Amaury Alvarez

AMAURY ALVAREZ
(52 anos)
Ator, Diretor de Teatro e Professor

* São Paulo, SP (07/11/1951)
+ São Paulo, SP (28/11/2003)

Amaury Alvarez dirigiu onze peças e atuou em mais de 20. Atuou em teatro, em cinema e em televisão.

No teatro, entre as peças em que atuou, a mais importante e mais premiada, foi "Lembrar é Resistir". No cinema os seus principais trabalhos foram "Ainda Agarro Esse Machão" (1975), "Eles Não Usam Black-Tie" (1981) e "16060" (1995).

Na televisão o ator começou na TV Cultura em 1981, participando da novela "Floradas na Serra". Ainda na TV Cultura, fez em 1981 "Vento do Mar Aberto" e "Partidas Dobradas". Em 1982, fez na TV Bandeirantes "Renúncia", e voltando à TV Cultura, fez no mesmo ano a novela "Maria Stuart", "Seu Quequé" e "Paiol Velho". Passou para o SBT e em 1983 atuou em "A Justiça de Deus", e em 1984 em "Meus Filhos, Minha Vida".

Amaury Alvarez foi um dos maiores incentivadores da arte, e do teatro na cidade de Taboão da Serra, município de São Paulo. Trabalhou em Taboão de 1997 a 2001, como funcionário da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Ajudou a organizar a União Teatral de Taboão (UTT), onde dirigiu três peças: "Este Ovo é Um Galo", "A Morte do Imortal", e "A Torre e, Concurso". Ele coordenou o "Projeto 4 Martins Pena".

Desta forma o teatro no município de Taboão da Serra deixou de ser amador e se profissionalizou. A Casa de Cultura de Taboão passou a se chamar Casa de Cultura Amaury Alvarez

Amaury Alvarez faleceu com apenas 52 anos de idade.

Amauri Alvarez e Ana Rosa na peça "A Mosqueta"
Os principais trabalhos de Amary Alvarez na televisão e no cinema foram:

  • 1995 - 16060 (Cinema)
  • 1984 - Meus Filhos, Minha Vida (SBT)
  • 1983 - A Justiça de Deus ... Drº Raul Correia Couto (SBT)
  • 1982 - Paiol Velho (TV Cultura)
  • 1982 - Seu Quequé ... Orlando (TV Cultura)
  • 1982 - Maria Stuart (TV Cultura)
  • 1982 - Renúncia ... Homero (Bandeirantes)
  • 1981 - Partidas Dobradas ... Carlos (TV Cultura)
  • 1981 - Vento do Mar Aberto ... Drº Valério (TV Cultura)
  • 1981 - Eles Não Usam Black-Tie (Cinema)
  • 1981 - Floradas na Serra ... Flávio Mascarenhas (TV Cultura)
  • 1975 - Ainda Agarro Esse Machão (Cinema) 


Fonte: Museu da TV

Guilherme Paraense

GUILHERME PARAENSE
(83 anos)
Militar e Atleta

* Belém, PA (25/06/1884)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/04/1968)

Nascido em Belém do Pará, no dia 25/06/1884, Guilherme Paraense foi ainda menino para o Rio de Janeiro, onde, aos 5 anos, começou a frequentar a Escola Militar de Realengo. A prática do tiro era exigida no exercício de suas atividades como militar. Sua tranquilidade o fazia atirar com mão firme, invariavelmente acertando o alvo, independente do formato que tivesse.

Seus atributos logo lhe renderam conquistas: no final da década de 1910, o tenente foi campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade tiro com revólver. Em 1914, junto a um grupo de atiradores, fundou, no Rio de Janeiro, o Revólver Clube, destinado a conferir maior atenção à prática do tiro esportivo, que vinha ganhando um número crescente de adeptos. O clube favoreceu a realização de torneios e aprimorou o desempenho de atletas dedicados à modalidade.

Guilherme Paraense foi o primeiro atleta brasileiro a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920. Permaneceu como o único campeão olímpico do país durante 32 anos, até que Adhemar Ferreira da Silva igualasse sua conquista no salto triplo, em Helsinque, em 1952. Primeiro-tenente do Exército Brasileiro, Guilherme Paraense foi campeão brasileiro de tiro em 1913, 1914, 1916 e 1917 e campeão carioca em 1915 e 1918. Tinha 35 anos quando competiu pela primeira vez nas Olimpíadas, no dia 03/08/1920. Ele foi atleta do Fluminense Football Club.

Guilherme Paraense embarcou para Antuérpia, em 1920, com mais sete companheiros a bordo do navio Curvello, todos por conta própria, e desceram em Lisboa, de onde prosseguiram de trem até a Bélgica, informados de que o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Depois de uma viagem de 27 dias, na conexão em Bruxelas parte das armas e a munição de Guilherme Paraense foram roubadas.


Com tantos percalços, a equipe brasileira chegou aos Jogos Olímpicos de moral baixa, com fome e sem material esportivo. Impressionados com a situação dos colegas, os atiradores americanos lhes emprestaram armas e munição, modernas e fabricadas especialmente pela Colt, e com elas os brasileiros derrotaram seus benfeitores, ganhando ouro, prata e bronze no Tiro.

As disputas do tiro realizaram-se em um campo de manobras do exército belga em Beverloo, vizinho a Waterloo, o famoso lugar onde o exército de Napoleão havia sido derrotado. Na prova de pistola de tiro rápido, que consistia em 30 tiros a uma distância de 30 metros do alvo, Guilherme Paraense acertou em cheio o último deles, que decidiu a medalha, em 03/08/1920. Fez 274 pontos contra 272 do segundo colocado, o americano Raymond Bracken, e foi medalha de bronze por equipe na prova de pistola livre.

Paraense também teve a honra de ser o primeiro porta-bandeira olímpico do Brasil. Como o desfile de abertura ocorreu somente em 16/08/1920, treze dias depois da conquista do ouro, seu nome foi uma unanimidade para carregar o símbolo máximo do país.

O primeiro herói brasileiro nunca mais voltou a competir em Olimpíadas e morreu esquecido, vítima de um enfarte, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, no dia 18/04/1968.

Em 1989, o pioneiro do ouro foi homenageado pelo Exército Brasileiro, que batizou com o nome Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense o conjunto de estandes de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende, RJ, onde, além disso, é realizado anualmente um torneio que também leva seu nome, válido para o calendário brasileiro de competições de tiro esportivo.


