Barão de Macaúbas

ABÍLIO CÉSAR BORGES
(66 anos)
Médico, Educador e Pedagogista

☼ Rio de Contas, BA (09/09/1824)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/01/1891)

Abílio César Borges, primeiro e único Barão de Macaúbas, foi um médico e educador, pedagogista brasileiro. Era filho de Miguel Borges de Carvalho e de Mafalda Maria da Paixão. Nasceu no povoado de Macaúbas, então pertencente à pequena Vila de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina, exatamente quando esta completava cem anos de emancipada. Ali efetuou os primeiros estudos e, em 1838 mudou-se para Salvador a fim de completar sua formação.

Devemos muito do nosso conhecimento aos educadores que fizeram da sua profissão uma luta para o aperfeiçoamento da educação no Brasil. Entre tantos outros está Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, que marcou presença no cenário da educação do Brasil entre 1856 e 1880. Ele também era médico e cirurgião e talvez por isso - por ter transformado a educação em opção de vida - tenha sido um pensador educacional.

Em 1841, depois de haver interrompido os estudos por causa da saúde, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde diplomou-se em 1847 - tendo realizado o curso de forma brilhante. Voltando para a Bahia, dedicou-se ao magistério por quatro anos.

Em 1845, fundou, junto a outros, o Instituto Literário da Bahia, uma espécie de prelúdio de Academia de Letras (ABL), onde são realizados saraus, discutidas ideias e reunia os mais expressivos nomes da literatura baiana da época.

Era casado, desde 1848, com Francisca Antônia Wanderley, oriunda de importante família pernambucana, com quem teve vários filhos.

O Formador de Gênios

Em Salvador, ainda sem o baronato, Abílio César Borges fundou em 1858 o Ginásio Bahiano. Ali, mais que um professor e diretor, aplicava as novidades pedagógicas que incorporava em seus estudos.

Esta instituição, assim como o também famoso e contemporâneo Colégio Sebrão, foi responsável pelos fundamentos educacionais de futuras genialidades da Bahia, como Ruy Barbosa, Aristides Spínola, Castro Alves, Plínio de Lima, Cezar Zama, dentre tantos outros.

Conservou-se à frente da instituição por quase 14 anos. Viajou a Europa com o propósito de melhorar os seus conhecimentos sobre os problemas pedagógicos, de forma a torná-los aplicáveis aos seus trabalhos.

De volta da Europa, em 1871 mudou-se para o Rio de Janeiro, fundando ali o Colégio Abílio. Onze anos depois, graças à fama alcançada por sua instituição, foi nomeado como representante do Brasil no Congresso Pedagógico Internacional de Buenos Aires.

Em Barbacena, Minas Gerais, em 1881 instalou uma filial do colégio do Rio de Janeiro, por onde passaram ilustres personalidades da vida pública mineira. O prédio, que ainda hoje preserva características da construção original, serviu de sede para o antigo Colégio Militar de Minas Gerais e hoje é a sede do comando da Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar.

Suas ideias, na época, eram inovadoras na educação brasileira: abolia completamente qualquer espécie de castigo físico, realizava torneios literários, culto ao civismo, etc. Imaginou um método de aprendizagem de leitura que denominou de Leitura Universal, para facilitar o estudo das primeiras letras, abriu vários cursos públicos gratuitos de leitura, convencido de que assim prestava o melhor serviço ao país.

A fim de poder ministrar as lições aos seus alunos, sem ofender entretanto os rígidos costumes da época, chegou até a mandar publicar, na Bélgica, um volume especial, adaptado para menores, de "Os Lusíadas".

Civista Extremado e Grande do Império

Ainda na Bahia, por ocasião da Guerra do Paraguai, manifestava-se exaltadamente pela imprensa, conclamando ao povo à luta em defesa da soberania brasileira. Mas, não restringiu-se a isto: chegou mesmo a patrocinar, de suas próprias rendas, o batalhão dos "Zuavos Baianos".

Pioneiro do Abolicionismo, fundou a Sociedade Libertadora 7 de Setembro, que publicava o jornal "Abolicionista".

A 30/07/1881, foi agraciado com o título de Barão de Macaúbas, depois elevado com a honra de Grande do Império, em 03/06/1882. Além dessa honraria, foi comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da de São Gregório, o Magno.

Dom Pedro II demonstrava, através do reconhecimento dos méritos do Barão de Macaúbas, sua preocupação com a educação no país, Imperador que valorizava o magistério e que declarava que, se não fosse imperador, queria ser "Mestre-Escola".

O Barão de Macaúbas foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país. Como educador, manteve-se sempre afeito às novidades quanto aos métodos de ensino, sem nunca perder o aprendizado próprio. Não tivesse deixado vestígios, bastaria o fato de ter sido o alicerce de Castro Alves e Ruy Barbosa, dentre muitos outros.

Barão de Macaúbas pertenceu à Academia Filomática, foi diretor geral do ensino na Bahia (1856), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades lítero-científicas no Brasil e na Europa.

