João Saldanha

JOÃO ALVES JOBIN SALDANHA
(73 anos)
Jornalista, Comentarista Esportivo, Escritor, Jogador e Técnico de Futebol

☼ Alegrete, RS (03/07/1917)
┼ Roma, Itália (12/07/1990)

João Saldanha foi um jornalista, comentarista esportivo, escritor, jogador e técnico de futebol brasileiro nascido em Alegrete, no Estado do Rio Grande do Sul, no dia 03/07/1917. Levou a Seleção Brasileira de Futebol a classificar-se para a Copa do Mundo de 1970. Seu apelido era João Sem-Medo.

Logo no inicio de sua vida, a família de João Saldanha resolveu mudar-se de Alegrete. Após percorrerem várias cidades do interior do Paraná, decidiram ficar em Curitiba.

O primeiro grande contato de João Saldanha com o futebol aconteceu ali, pois a casa comprada por Gaspar Saldanha, seu pai, ficava a dois quarteirões do campo do Clube Atlético Paranaense, onde sempre ia assistir aos treinos das divisões de base, permitindo a proximidade do garoto com o futebol.

Além disso, a casa da família em Curitiba permitia uma integração com toda a garotada da vizinhança, que organizava times, campeonatos, jogos, enfim, tudo dentro do estilo de vida da expansão urbana e das novas modas citadinas. Ali, João Saldanha completaria o primário na mesma escola de um garoto que ainda seria importantíssimo personagem na história nacional como presidente da República: Jânio Quadros. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro.

João Saldanha jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no clube carioca do Botafogo. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (FND), atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Estudou Jornalismo e se tornou um dos mais destacados escritores de esportes, antes de trabalhar como comentarista no rádio e na televisão. Como um jornalista esportivo, ele frequentemente criticava jogadores, técnicos e times de futebol. Foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Botafogo

Em 1957, o Botafogo de Futebol e Regatas, seu clube de coração, contratou-o como seu técnico, apesar de sua total falta de experiência. O clube ganhou o campeonato estadual daquele ano.

Em 1969, ele foi convidado a se encarregar da Seleção Brasileira de Futebol. O Presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas fizessem menos críticas à Seleção Brasileira, tendo um deles como técnico.

Gérson, Pelé e João Saldanha
Eliminatórias Para a Copa do Mundo de 1970

Na Copa do Mundo de 1966, uma das principais críticas da imprensa era a falta de um time-base. João Saldanha tentou resolver esse problema e convocou um time formado em sua maioria por jogadores do Santos e do Botafogo, os melhores times da época. E os conduziu a 100% de aproveitamento em seis jogos de qualificação (eliminatórias). De uma frase sua, quando teria dito que convocaria somente "feras", surgiu a expressão "As feras do Saldanha" para designar aquela seleção.

Graças ao seu trabalho, a Seleção Brasileira reconquistaria a auto-estima e a confiança do torcedor, que tinha perdido depois da pífia campanha na Copa do Mundo de 1966.

O time de João Saldanha, que deu show nas eliminatórias contra Venezuela e Paraguai, com a dupla Tostão e Pelé, estava mesclado com jogadores do Santos, Botafogo e Cruzeiro.

Foi uma grande jogada de João Saldanha. Usou o entrosamento dos jogadores em seus respectivos times e atuava num 4-2-4 bem montado.

O time brasileiro de João Saldanha era: Cláudio; Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel e Rildo; Piazza e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu.

Apesar das vitórias, João Saldanha foi publicamente criticado por Dorival Knipel, o Yustrich, treinador do clube carioca Flamengo. João Saldanha respondeu ao confronto brandindo um revólver. Também havia rumores de que não entendia de preparação física, havendo alguns desentendimentos com a comissão técnica sobre a condução dos treinamentos.

Embora muito se dissesse à época que João Saldanha foi retirado do comando da Seleção por causa da sua negativa em selecionar jogadores que eram indicados pessoalmente pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, em particular o atacante Dário Maravilha. Foi constatado posteriormente que tal fato em verdade não ocorreu, limitando-se o então presidente, na qualidade de torcedor, a sugerir a convocação de Dadá, tal como na Copa do Mundo de 2010 se sugeriu a Dunga a convocação de Neymar ou Paulo Henrique Ganso, ambos do Santos.