Atividades no Esporte

  • Participou dos VII Jogos Olímpicos de Antuérpia (1920) e tornou-se o 1º Medalhista de Ouro Olímpico do Brasil, vencendo a prova de revólver, superando o campeão norte americano Raymond Braecken por dois pontos.
  • Serviu vários anos na Vila Militar, DF, como instrutor de tiro.
  • Foi 2º Secretário do Revólver Clube, como 2º tenente (15/05/1914).
  • Detentor da 1ª Medalha Olímpica de ouro do Brasil e bronze por equipe nos Jogos Olímpicos de Antuérpia (1920).
  • No seu regresso das Olimpíadas, em 1922, foi homenageado pelo Presidente da República Epitácio Pessoa no Salão Nobre do Fluminense, juntamente com Afrânio Costa e outros companheiros de equipe, recebendo uma placa de prata da Liga de Defesa Nacional, sendo na ocasião saudado pelo famoso escritor Coelho Neto.
  • Vencedor da prova de revólver dos I Jogos Latino-Americanos, comemorativo do Centenário da Independência do Brasil (1922), com as provas realizadas no estande da Vila Militar.
  • Foi campeão carioca pelo Fluminense e pelo São Cristóvão.
  • Foi campeão brasileiro várias vezes pela Confederação do Tiro Brasileira (CTB), Diretoria Geral do Tiro de Guerra (DGTG), Revólver Club e pela Federação Brasileira de Tiro (FBT).
  • Conquistou os títulos nacionais de 1913, 1914, 1918, 1922 e 1927.
  • Encerrou a sua participação no tiro em 1927.

Indicação: Miguel Sampaio

Dadá

SÉRGIA RIBEIRO DA SILVA
(78 anos)
Cangaceira

☼ Belém do São Francisco, PE (25/04/1915)
┼ Salvador, BA (07/02/1994)

Sérgia Ribeiro da Silva, mais conhecida como Dadá, foi uma cangaceira, a única mulher a pegar em armas no bando de Lampião.

Nasceu em Belém do São Francisco, PE, em 1915, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum contato com índios, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva e Maria R. S. da Silva. A família mudou-se para a Bahia onde, aos treze anos, foi raptada por Cristino Gomes da Silva Cleto, o cangaceiro Corisco, de quem seria prima.

Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegou na sua casa, "onde fez uma baderna danada". Na época, Dadá morava na Fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.

De repente, disse DadáLampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: "Como é? Você não quer desmamar esta menina?"Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, "foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Policia por toda parte". Dadá tinha, apenas 13 anos.

Cabocla bonita, esbelta, conheceu o homem da sua vida de forma violenta, em meio a caatinga árida por onde vivia errante o bando de cangaceiros. Consta que seu defloramento provocara-lhe tanta hemorragia que por pouco não faleceu.

A relação, que começou instintiva, transformou-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o companheiro, que era o segundo homem, na hierarquia do bando, a chegada dos filhos, fez com que mais que uma amante Dadá se tornasse a companheira de Corisco, com quem, ainda no meio das lutas veio a se casar.

Dadá Grávida
Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: "Nos amamos muito".

Dadá teve sete filhos com Corisco, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram, Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano, todos vivos. Também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom.

"Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram."

O bando de Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, e a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar. Ela era a única cangaceira que carregava um revólver calibre 38 e contribuía na defesa e ataque do grupo. Algumas outras, segundo ela, possuíam uma "pistolinha de brincadeira" apenas.

Num dos ataques feitos pelas volantes, em outubro de 1939, na Fazenda Lagoa da Serra em Sergipe, o Diabo Louro foi ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para atirar. Dadá, então, tornou-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa, e não meramente defensiva, nas lutas do cangaço.

Se o marido era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também era chamado "Suçuarana do Cangaço".

Corisco e Dadá
Trágico Final

Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então.

O cangaço definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria justiça passou a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.

Em 25/05/1940, Corisco e seu bando foi cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino. Dissolveram o bando, e abandonaram as vestes típicas, procurando se passar por simples retirantes.

Uma rajada da metralhadora rompeu os intestinos de Corisco. Dadá foi ferida na perna direita.

O último líder do cangaço morreu dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Miguel Calmon, no Estado da Bahia, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu Nina Rodrigues, junto às demais do bando.

Dadá, colocada em condições infectas, teve seu ferimento agravado para uma gangrena, que restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representou Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.

Luta Por Direitos

Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico Estácio de Lima, localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues tivesse fim.

Só a 06/02/1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.

Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.

Teve sua vida retratada em muitos filmes, sendo que em um deles trabalhou na Supervisão Histórica e Costumes assegurando a melhor reprodução possível de sua época e história.

Velório de Dadá
Morte

Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Cemitério Jardim da Saudade, foi sepultada, às 18:10 hs, de 07/02/1994, o corpo de Sérgia Silva Chagas, a Dadá, que morreu, em Salvador, BA, aos 78 anos, na madrugada de 07/02/1994, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber.

O corpo de Dadá foi velado na capela do Cemitério Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou  a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.

Dadá casou-se novamente com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar-se como costureira. Com sua morte, fecha-se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.

Dadá Na Cultura

  • 2005 - "Dadá, a Mulher de Corisco" (Savaget, Luciana - Ed. DCL)
  • 1996 - "Corisco & Dadá" (Filme de Rosemberg Cariry)
  • 1982 - "Gente de Lampião: Dadá e Corisco" (Araújo, Antônio Amaury Corrêa de)
  • 1976 - "A Mulher no Cangaço" (Curta-metragem de Hermano Penna)

Fonte: Wikipédia e A Tarde (08/02/1994)

Rose Marie Muraro

ROSE MARIE MURARO
(83 anos)
Escritora, Editora, Intelectual e Feminista

* Rio de Janeiro, RJ (11/11/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/06/2014)

Rose Marie Muraro foi uma intelectual, escritora e feminista brasileira. Aprendeu desde cedo a lutar contra as dificuldades, físicas e sociais, com força. Nasceu praticamente cega, e somente aos 66 anos conseguiu recuperar parcialmente a visão com uma cirurgia. Estudou Física, foi escritora e editora de livros, assumindo a responsabilidade por publicações polêmicas e contestadoras.

Ao longo da vida, escreveu 44 livros, como "Os Seis Meses Em Que Fui Homem" (1993), "Por Que Nada Satisfaz As Mulheres E Os Homens Não As Entendem" (2003), que venderam mais de 1 milhão de exemplares.

Nos anos 70, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil. Nos anos 80, quando a Igreja adotou uma postura mais conservadora, passou a ser perseguida pelos ideais. A atuação intensa no mercado editorial é fruto de uma mente libertária cuja visão atenta da sociedade pode ser comparada a de muito poucos intelectuais da atualidade.

