Darcy Ribeiro

DARCY RIBEIRO
(74 anos)
Antropólogo, Escritor e Político

* Montes Claros, MG (26/10/1922)
+ Brasília, DF (17/02/1997)

Darcy Ribeiro foi um antropólogo, escritor e político brasileiro conhecido por seu foco em relação aos índios e à educação no país. Era filho de Reginaldo Ribeiro dos Santos e de Josefina Augusta da Silveira. Em Montes Claros, MG, fez os estudos fundamentais e secundário, no Grupo Escolar Gonçalves Chaves e no Ginásio Episcopal de Montes Claros.

Notabilizou-se fundamentalmente por trabalhos desenvolvidos nas áreas de educação, sociologia e antropologia tendo sido, ao lado do amigo a quem admirava Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela criação da Universidade de Brasília, elaborada no início dos anos 60, ficando também na história desta instituição por ter sido seu primeiro reitor. Também foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Publicou vários livros, vários deles sobre os povos indígenas.

Darcy Ribeiro (Foto: Acervo Fundar)
Como muitos outros intelectuais brasileiros, foi obrigado a se exilar durante a ditadura militar brasileira, vivendo durante alguns anos no Uruguai.

Durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro (1983-1987), Darcy Ribeiro criou, planejou e dirigiu a implantação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), um projeto pedagógico visionário e revolucionário no Brasil de assistência em tempo integral a crianças, incluindo atividades recreativas e culturais para além do ensino formal, dando concretude aos projetos idealizados décadas antes por Anísio Teixeira. Muito antes dos políticos de direita incorporarem o discurso referente à importância da Educação para o desenvolvimento brasileiro, Darcy RibeiroLeonel Brizola já divulgavam estas ideias.

Nas eleições de 1986, Darcy Ribeiro foi candidato ao governo fluminense pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), concorrendo com Fernando Gabeira, então filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Agnaldo Timóteo (PDS), e Moreira Franco (PMDB). Darcy Ribeiro foi derrotado, não conseguindo suplantar o favoritismo de Moreira Franco que se elegeu graças à popularidade do recém lançado Plano Cruzado.

Darcy Ribeiro também foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente João Goulart, vice-governador do Rio de Janeiro de 1983 a 1987 e exerceu o mandato de senador pelo Rio de Janeiro, de 1991 até sua morte, anunciada por um lento processo canceroso, que comoveu todo o Brasil em torno de sua figura. Darcy Ribeiro, sempre polêmico e ardoroso defensor de suas ideias, teve em sua longa agonia o reconhecimento e admiração até dos adversários.

Poucos anos antes de falecer, publicou "O Povo Brasileiro", obra na qual, dentre outras impressões, Darcy Ribeiro relativiza a suposta ineficiência portuguesa.


Academia Brasileira de Letras

Darcy Ribeiro foi eleito em 8 de outubro de 1992 para a cadeira 11, que tem por patrono Fagundes Varela, sendo recebido a 15 de abril de 1993 por Cândido Mendes.

Em seu discurso de posse, deixou registrado:

"Confesso que me dá certo tremor d'alma o pensamento inevitável de que, com uns meses, uns anos mais, algum sucessor meu, também vergando nossa veste talar, aqui estará, hirto, no cumprimento do mesmo rito para me recordar. Vendo projetivamente a fila infindável deles, que se sucederão, me louvando, até o fim do mundo, antecipo aqui meu agradecimento a todos. Muito obrigado.
Estou certo de que alguém, neste resto de século, falará de mim, lendo uma página, página e meia. Os seguintes menos e menos. Só espero que nenhum falte ao sacro dever de enunciar meu nome. Nisto consistirá minha imortalidade."

Obras

Com obras traduzidas para diversos idiomas (inglês, alemão, espanhol, francês, italiano, hebraico, húngaro e checo), Darcy Ribeiro figura entre os mais notórios intelectuais brasileiros. Divididas tematicamente, foram elas:

Etnologia
  • 1957 - Culturas E Línguas Indígenas do Brasil
  • 1957 - Arte Plumária Dos Índios Kaapo
  • 1962 - A Política Indigenista Brasileira
  • 1970 - Os Índios E A Civilização
  • 1974 - Uira Sai, À Procura de Deus
  • 1975 - Configurações Histórico-Culturais Dos Povos Americanos
  • 1986 - Suma Etnológica Brasileira (Colaboração - 3 Volumes)
  • 1996 - Diários Índios - Os Urubus-Kaapor

Antropologia
  • 1968 - O Processo Civilizatório - Etapas Da Evolução Sócio-Cultural
  • 1970 - As Américas E A Civilização - Processo De Formação E Causas Do Desenvolvimento Cultural Desigual Dos Povos Americanos
  • 1978 - O Dilema Da América Latina - Estruturas Do Poder E Forças Insurgentes
  • 1972 - Os Brasileiros - Teoria Do Brasil
  • 1970 - Os Índios E A Civilização - A Integração das Populações Indígenas No Brasil Moderno
  • 1975 - The Culture - Historical Configurations Of The American Peoples
  • 1995 - O Povo Brasileiro - A Formação  E O Sentido do Brasil

