Carlos Augusto

CARLOS ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA
(36 anos)
Cantor

* Fortaleza, CE (10/07/1933)
+ (10/1968)

Carlos Augusto foi um cantor. Em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de estudar no Colégio Pedro II. Faleceu vítima de um acidente automobilístico em outubro de 1968.

Começou a se apresentar como cantor na Rádio Iracema, de Fortaleza. Em 1950, quando mudou para o Rio de Janeiro a fim de estudar, foi convidado a cantar como crooner da orquestra da boate Night And Day. Pouco depois, fez excursão ao nordeste, como parte de uma caravana de artistas que incluía, entre outros, a cantora Emilinha Borba. Em seguida, foi contratado pela Rádio Nacional.

Estreou em discos em 1952, quando foi contratado pela Sinter, e lançou, acompanhado de conjunto de boite, conforme o selo do disco, o fox "Meu Sonho de Amor" (Paulo César), e o samba-canção "Briguei Com Você" (Hianto de Almeida e Haroldo de Almeida). No mesmo ano, gravou, com acompanhamento de Lyrio Panicali e Sua Orquestra, o paso doble "Maria Dolores" (F. Garcia e J. Morcillo), em versão de Caribé da Rocha, e a valsa "Festa de Formatura" (Joubert de Carvalho).

Em 1953, gravou as marchas "Festa Espanhola" (Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Airton Amorim), e "Perfume de Carnaval" (Luiz Antonio), e os sambas "Você Foi Cruel" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), e "Sem Tamborim" (Peterpan e Rui Rodrigues). No mesmo ano, gravou, para o chamado repertório de meio de ano, o samba-canção "Mesa de Bar" (Paulo Marques e Dora Lopes), a valsa "Arlequim" (Humberto de Carvalho e Raul Sampaio), a canção "Súplica" (Gilbert Becaud e Charles Aznavou), em versão de Caribé da Rocha, e a toada "Jangadeiro Valente" (César Siqueira e Caribé da Rocha).


Em 1954, lançou cinco discos pela Sinter, interpretando os sambas "Etiqueta de Mangueira" (Valdemar Ressurreição e Salvador Micelli), e "Não Sou Vagabundo" (Osmar Campos Filho e Chocolate); o bolero "Icaraí" (Sílvio Viana); a valsa "É o Amore" (Brooks e Warren), em versão de Haroldo Barbosa; o fox-trot "Cavaleiro Errante" (Victor Young), e versão de Ghiaroni; o samba-canção "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins); o tango-bolero "Quem Será" (Beltran Ruiz e Lourival Faissal); o samba-canção "Falta-me Alguém" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz); o samba "Carrasco" (Monsueto Menezes, Raul Marques e Manoel Fernandes), e a marcha "Para Ti" (Rutinaldo e Marcléo). No mesmo ano, lançou, pela gravadora Continental, o samba-canção "Adeus Mocidade" (Ferreira Gomes e Nicolino Cópia), em disco que trazia na outra face uma gravação de Nicolino Cópia e Sua Orquestra. Ainda em 1954, a gravadora Sinter lançou o LP "O Trovador Moderno", com interpretações suas lançadas em disco de 78 rpm.

Em 1955, gravou os sambas "Silêncio Noturno" (Silva Neto, Murilo Caldas e Cilo Proença); "Revoltado" (Carolina Cardoso de Menezes e René Bittencourt), e "Eu Fracassei" (Alberto Jesus, Antônio Dominguez e Sebastião Nunes), e a marcha "A Serenata Morreu" (Antônio Nássara e Roberto Martins).

Em 1956, gravou a valsa "Linda Espanha" (Altamiro Carrilho e Armando Nunes); o tango "Desespero" (Eduardo Patané e Floriano Faissal), a valsa "Maria" e o samba "Juramento Falso", ambas de Leonel Azevedo e J. Cascata. No mesmo ano, comandou, na Rádio Nacional de São Paulo, o programa "Canções do Mundo Inteiro", levado ao ar todas as segundas-feiras. Ainda no mesmo ano, gravou o LP "Música de J. Cascata e Leonel Azevedo na Interpretação de Carlos Augusto", no qual cantou as valsas "Maria" e "Lábios Que Beijei"; os sambas "Juramento Falso" e "Meu Romance", este, só de J. Cascata, e as canções "Mágoas de Caboclo", "Desilusão", "História Joanina" e "Quem Foi". Ainda em 1956, foi contratado pela Polydor, e logo lançou quatro discos, com a valsa "Domani" (Ulpio Minucci e Tony Velona), em versão de Júlio Nagib; o beguine "Distração" (Renato de Oliveira e Fernando César); a valsa "História de Um Amor" (C. Almaran e Edson Borges); o samba "Corcovado" (Steve Bernard e Nazareno de Brito); as marchas "Não Pode Bobear" (Haroldo Lobo e José Roy), e "A Dança do Didu" (Miguel Gustavo); o fox "Como é Bom Recordar" (T. Gilkyson, R. Dehr e F. Miller), e versão de Nazareno de Brito, e o paso doble "Eterno Vagabundo" (Nazareno de Brito e Betinho). As gravações iniciais na Polydor foram reunidas, ainda em 1956, no LP "Carlos Augusto".

