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Newton Mendonça

NEWTON FERREIRA DE MENDONÇA
(33 anos)
Compositor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (14/02/1927)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/11/1960)

Um dos mais importantes compositores da Bossa Nova, Newton Mendonça é figura obscura da música brasileira. Omissões, erros históricos e a personalidade arredia do pianista fizeram com que ele se mantivesse desconhecido até hoje. Injustiçado historicamente, Newton Mendonça foi um dos grandes responsáveis pelo início da Bossa Nova.

Newton Ferreira de Mendonça foi um pianista, compositor, violinista e gaitista brasileiro. Seu modo de escrever, usando substantivos até então raramente usados em letras de músicas brasileiras, e o modo carinhoso com que se referia à mulher, ao contrário do machismo frequentemente encontrado nas letras, foi fundamental para chamar a atenção das pessoas para a Bossa Nova, especialmente os jovens.

Viveu entre 1933 a 1939 em Porto Alegre, onde estudou violino, e em Aquidauana, MS. Aos 13 anos, iniciou seus estudos de piano clássico.

Em 1942 se juntou ao seu amigo de infância, Antônio Carlos Jobim, com quem compôs várias canções que viriam a se tornar clássicos da Bossa Nova.

Boêmio, passou a maior parte das noites dos anos 50 tocando piano em boates de Copacabana. O primeiro sucesso surgiu com "Foi a Noite", considerado por muitos especialistas como o início da Bossa Nova.

O grande sucesso aconteceu dois anos depois, quando João Gilberto gravou "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só". Seguiram-se "Meditação", "Caminhos Cruzados", "Discussão" e "Só Saudade".

Anos se passaram e "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só" tornaram-se clássicos, que resistiram ao tempo e até à morte da Bossa Nova. Para muitos, são canções apenas de Tom Jobim. Ninguém jamais se empenhou muito para que o nome de Newton Mendonça saísse das sombras. Até agora...

Com o renascimento nos últimos anos do interesse pela Bossa Nova, as pessoas quiseram saber quem foi Newton Mendonça - quem ele era, por que produziu tão pouco, por que morreu tão jovem. Como poucos de seus contemporâneos podem responder a essas perguntas - e nem todos têm paciência para prestar informações -, fantasiou-se até sobre a possível existência de uma cortina de silêncio ao seu redor. "Por que as pessoas desconversam quando se fala de Newton Mendonça?" - eis uma pergunta que é frequentemente respondida com outra: "É mesmo. Por quê?". Nesse terreno fértil para miragens, até as circunstâncias de sua morte passaram a parecer suspeitas.

Para piorar as coisas, teóricos consagrados, mas preguiçosos como investigadores, radiografaram as ousadias formais de "Desafinado""Samba de Uma Nota Só", e pensaram estar fazendo um grande favor a Newton Mendonça ao reabilitá-lo como o "Primeiro grande letrista da Bossa Nova". Deram de barato que, se Tom Jobim fazia as músicas, Newton Mendonça fazia as letras e, com isso, pincelaram com um verniz acadêmico a curiosa campanha que, não é de hoje, tenta isolar  Newton Mendonça como letrista. Nunca ocorreu a esses teóricos que, por mais improvável, poderia até ter sido o contrário - ou seja, que Newton Mendonça tivesse feito as músicas e Tom Jobim as letras. Ou que poderia ter sido de outro jeito: música e letra, em partes iguais, de Tom Jobim e Newton Mendonça. E que, ao canonizar Newton Mendonça como letrista, poderiam estar sendo injustos para com ele e para com o próprio Tom Jobim.

No fim dos anos 1950, Newton Mendonça não estava fazendo nenhum progresso como pianista da madrugada. Segundo sua carteira profissional, a boate Mocambo lhe pagava seis mil cruzeiros por mês em 1953. Nenhuma fortuna. Pelo último registro na carteira, o da boate Carrousel, em 1958, Newton Mendonça punha no bolso duzentos cruzeiros por noite - que, teoricamente, resultariam nos mesmos seis mil por mês, se eles valessem tanto quanto os de cinco anos antes. E, claro, se nem uma vez ele faltasse ao serviço.