As idéias refletem-se na vida pessoal desta mulher notável: Há pouco tempo, Rose Marie Muraro desafiou os próprios limites quando, aos 66 anos, recuperou a visão com uma cirurgia e viu seu rosto pela primeira vez.

"Sei hoje que sou uma mulher muito bonita!"


Oriunda de uma das mais ricas famílias do Brasil nos anos 30/40, aos 15 anos, com a morte repentina do pai e consequentes lutas pela herança, rejeitou sua origem e dedicou o resto da vida à construção de um novo mundo: mais justo, mais livre. Nesse mesmo ano conheceu o então padre Helder Câmara e se tornou membro de sua equipe. Os movimentos sociais criados por ele nos anos 40 tomaram o Brasil inteiro na década seguinte. Nos anos 60, o golpe militar teve como alvo não só os comunistas, mas também os cristãos de esquerda.

A Editora Vozes foi um capítulo à parte na vida de Rose. Lá, trabalhou com Leonardo Boff durante 17 anos e das mãos de ambos nasceram os dois movimentos sociais mais importantes do Brasil, no século XX: O movimento de emancipação das mulheres e a teologia da libertação - até hoje, base da luta dos oprimidos.

Nos anos 80, presenciou a virada conservadora da Igreja, e em 1986, Rose e Boff foram expulsos da Vozes, por ordem do Vaticano. Motivo: a defesa da teologia da libertação, no caso de Boff e a publicação, por Rose, do livro "Por Uma Erótica Cristã".

Ela introduziu a questão da classe social no estudo de gênero, ela foi a primeira mulher a estudar de forma sistemática a sexualidade da mulher brasileira a partir da situação ou classe social - disse Boff. - Ela inaugurou esse discurso, nem Freud ou qualquer analista europeu atingiram esse ponto. Tudo isso foi resultado de uma ampla e minuciosa pesquisa de campo.

Juntos, Rose Marie e Boff assinaram, em 2002, o livro "Masculino / Feminino", onde investigaram juntos a relação entre os gêneros.

"Rose elevou a questão do gênero a um novo patamar, pois não considerava o masculino e o feminino como realidades que se contrapõem, mas como instâncias fundamentais, onde cada um é completo em si mas voltado para o outro, numa relação de reciprocidade e construção conjunta."
(Leonardo Boff)


Em trecho do documentário "Memórias De Uma Mulher Impossível", lançado em 2009 por Márcia Derraik, Rose Marie explicou:

"O assunto mulher era um assunto sem importância para os militares e para a sociedade como um todo. O pessoal não sabia da existência do feminino. Ah, essa daí lida com mulher, essa daí não é perigosa, tem filhos pequenos, só tá na igreja, então essa daí não vamos perseguir. Já nos anos 60 eu dizia: eu também quero pôr fogo no mundo. Fui pôr fogo no mundo, fui ser editora. E eu vi que eram os livros que punham fogo no mundo."

Rose Marie Muraro foi eleita, por nove vezes, A Mulher do Ano. Em 1990 e 1999, recebeu, da revista Desfile, o título de Mulher do Século. E da União Brasileira de Escritores, o de Intelectual do Ano, em 1994.

O trabalho de Rose, como editora, foi um marco na história da resistência ao regime militar. Devido a este trabalho, recebeu, do Senado Federal, o Prêmio Teotônio Vilela, em comemoração aos 20 anos da anistia no Brasil.

Foi palestrante nas universidades de Harvard e Cornell, entre tantas outras instituições de ensino americanas, num total de 40. Editou até o ano 2000 o selo Rosa dos Tempos, da Editora Record.


Foi Cidadã Honorária de Brasília (2001) e de Cidadã Honorária de São Paulo (2004). Ganhou o Prêmio Bertha Lutz (2008), e principalmente, pela Lei 11.261 de 30/12/2005 passada pelo Congresso Nacional foi nomeada Patrona do Feminismo Brasileiro.

Em 1999, ela contou sua história na autobiografia "Memórias De Uma Mulher Impossível".

Na última entrevista de Rose para o jornal Correio Braziliense, no dia 18/08/2003, a intelectual relatou como os problemas de saúde estavam limitando a produção de novas publicações. Ela contava com a ajuda de amigos e parentes para conseguir manter os tratamentos e a estrutura que a possibilitava continuar o exercício da atividade intelectual.

"Atualmente sou uma meia-pessoa. Semi-cega, porque vejo vultos, e semi-paralítica, porque não consigo andar com o andador, mas preciso de cuidados 24 horas por dia, e de uma secretária para escrever o que eu dito, pois estou escrevendo dois livros no momento. Um sobre a traição e outro sobre amor."
(Rose Marie Muraro)


Uma das cinco filhas de Muraro, Tônia, cuida do Instituto Cultural Rose Marie Muraro (ICRM), que foi criado em 2009. O órgão tem o objetivo de salvaguardar o acervo da intelectual, que têm mais de 4 mil publicações.


Morte

Rose Marie Muraro, a Patrona do Feminismo Brasileiro, morreu na manhã de sábado, 21/06/2014, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, em consequência de problemas respiratórios. Ela tinha câncer na medula óssea há cerca de 10 anos e, desde o dia 12/06/2014, estava na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana. No dia 15/06/2014, entrou em coma e acabou acometida por uma infecção.

O velório de Rose Marie Muraro começará às 08:00 hs de domingo, 21/06/2014, no Memorial do Carmo, no Caju, e a cremação está marcada para as 16:00 hs.

Rose Marie Muraro tinha 5 filhos e 12 netos, frutos de um casamento de 23 anos.


Alguns Livros:

  • 2007 - Educando meninos E Meninas Para Um Mundo Novo
  • 2007 - História do Masculino E Do Feminino
  • 2007 - Uma Nova Visão Da Política E Da Economia
  • 2007 - História Do Meio Ambiente
  • 2007 - Para Onde Vão Os Jovens
  • 2007 - A Mulher Na Construção Do Futuro
  • 2006 - O Que As Mulheres Não Dizem Aos Homens
  • 2006 - Diálogo Para O Futuro
  • 2006 - Mais Lucro
  • 2004 - Espírito De Deus Pairou Sobre As Águas
  • 2003 - Por Que Nada Satisfaz As Mulheres E Os Homens Não As Entendem
  • 2003 - Um Mundo Novo Em Gestação
  • 2003 - Amor de A A Z
  • 2003 - A Paixão Pelo Impossível
  • 2002 - Masculino / Feminino
  • 2001 - As Mais Belas Orações De Todos Os Tempos
  • 2000 - Textos Da Fogueira
  • 1999 - A Alquimia Da Juventude
  • 1999 - Memórias De Uma Mulher Impossível
  • 1996 - As Mais Belas Palavras De Amor
  • 1996 - Sexualidade Da Mulher Brasileira
  • 1993 - Seis Meses Em Que Fui Homem
  • 1993 - A Mulher No Terceiro Milênio
  • 1990 - Poemas Para Encontrar Deus


Indicação: Miguel Sampaio

Corisco

CRISTIANO GOMES DA SILVA CLETO
(32 anos)
Cangaceiro

☼ Matinha de Água Branca, AL (10/08/1907)
┼ Fazenda Cavacos - Brotas de Macaúbas, BA (25/05/1940)

Cristino Gomes da Silva Cleto era seu nome verdadeiro. Nascido no dia 10/08/1907, em Matinha de Água Branca, no Estado de Alagoas. Era filho do sofrido casal Manoel Anacleto e Firmina Maria, segundo comprovação no atestado de óbito do acervo Ivanildo Alves da Silveira. Ivanildo é promotor de justiça, colecionador e pesquisador do cangaço.