Morte

Nossa nação teve a infelicidade de nascer sob a fatalidade de uma desigualdade social tão profunda, que nos dividiu, primeiro, entre brancos conquistadores e índios, depois, entre brancos senhores e pretos escravos, o que sucede na classe dominante só tem real importância para o país, se o regime de divisão social se mantém e as duas nações continuam a coexistir no estranho paralelismo de sua simbiose a educação também acompanha essa divisão.

Abílio César Borges morreu em 16/02/1891 e hoje seu nome significa muito mais do que nome de ruas e escolas pelo Brasil afora. Seu exemplo se ergueu como um padrão do nosso orgulho, inspirando-nos a certeza e a segurança de podermos ter, como têm os países civilizados, escolas primárias que sejam escolas primárias, ginásios que sejam ginásios, escolas superiores que sejam escolas superiores e universidades que sejam universidades para todos os brasileiros, do mesmo modo por que esse grande educador do Império pôde fazê-los para os poucos selecionados daqueles remotos tempos.

Algumas Obras Publicadas

  • 1847 - Proposições Sobre Ciências Médicas (Tese de Doutoramento)
  • Vinte Anos de Propaganda Contra o Emprego da Palmatória e Outros Castigos Aviltantes no Ensino da Mocidade
  • Desenho Linear ou Geometria Prática Popular
  • 1858 - Memória Sobre a Mineração da Província da Bahia
  • Discursos Sobre a Educação
  • Gramática Portuguesa
  • Gramática Francesa
  • Epítome de Geografia
  • Livros e Leitura
  • Vinte e Dois Anos em Prol da Elevação dos Estudos no Brasil
  • Os Lusíadas de Camões
  • A Lei Nova do Ensino Infantil
  • Conferência Sobre o Aparelho Escolar Múltiplo e o Fracionamento
  • Segundo Livro de Leitura Para Uso da Infância Brasileira

Fonte: Wikipédia

Francisco Sarno

FRANCISCO JOSÉ SARNO MATARAZZO
(85 anos)
Técnico e Jogador de Futebol

☼ Niterói, RJ (05/11/1924)
┼ São Paulo, SP (17/01/2010)

Francisco José Sarno Matarazzo foi um jogador e técnico de futebol brasileiro. Sarno, como ficou conhecido quando era jogador de futebol, nasceu na quarta-feira, 05/11/1924, na cidade fluminense de Niterói e começou sua carreira jogando no Botafogo carioca na década de 40.

Zagueiro de ofício, Sarno defendeu, além do Botafogo, o Palmeiras, o Vasco, o Santos e o Jabaquara Atlético Clube, último time que atuou como zagueiro e primeiro clube que trabalhou como técnico.

Em sua nova posição, no banco de reservas e atuando como técnico, foi conhecido como Francisco Sarno e trabalhou, além do Jabaquara, no Corinthians, Ponte Preta, Noroeste, Guarani, Coritiba, Atlético Paranaense, entre outros, e também dirigiu times na Colômbia.

Seu último trabalho em uma equipe de expressão foi no Campeonato Brasileiro de 1973 no comando do Clube Atlético Paranaense.

Polêmica

Francisco Sarno, por um breve período, foi comentarista esportivo na Radio Tupi de São Paulo em meados da década de 60, porém, não foi em palavras ditas aos ouvintes da rádio que o ex-zagueiro causou uma grande polêmica em 1965 e sim ao escrever e lançar, neste ano, o livro "Futebol, a Dança do Diabo" aonde relata os bastidores e o submundo da bola.

Francisco Sarno conquistou campeonatos como zagueiro e técnico em clubes brasileiros e os principais são:

  • 1951 - Campeão da Copa Rio pelo Palmeiras (Jogador)
  • 1955 - Campeão Paulista pelo Santos (Jogador)
  • 1968/1969 - Bi-campeão Paranaense pelo Coritiba (Técnico)

Falecimento

Francisco Sarno sofria, nos últimos anos, do Mal de Alzheimer e em decorrência deste mal faleceu no domingo, dia 17/01/2010, em São Paulo, SP, aos 85 anos.

Fonte: Wikipédia

Manoel Fiel Filho

MANOEL FIEL FILHO
(49 anos)
Operário Metalúrgico

☼ Quebrangulo, AL (07/01/1927)
┼ São Paulo, SP (17/01/1976)

Manoel Fiel Filho foi um operário metalúrgico brasileiro morto durante a Regime Militar no Brasil. 

As circunstâncias da sua morte são idênticas as do estudante Alexandre Vannucchi Leme, do 1º Tenente da PM, José Ferreira de Almeida e do jornalista Vladimir Herzog. Como ocorreu nesses casos, a morte de Manoel foi registrada, na época, como suicídio, mas abalou significativamente a estrutura do regime militar, provocando o  afastamento do general Ednardo D'Ávila Mello, ocorrido três dias após a divulgação de sua morte.

A morte de Manoel Fiel Filho é investigada pela Comissão Nacional da Verdade.