A outra diferença é que, em 1953, Newton Mendonça era um compositor inédito e, em 1958, pelo menos, sua obra começava a respirar fora da boate. Já tinha sido gravado por vários cantores. Sua parceria com Tom Jobim em "Foi a Noite" foi um sucesso com Sylvinha Telles, e, antes de morrer em 1960, ele presenciaria o furor provocado por João Gilberto com "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só".

Mas Newton Mendonça não participou desse furor, nem perifericamente. Por diversos motivos, entre os quais o seu jeito arredio e um piramidal orgulho, não soube capitalizar a sensação da Bossa Nova para melhorar a sua cotação na bolsa da noite e fazer com que lhe pagassem decentemente nas boates - já que insistia em trabalhar nelas. E os direitos autorais, ainda mais naquele tempo, não passavam de um boato. A verdade é que, para Newton Mendonça, nenhuma das suas grandes criações rendeu-lhe dinheiro vivo enquanto ele esteve vivo.

Newton Mendonça era um homem travado e introvertido, que guardava seus diplomas debaixo do colchão e cuja única diversão durante o dia era jogar peteca na praia, um curioso esporte daquele tempo. Era, principalmente, de um atroz ciúme dos amigos e não gostava de estranhos em sua roda.

A Bossa Nova, em 1959, agrediu-o em todas essas frentes. Seu melhor e mais velho amigo, Tom Jobim, sobre quem até então ele exercia uma considerável ascendência, tornara-se uma mini-celebridade. A partir daí, ficou difícil para Newton Mendonça, ao terminar o serviço na boate às 04:00 hs, conseguir que Tom Jobim desafiasse sua mulher Teresa e saísse da cama para encontrá-lo num botequim na Rua Teixeira de Melo, em Ipanema, como acontecera outras vezes. Newton Mendonça já se conformara em dividi-lo com Vinícius de Moraes, de quem também ficou amigo, mas, depois de "Desafinado"Tom Jobim passou a ser propriedade de todo mundo no competitivo mundinho da Bossa Nova. Além do mais, tinha sido Tom Jobim, e não ele, que se tornou o querido da imprensa - como se pudesse ser de outra forma. Mas Newton Mendonça se ressentia, acusando os jornalistas. "Eles só querem saber do Tom", queixava-se para sua mulher Cyrene. Esta depois teria outra explicação: "Newton assustava os repórteres".


Se chegasse a ser entrevistado por um deles, Newton Mendonça provavelmente teria coisas a dizer. Como as que dizia para Cyrene, quando era cobrado por ela a respeito do aperto financeiro em que viviam:

"Não faço música para faxineira cantar varrendo a sala."

Só podia ser uma alusão maldosa à história da empregada que teria levado Tom Jobim a compor a deslumbrante "Chega de Saudade". Mas diria também que isso não diminuía a sua ambição de se ver reconhecido, e que o fazia irritar-se com as brincadeiras de Tom Jobim - como uma que este aprontou, em 1956, na boate Posto 5, onde Newton Mendonça trabalhava. Tom chegou com o jovem repórter José Carlos de Oliveira, tomou o lugar de Newton Mendonça ao piano e disse, com grande seriedade:

"Carlinhos, escute este samba-canção que eu acabei de fazer."

E tocou "Foi a Noite" (Tom Jobim e Newton Mendonça). Ronaldo Bôscoli, que estava presente e conhecia a música, fez força para não rir, mas Newton Mendonça não achou graça. Isso pode ter-se tornado uma prática perversa entre os dois parceiros. Poucos anos depois, em 1959, Newton Mendonça cruzou com Tito Madi no Beco das Garrafas e o fez entrar no Ma Griffe, onde estava agora trabalhando.