O último atrito foi quando o auxiliar-técnico pediu para sair da Seleção, dizendo que era impossível trabalhar com João Saldanha. Segundo João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CDB), o esquema adotado por João Saldanha de dois pontas abertos, Jair e Edu, e o meio-campo desprotegido do Brasil, que adotava o esquema 4-2-4, não iria a lugar nenhum. Daí a demissão de João Saldanha e, depois de uma tentativa de se contratar Dino Sani, ele foi substituído por Mário Zagallo, ex-jogador de futebol e ganhador de duas copas: Copa do Mundo de 1958 e Copa do Mundo de 1962, com seu tradicional e eficiente (na época) 4-3-3, montando a equipe com Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Marco Antônio, depois Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Jair, Tostão e Pelé.

Jornalismo

João Saldanha retornou ao jornalismo depois desse episódio e continuou a criar algumas das mais famosas citações da história do futebol brasileiro, como: "O futebol brasileiro é uma coisa jogada com música".

Morte

João Saldanha morreu em Roma, em 1990, onde foi cobrir naquele ano a Copa do Mundo de 1990 para a TV Manchete.

Até hoje não se sabe a razão. Fontes mais seguras dizem que João Saldanha morreu de um enfisema pulmonar, devido ao vício tabagista.

Fonte: Wikipédia

Emílio Garrastazu Médici

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
(79 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Bagé, RS (04/12/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1985)

Foi um militar e político brasileiro, Presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Obteve a patente de General do Exército.

Vida Antes da Presidência

Médici era neto de um combatente Maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandú, e seu pai era de origem italiana.

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 1930 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Em abril de 1964, por ocasião do Golpe Militar de 1964 - ou Revolução de 1964, na visão dos militares -, Médici era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.

Com o afastamento definitivo do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência da República uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo Presidente da República.

Na Presidência da República

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, Emílio Garrastazu Médici foi eleito Presidente da República por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, havendo 75 abstenções.

Tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. No entanto, seu governo foi considerado o mais obscuro e repressivo de toda a história do Brasil independente. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, permitindo que seu sucessor Ernesto Geisel iniciasse a abertura política. As denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil.

No campo político, o governo Médici foi responsável pela eliminação das guerrilhas de esquerda rurais e urbanas. A repressão às manifestações populares e à guerrilha (para alguns, terrorismo) ficou a cargo do Ministro do Exército Orlando Geisel. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no Regime Militar (Castelo Branco e Artur da Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político.

Nas duas eleições ocorridas durante seu governo, a Arena saiu amplamente vitoriosa, fazendo, em 1970, 19 senadores contra 3 do MDB, e, em 1972, elegendo quase todos os prefeitos e vereadores do Brasil. Eram proibidas manifestações populares e reivindicações salariais por trabalhadores.

Os três ministros mais importantes de seu governo, e que tinham grande autonomia, eram Delfim Netto, que comandava a economia, João Leitão de Abreu, como coordenador político, e Orlando Geisel, que comandava o combate à subversão.

O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico que ficou conhecido como o Milagre Brasileiro. Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis e a produção de automóveis, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. Em 1972, passou a funcionar a televisão a cores no Brasil.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de propaganda associando patriotismo com apoio ao Regime Militar, e o fato de ter feito o senador, ex-participante da Coluna Prestes e ex-chefe de polícia do Rio de Janeiro durante o Estado Novo e a era Vargas, Filinto Müller, presidente do Congresso Nacional e da Arena.

Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: Brasil, ame-o ou deixe-o inspirada no dístico conservador americano Love it or leave it.

Foi o período durante o qual o país viveu o chamado Milagre Brasileiro: crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e grandes incentivos fiscais à indústria e à agricultura foram a tônica daquele período.

Assim os ministros mais famosos do governo Médici foram os da Fazenda, Delfim Netto e dos Transportes, Mário Andreazza, além de Jarbas Passarinho, por causa do MOBRAL.

Nessa época, também foram construídas casas populares através do Banco Nacional da Habitação (BNH). O Milagre Econômico começou a entrar em crise, já em 1973, com a Crise do Petróleo de 1973.

No seu governo, concluiu-se o acordo com o Paraguai para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, à época a hidrelétrica de maior potência instalada do mundo.

No campo social, foi criado o Plano de Integração Social (PIS) e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos trabalhadores rurais.

Foi feita uma grande campanha de alfabetização de adultos através do MOBRAL e uma campanha para melhoria das condições de vida na Amazônia com a participação de jovens universitários chamado Projeto Rondon. Esse projeto foi reativado em 19 de janeiro de 2005, durante o Governo Lula.