Romances
  • 1976 - Maíra
  • 1981 - O Mulo
  • 1982 - Utopia Selvagem
  • 1988 - Migo

Ensaios
  • 1950 - Kadiwéu - Ensaios Etnológicos Sobre O Saber, O Azar E A Beleza
  • 1975 - Configurações Histórico-Culturais Dos Povos Americanos
  • 1979 - Sobre O Óbvio - Ensaios Insólitos
  • 1985 - Aos Trancos E Barrancos - Como O Brasil Deu No Que Deu
  • 1986 - América Latina: A Pátria Grande
  • 1990 - Testemunho
  • 1992 - A Fundação Do Brasil - 1500/1700 (Colaboração)
  • 1995 - O Brasil Como Problema
  • 1995 - Noções De Coisas

Educação
  • 1962 - Plano Orientador Da Universidade De Brasília
  • 1969 - A Universidade Necessária
  • 1970 - Propuestas - Acerca Da La Renovación
  • 1972 - Université Des Sciences Humaines d'Alger
  • 1974 - La Universidad Peruana
  • 1978 - UnB - Invenção E Descaminho
  • 1984 - Nossa Escola É Uma Calamidade
  • 1993 - Universidade Do Terceiro Milênio - Plano Orientador Da Universidade Estadual do Norte Fluminense


Homenagens

  • O campus principal da Universidade Estadual de Montes Claros se chama Darcy Ribeiro.
  • Do mesmo modo, o campus principal da Universidade de Brasília se chama Darcy Ribeiro.
  • A Universidade Estadual do Norte Fluminense se chama oficialmente Universidade Darcy Ribeiro.
  • A Usina de Biodiesel da Petrobras Biocombustível, em Montes Claros, se chama Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro.
  • Darcy Ribeiro é o Patrono da Cadeira 28 do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.

Fonte: Wikipédia

Almeida Júnior

JOSÉ FERRAZ DE ALMEIDA JÚNIOR
(49 anos)
Pintor e Desenhista

* Itu, SP (08/05/1850)
+ Piracicaba, SP (13/11/1899)

José Ferraz de Almeida Júnior foi um pintor e desenhista brasileiro da segunda metade do século XIX. É frequentemente aclamado pela historiografia como precursor da abordagem de temática regionalista, introduzindo assuntos até então inéditos na produção acadêmica brasileira: o amplo destaque conferido a personagens simples e anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo.

Foi certamente o pintor que melhor assimilou o legado do Realismo de Gustave Courbet e de Jean-François Millet, articulando-os ao compromisso da ideologia dos salons parisienses e estabelecendo uma ponte entre o verismo intimista e a rigidez formal do academicismo, característica essa que o tornou bastante célebre ainda em vida. De forma semelhante, sua biografia é até hoje objeto de estudo, sendo de especial interesse as histórias e lendas relativas às circunstâncias que levaram ao seu assassinato.

O Dia do Artista Plástico Brasileiro é comemorado a 8 de maio, data de nascimento do pintor.

Caipira Picando Fumo
A Formação de Almeida Júnior

Almeida Júnior cresceu em sua cidade natal, Itu, como artista precoce. Seu primeiro incentivador foi o padre Miguel Correa Pacheco, quando o pintor ainda trabalhava como sineiro na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, para a qual produziu algumas obras de temática sacra. Uma coleta de fundos organizada pelo padre forneceu as condições para que o jovem artista, então com 19 anos de idade, pudesse embarcar para o Rio de Janeiro, a fim de completar seu estudo.

Em 1869, Almeida Júnior encontrava-se inscrito na Academia Imperial de Belas Artes. Foi aluno de Jules Le Chevrel, Victor Meirelles e, possivelmente, Pedro Américo. Diversas crônicas relatam que seu jeito simplório e linguajar matuto causavam espanto aos membros da Academia Imperial de Belas Artes. Nas palavras de Gastão Pereira da Silva:

"Era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista. Mas sem nenhum traquejo de homem de cidade. Falava como os primitivos provincianos e tal qual estes vestia-se, andava, retraía-se. Mas isso não impediria que fizesse um curso brilhantíssimo, durante o qual recebeu diversas premiações em desenho figurado, pintura histórica e modelo vivo, inclusive, em 1874, a grande medalha de ouro com o quadro Ressurreição do Senhor."
(Gastão Pereira da Silva)

Após concluir o curso, Almeida Júnior optou por não concorrer ao prêmio de viagem à Europa. Retornou a Itu e abriu ateliê nessa cidade, passando a trabalhar como retratista e professor de desenho.

O Derrubador Brasileiro
O Pintor Em Paris

Em 1876, durante uma viagem ao interior paulista, o Imperador Dom Pedro II, impressionado com seu trabalho, ofereceu pessoalmente a Almeida Júnior o custeio de uma viagem a Europa, para aperfeiçoar seus estudos. No ano seguinte, um decreto de 23 de março da Mordomia da Casa Imperial abriu um crédito de 300 francos mensais para que o pintor fosse estudar em Roma ou Paris.