"Tito, olha só o que eu acabei de compor", disse Newton Mendonça.

Sentou-se ao piano e tocou-lhe um samba revolucionário. Tito Madi ficou quase estatelado. Não podia adivinhar, mas acabar de ouvir, em primeira mão, "Samba de Uma Nota Só" - melodia, harmonia e ritmo. Ainda sem letra.

Tom Jobim e Newton Mendonça fizeram "Samba de Uma Nota Só" em fins de 1959 e também no apartamento de Newton Mendonça. Só que, dessa vez, a sério, sem o espírito de fuzarca que presidiu a confecção de "Desafinado". Mesmo assim, não resistiram a uma pequena provocação a Ary Barroso, ao começar a letra com o verso "Eis aqui este sambinha / Feito numa nota só".

Ary Barroso, que acreditava nos ufanismos nacionalistas que escrevia, foi talvez o único grande compositor brasileiro da velha guarda que nunca flertou com ritmos estrangeiros. Em seus programas de calouros, defendia com unhas e alguns dentes a sacralidade do samba e ficava um tigre quando algum desavisado anunciava que iria cantar "um sambinha" - às vezes dele próprio, Ary Barroso. Tanto Tom Jobim quanto Newton Mendonça o admiravam, mas ressentiam-se das espetadas que o homem de "Risque" e "Aquarela do Brasil" distribuía contra a Bossa Nova nas mesas da Fiorentina. Não que quisessem desafiá-lo. Ao contrário: ao minimizar o que tinham feito, classificando o seu próprio samba de "um sambinha", pensavam até em cativá-lo - e neutralizá-lo.

Quando "Samba de Uma Nota Só" foi gravado por João Gilberto em abril de 1960, a Bossa Nova já tinha se tornado a mania nacional, mas isso não alterou o estilo de vida de Newton Mendonça. Seu nome ficou relativamente conhecido no selo dos discos - apesar de ter virado Milton em "Desafinado" -, mas sua figura continuava tão na sombra quanto nos tempos de "Foi a Noite".

"Desafinado" tocava agora em todas as rádios, mas Newton Mendonça não estava vivendo à altura dessa glória. O Ma Griffe era um puteiro e ainda lhe pagava mal. Tudo poderia ter sido diferente se ele não tivesse sofrido o seu primeiro infarto, em maio de 1959. Na véspera daquele dia, ao voltar de manhã para casa, queixou-se de dores no braço e de dormência nas mãos.

"Ontem toquei por honra da firma", disse para Cyrene.

Não foi o primeiro aviso e ele sabia que vinha de uma família de cardíacos, como seu pai e sua irmã. Mas esses pequenos sustos não impediram que Newton Mendonça continuasse disputando bárbaras maratonas alcoólicas com sua turma em Ipanema. Certa tarde, depois de drenar o estoque de conhaque Georges Aubert que tinha em casa, mandou sua empregada comprar mais uma garrafa no mercadinho. A moça voltou com a informação:

"Eles disseram que não têm nenhum João Gilberto para vender."

Era natural que ela se atrapalhasse: João Gilberto era no nome que mais se ouvia naquela casa. Depois do serviço na boate, Newton Mendonça ia para a casa de alguém, bebia o resto, fumava o penúltimo cigarro dos seus quatro maços diários de Lincoln e desabava num sofá. Estava tratando seu coração como se este fosse uma punching-ball.

Newton Mendonça não desapontou os evidentes sintomas e teve um infarto, à saída do trabalho no Ma Griffe. Foi atendido no pronto-socorro que existia na Praça do Lido e, no dia seguinte, internado no próprio Hospital dos Servidores. Ficou 21 dias no hospital. Ao sair, os médicos passaram-lhe uma receita que ele achou excessiva: tinha de cortar de vez o cigarro, a bebida, a peteca na praia, moderar o sexo e ficar seis meses sem trabalhar.

