Aluízio Alves

ALUÍZIO ALVES
(84 anos)
Jornalista, Advogado e Político

* Angicos, RN (11/08/1921)
* Natal, RN (06/05/2006)

Aluízio Alves foi um jornalista, advogado e político brasileiro natural do Rio Grande do Norte, estado do qual foi governador entre 1961 e 1966 sendo depois cassado pelo Ato Institucional Número Cinco (AI-5) em 1969. É o decano do clã dos Alves, contraparte política da família Maia num embate que há anos domina a cena política potiguar, em especial a partir dos anos 80 do Século XX.

Filho de Manuel Alves Filho e Maria Fernandes Alves, advogado com Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Maceió com especialização em Serviço Social, voltou-se às atividades jornalísticas após a graduação: primeiro como funcionário dos jornais A Razão e A República, ambos em Natal, tendo se dirigido em 1949 ao Rio de Janeiro onde foi redator-chefe da Tribuna da Imprensa, que pertencia a Carlos Lacerda.

De volta ao seu estado natal, em 1950, fundou e dirigiu a Tribuna do Norte. Ainda no ramo de comunicação foi diretor da Rádio Cabugi, da TV Cabugi e da Rádio Difusora de Mossoró. Antes foi Oficial de Gabinete da Interventoria Potiguar, chefe do Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social (SERAS) e diretor estadual da Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Sua vocação política surgiu em consequência das suas atividades profissionais e a estréia se deu sob as bênçãos de José Augusto Bezerra de Medeiros e Dinarte Mariz, líder-mor da União Democrática Nacional (UDN) potiguar e assim Aluízio Alves foi eleito deputado federal em 1945 e participou da Assembleia Nacional Constituinte que promulgaria a nova Constituição em 18/09/1946.


Reeleito em 1950, 1954 e 1958, chegou aos postos de secretário-geral da União Democrática Nacional (UDN) e vice-líder da bancada. Figura de proa na eleição de Dinarte Mariz para o governo do estado em 1955, rompeu com seu aliado em face de um episódio onde o governador recém-eleito ignorou uma série de ações de governo que foram reunidas por Aluízio Alves num extenso documento. Irritado, afastou-se politicamente de seu mentor e ingressou no PSD e foi eleito governador em 1960 para o desgosto de Dinarte Mariz.

A animosidade entre os dois líderes tornou-se cada dia mais férrea e com o advento do Regime Militar de 1964 foi Dinarte Mariz quem retomou o comando da cena política, o que não impediu, contudo, o ingresso de Aluízio Alves na Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e a conquista de seu quinto mandato de deputado federal em 1966 após Dinarte Mariz vetar sua candidatura a senador. No ano anterior Aluízio Alves derrotou o grupo de Dinarte Mariz ao eleger o monsenhor Valfredo Gurgel para governador.

Veio então o revés: Em 07/02/1969 teve seu mandato cassado pelo AI-5 sob a acusação de corrupção sendo indiciado em um processo que foi arquivado em fevereiro de 1973. Mesmo sem poder atuar diretamente na política usou sua experiência e se manteve influente ao levar seus correligionários para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em 1970, e ademais sua condição de empresário permitiu que mantivesse boas relações com os arenistas, à exceção de Dinarte Mariz.


Executivo da União das Empresas Brasileiras, expandiu suas atividades para além da área de comunicação e tão logo foi restaurado o pluripartidarismo ingressou no Partido Progressista (PP) e a seguir no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) sendo derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte em 1982 por José Agripino Maia do Partido Democrático Social (PDS).

Entusiasta da candidatura vitoriosa de Tancredo Neves à Presidência da República foi indicado Ministro da Administração pelo presidente eleito sendo confirmado no cargo por José Sarney e permaneceu à frente desse ministério entre 15/03/1985 e 15/02/1989 e durante a sua gestão foi criada a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).