Manoel Fiel Filho saiu do Sítio Gavião, em Quebrangulo, Alagoas, aos 18 anos de idade. Morou na cidade de São Paulo, SP, desde os anos 50. Foi padeiro e cobrador de ônibus antes de se tornar operário metalúrgico na Metal Arte Industrial Reunidas, no bairro da Mooca. Lá trabalhou no setor de prensas hidráulicas por 19 anos.

Ele era casado com Thereza de Lourdes Martins Fiel, tinha duas filhas, e morava num sobrado na Vila Guarani.

Na manhã do dia 16/01/1976, uma sexta-feira, Manoel foi procurado na Metal Arte Industrial Reunidas por dois homens que se identificaram como agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o convidaram a prestar esclarecimentos. De lá os três seguiram para a casa do operário onde os oficiais realizaram uma operação de busca e apreensão. Após ter a casa revistada Manoel Fiel Filho foi autorizado a ficar a sós com sua família por alguns instantes e em seguida entrou no carro dos agentes. O operário foi encaminhado para o Destacamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército e essa foi a última vez que a esposa e as filhas o viram vivo.

Morte

Segundo relatório enviado à Agência Central do Serviço Nacional de Informações, durante investigação sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi preso, no dia 15/01/1976, Sebastião de Almeida, que apontou Manoel Fiel Filho como seu contato.

Às 8h30 do dia 17/01/1976, um dia após ser levado para o DOI-COID, Manoel foi interrogado por duas horas e depois encaminhado de volta a cela.

Às 11h00 ele foi novamente chamado para uma acareação, que durou 15 minutos e avaliou sua ligação com Sebastião de Almeida. Dessa vez os agentes concluíram que Manoel Fiel Filho  recebia de Sebastião de Almeida, mensalmente, 8 exemplares do jornal a Voz do Operário, o que, diante do regime militar, era motivo suficiente para comprovar sua conexão com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e justificar a prisão.

Ainda segundo o relatório Manoel Fiel Filho foi levado de volta a cela após a acareação e visto vivo e calmo, pelo carcereiro de serviço, por volta do 12h15. Já as 13h00 o carcereiro tomou ciência que "Manoel Fiel Filho suicidara-se no xadrez, utilizando-se de suas meias, que atou ao pescoço, estrangulando-se."

Às 22h00 a família foi comunicada do suicídio de Manoel Fiel Filho, mas a entrega de corpo só foi realizada com a condição de que os parentes o sepultassem o mais rápido possível e que não se falasse nada sobre sua morte.

No domingo, dia 18/01/1976, às 08h00, Manoel Fiel Filho foi sepultado por seus familiares no Cemitério da IV Parada, em São Paulo.

Pós-morte

Na nota em que comunicava o suicídio de Manoel Fiel Filho o II Exército manda instaurar um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Em 30 dias o IPM foi concluído e em parecer datado de 28/04/1976, o procurador militar Darcy de Araújo Rebello pede o arquivamento do processo alegando que:

"As provas apuradas são suficientes e robustas para nos convencer da hipótese do suicídio de Manoel Fiel Filho, que estava sendo submetido a investigações por crime contra a segurança nacional. (...) Aliás, conclusão que também chegou o ilustre Encarregado do Inquérito Policial Militar"

O comandante do II Exército, Ednardo D'Ávila Mello, no entanto, foi exonerado do cargo meses depois do ocorrido, pelo presidente da época Ernesto Geisel. Segundo Paulo Egydio Martins, Ministro do Desenvolvimento de Castelo Branco, em reunião com dirigentes militares após a morte de Vladimir HerzogErnesto Geisel teria dito que não toleraria mais esse tipo de crime nas dependências do Exército, o que justificaria a exoneração do militar após a morte de Manoel Fiel Filho.

Em ação judicial movida pela família e patrocinada pelos advogados Marco Antônio Rodrigues Barbosa, Samuel Mac Dowell Figueiredo e Sérgio Bermudes, foi julgado procedente, em 1995, a condenação da União e o reconhecimento de sua responsabilidade pela prisão ilegal, tortura e morte de Manoel Fiel Filho.

Entre os argumentos foram citados: a exoneração do comandante do exercito, o relato dos operários presentes no dia da prisão de Manoel e o depoimento dos presos políticos que presenciaram a tortura de Manoel, dado, em 1978, a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, então integrada por José Carlos Dias, José Gregori, Margaria Genevois, Hélio Bicudo entre outros defensores dos Direitos Humanos. 

Vida Em Obra

Documentário

Estreou em 2009, sob a direção de Jorge Oliveira, o documentário "Perdão, Mister Fiel". O filme conta a perseguição política ao metalúrgico pela ditadura militar brasileira, que resultou em seu assassinato nos porões do DOI-CODI, fato que desencadeou o processo de abertura política e redemocratização do país.

Personalidades como Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Jarbas Passarinho e Marival Chaves, ex-agente do DOI-CODI, dão seus depoimentos sobre o episódio.

Livro

Em 1980, foi lançado o livro "Manoel Fiel Filho: Quem Vai Pagar Por Este Crime?", de Carlos Alberto Luppi, pela Editora Escrita. 

Fonte: Wikipédia