No entanto, segundo a Fundação Getúlio Vargas, no governo Médici persistiu a miséria e a desigualdade social. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

A euforia provocada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol (Médici dizia-se torcedor do Grêmio), em 1970, conviveu com a repressão velada ou explícita aos opositores do regime, notadamente os ativistas de orientação esquerdista. Médici foi aplaudido, em uma partida de futebol, no estádio do Maracanã.

Em 1972, foi comemorado o Sesquicentenário da Independência do Brasil, sendo levados para São Paulo os restos mortais do Imperador Dom Pedro I.

Fim do Mandato e Sucessão

Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Medici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".

Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.

Morte

Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em entrevista ao programa Roda Viva na decadá de 1980, João Saldanha o chamou de "O maior assassino da historia do Brasil".

Fonte: Wikipédia

Vicente Matheus

VICENTE MATHEUS BATHE
(88 anos)
Empresário

* Zamora, Espanha (28/05/1908)
+ São Paulo, SP (08/02/1997)

Foi um empresário espanhol naturalizado brasileiro que atuava na área da construção civil pesada, mineração de pedreiras (extração de pedras e areia para construção civil).

Tornou-se nacionalmente conhecido como presidente do Corinthians por oito mandatos, sendo eleito pela primeira vez em 1959, além de ter logrado a eleição de sua esposa, Marlene Matheus, para sucedê-lo.

Era considerado um dirigente à moda antiga, que usava recursos próprios para financiar projetos do clube. Era uma figura folclórica que produzia máximas (alguns dizem que propositadamente) carregadas de incorreções e divertiam amigos e desafetos.

Sua primeira esposa, Ruth Pereira Matheus, filha de um grande desenvolvista do bairro de Guaianases se encontra sepultada no Cemitério do Lajeado, no mesmo bairro.

Vicente Matheus e sua primeira esposa tiveram duas filhas, Abigail Matheus e Dalva Matheus.

Faleceu vítima de Câncer após 14 dias internado e foi sepultado no Cemitério da Quarta Parada em São Paulo.

Fonte: Wikipédia

Mário Henrique Simonsen

MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN
(61 anos)
Economista, Professor e Banqueiro

* Rio de Janeiro, RJ (19/02/1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/02/1997)

Mário Henrique Simonsen foi Ministro da Fazenda do Brasil durante o governo de Ernesto Geisel, entre 16/03/1974 e 15/03/1979, e Ministro do Planejamento no governo João Baptista de Oliveira Figueiredo. Antes disso, havia sido presidente do Banco Central do Brasil no governo Castelo Branco, nos idos de 1960.

Engenheiro Civil formado pela antiga Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, destacou-se, porém, ao longo de sua carreira, como professor de economia da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a qual ajudou a fundar, a partir do Centro de Aperfeiçoamento de Economistas da mesma fundação. Era considerado brilhante por seus colegas. Suas aulas eram famosas pela baixa frequência de alunos, já que poucos conseguiam acompanhar seu ritmo de raciocínio. Dentre seus alunos, destacam-se Sérgio WerlangDaniel Valente DantasArmínio Fraga e Maria Silvia Bastos Marques.

Assumiu diversos postos de destaque no Governo Federal. Atuou também como sócio-consultor do banco de investimentos Banco Bozano, Simonsen e prestou consultoria para diversas empresas do setor financeiro nacional e internacional.

Segundo suas próprias palavras, ficou rico por acaso quando o amigo de infância Julio Bozano o convidou para ser sócio minoritário no Banco Bozano, Simonsen.

Vida

Mário Henrique Simonsen nasceu em família de classe média-alta da sociedade carioca. Era filho de Mário Simonsen, advogado, que também exerceu atividades financeiras, e de Carmem Roxo Simonsen, descendente da família Belford Roxo.

Devido às condições familiares favoráveis, Mário Henrique Simonsen pode desfrutar de boas escolas particulares do Rio de Janeiro, entre elas o Colégio Santo Inácio. Entretanto, Mário Henrique Simonsen não se destacou apenas por frequentar boas escolas, seu talento para o aprendizado sobressaiu desde criança.

No ginásio, manifestou curiosidade extraordinária sobre os assuntos mais complexos. Durante a adolescência, distinguiu-se dos demais colegas pelas boas notas em matemática, e mais tarde, no decurso de sua carreira, pelo autodidatismo.

Foi aluno do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da Marinha no Rio de Janeiro em 1955.