Em 1990 foi eleito para o sexto mandato de deputado federal, cargo do qual esteve licenciado durante o governo Itamar Franco quando foi Ministro da Integração Regional entre 08/04/1994 e 01/01/1995. Como Ministro da Integração, Aluízio Alves retomou o projeto de transposição do Rio São Francisco.

Morte

Aluízio Alves morreu às 14:55 hs, do dia 06/05/2006, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele vinha agonizando desde quarta-feira, 03/05/2006, quando sofreu uma parada cardiorrespiratória em seu apartamento e foi socorrido pelo SAMU que o encaminhou para a Casa de Saúde São Lucas.

Na sexta-feira, 05/05/2006, o seu quadro clínico tinha apresentado uma pequena melhora e os médicos já tinham suspendido a medicação de indução a coma, no entanto na madrugada de sábado, 06/05/2006, o ex-governador apresentou novas complicações e teve a morte cerebral constatada.

O velório ocorreu no Palácio da Cultura, antigo Palácio da Esperança, local onde Aluízio Alves exerceu o cargo de governador do Estado entre 1961 e 1966. O enterro ocorreu às 16:00 hs no Cemitério Morada da Paz.

Aluízio Alves era pai do deputado federal Henrique Eduardo Alves.

Lúcio Flávio

LÚCIO FLÁVIO VILLAR LÍRIO
(31 anos)
Assaltante

☼ Rio de Janeiro, RJ (1944)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/01/1975)

Lúcio Flávio Villar Lírio foi um criminoso brasileiro, precursor dos assaltos a bancos no Brasil, famoso na década de 70 do século XX, sendo o marginal mais procurado pela polícia à época. Utilizava os nomes de Marcos Wolkllevit JúniorRafaelio Wandencock e Marcelo Fleming Spittscakoff e era considerado um bandido refinado e inteligente, originário da classe média alta carioca dos anos 60 e 70.

Jovem da classe média mineira, nascido em 1944, filho de um funcionário público com uma professora de escola primária, louro, de olhos claros, frequentador de praias durante a juventude no Rio de Janeiro, sempre em grupo de amigos..., mas a personalidade estava sendo tecida por fios invisíveis que surgiam de novelos adormecidos nos escaninhos da alma.

A família Villar teve que se mudar para o Rio de Janeiro com os oito filhos pequenos, se instalando em Benfica e Bonsucesso. Isto após desencontros políticos, não bem esclarecidos, de seu pai com o então PSD que foi extinto na época. Há inclusive relatos de que, em 1968, Lúcio Flavio sentiu-se profundamente frustrado por não poder concorrer a um cargo de vereador no Espírito Santo em razão da negativa de seu pai, que alegava dificuldades financeiras. A partir daí, iniciou contatos com outros jovens de sua idade e montaram uma quadrilha para roubar carros.


Aos 30 anos acumulava 32 fugas, 73 processos e 530 inquéritos por roubo, assalto e estelionato. A família de Lúcio Flávio era considerada abastada, sendo seu pai ligado ao PSD e também cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek. Um episódio não confirmado é atribuído à família do jovem Lúcio Flávio, e que busca explicar os motivos que o fizeram contestar as autoridades e optar pelo mundo do crime:

"O motivo de sua incursão no mundo marginal teve sua gênese na época da Ditadura Militar no Brasil. Em uma festa de casamento comemorada por sua família, alguns policiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) adentraram em sua residência e propiciaram momentos de constrangimentos, como os vividos pelo seu pai, que teve o rosto introduzido dentro de um bolo, como também, o espancamento de sua mãe. Lúcio Flávio, ainda um adolescente à época, foi igualmente vítima de espancamento. Essas agressões teriam sido frutos da época em que ele vivia, ou seja, sob a mão pesada do regime militar. Como o pai de Lúcio Flávio era cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek, e por esse motivo não queria informar o paradeiro de Juscelino, ele tornou-se mais uma vítima da opressão daqueles idos. Devido a todos esses acontecimentos, aos 18 anos, Lúcio Flávio transformou-se em um bandido."