Considerado por Lampião como um dos mais valentes cangaceiros e apontado pelos historiadores como um dos mais ferozes e cruéis bandidos que fizeram parte do grupo de Virgulino Ferreira

No ano de 1924, foi convocado pelo Exército Brasileiro para cumprir o serviço militar, mas talvez não satisfeito com as exigências das forças armadas, desistiu  em seguida.

No ano de 1926, em uma briga de rua, Corisco matou um homem e tomou a decisão de aliar-se ao bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião. Corisco era conhecido por sua beleza, seu porte físico atlético e cabelos longos deixavam-o com uma aparência agradável, além da força física muito grande. Por estes motivos foi apelidado de Diabo Louro quando entrou no bando de Lampião. No cangaço fora alcunhado de Corisco pela sua ligeireza.

Dadá e Corisco
Assim que Lampião levou Maria de Déia, a futura Maria Bonita para o cangaço, com a liberação do chefe, Corisco raptou uma moça de 13 anos, descendente dos índios Pancarerés, a Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida por Dadá. Como a companheira não sabia ler e escrever, Corisco a ensinou, e também os manejos de  armas de fogo. Corisco permaneceu com ela até no dia de sua morte. Mesmo vivendo de correrias dentro das caatingas, o casal teve sete filhos, mas apenas três deles sobreviveram, e um deles é o Sílvio Bulhões, muito conhecido por todos os escritores e pesquisadores do cangaço.

Em relação às vestes dos cangaceiros, Dadá foi a maior  estilista do bando. Costurava e enfeitava as vestes de todos os cangaceiros.

Como em toda sociedade sempre há desavenças por uma razão qualquer, infelizmente Lampião e Corisco se desentenderam, causando a separação do bando, mas isso não afetou muito o relacionamento amigável entre ambos. Com isso Corisco foi obrigado a formar o seu próprio grupo de cangaceiros e continuou conservando a amizade com o chefe Lampião.

Na madrugada de 28/07/1938, na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe, a polícia alagoana desbaratou o bando de cangaceiros. Matou e degolou onze asseclas, que infelizmente não conseguiram furar o cerco, e entre eles morreram: o rei  Lampião e a sua rainha Maria Bonita.


O cangaceiro Corisco não se encontrava no acampamento no momento do massacre, e ao tomar conhecimento, vingou-se ao seu modo, furiosamente.

Cinco dias depois do combate na Grota de Angicos, Corisco matou o coiteiro Domingos Ventura, e mais cinco pessoas de sua família, incentivado por Joca Bernardo, dizendo que o coiteiro Domingos Ventura era o responsável pela denúncia de Lampião.

Em seguida, separou  as cabeças dos corpos, e mandou-as para o tenente João Bezerra da Silva. E com elas foi o recado: "Faça uma fritada. Se o problema é cabeça, aí vai em quantidade".

Como haviam sido mortos os pais dos cangaceiros, isto é, seus protetores, com uns trinta dias depois do massacre de Angico, a maioria dos facínoras já havia se rendido. Na ativa apenas permaneciam os grupos de Moreno e Corisco.

Morte

Em 1940 o governo de Getúlio Vargas promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem. Corisco e sua mulher Dadá decidiram se entregar mas, antes que isso acontecesse, foram baleados.

O médico e historiador Magérbio Lucena, autor do livro "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", descreve que, na verdade, não houve combate. Corisco e sua mulher, Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida como Dadá, tinha acabado de almoçar, quando foram surpreendidos com a volante comandada pelo tenente João Bezerra. Corisco e Dadá estavam desarmados, quando foram metralhados.

Corisco havia cortado o longo cabelo loiro e não andava mais em bando desde a morte do amigo Lampião, dois anos antes. Magérbio Lucena descreve que, ao se aproximar do cangaceiro, o coronel José Rufino perguntou: "É Corisco?". O cangaceiro respondeu: "É Corisco veio!". O militar questionou: "Por que não se entregou?". E Corisco retrucou: "Sou homi para morrer, não para se entregar".

Depois deste diálogo, o cangaceiro foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora. Ficando com os intestinos à mostra, conseguiu sobreviver durante dez horas. Naquele mesmo conflito, Dadá foi atingida na perna e, não obstante ter passado por várias intervenções cirúrgicas, precisou amputar o pé direito. Em relação ao confronto final, ela declarou que os policiais vieram decididos a roubá-los e a matá-los, e que seu companheiro era deficiente físico e não teve chance alguma de se defender.

Em maio de 1968, a revista Realidade colocou frente a frente Dadá e o coronel José Rufino, responsável pela morte de Corisco. Ele, velho e doente, chorou ao vê-la. Dadá, forte e altiva, o perdoou, no entanto, desmentiu o algoz. Ele não matara seu marido em combate, afirmou: "Foi emboscada".

Do cangaço, Dadá levou lembranças, três filhos com Corisco e nenhum dinheiro. Morreu em fevereiro de 1994, aos 78 anos, na periferia de Salvador.

Magérbio Lucena lembra que o objetivo dos policiais não era defender a Lei. Na verdade, segundo o escritor, o que mais interessava aos policias eram os 300 contos de réis e os dois quilos de ouro que os dois fugitivos carregavam. De acordo com o escritor, Corisco não tinha condições de reagir.

Em 1939, ele caiu numa emboscada, na Fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe. Corisco sofreu fraturas gravíssimas no braço esquerdo e no antebraço direito. O casal já tinha tomada a decisão de deixar o cangaço, quando foi localizado pela polícia.

Com a morte do chamado Diabo Louro, na tarde do dia 25/05/1940, na Fazenda Cavacos, em Brotas de Macaúbas, Oeste da Bahia, estava decretado o fim do Cangaço.