Em 1959, casou-se com Iluska Simonsen com quem aprendeu a apreciar o jogo de xadrez e com quem teve três filhos. Seu sobrinho, Carlos Ivan Simonsen Leal, se tornou também economista e atualmente é o presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Foi eleito economista do ano por duas vezes, em 1970 e 1995, prêmio concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Mário Henrique Simonsen era torcedor fanático do Club de Regatas Vasco da Gama e foi sócio do clube até o seu falecimento.

Carreira

Mário Henrique Simonsen era especialista em Macroeconomia. Em sua época de atuação profissional, muitas das preocupações envolviam temas como a inflação, nível de emprego e salários, contenção monetária, formação de expectativas dos agentes.

Alguns sustentam, portanto, que Mário Henrique Simonsen fora um dos principais nomes da corrente monetarista de Milton Friedman no Brasil. No entanto, a comparação reduz o raciocínio monetário de Mário Henrique Simonsen, que pode ser conferido em sua tese de Doutoramento: "Inflação: Gradualismo x Tratamento de Choque".

Em seus escritos, Mário Henrique Simonsen defendia sim o rigor monetário, mas o principal ponto que caracterizava os monetaristas, o controle do meio circulante de forma a doutrinar a formação de expectativas dos agentes, não era o ponto nevrálgico sustentado por Mário Henrique Simonsen. Enquanto que o raciocínio dos monetaristas estabelece que os agentes tomam como principal informação para a formação de expectativas a emissão dos agregados monetários, em seus escritos Mário Henrique Simonsen avocava que a formação de expectativas poderia se dar por uma série de outros motivos.

O economista brasileiro identificou as causas institucionais para a formação de expectativas inflacionárias no Brasil: A correção salarial implantada em 1964 com o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) e a correção monetária presentes em diversos títulos financeiros nas décadas de 1980 e 90 até os dias do controle do Plano Real.

Mário Henrique Simonsen foi um dos pioneiros na investigação do fenômeno que ele próprio denominava por realimentação inflacionária e o qual se convencionou chamar depois de inércia inflacionária. Entretanto, ele não abandonava a necessidade de também se corrigir a inflação por meio do controle fiscal e monetário. Dizia que o controle da inflação sustentava-se nos três elementos: equilíbrio fiscal, políticas de renda e reformulação da moeda.

Em sua carreira acadêmica, destacou-se como teórico das expectativas racionais. O argumento de Mário Henrique Simonsen baseava-se principalmente no ponto que sustentava uma inflação gerada por uma disputa onde cada agente tenta preservar o seu ganho real nos preços. A chamada estratégia maxmin. Tendo isso em consideração, pode-se afirmar que Mário Henrique Simonsen era adepto do gradualismo macroeconômico, de maneira que se houvesse a opção de arrefecer a economia causando mínimas perdas, essa seria a preferível. De todo modo, ele identificava que em muitos casos era inevitável se fugir de uma política de rendas mais distributiva, controlando o jogo inflacionário através do alinhamento dos agentes com a política macroeconômica adotada pelo governo.

Consultec

Além do lado acadêmico, destacava-se o lado do profissional prático do economista. No ínício de sua carreira foi convidado por Roberto Campos e Octávio Gouvêa Bulhões a fazer parte da empresa de consultoria de projetos Consultec. Lá destacou-se como excelente problem solver, vindo a ter atuação profissional de destaque, período importante para forjá-lo como economista.

Serviço Público

Durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici, de 1969 a 1974, exerceu a presidência do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), que visava a educação de adultos na época em que a taxa de analfabetismo da população brasileira trespassava 20%.

O MOBRAL representou uma iniciativa de substituição do Método Paulo Freire, identificado com camadas de base e a esquerda, por algo mais próximo ideologicamente do Governo Militar. Obteve algum sucesso com a política de inserção educacional de adultos para a leitura. Durante sua vigência, não faltaram recursos para o projeto, conseguindo estar presente em todos os municípios do Brasil.

No entanto, a alfabetização de adultos é ponto de difícil correção e o sistema teve visível retrocesso nos anos 80.

Em seus ensaios para jornais e revistas, Mário Henrique Simonsen reservava espaço para dedicar-se ao problema educacional brasileiro, visto ainda hoje como um dos principais desafios para a promoção do desenvolvimento da força de trabalho brasileira.