Em 1957, lançou o beguine "Refrains" (G. Voumard e E. Gardaz), em versão de Júlio Nagib; o samba-canção "Fracassos de Amor" (Tito Madi e Milton Silva); o cha cha cha "Nesga de Cetim" (J. Plante e L. Ferrari), em versão de Haroldo Barbosa; o samba-canção "Sementes do Mal" (Santos Garcia); o samba "Chegou a Hora" (Luiz Soberano e Anísio Bichara), e a marcha "Broto Fiu-Fiu" (Alberto Roy e Alfredo Godinho).


Em 1958, gravou os sambas-canção "Vitrine" (Adelino Moreira); "Quisera" (Valdir Machado e Bené Guimarães); "Minha Cruz" (Raul Sampaio e Benil Santos); "Garçon Amigo" (Alberto Jesus e Nelson Bastos); "Espelho" (Adelino Moreira e Raul Borges), e "Pecado Ambulante" (Adelino Moreira); os boleros "Abandono Cruel" (Luiz Soberano e Anísio Bichara), e "Sonho Sonhado" (Valdir Finotti e N. Paiva); a marcha "Que Onda é Essa" (Jorge Santos e Carneiro Filho), e o samba "Deodoro se Queimou" (Carvalhinho e Valdir Machado). No mesmo ano, a Polydor lançou o LP "Vitrine", com as gravações já lançadas em discos de 78 rpm.

Em 1959, gravou o tango "Ciúme" (Fernando César e Renato de Oliveira); os sambas-canção "Canção da Eterna Despedida" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes); "Deus me Perdoe" (Edson Borges e Dolores Duran), e "A Noite e a Prece" (Evaldo Gouveia e Almeida Regos); a toada "Vagabundo" (Victor Simon), e o bolero "Tantas Vezes" (Fernando César). No mesmo ano, lançou o LP "Falando ao Coração", com várias gravações já lançadas em 78 rpm, além das canções "Sem Você" e "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.


Em 1960, foi contratado pela Odeon, e lançou, com acompanhamento de Osvaldo Borba e Sua Orquestra, os sambas-canção "Negue" (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos), e "Noite de Saudade" (Adelino Moreira). No mesmo ano, também com acompanhamento de Osvaldo Borba e Sua Orquestra, o bolero "Chega" (José Messias), e o samba-canção "Regresso" (Adelino Moreira). Ainda em 1960, teve lançado pela Odeon, o LP "Negue", música título de Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos, que também incluiu as canções românticas "Noite de Saudade" e "Regresso", ambas de Adelino Moreira; "Quando Existe Adeus" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia); "Chega" (José Messias); "Encontro Com a Mulher Deixada" (Ricardo Galeno); "Quanta Saudade" (Almeida Rego e Newton Ramalho); "Grito D'alma" (Ronaldo Ribeiro, Gilberto Teixeira e Wilson Calixto); "Farrapo" (Paulo Borges); "Pra Meu Castigo" (Jairo Argileo e Wilson Calixto); "Única Solução" (Carlos Marques, Bucy Moreira e Manoel Francisco), e "Felicidade Sonhei" (Garcia Júnior, F. Machado e L. Perez).

Em 1961, gravou os boleros "Juro" e "Deus Sabe o Que Faz" (Adelino Moreira); o samba-canção "É Mentira" (Adelino Moreira e França), e o samba "Seria Tão Diferente" (Adelino Moreira e Toni Luna). No mesmo ano, lançou o LP "Juro", música título de Adelino Moreira, e que incluiu boleros e sambas-canção como "A Dor Que Mais Doi" (Ricardo Galeno); "Cigarra" (Paulo Borges); "Deixa Falar" (Ricardo Galeno e Antônio Moura); "É Mentira" (Adelino Moreira e França); "Quem Dá Ordens Sou Eu" (Ricardo Galeno e Antônio Moura); "Boneca de Pano" (Assis Valente); "Seria Tão Diferente" (Adelino Moreira e Toni Luna); "Cigarro Sem Baton" (Fernando César); "O Sol da Verdade" (Ricardo Galeno e Antônio Moura); "Deus Sabe o Que Faz" (Adelino Moreira), e "Volta" (Ciro de Souza e Antônio Moura).