Corisco foi e sepultado no cemitério da atual cidade de Miguel Calmon, sendo exumado 3 dias depois para que lhe cortassem a cabeça, segundo informação que foi para estudo. Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no Museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita.

Nesta  foto abaixo do jazigo, onde se lê o nome do cangaceiro "Cristino Gomes da Silva Cleto", e a data de 1977, quando os restos mortais foram colocados ali, transportados da primeira sepultura, aquela datada de 1969.

Tirando as Possíveis Dúvidas

Corisco morreu em maio de 1940 e seu corpo completo foi enterrado em Miguel Calmon, no Estado da Bahia. Após 3 dias foi desenterrado e sua cabeça foi levada para o Museu Nina Rodrigues e seu corpo sem cabeça continuou no cemitério de Miguel Calmon, até 1969.

Após ações judiciais na década de 60, a cabeça de Corisco saiu do Museu Nina Rodrigues e foi enterrada junto com os restos mortais que estavam em Miguel Calmon, no Cemitério da Quinta dos Lázaros.

E esta exumação foi para a troca de cemitério? Não, foi devido a compra de um jazido perpétuo que todo o conjunto dos restos mortais foi transferido para o túmulo onde se encontra hoje.

Corisco e Vinte e Cinco
O Cangaço Continua

O bando de Lampião aterrorizou o sertão nordestino por quase 20 anos. Especula-se que a origem do Cangaço remonte ao século XVIII, quando fazendeiros recrutavam sertanejos para exterminar índios. Mais tarde, os colonos teriam sido obrigados a participarem das lutas entre famílias ricas que disputavam terras com políticos. Por fim, esses bandos tornaram-se independentes, criando leis próprias e subornando fazendeiros e comandantes da polícia em troca de proteção. Seus métodos bárbaros incluíam tortura, estupro e morte.

Segundo essa tese, o surgimento desses andarilhos coincide com o declínio das culturas de cana-de-açúcar e algodão. O café, no Sudeste, passou a ser o motor da economia brasileira gerando fome, desemprego e falta de perspectivas no agreste. Assim, o Cangaço era uma opção de vida atraente para sertanejos jovens que não tinham trabalho e rendiam-se à promessa de fama e dinheiro fácil. Qualquer semelhança com a história dos "Soldados do Tráfico de Drogas" nos dias atuais não é mera coincidência. Essa era a situação social e política da primeira fase da República.

Representações na Cultura

A vitalidade, energia e violência de Corisco fascinou Glauber Rocha e inspirou o seu filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964). Corisco foi interpretado por Othon Bastos.

Em 1969, foi lançado o filme "Corisco, o Diabo Loiro" de Carlos Coimbra. Corisco foi interpretado por Maurício do Valle, o mesmo que interpretou Antônio das Mortes, assassino de Corisco em "Deus e o Diabo na Terra do Sol".

Em 1996 foi lançado o filme "Corisco & Dadá", que conta a história do casal. O filme foi protagonizado por Chico Diaz e Dira Paes.

Vinte e Cinco

JOSÉ ALVES DE MATOS
(97 anos)
Cangaceiro

☼ Paripiranga, BA (1917)
┼ Maceió, AL (15/06/2014)

José Alves Matos, mais conhecido por Vinte e Cinco, nasceu em Paripiranga, BA, na Fazenda Alagoinha. Teve vários primos e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: Santa CruzPavãoChumbinhoVentania e Azulão.

José Alves vem de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs e depois seu pai casou novamente e nasceram mais cinco homens e três mulheres.

Antes de se destacar no bando montado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, José Alves de Matos tinha, de acordo com sua filha, feito estágio no bando de Corisco, alcunha de Cristino Gomes da Silva Cleto. No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho Santa Cruz entrou no grupo de Mariano. Por conta de uma discussão com a cangaceira Dadá saiu do grupo de Corisco.

Corisco e Vinte e Cinco
Somente depois de participar do bando de Corisco foi que ingressou no grupo de Lampião, de quem recebeu, na noite de Natal, o apelido pelo qual será eternamente conhecido: Vinte e Cinco.

Ingressou no grupo de Virgulino Ferreira da Silva no dia 25/12/1937, aos 20 anos, depois de se dizer perseguido pelas polícias da Bahia, Alagoas e Pernambuco. O dia em que entrou para o bando de Lampião lhe valeu o apelido de Vinte e Cinco.

No fatídico 28/07/1938, da morte de Lampião, ele não se encontrava entre o bando porque havia sido incumbido de ir junto com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões, munições e mantimentos para o grupo como conta Dalma Matos, filha do cangaceiro:.

"Na noite anterior, papai e mais alguns companheiros saíram da grota para cumprir a ordem de Lampião de conseguir mantimentos para a alimentação dos demais cangaceiros. Se não tivesse saído da grota naquele dia..."

Após a morte de Lampião, Vinte e Cinco se manteve escondido até se entregar as autoridades em novembro de 1938 junto com outros cangaceiros, em Poço Redondo, SE, e acabou ficando preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar. Quando recebeu o alvará de soltura conseguiu entrar no Estado como Guarda Civil, conseguindo a vaga através de um amigo.

Vinte e Cinco, Lampião, Canário e Maria Bonita
Quando o governador Ismar de Góis Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia ficar com ele na guarda pois ele havia sido cangaceiro. O secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho e o major disse que ele era entre os 38 guardas o melhor profissional que ele tinha. O Secretário resolveu fazer um concurso entre eles e José Alves contratou duas professoras, esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase, na segunda fase se classificou entre os melhores e quase foi reprovado na parte de tiro, pois era acostumado com o Parabellum e teve que atirar com um 38, só passando depois que atirou com o Parabellum e acertou o alvo, depois de duas sequências de erros com a outra arma.

Com seis obras publicadas sobre o cangaço, o pesquisador baiano João de Souza Lima afirma que conheceu Vinte e Cinco em 2005, e o define como um "ser humano inteligentíssimo".

"Costumávamos conversar muito e numa dessas conversas ele revelou que o motivo que o fez ingressar no cangaço foi o fato de a polícia ter violentado familiares seus."

José Alves, que era aposentado como servidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas, foi casado por mais de 50 anos com Mariza da Silva Matos e deixou seis filhos e 16 netos.

Vinte e Cinco e a esposa Mariza
Morte

Último cangaceiro do bando de LampiãoJosé Alves de Matos, 97 anos, morreu na manhã de domingo, 15/06/2014, em sua residência, em Maceió, AL, vítima de insuficiência respiratória.

