas o Pan-Americano de 1952.


Entre as duas Copas, conquistou seu único título com a Portuguesa, o Torneio Rio-São Paulo de 1952, de que foi artilheiro, com 11 gols. Dois anos antes, foi ainda artilheiro do Campeonato Paulista, com 22 gols.

No começo de 1953, foi vendido ao Vasco da Gama, onde passou para a ponta esquerda e seguiu marcando muitos gols. Só em Campeonatos Cariocas, foram mais de cem. Pelo Vasco, ganhou dois Campeonatos Cariocas (1956 e 1958) e um Rio São Paulo (1958).

Entrou em declínio no início dos anos 60, e, em 1961, marcou apenas um gol durante o ano todo, no Rio-São Paulo.

No ano seguinte, transferiu-se para o Juventus, onde encerraria a carreira em 1963.

Pinga é até hoje o maior artilheiro da história da Associação Portuguesa de Desportos, com 190 gols, sendo 132 no Campeonato Paulista, 18 no Rio-São Paulo, 16 em partidas internacionais e 24 em amistosos.

Pinga foi até garoto propaganda da Gillette. Na revista Seleções de Reader's Digest, de julho de 1953, havia o seguinte anúncio:

"José Lázaro Nobles nasceu em S. Paulo, a 11 de Fevereiro de 1924. É o meia-esquerda da A. Portuguesa de Desportos, de São Paulo. Campeão Brasileiro, Pan-Americano e do Torneio Rio-São Paulo. Temido pelos goleiros, devido às suas infiltrações rápidas e sempre perigosas, porque possui magnífica visão de gol."

O Apelido

O apelido herdado de um irmão que chutava muito forte e era chamado, nas peladas por Pinga-Fogo. De sacanagem, a rapaziada passou a chamá-lo de Pinga Segundo, que evoluiu para, simplesmente, Pinga, nas brincadeiras da molecada de rua, subido em pés de mangueiras, para se empanturrar da fruta, ou nadando no rio mais próximo de casa.

Carreira
  • 1943-1944 - Juventus
  • 1944-1953 - Portuguesa de Desportos
  • 1953-1961 - Vasco
  • 1962-1964 - Juventus

Títulos

  • 1951 - Fita Azul (Portuguesa de Desportos)
  • 1952 - Torneio  Rio-São Paulo (Portuguesa de Desportos)
  • 1952 - Campeonato Pan-americano de Futebol (Seleção Brasileira)
  • 1952 - Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais (Seleção Paulista)
  • 1956 - Campeonato Carioca (Vasco)
  • 1957 - Troféu Teresa Herrera (Vasco)
  • 1957 - Torneio de Paris (Vasco)
  • 1958 - Campeonato Carioca (Vasco)
  • 1958 - Torneio  Rio-São Paulo (Vasco)


Premiações

  • 1960 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1959 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1956 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1955 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco
  • 1954 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco

Marca Histórica

  • 4º maior Artilheiro da história do Vasco da Gama com 250 gols.


Fonte: Wikipédia

Barão de Ivinhema

FRANCISCO PEREIRA PINTO
(93 anos)
Militar

* Rio de Janeiro, RJ (23/05/1817)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/05/1911)

Francisco Pereira Pinto, primeiro e único Barão de Ivinhema, foi um militar brasileiro, tendo alcançado a patente de vice-almirante.

Filho de José Pereira Pinto e de Maria Genoveva Souto Maior. Casou-se em primeiras núpcias quando ainda não tinha o título de Barão, com Francisca Eulália Gavião e em segundas, já como Barão de Ivinhema, com Rita Jacques Pereira Pinto, viúva do Conselheiro e Marechal de Campo Francisco Félix da Fonseca Pereira Pinto.

Tendo-se formado na Academia da Marinha em 1834, cinco anos depois já comandaria um patacho como segundo-tenente, em força naval formada para debelar uma revolta em Laguna, Santa Catarina.

Participou da esquadra que trouxe a futura imperatriz-consorte Teresa Cristina Maria de Bourbon.

Durante a Guerra do Paraguai, participou da Batalha do Paiçandu. Exerceu diversos cargos administrativos da Marinha, como diretor da Escola da Marinha, diretor do Arsenal e Ministro Supremo do Tribunal Militar.

Moço fidalgo da Corte, recebeu os graus de grã-cruz da Imperial Ordem de São Bento de Avis e da Ordem Militar de Avis, de Comendador da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem de Francisco José da Áustria, entre outras.