Em 1962, gravou os sambas-canção "Esta Noite ou Nunca" e "Rosinha do Encantado" (Adelino Moreira). No mesmo ano, gravou os sambas-canção "Princípio do Fim" (Newton Teixeira e Mário Rossi), e "A Vida é Assim Toda Vida" (Paulo Aguiar, Umberto Silva e Filadelfo Nunes), em disco lançado apenas em março de 1963. Ainda em 1962, gravou pelo selo Orion, da Odeon, as marchas "Marcha do Pelé" (Paulo Borges e Madalena Correia), e "Leva Meu Coração" (Henrique de Almeida, J. Lima e Carlos Marques), essa última, inclusive, foi incluída na coletânea carnavalesca "Carnaval de 1963", do selo Orion.

Em 1965, gravou a marcha "Banho na Minhoca" (Nilo Barbosa e Célio Ferreira), para o LP "Carnaval 65 - O Grande Carnaval do 4º Centenário do Rio de Janeiro", da gravadora Philips.

Para o carnaval de 1966, gravou a marcha "Chora Tamborim" (José Messias), incluída na coletânea carnavalesca "O Fino da Folia!", da gravadora Philips.

Lançou sua última gravação para o carnaval de 1967, a marcha "Amei" (Julio Nagib), que fez parte do LP "Carnaval 67", do selo Fermata.

Em pouco menos de 15 anos de carreira, gravou 40 discos em 78 rpm e seis LPs, além da participação em diferentes coletâneas, pelas gravadoras Sinter, Polydor, Odeon e Philips.


Ava Gardner e o Cantor Cearense Carlos Augusto

A famosa atriz norte-americana, Ava Gardner, nasceu em Grabtown, na Carolina do Norte. No livro biográfico de Frank Sinatra, escrito por Bill Zehme, foi apresentada como a "mulher-criança e deusa libertina, de olhos cor de esmeralda e pés descalços, que fora casada com Mickey Rooney, Artie Shaw" e que quase leva Frank Sinatra à loucura. Aos 26 anos já era uma estrela de primeira grandeza.

Nos anos 50 era vendido no comércio um copo longo para uísque com três inscrições: na marca de uma dose estava escrito mulher, homem para duas doses e, quase na boca do copo, estava lá: Ava Gardner.

Segundo o jornalista norte americano Bill Zehme, da revista EsquireAva Gardner "flertava bem, fumava muito, adorava esportes sanguinários, xingava bem, gostava de espaguete, de sexo e sabia colocar o dedo direitinho na ferida".

Ela desembarcou no Rio de Janeiro em 1954 para promover seu filme "Condessa Descalça". Estava com 34 anos e no auge da carreira e da fama. O Rio de Janeiro que sempre se desmanchou aos pés de celebridades, na época ainda mais provinciano do que hoje, enlouqueceu com a chegada da atriz.

Fazia pouco tempo da morte de Getúlio Vargas e os agentes de segurança temiam que o país fosse abalado por uma revolução. O tumulto de fato ocorreu, mas foi provocado pela presença dela. A confusão começou no aeroporto do Galeão. A multidão rompeu o cordão de segurança. Ela se queixou muito das "mãos bobas". Depois de muito sufoco e empurra-empurra, Ava Gardner conseguiu entrar num táxi. Mas o carro não dava partida. Ela, nervosa, tirou o sapato do pé e bateu na cabeça do motorista. E lá se foram rumo ao Hotel Glória.

Ava Gardner não gostou nada do apartamento que lhe foi reservado. Conta-se que ela quebrou tudo que havia no quarto depois de discutir com o gerente que a expulsou de lá. Os jornalistas Sérgio Augusto e Henrique Veltman, que presenciaram toda a confusão, ajudaram Ava Gardner a levar suas malas para o Copacabana Palace. Foi lá que ela conheceu o cantor cearense Carlos Augusto.

Garotão bem apanhado, voz bonita, revelado por Ary Barroso, estava fazendo sucesso, viajando pelo país ao lado de Emilinha Borba. Trabalhava como crooner da orquestra do maestro Copinha. Cantava no Golden Room do Copacabana Palace. Foi lá, tomando um drinque, que Ava Gardner se interessou por ele. Apesar da fama de conquistador, quando a atriz o convidou para ir até o apartamento dela, ele se intimidou. Ele estava diante do que o cineasta francês Jean Cocteau chamou de o "animal mais belo do mundo". Qualquer um tremia, principalmente sendo escolhido por ela. Assim mesmo, depois de muita insistência, eles subiram.

O que aconteceu lá só os dois sabiam, mas a malícia do povo não se contentou com o silêncio deles. Os fofoqueiros de plantão colocaram a imaginação pra funcionar. Uns diziam que ele negou fogo, brochou e acabou sendo expulso do apartamento. Há quem jure, como o Ayrton Rocha, que o machão cearense foi lá e domou a fera.

Ava Gardner morreu em 25 de janeiro de 1990 e em sua autobiografia a estrela escreveu sobre a passagem pelo Rio de Janeiro, mas apenas explicou o problema ocorrido no hotel. Não dedicou uma só linha sobre qualquer caso amoroso.