O corpo de José Alves de Matos, tido como o último cangaceiro vivo do bando de Virgulino Ferreira da Silva, foi sepultado no início da noite de segunda-feira, 16/06/2014 no Cemitério Parque das Flores, 76 anos  depois de ter escapado da morte pela polícia alagoana no famoso Massacre da Gruta de Angicos, onde Lampião, Maria Bonita e seus cangaceiros foram mortos pelos "macacos", apelido dado por Lampião à Policia Volante.

Vinte e Cinco era "oficialmente" o ultimo ex-cangaceiro vivo. Dos remanescentes do cangaço de Lampião resta apenas Dulce que foi companheira do cangaceiro Criança.

Indicação: Miguel Sampaio

Bill Farr

ANTÔNIO MEDEIROS FRANCISCO
(84 anos)
Cantor e Ator

* Sapucaia, RJ (30/10/1925)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/2010)

Antônio Medeiros Francisco, de nome artístico Bill Farr, foi um cantor e ator brasileiro. Passou a infância em Petrópolis, RJ, e, quando ainda estudante do Colégio Werneck, organizou um grupo vocal. Depois que terminou seu curso científico, ingressou na carreira artística.

Começou como vocalista no Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Depois passou a atuar na Rádio Nacional do Rio de Janeiro por intermédio de César de Alencar, participando dos programas "Gente Nova", de Celso Guimarães, "Programa César de Alencar", "Um Milhão de Melodias" e "Orquestra Melódica". Tornou-se vocalista da orquestra de Ferreira Filho.

Em 1952, gravou seu primeiro disco, pela gravadora Sinter, com o samba "Abraça-Me" (Luís Bittencourt), e o bolero "Depois do Amor" (José Maria de Abreu e Osvaldo Santiago). No mesmo ano, foi lançado como galã no cinema por José Carlos Burle nos filmes "Carnaval Atlântida" e "Barnabé, Tu És Meu".

Em 1953, por intermédio de Bené Nunes, transferiu-se para a gravadora Continental, pela qual lançou com sucesso, em 1954, o foxtrote "Oh" (Arnold Johnson e Byron Gay - com versão de Haroldo Barbosa), que foi, por vários meses, campeão de vendas. No mesmo período, gravou o samba "Podem Falar" (Antônio Maria e Ismael Neto), a cançoneta "Coisas de Paris" (Haroldo Barbosa), e o foxtrote "Zum-Zum-Zum" (Lúcio Alves).

Mary Gonçalves e Bill Farr
Em 1954 lançou a marcha "Tira a Boca do Caminho" (Mário Lago e Chocolate). Gravou também o fox-polca "A Casa do Nicola" (João de Barro) e o samba-canção "O Que é Amar" (Johnny Alf).

Em 1956, gravou com Emilinha Borba, com arranjos de João de Barro, o fox-marcha "Bate o Bife". No mesmo ano, gravou os sambas "Só Errando o Português" (Lúcio Alves), e "Sonho Desfeito" (Armando Cavalcanti, Paulo Soledade e Tom Jobim).

Em 1957, gravou os sambas "Vamos Beber" (Paquito, Nelson Boexi e Romeu Gentil), e "Não Me Jogue Fora" (Aldacir Louro e Avaré), a "Toada do Burrinho" (Catulo de Paula e Hermenegildo Francisco), e a valsa "Mulher Ideal" (Klécius Caldas e Armando Cavalcanti).

Em 1958 lançou o bolero "Vencida" (Eduardo Patané), e os sambas-canção "Eu Não Existo Sem Você" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), e "Canção Para Ninar Gente Grande" (Antônio Maria e Evaldo Gouveia).

Mary Gonçalves e Bill Farr
Em 1959, gravou "Mais Um Samba Popular" (Ataulfo Alves), e "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá e Antônio Maria).

Em 1960, gravou o clássico samba "Mulher de Trinta" (Luiz Antônio).

Em 1961, lançou seu último disco, interpretando a marcha "Passarela" (Jota Jr. e Castelo), e o samba "Lá Vem Mangueira" (Paquito, Romeu Gentil e Paulo Gracindo).

Depois do Carnaval de 1961, Bill Farr abandonou a carreira artística, indo residir em Madrid, Espanha, trabalhar em um escritório brasileiro de comércio exterior.

Aos 80 anos, participou do septuagésimo aniversário da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, ao lado de antigos funcionários, produtores e artistas da rádio, como Marlene, Jorge Goulart, Ademilde Fonseca, Daisy Lúcidi e Gerdau dos Santos.

Bill Farr faleceu em 13 de setembro de 2010, aos 84 anos, no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia

Pedro Caetano

PEDRO WALDE CAETANO
(81 anos)
Compositor e Comerciante

* Bananal, SP (01/02/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/07/1992)

Pedro Walde Caetano, ou simplesmente Pedro Caetano foi um compositor, sambista e comerciante brasileiro. Compôs inúmeras marchas, sambas, valsas e choros da chamada "Era do Rádio" da música brasileira. Foi o autor de mais de 400 composições, não fez da música a sua profissão, tendo sido comerciante de sapatos durante a sua vida profissional. Teve como parceiros musicais Claudionor Cruz (o mais constante), Pixinguinha, Noel Rosa, Alcir Pires Vermelho e Walfrido Silva.

Nascido em Bananal, interior paulista, veio com a família para o Rio de Janeiro com apenas 9 anos. Começou a estudar piano nessa época. Apesar de se consagrar como compositor, sempre exerceu a atividade de comerciante de calçados. Escreveu o livro "Meio Século de Música Popular Brasileira - O Que Fiz, o Que Vi", lançado pela Editora Vila Doméstica, do Rio de Janeiro, em 1984.

Aos 22 anos, fez seu primeiro samba de projeção, "Foi Uma Pedra Que Rolou", que foi lançado em 1934 por Silvio Caldas no "Programa Casé", mas somente gravado em 1940, pela dupla Joel e Gaúcho na Columbia.

Em 1935, teve sua primeira composição gravada, o samba-canção "O Tocador de Violão", parceria com Claudionor Cruz por Augusto Calheiros na gravadora Odeon.

Em 1937, chegou a escrever uma letra para "Carinhoso", a pedido do irmão de Orlando Silva, Edmundo, pois o "Cantor das Multidões" não confiava no sucesso da letra de Braguinha, que iria gravar. Em suas memórias, a considerou "piegas e sem graça", pois a letra dizia: "Na mansidão do teu olhar / meu coração viu passear / uma feliz e meiga bonança"...