Fonte: Wikipédia

Urbano Santos

URBANO SANTOS DA COSTA ARAÚJO
(63 anos)
Advogado, Escritor, Político e Vice Presidente do Brasil

* Guimarães, MA (03/02/1859)
+ Em viagem entre o Maranhão e o Rio de Janeiro (07/05/1922)

Advogado, escritor e político de prestígio brasileiro nascido na Comarca dos Guimarães, no Estado do Maranhão, vice-presidente da República, entre 15/11/1914 e 15/11/1918, no governo de Wenceslau Brás Pereira Gomes, 10º presidente do Brasil, que exerceu a presidência nos meses de setembro e outubro de 1917, durante o impedimento do titular.

Filho do advogado pela Faculdade do Recife, Coronel Antônio Brício de Araújo, também tornou-se advogado especialista, principalmente, nos estudos econômicos, financeiros e jurídicos. Depois de ser promotor público do Baixo-Mearim e da Câmara do Rosário e  juiz municipal de Croatá e de São Vicente Ferrer, foi nomeado promotor público e juiz do comércio em São Luís em 1892.

Entrou na política partidária e na Câmara Federal pelo Estado do Maranhão (1897-1906), foi o primeiro vice-presidente e membro da Comissão de Finanças.

Senador pelo Maranhão entre 1906 e 1914, exerceu o mandato de vice-presidente da República entre 1914 e 1918, período em que constitucionalmente foi presidente do Senado por ser o vice-presidente da República, e presidente interino da República em 1917.

Durante sua vida política foi por três vezes, escolhido governador do Maranhão, nos anos de 1898, 1913 e 1918. Nestes mandatos desenvolveu o setor de transportes, com a inauguração do tráfego na Estrada de Ferro São Luís-Teresina em 1921, e ainda o contrato com a Cia. Nacional de Navegação Costeira de uma linha de cabotagem entre os pequenos portos do Estado. No setor de obras públicas promoveu o abastecimento de água com regularidade, a construção da Escola Benedito Leite, a reforma da penitenciária, do quartel de Polícia Militar, do aprendizado agrícola e do teatro, cuja casa de espetáculos passou a se chamar Arthur Azevedo.

Também foi ministro da Justiça e Negócios Interiores entre 1918 e 1919, no Governo de Delfim Moreira, onde se destacou, principalmente, nos investimentos em saúde pública. Promoveu o serviço de profilaxia urbana e rural, instalou o Instituto Osvaldo Cruz em São Luís e celebrou um contrato com a Fundação Rockefeller para o combate à malária.

Finalmente, candidato pela segunda vez à vice-presidência da República na chapa de Arthur Bernardes para o mandato seguinte, entre 1922 e 1926, não chegou a tomar posse, vindo a falecer durante uma viagem do Maranhão para o Rio de Janeiro, a bordo do navio Minas Gerais.

O nome da cidade Urbano Santos, município brasileiro da microrregião de Chapadinha, no estado do Maranhão, com população estimada em 2004, em 23.222 habitantes, e que antes se chamava Ponte Nova, é uma homenagem ao político maranhense.

Mariel Mariscot

MARIEL MARISCOT DE MATOS
(41 anos)
Policial e Membro do Esquadrão da Morte

☼ Niterói, RJ (06/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/10/1981)

Mariel Mariscöt de Matos foi um policial brasileiro. Atuou no Rio de Janeiro na década de 60, e destacou-se por ser acusado de pertencer ao Esquadrão da Morte Scuderie Detetive Le Cocq.

"Eu sou Mariel Mariscot de Matos. Lutei muito, fui feliz, amei. Fui amado por uns e odiado por outros. Subi morros, corri atrás de bandidos, troquei tiros, matei. Fui julgado e condenado. Estou cumprindo pena, mas ainda não fui mutilado, a vida não me embruteceu. Dizem que estou condenado á morte pelos meus companheiros de cela. Não acredito. Ontem estava em apuros, hoje estou tranqüilo e, amanhã, quem sabe, poderei estar novamente nas ruas, andando livremente, convivendo com a sociedade, essa mesma sociedade que me condenou e a quem eu defendi e me esqueceu no fundo do cárcere."

Nascido em Niterói, em junho de 1940, filho de Ariel Mariscot de Matos e de Maria Araújo Mariscot de Matos, Mariel foi com a família morar em Salvador, na Bahia. Quando completou três anos de idade, seu pai morreu vítima de enfermidade incurável. Durante cinco anos Maria Araújo Mariscot de Matos lutou sozinha para criar os dois filhos, Roberto e Mariel.

Cinco anos depois, ela se casou novamente e regressou ao Rio de Janeiro, indo morar em Bangu, na Zona Oeste, com o novo marido, o terceiro sargento do Exército, Wilson de Azevedo Brito, e os dois filhos: Roberto, com seis anos e Mariel, com oito. Era o ano de 1948.