Newton Mendonça cumpriu aproximadamente a primeira exigência - e transgrediu com fervor religioso as demais. Menos de dois meses pós-infarto, voltou a tocar na noite, novamente na boate Carrousel, elegeu o Veloso, na Rua Montenegro, como seu bar de parada obrigatória a caminho do serviço ou de qualquer lugar, e continuou a jogar peteca, agora clandestinamente, no Posto 6. A ideia de ver o maduro compositor de "Meditação" sendo obrigado a jogar peteca às escondidas é tristíssima, mas foi o que aconteceu.

Quanto ao sexo, Newton Mendonça foi tudo menos salomônico. Aceitou o conselho médico de que ele e Cyrene dormissem em quartos separados, para poupar o coração de sobressaltos. Mas não o poupou de palpitações intensas nos casos avulsos - reais ou imaginários - que passou a ter fora de casa. Suas colegas de trabalho eram as profissionais da noite, o que lhe abria o chamado leque de opções para quando queria se distrair. Mas o que provavelmente o sobrecarregou de emoções foi sua capacidade de fantasiar paixões, como a que alimentou pela sambista Francineth e principalmente pela cantorinha de rock Sônia Delfino, que comandava o programa "Alô, Brotos!" na TV Tupi. Aos 17 anos, rival de Celly Campello e, segundo ela própria, virgem, Sônia Delfino era a boneca mais cobiçada do meio musical - e sabia disso. Cyrene suspeitava de que os dois tivesse um caso, o que Newton Mendonça nem confirmava nem desmentia. Sônia Delfino diria depois que admirava muito Newton Mendonça, "à distância", mas sempre negou que os dois tivessem um caso.

Por via das dúvidas, Cyrene achou melhor levar Newton Mendonça para longe de Ipanema. Foram morar num sobrado na Rua Torres Homem, em Vila Isabel, onde ela pensava mantê-lo relativamente a salvo das tentações. O que aconteceu é que eles se isolaram e isso não fez bem a Newton Mendonça. Os únicos amigos que se animavam a ir vê-lo na distante Zona Norte eram Tom Jobim e um jovem chamado Cariê, Carlos Alberto Lindenbergh, depois homem de televisão no Espírito Santo. Mas, como continuava trabalhando no Beco do Joga-a-Chave-Meu-AmorNewton Mendonça fazia regularmente a sua vida social em Copacabana e voltava cada vez mais tarde para casa - tomando antes o cuidado de comprar alguns bombons, para adoçar Cyrene.

Numa terça-feira, 22/11/1960, Newton Mendonça saiu numa tarde chuvosa para encontrar amigos no Ponto dos Músicos, no centro da cidade. Não iria trabalhar aquela noite. Quando voltou, de madrugada, Cyrene já tinha se deitado. Ela o ouviu acertar a custo a chave na fechadura e imaginou que estivesse bêbado. Levantou-se e foi encontrá-lo na sala. Os vapores em Newton Mendonça podiam realmente ser sentidos à distância, mas ele estava também branco como gesso e com a mão no peito. Tinha conseguido colocar os bombons sobre o piano e tentava pendurar nele o guarda-chuva, que caiu. Havia uma poltrona por perto e ele se jogou nela, com um gemido profundo. Cyrene viu ali um novo infarto e saiu correndo para chamar um médico que morava no andar de cima. Quando este chegou, Newton Mendonça já estava morto.

Newton Mendonça foi o vencedor do I Festival da TV Record, no dia 03/12/1960, com a música "Canção do Pescador". O prêmio foi entregue, dias depois, à sua esposa, Dona CyreneNewton Mendonça, compositor e letrista de grande talento, faleceu sem ter podido colher os frutos de sua parceria com Tom Jobim.