Ministério da Fazenda

O destaque desempenhado na presidência do MOBRAL e seu sucesso inicial foram um dos fatores que levaram o presidente Ernesto Geisel a convidar Mário Henrique Simonsen para assumir a pasta do Ministério da Fazenda, função que exerceu durante todo o mandato do então presidente.

Apresentou-se nesse período a primeira, em outubro de 1973, e segunda crise do petróleo, em março de 1979. Durante sua gestão, com João Paulo dos Reis Velloso no Ministério do Planejamento, foi implementado o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O plano visava dar seguimento ao processo de industrialização brasileiro no período mundial conturbado dos anos 70.

Nesse tempo, foi preciso administrar uma política de entrada de capitais com o fim de promover o desenvolvimento industrial da indústria de base e possibilitar uma economia mais ampla e diversificada, estruturada para a dimensão do país. O Brasil contraiu dívidas financiadas pelo dinheiro dos petrodólares.

Ministério do Planejamento

Em 1979, após a segunda crise, Mário Henrique Simonsen assumiu o Ministério do Planejamento, já no governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo.

Pediu exoneração do cargo após cinco meses, em um período revolto e de estagnação que se iniciava na América Latina. O presidente do Banco Central Norte-Americano, Paul Volcker, elevou a taxa de juros dos Estados Unidos, o que fez com que os empréstimos brasileiros atingissem proporções que levaram o Brasil recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) diversas vezes para tentar sanar o problema de insolvência, manejado pelo então Ministro da Fazenda Delfim Netto.

Em meio a informações e comentários que especulavam sobre seus desentendimentos com Delfim NettoMário Henrique Simonsen pediu exoneração do cargo. Esse episódio está documentado e possui relato do próprio Delfim Netto no livro de Depoimentos ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A posição de Mário Henrique Simonsen no ministério ajuda a compreender sua atuação como economista, profissional e acadêmico. Barbosa (1997, p. 127):

"A conclusão que se chega pela análise das principais contribuições acadêmicas de Simonsen é de que ele era um economista keynesiano. Em matéria de política econômica, qualquer análise de seu período como Ministro da Fazenda, no Governo Geisel, e como Ministro do Planejamento, no Governo Figueiredo, certamente mostrará que ele era um adepto da política de sintonia fina, e que ele preferia discricionarismo a regras, que também são duas características importantes de um economista keynesiano."

Ao lado de Eugênio GudinMário Henrique Simonsen é muito lembrado, por ser importante para a formação profissional e para o reconhecimento da ocupação de economista no Brasil. Incutiu na mentalidade dos economistas de sua geração, e de várias gerações posteriores, a consciência de que economia era uma carreira de mérito a ser seguida.

Curiosidades

Mário Henrique Simonsen dedicava-se também à Música Clássica, principalmente à ópera clássica. Seus conhecimentos na área formaram a base do capítulo de número cinco do livro "Ensaios Analíticos", em que ele discorre sobre vários assuntos de seu interesse ao longo da vida, tecendo considerações metodológicas acerca da economia.

Durante o Plebiscito de 1993 apoiou a Monarquia Parlamentarista, dando depoimento no horário eleitoral.

Mário Henrique Simonsen nunca tirou a carteira de habilitação (motorista) e era conhecido por ter um apetite pantagruélico, assim como o de ser fumante inveterado (fumava, inclusive, dentro da sala de aula, o que naquele tempo não era tão condenável como nos dias de hoje). O fumo foi a causa provável do câncer pulmonar que o levou à morte pouco antes de completar 62 anos.

Em entrevista à Revista Veja, em 1986, Mário Henrique Simonsen profetizava o caos urbano que se vê hoje no Rio de Janeiro:

"No dia em que eles descerem os morros do Rio, famintos e desnorteados, como soldados abandonados por seus generais, eles tomarão conta da cidade, da zona norte, sul e as classes médias e ricas serão prisioneiras de suas próprias avarezas e descuidos com os mais pobres. Será como um exército de centuriões romanos, de olhos arregalados, famélicos, entorpecidos e desesperados, tentando a última conquista antes da morte."

Morte

Em 1994, após realizar um exame de rotina, foi informado pelos médicos que tinha um tumor no pulmão que havia se espalhado pela cabeça. A partir do diagnóstico, começou a enfrentar uma rotina de internamentos, mas jamais perdeu o humor.

Após ficar quase três meses internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, Mário Henrique Simonsen morreu de vítima de insuficiência respiratória no dia 09/02/1997, dez dias antes de completar 62 anos.