Em sua última prisão, em Belo Horizonte, pronunciou a frase com que ficaria lembrado:

"Bandido é bandido, polícia é polícia, como a água e o azeite, não se misturam"

A declaração fazia referência ao fato da prática de muitos policiais, assim como ocorre ainda hoje, participarem do crime organizado ao mesmo tempo em que mantêm seus cargos na polícia. Isso significa que tal indivíduo não teria a honra de ser chamado de policial, era apenas mais um marginal como os outros, o que de muitas maneiras, não deixa de ser verdade. Apesar de sua ligação com o crime, ajudou a desmascarar um grupo de policiais cariocas pertencentes ao Esquadrão da Morte, entre eles Mariel Mariscot, um dos homens de elite da polícia do Rio de Janeiro, e que mantinha ligações com criminosos.

Em 1969 foi desbaratada uma quadrilha de ladrões de carros no Rio de Janeiro em que Lúcio Flávio foi identificado como membro. Descobriu-se logo que não era apenas um simples integrante, mas uma das figuras principais, posição que aprofundou após o assassinato do líder da quadrilha Marcos Aquino Vilar.


Ao ser preso pela última vez, em 1974, em Belo Horizonte, foi recambiado para o Complexo Prisional Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Lá, seria morto por "Marujo", seu companheiro de cela, no início de 1975, com 28 facadas. O assassino de Lúcio Flávio logo teria o mesmo destino, assassinado por outro preso, que por sua vez, também seria assassinado dentro da prisão.

O grupo que Lúcio Flávio liderava foi aos poucos sendo abatido pela polícia ou assassinado dentro das prisões cariocas: Liéce de Paula Pinto e Nijini Renato Villar Lírio, irmão de Lúcio Flávio, foram executados pela polícia. Para simular um confronto e justificar a morte dos dois, os policiais levaram os corpos próximo ao Hotel Plaza e colocaram dentro de um carro, metralhando-os novamente para simular uma resistência à prisão.

Outros comparsas, como Rivaldo Morais Carneiro, o "Martha Rocha", Antonio Branco e Francisco Rosa da Silva, o "Horroroso" foram metralhados no Presídio Evaristo Moraes Filho, na Quinta da Boa Vista, após liderarem uma rebelião e matarem um refém, o coronel da Polícia Militar Darci Bitencourt.

Fernando C.O., cunhado de Nijini Renato Villar Lírio, foi morto dentro do Complexo Prisional Frei Caneca por outros bandidos. Júlio Augusto Diegues, o "Portuguesinho", seria morto no mesmo local, pouco depois após estrangular outros presos com a ajuda de um comparsa.

Em 1977, O cineasta Hector Babenco lançou o filme "Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia", baseado no livro homônimo do escritor José Louzeiro, vencedor de quatro Kikitos de Ouro no Festival de Gramado de 1978, nas categorias de Melhor Ator (Reginaldo Farias), Melhor Ator Coadjuvante (Ivan Cândido), Melhor Fotografia e Melhor Edição.

O Assassinato de Lúcio Flávio

Uma facada no pescoço, que seccionou a carótida, e vários ferimentos no peito, mataram, na madrugada, o criminoso Lúcio Flávio, aos 31 anos, na cela 7 da galeria D do Presídio Hélio Gomes, no Rio de Janeiro. O assassino, outro detento, Mário Pedro da Silva, alegou legítima defesa. Lúcio Flávio e Mário teriam brigado após uma roda de carteado.

Prestes a dar um novo depoimento à Justiça, Lúcio Flávio era a principal testemunha nas investigações sobre as atividades exercidas pelo Esquadrão da Morte no Estado. Com sua ajuda, foram condenados vários policiais, a começar por Mariel Mariscot, acusado por ele de participação no Esquadrão da Morte, e de liderança em outra organização, de estelionato e roubo de automóveis.