Pedro Caetano homenageado pelo Chacrinha
Em 1938, Orlando Silva fez sucesso com a valsa "Caprichos do Destino" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Nesse mesmo ano, Aracy de Almeida gravou na RCA Victor o samba "Moreno Faceiro" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1939, fez com Valfrido Silva o samba "Se Você Fosse Minha Rosa" gravado na Odeon pela dupla Joel e Gaúcho, com Joel de Almeida compôs o samba "O Que é Que Tem?" e com Claudionor Cruz o samba "Ela Rasgou Minha Baiana", gravados por Dircinha Batista na mesma gravadora.

Em 1940, fez em parceria com Claudionor Cruz e Wilson Batista o samba-batuque "Senhor do Bonfim Te Enganou" gravado na Odeon por Dircinha Batista e Nuno Roland. Com Alcyr Pires Vermelho compôs a marcha "Amor Perfeito" registrada por Gilberto Alves, com Claudionor Cruz compôs o choro estilizado "A Felicidade Perdeu Seu Endereço", a valsa "Não Creio Na Ventura" gravadas por Orlando Silva, e a marcha "Oh! Rosa" gravada por José Lemos, as três na RCA Victor.

Em 1941, Dircinha Batista gravou o samba "Contemplando" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1942, lançou um de seus grandes êxitos, composto em uma festinha, em homenagem a menina Maria Madalena de Assunção Pereira. Lançada por Cyro Monteiro no programa de César Ladeira, na Rádio Mayrink Veiga, a música fez sucesso, justamente por trazer o nome inteiro da menina na letra. Tal detalhe impediu, no entanto, que Cyro Monteiro gravasse o samba-choro com sua letra original, pois a censura da época proibia nomes próprios por extenso em letras de música. A solução foi dada pelo radialista César Ladeira, que sugeriu a troca do sobrenome "de Assunção" para "dos Anzóis" e em tom de brincadeira disse: "Se aparecer alguém com esse nome mandem prender, porque isso não é nome que se use!". Assim, em abril de 1942, saiu o disco pela RCA Victor.

Aniversário de 70 anos
Ainda em 1942, Francisco Alves gravou "Sandália de Prata", um samba em parceria com Alcyr Pires Vermelho, pela gravadora Odeon, e que viria a ser revivida muitas décadas depois. Ainda nesse ano, compôs com Joel de Almeida a rancheira "Saudade da Roça" gravada por Joel e Gaúcho, com Claudionor Cruz fez os sambas "Retratinho Dele" e "Tempestade D'alma", gravados por Dircinha Batista, com Alcyr Pires Vermelho, a marcha "Deixai Para Mim as Cabrochinhas" gravado pelo grupo vocal Quatro Ases e Um Coringa, e com Marino Pinto a marcha "Ela Partiu... (Sabe Moço?)", registrada por Francisco Alves, todas na gravadora Odeon.

Em 1943, Orlando Silva gravou na Odeon a marcha "Orgulho da Minha Terra" (Pedro CaetanoAntônio Almeida e Cyro Monteiro), na RCA Victor o samba "O Vestido Que Eu Te Dei" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho). Com Claudionor Cruz, fez a valsa "Duas Vidas", gravada por Orlando Silva e o samba "É Triste a Gente Querer", gravada por Gilberto Alves, e com Valfrido Silva compôs o "Samba de Casaca" registrado pelos Quatro Ases e Um Coringa. Ainda nesse ano, compôs com Joel de Almeida o maxixe "Quem Foi Que Disse?" e a valsa "Aceite o Convite" gravadas pela dupla Joel e Gaúcho, e teve êxito com a valsa "A Dama de Vermelho", parceria com Alcyr Pires Vermelho e lançada por Francisco Alves.

Em 1944, compôs com Claudionor Cruz um grande sucesso, a marcha de carnaval "Eu Brinco", inspirada na conjuntura da II Grande Guerra, que provocou racionamentos e dificuldades econômicas, a ponto da imprensa temer um carnaval desanimado para aquele ano. A letra dizia: "Com pandeiro ou sem pandeiro, eu brinco, com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco". A expressão caiu nas graças do povo e tornou-se dito popular na época. A marcha foi gravada por Francisco Alves, pela gravadora Odeon. Nesse ano, teve gravados ainda os sambas "Ginga, Ginga, Ginga" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) e "Bahia, Rainha da Lenda" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), pela dupla Joel e Gaúcho, "Quem Gosta de Mim Sou Eu" (Pedro Caetano e Frazão), por Odete Amaral e "A Cubana no Samba" (Pedro Caetano e Valfrido Silva), pelos Quatro Ases e Um Coringa. Ainda em 1944, o samba "Saudades Dela" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho) foi gravado na RCA Victor por Cyro Monteiro e Carlos Galhardo gravou com sucesso o samba "Disse-Me-Disse" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), também pela RCA Victor.

Em 1945, obteve certo destaque com a marcha "Haja Carnaval ou Não" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) gravada por Francisco Alves, pela Odeon. Nesse ano, o mesmo Francisco Alves gravou a valsa "E a Noite Continua" (Pedro Caetano, Alcyr Pires Vermelho e Gilberto Alves), o choro "Este Choro e o Meu Pranto" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Ainda em 1945 fez com Claudionor Cruz a marcha "Um Pracinha na Itália" gravada por Orlando Silva, e a valsa "O Coração Que Te Quer" registrada por Carlos Galhardo.

Pedro Caetano recebendo título de Cidadão Cachoeirense em 1969
Em 1946, teve os sambas "O Samba Agora Vai" e "Onde é Que Estão os Tamborins?" gravados pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa. O samba "Onde é Que Estão os Tamborins?" foi sucesso no carnaval do ano seguinte tornando-se um clássico.  Na letra, reclama da apatia e da ausência dos sambas de Cartola, ausente dos carnavais daquela escola na época com versos que dizem:

"Mangueira

onde é que estão os tamborins, ó nêga?

Viver somente do cartaz não chega

põe as pastoras na Avenida

Mangueira querida!"

Segundo o autor, o samba nasceu quando voltava do teatro com a mulher, em época próxima do carnaval e estranhou o silêncio na Mangueira:


"Como estávamos perto do carnaval,  estranhei o silêncio e comentei: - Você não acha que já seria hora de a Mangueira estar fervilhando nos ensaios? Dizendo isto fui fazendo a minha crítica mentalmente e esta foi saindo em ritmo de samba de carnaval. O negócio foi tão espontâneo que quando meti a chave na porta, já estava cantando!"

Ainda nesse ano, Gilberto Milfont gravou dois sambas e uma marcha de sua parceria com Claudionor Cruz, "Estão Vendo Aquela Mulher",  "Apelo" e "Quem Tem Dinheiro". O samba "O Que Se Leva Dessa Vida", também seria muito bem sucedido e foi gravado por Cyro Monteiro pela RCA Victor e regravado pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa, pela gravadora Odeon.