Mariel, seus pais e seu irmão moravam no subúrbio carioca, numa casa humilde, de pau-a-pique. Com o soldo de sargento, o padrasto de Mariel precisava contar com a renda de Dona Maria que costurava para fora. Os meninos ajudavam fazendo bainha nas saias. O tempo passava, Wilson foi promovido a primeiro-sargento, e pôde proporcionar uma vida melhor à família. Mudou-se para uma casa de alvenaria com todas as dependências. Nessa época, Mariel já era rapazinho. Estudava à noite, trabalhava e, pela manhã, treinava natação e water-polo à tarde, no Esporte Clube Bangu. Foi campeão carioca de natação e saltos ornamentais.

Aos 17 anos se alistou na Divisão Aero-Terrestre como paraquedista. Sua carreira militar foi curta, mas bastante para despontar como um soldado arrojado e de coragem invejável, que substituía, voluntariamente, os companheiros escalados para saltos. Com isso ele mantinha o número necessário de saltos para receber soldo maior do que um soldado comum.

A vidinha de Bangu já não satisfazia mais os anseios daquele jovem militar apontado como um dos mais corajosos do corpo de paraquedistas. Mariel via nas revistas que o padrasto levava para casa, um mundo diferente, cheio de prédios, boates, praias e mulheres bonitas. Esse mundo ficava apenas a alguns quilômetros de Bangu. Seu nome: Copacabana.

Através dos jornais, o inquieto Mariel tomou conhecimento da abertura de um concurso para o cargo de guarda-vidas. Era o caminho aberto para concretizar um de seus sonhos. O suburbano de classe média baixa sonhava com um mundo de cores, dinheiro e aventuras. Ele sonhava com o glamour da zona sul do Rio de Janeiro. E mais, custasse o que custasse, Mariel queria ser rico.


Prestou os exames e conseguiu ser um dos primeiros colocados com nota muito acima da média. Como membro do Corpo Marítimo de Salvamento, ele pôde alugar um pequeno apartamento e habitar no mundo que sempre desejou, o mesmo mundo que o levaria ao auge da fama e o arrastaria às celas de uma prisão. Finalmente, Mariel Mariscot de Matos estava morando em Copacabana.

Em 1963, fez concurso para a Polícia Civil e passou em todas as provas. Como policial foi designado para trabalhar num sub-posto de Bangu. Depois de tanto esforço para morar em Copacabana, acabou voltando ao bairro onde moravam seus pais. Nos dias de folga, se apresentava para fazer um "extra" na delegacia de Copacabana.

Foi nas rondas na delegacia da Zona Sul que Mariel aprendeu, com um simples olhar a distinguir o punguista do assaltante, o ladrão de praia do traficante de drogas, o estelionatário do vagabundo de rua. Foi na delegacia de Copacabana que ele aprendeu a técnica de interrogar e de perseguir bandidos nos morros, a ter vivência nas casas noturnas e de atirar e correr atrás de bandidos.

Foi na empolgação de seus 21 anos de idade que Mariel Mariscot matou pela primeira vez, quando deu um flagrante de assalto e os bandidos resistiram à voz de prisão. Daí em diante, ele passou a ser conhecido como o Ringo de Copacabana. Naquela ocasião, Mariel rendeu, com uma pistola calibre 45 em cada uma das mãos, um delegado de polícia que queria prendê-lo sob a acusação de homicídio.

Desde o dia em que matou pela primeira vez, passando por uma trajetória invejável de prisão de bandidos famosos e o assassinato de um motorista de táxi e o momento em que o promotor Silveira Lobo lhe deu voz de prisão com a preventiva já decretada, sob a acusação de pertencer ao Esquadrão da Morte, muitos lances emocionantes e perigosos marcaram a vida de Mariel Mariscot de Matos.

No carro da polícia que o conduzia ao Ponto Zero, onde fica o Batalhão da Polícia Militar, junto com César, seu companheiro de prisão, Mariel falou da necessidade de fugir para provar sua inocência. César não só concordou, como prometeu segurar a onda, enquanto o parceiro tentava reunir as provas. A fuga era uma decisão irrevogável. Na cela, César e Mariel acertaram detalhes. Só não marcaram data. Primeiro tinham que estudar bem aquela prisão, para que tudo saísse da melhor maneira possível. Durante alguns meses eles permaneceram com os outros presos, partilhando jogos, fazendo juntos as refeições e dormindo quando soava o toque de recolher. A idéia de fuga martelava a cabeça de Mariel.