Indicação: Miguel Sampaio

Osvaldo Aranha

OSVALDO EUCLIDES DE SOUSA ARANHA
(65 anos)
Político e Diplomata

* Alegrete, RS (15/02/1894)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/01/1960)

Filho de Luísa de Freitas Vale, por quem foi alfabetizado, e do coronel da Guarda Nacional e fazendeiro Euclides de Sousa Aranha, dono da estância Alto Uruguai, em Itaqui (interior do Rio Grande do Sul). Passou a infância em Alegrete, cidade à qual seu avô teria fundado.

Cursou, no Rio de Janeiro, o Colégio Militar e a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também estudou em Paris antes de advogar em seu estado natal e de ingressar na política.

Em 1923, quando explodiu a luta fratricida entre Chimangos (aliados de Borges de Medeiros - presidente da província) e Maragatos (opositores à sua quinta reeleição), chegou a pegar em armas e lutou a favor do sistema republicano de Borges de Medeiros.

Em 1925, foi intendente de Alegrete. Então, introduziu muitas modernizações, como, por exemplo, a excelente rede de esgotos da cidade. Com sua peculiar diplomacia, conseguiu a paz entre as famílias separadas pelos conflitos políticos de 1923.

Dois anos mais tarde era eleito Deputado Federal. Em 1928, tornou-se Secretário do Interior, onde dedicou grande esforço para obras educacionais.

Projeção Nacional

Amigo e aliado de Getúlio Vargas, foi o grande articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições, agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930.

Em vista da vitória do movimento, Osvaldo Aranha negocia com a Junta Militar, no Rio de Janeiro, a entrega do governo a Getúlio Vargas. Posteriormente, foi nomeado Ministro da Justiça e, em 1931, Ministro da Fazenda. Neste cargo, promoveu o levantamento de empréstimos que os estados e municípios haviam contraído no estrangeiro, no período anterior a 1930, tendo em vista a consolidação global da Dívida Externa Brasileira.

Alijado do processo político para a escolha do interventor em Minas Gerais, Osvaldo Aranha pediu demissão do cargo em 1934. No mesmo ano, aceitou o cargo de Embaixador em Washington.

Nesse período como Embaixador, se impressionou com a democracia estadunidense. Atuou sempre em defesa das relações brasileiras com os Estados Unidos e se tornou amigo pessoal do presidente Roosevelt. Prestigiado no cargo, foi convidado para palestras em todo o país.

Demitiu-se do cargo de Embaixador por não aceitar os caminhos que o Brasil traçara com a declaração do Estado Novo, em 1937.

Em março de 1938, é convencido por seu amigo Getúlio Vargas a assumir o Ministério das Relações Exteriores e, no cargo, lutou contra elementos germanófilos dentro do Estado Novo, em busca de maior aproximação com os Estados Unidos, no conturbado período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Sob sua direção, o Itamaraty sofreu grandes reformas administrativas.

Projeção Internacional

No processo de envolvimento brasileiro à Segunda Guerra Mundial, Osvaldo Aranha teve papel fundamental, representando no governo a ala pan-americanista, defendendo uma aliança com os Estados Unidos sempre em oposicão aos chefes militares, capitaneados, principalmente pelo Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, que eram partidários de uma aproximação com a Alemanha.

Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil, e todos os países americanos decidem por romper as relações com os Países do Eixo menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitórias das convicções pan-americanas de Osvaldo Aranha.

Em 1944, Osvaldo Aranha se demite do cargo de Chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, do qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Osvaldo Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Getúlio Vargas o impediram de disputar as eleições.

Voltou a cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou o Plano da ONU Para a Partição da Palestina de 1947, que culminou na criação do Estado de Israel, fato que rendeu a Osvaldo Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação.

Em 1953, no segundo Governo Vargas, voltou a ocupar a pasta da Fazenda e introduziu reformas com o objetivo de estabilizar a situação caótica econômica que o país enfrentava. Com a morte do amigo Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha se retira do governo e passa a dar atenção aos seus negócios pessoais e à advocacia. No Governo Juscelino Kubitschek, retorna à ONU, à frente da delegação brasileira, para fechar com êxito sua carreira política.