Em 1947, teve mais dois sambas gravados pelo Quatro Ases e Um Coringa, "Sopa No Mel", com Sá Róris e "Sambolândia". Com o mesmo grupo Quatro Ases e Um Coringa obteve novo sucesso com o samba "É Com Esse Que Eu Vou", composto numa viagem de trem de Vitória para Belo Horizonte. Anos depois este samba foi relançado e consagrado na interpretação de Elis Regina, em arranjo inovador. Ainda no mesmo ano, Francisco Alves gravou a valsa "Você e a Valsa" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), e Cyro Monteiro a marcha "Beijo".

Pedro Caetano com Marlene no show "É Com Esse Que Eu Vou"
Em 1948 teve as marchas "Paz com briga" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), gravada por Albertinho Fortuna e "Beduíno" (Pedro Caetano e Sá Róris) por Castro Barbosa, as duas na gravadora Star.

Em 1949, o Quatro Ases e Um Coringa gravou os sambas "Mulher Carinhosa Demais" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho) e "No Meu Cangote" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1950, Nuno Roland gravou na Todamérica o samba "Em Qualquer Parte do Rio" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), e Heleninha Costa na gravadora Sinter a batucada "Bonequinha da Holanda" (Pedro Caetano e Clemente Muniz).

Em 1951, os Vocalistas Tropicais gravaram na Odeon a marcha "Quem Tem Amor Não Dorme"Nuno Roland na Todamérica o samba "Tá Bem Quente" (Pedro Caetano e Carlos Barroso).

Em 1952, os Vocalistas Tropicais gravaram a rancheira "Cachoeiro do Itapemirim" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) e o samba "Presunçosa" (Pedro Caetano e Clemente Muniz), Elizeth Cardoso o bolero "Amor, Amor" (Pedro Caetano e Portinho), e a dupla Joel e Gaúcho as marchas "Senhor Cabral" (Pedro Caetano e Cláudia Sandoval) e "Mulher Falsa" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1953 fez uma rara parceria com o pianista José Maria de Abreu no samba "Rancor" gravado por Marion e teve as marchas "No Fundo do Copo" (Pedro Caetano e Clemente Muniz) gravada por Nuno Roland e "Tomara Que Caia" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) por Bill Farr.

Pedro Caetano na Casa Pedro
Em 1954, fez com Clemente Muniz a marcha "Despedida de Solteiro" e a valsa "Casadinhos" gravadas em dueto por Alcides Gerardi e João Dias e, com Claudionor Cruz, o samba-canção "Falta-me Alguém", gravado por Carlos Augusto na Sinter.

Em 1956 Orlando Silva gravou na Odeon o samba "Dia de Pagamento" (Pedro Caetano Clemente Muniz) e Dalva de Andrade, na Continental lançou o samba-canção "Tudo Nos Falta" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), e Gilda Valença lançou na Sinter as marchas "Uvas Pretas" e "Quanta Coisa Boa" (Pedro Caetano e Carlos Renato). Ainda nesse ano, a então Miss Brasil Marta Rocha gravou o baião "Rio, Meu Querido" (Pedro Caetano e Carlos Renato) e a marcha "Duas Polegadas a Mais" alusiva a sua derrota no concurso de Miss Universo por ter duas polegadas a mais na cintura, parceria com Alcyr Pires Vermelho e Carlos Renato.

Em 1957, Nora Ney gravou na Continental o samba "Eu e Deus" (Pedro Caetano Evaldo Gouveia) e Jorge Goulart na mesma gravadora lançou a valsa "Rio, Novo Céu" (Pedro Caetano Claudionor Cruz). No mesmo ano, Léo Vaz gravou os sambas "Eu Vou Onde Está o Brasil" e "A Sorte Corta Caminho", parcerias com Alcyr Pires Vermelho.

Em 1961, lançou a marchinha de carnaval "Desta Vez Vamos", uma sátira ao slogan de Ademar de Barros, candidato à presidência da República na época.

Em 1965, em parceria com Alexandre Dias Filho, compôs a marchinha "Todo Mundo Enche", uma sátira ao coronel Américo Fontenelle, então diretor de trânsito do Rio de Janeiro.

Classificou a marcha "Jambete Sensação" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), em 1968, em concurso de carnaval promovido pela Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara, iniciativa do Museu da Imagem e do Som, através do Conselho Superior de MPB.

Pedro Caetano com Marlene e Luiz Reis (Carnaval 1969)
Em 1969, compôs com Luiz Reis o samba "Olha Leite das Crianças" defendido por Marlene no palco do Maracanãzinho no concurso de carnaval daquele ano obtendo o quarto lugar.

Por volta de 1972, foi lançado com a colaboração do Governo do Estado do Espírito Santo o LP "Canto e Encanto do Espírito Santo", com músicas de sua autoria em homenagem a diversas cidades daquela estado interpretadas por Antônio João, Rose Valentim e Nuno Roland.

Em 1974, recebeu  o título de Cidadão da Guanabara em homenagem prestada em show comemorativo a seus 40 anos de carreira.

Em 1983, o grupo vocal As Gatas gravou sua marcha "Tira a Tranca, Arranca o Trinco (General, General)" e Jacyr da Portela a marcha "É Dose Pra Leão" lançadas no compacto "O Carnaval do Café Nice". Esta última foi regravada pelo grupo Céu da Boca no ano seguinte no LP "Carnaval 84, Liberou Geral".

Em 1984, foi homenageado com o primeiro show montado de sua obra, espetáculo "É Com Esse Que Eu Vou" realizado na Sala Sidney Miller da Funarte na série "Projeto Carnavalesca", com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, que segundo o compositor, "(...) fez do meu repertório uma autêntica Revista Musical. Teatralizando as marchinhas de atualidade política e social, ele fez do show, um espetáculo alegre e muito bem humorado".

Este espetáculo contou com as participações de Marlene e o grupo Céu da Boca, além do próprio compositor, presente ao palco. Neste show, além de seus clássicos, o roteirista incluiria músicas carnavalescas recentes, como "Cineangiocorariografia", uma sátira aos problemas de que era vítima o então presidente da República João Figueiredo.

Autor de grandes clássicos da Música Popular Brasileira como "Sandália de Prata", "Eu Brinco", "Botões de Laranjeira", "É Com Esse Que Eu Vou""Onde Estão os Tamborins", entre outras, foi homenageado por ocasião do centenário de seu nascimento em evento realizado no Instituto Cultural Cravo Albin com uma exposição, show comemorativo e placa no Mural da Fama do Instituto.

Pedro Caetano morreu aos 81 anos, no dia 27/07/1992 na cidade do Rio de Janeiro.