Num trabalho que exigiu muita paciência, ele passou a cronometrar tudo o que acontecia na prisão. Havia a sala de jogos que fechava às 18:00 hs. Só às 21:00 hs eram trancadas as portas das celas. Esse detalhe fez com que Mariel concluísse que o melhor horário para a fuga era entre 17:55 hs e 18:05 hs. Era o tempo em que os carcereiros estavam ocupados em encerrar o movimento da sala de jogos que fechava cinco minutos depois. Aqueles dez minutos eram importantes, porque, dentro desse tempo, era feita a substituição da guarda, no portão principal da cadeia. No dia programado para a fuga estava chovendo e os guardas procuravam proteção embaixo de uma grande marquise. Na área por onde deveria escapar, o sentinela andava de um lado para o outro.

Mariel Mariscot anotou: eram cinquenta passadas de ida e o mesmo na de volta. Exatamente na volta, o guarda ficava de costas, tempo suficiente para que ele ganhasse a passarela do terceiro andar. A sala de jogos estava quase vazia. Mariel subiu na janela. Deu um salto e agarrou ao parapeito, passou da janela para um andaime colocado para o banho de sol dos presos. Em determinado momento, teve que se abaixar para não ser visto pelo carcereiro que dava ordens aos retardatários da sala de jogos.


Agarrado a parede, Mariel se deslocou do lance da passarela para o outro lance, mais abaixo. Desta forma conseguiu chegar a parte externa do prédio. Corpo reto, respiração ofegante, ele avançou e atingiu a terceira janela. Todo o cuidado era pouco. No andar de baixo, dois soldados da Polícia Militar conversavam animadamente. Bastava uma olhada para cima e Mariel estaria descoberto. A chuva ajudava, os soldados saíram daquele ponto e ele continuou em sua escalada. Na quarta e última passarela do pavilhão, Mariel deu um giro no corpo, entrou novamente no prédio e alcançou o saguão da entrada principal. Diante dele estava apenas a escada que o levaria para a liberdade.

Elza de Castro, atriz e sua mulher na época, estava a sua espera com o motor do carro ligado, na Avenida Brasil. Mariel entrou, se acomodou no banco do carona e partiram rumo ao Sul do país. O final da viagem seria o Paraguai. No caminho, depois de contar todos os detalhes da fuga, Mariel divertia Elza de Castro lembrando os lances do homem que matou em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, quando surpreendeu três bandidos tentando assaltar um comerciante.

"Aquele nunca mais vai assaltar ninguém. Eu não queria matar, mas o cara reagiu e não tive outra alternativa senão manda-lo para o inferno. Foi uma jogada de sorte. Nós íamos passando, eu e o César. Ali, perto da Rua Álvaro Ramos diminuímos a marcha do carro. A gente já tinha recebido reclamações que ali estava havendo assaltos com muita freqüência. Entramos na Rua General Góis Monteiro e vimos um homem sendo assaltado. Fui incisivo. Parei o carro de repente. César desceu de um lado e eu do outro. Ficamos distantes para não chamar a atenção.
Observamos que a vítima mantinha as mãos espalmadas na altura do peito. Um homem estava na frente dele e o outro atrás, enquanto o terceiro revistava seus bolsos. Não havia dúvida de que se tratava de um assalto. Me aproximei sorrateiramente por entre os carros e gritei: 'Mãos na cabeça que é a polícia!'.
A resposta foi na hora. Um dos caras se virou, apontou a arma e começou a atirar. Por alguns segundos fiquei em posição difícil, me protegendo por entre os carros estacionados, sem poder atirar para não atingir o cara que estava sendo assaltado. Os bandidos estavam se escudando na vítima. Eles atiraram novamente, rolei por entre os carros e ganhei melhor posição. Um dos bandidos ficou bem descoberto. Fiz pontaria e atirei na cabeça dele. O outro estava preocupado com César que se aproximava atirando do outro lado. Saltei por cima do capô de um carro e atirei na testa do segundo assaltante. Ele ainda estava caindo quando atirei novamente acertando-o no peito. O assaltante rodopiou e caiu. César chegou correndo e, pensando que eu também estivesse morto já ia atirar novamente na cabeça do assaltante. Eu gritei: 'Calma compadre, eu estou bem. A vítima dos bandidos, o comerciante Hélio Tamassini, estava tremendo, encostado na parede de um prédio. César examinava os homens feridos, percebeu que estavam graves e decidimos leva-los para o Pronto Socorro. Um deles morreu antes de chegar ao Hospital Miguel Couto. O outro escapou."


Mariel Mariscot foi morto em 1981, no centro do Rio de Janeiro, quando estacionava o carro para uma reunião com bicheiros.




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