Morte

Na noite do dia 27 de janeiro de 1960, Osvaldo Aranha faleceu em sua residência, na Rua Cosme Velho nº 415, de Ataque Cardíaco. Sua morte causou grande comoção tanto no Brasil como no mundo. Seu enterro, acompanhado por milhares de pessoas, reuniu os maiores nomes da política brasileira, entre eles o presidente Juscelino Kubitschek (que foi um dos que carregaram o caixão de Osvaldo Aranha), Tancredo Neves e Horácio Lafer.

Homenagens

Por ter sido um dos articuladores da criação do Estado de Israel foi homenageado emprestando seu nome a uma rua em Tel Aviv, Israel. Pelo mesmo motivo, há também uma rua com o seu nome em Bersebá, Israel, localizada no Campus da Universidade Ben-Gurion do Negev.

Família e Acervo

Membro de uma família tradicional da Região Sudeste do Brasil, a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo: os Souza Aranha, era bisneto da Viscondessa de Campinas, Maria Luzia de Sousa Aranha, tendo sido seus pais, Euclides Egydio de Souza Aranha e Luiza de Freitas Valle. Neto de Martim Egydio de Souza Aranha e Talvina do Amaral Nogueira. E membro de uma outra tradicional família do sudeste brasileiro e do Rio Grande do Sul: os Freitas Valle (sendo descendente do Barão de Ibirocaí, primo do Ministro das Relações Exteriores Ciro de Freitas Vale, sobrinho do Senador Eurico de Freitas Vale e primo do Senador José de Freitas Valle).

Casou-se com Delminda Benvinda Gudolle, tendo sido seus filhos, Luiza Zilda Aranha, que se casou com Sérgio Corrêa Afonso da Costa; Euclydes Aranha, Oswaldo Aranha e Delminda Gudolle Aranha, que se casou com Antônio Corrêa do Lago.

Herdou de seus pais uma extensa propriedade rural e o gosto pelos livros. Leitor compulsivo, adorava escrever cartas e teve discursos e conferências publicados. Entre seus autores prediletos estavam Victor Hugo, Eça de Queiroz, Joaquim Nabuco, Machado de Assis e, embora não fosse positivista, gostava de ler as obras do filósofo Augusto Comte.

Um trabalho minucioso de análise de seu acervo de livros é realizado pelos professores da Universidade da Campanha de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Ao todo são contabilizados 11.485 volumes em sua biblioteca pessoal. Os professores pretendem delinear um novo perfil da personalidade histórica de Osvaldo Aranha: "Com este vasto acervo é possível contar e recontar a história deste político e diplomata", afirma um dos responsáveis pelo projeto de preservação da biblioteca particular de Osvaldo Aranha, localizada no prédio do Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha, na cidade de Alegrete.

As obras do jurista Ruy Barbosa, Estadista e Ministro da Fazenda da República, aparecem com destaque em seu acervo.

Inicialmente com 4.585 livros, o acervo foi doado pelo próprio Osvaldo Aranha em 1942, para mais tarde, 1962, mais de 7 mil exemplares de obras variadas virem a ser doados pela família do ex-ministro. Além disso, também compõe o acervo mais de mil recortes de jornais, feitos a pedido do Diplomata, sobre o que saia na imprensa a seu respeito. Estes recortes integram o acervo do Museu Oswaldo Aranha, também em Alegrete. Entre as preciosidades do acervo está a coleção do jornal A Federação (1884-1937), órgão oficial do Partido Republicano Rio-Grandense, autografada pelo líder federalista Joaquim Francisco de Assis Brasil, inimigo de Borges de Medeiros, de quem Osvaldo Aranha era defensor.

Fonte: Wikipédia