Em 4 de novembro de 1876, Almeida Júnior embarcou no navio Panamá rumo à França, fixando residência no bairro parisiense de Montmartre. No mês seguinte, matriculou-se na École National Supérieure des Beaux-Arts. Nesta instituição, foi aluno de Alexandre Cabanel e de Lequien Fils, notabilizando-se, desde muito cedo, em desenho anatômico e de ornamentos.

Almeida Júnior participou de quatro edições do Salon de Paris, entre 1879 e 1882. É desse período que datam algumas de suas maiores obras-primas, como "O Derrubador Brasileiro" e "Remorso de Judas" (Salon de 1880), "A Fuga Para o Egito" (Salon de 1881) e "O Descanso do Modelo" (Salon de 1882). Outras obras emblemáticas do período francês do pintor são "Arredores de Paris" e "Arredores do Louvre", além de, possivelmente, um conjunto de dezesseis telas retratando o bairro de Montmartre, cuja localização é atualmente desconhecida.

Almeida Júnior permaneceu em Paris até 1882. Nesse ano, fez uma breve viagem à Itália, onde teve contato com os irmãos Rodolfo e Henrique Bernardelli.

Leitura
A Consagração No Brasil

De volta ao Brasil em 1882, Almeida Júnior realizou sua primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes, exibindo sua produção parisiense. No ano seguinte, abriu seu ateliê na Rua da Glória, em São Paulo, por meio do qual iria contribuir para a formação de novas gerações de pintores, dentre os quais, Pedro Alexandrino.

Em São Paulo, Almeida Júnior promoveu vernissages exclusivas para a imprensa e potenciais compradores. Executou retratos de barões do café, de professores da Faculdade de Direito de São Paulo e de partidários do movimento republicano, além de paisagens e pinturas de gênero. Sua atuação como artista consagrado em São Paulo contribuiu decisivamente para o amadurecimento artístico da capital paulista.

Em 1884, expos novamente suas telas do período parisiense na 26ª Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial de Belas Artes que foi a última e certamente a mais importante exposição realizada no período imperial. Por ocasião de seu envio, o crítico de arte Duque Estrada, teceria o seguinte comentário:

"Almeida Júnior é o mais pessoal e, sem dúvida, um dos que melhor sabem expressar, com toda clareza e nitidez de um estilo à Breton, os assuntos tomados de improviso a uma página da Bíblia, da História, ou simplesmente da vida de todos os dias e de todos os homens."
(Luiz Gonzaga Duque Estrada)

Em 1884, o pintor recebeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, concedido pelo governo imperial. No ano seguinte, recusou o convite de Victor Meirelles para ocupar sua vaga de professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes, permanecendo em São Paulo. Entre 1887 e 1896, realizou outras três viagens à Europa, a última delas em companhia de seu discípulo, Pedro Alexandrino, então agraciado com uma bolsa de estudos do governo paulista.

No seu último período, Almeida Júnior iria progressivamente substituir os temas bíblicos e históricos pelas obras de temática regionalista, justamente as que lhe granjeariam no futuro sua posição de precursor do Realismo na história da arte brasileira. Em pinturas como "Caipira Picando Fumo" (1893), "Amolação Interrompida" (1894) e "O Violeiro" (1899), o artista revela seu desejo de aproximar-se do cotidiano do homem do interior, distanciando-se das fórmulas generalistas da pintura acadêmica e aproximando-se cada vez mais da abordagem pictórica naturalista. Não obstante sua nova orientação estilística, seu prestígio permaneceu inconteste na Academia Imperial de Belas Artes, que expos obras de sua fase regionalista, "Leitura" e "Piquenique no Rio das Pedras" (1892), e lhe concedeu a medalha de ouro por "A Partida da Monção" (1894), exposta no Salão de 1898.

Auto Retrato
O Assassinato

Almeida Júnior morreu precocemente, aos 49 anos, em 13 de novembro de 1899. Foi apunhalado em frente ao Hotel Central de Piracicaba, hoje já demolido, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos.

Principais Obras

Almeida Júnior é considerado um importante "pintor do nacional" por uma parcela da crítica brasileira, por retratar em muitas de suas obras o caipira paulista. Também a forma como trata seus temas, distanciando-se das alegorias românticas ou do ufanismo nacionalista histórico dos pintores da Academia Imperial de Belas Artes, aproximando-se do ser humano comum, leva alguns críticos a traçarem uma semelhança de sua obra com a do pintor francês Gustave Courbet, artista cuja obra Almeida Júnior teria visto em suas viagens para a Europa. Também é digno de nota que na mesma época que Almeida Júnior esteve na França, o movimento impressionista estava em plena atividade, no entanto, não causou nenhum entusiasmo no pintor brasileiro, que não adotou nenhum elemento dele.

O clareamento da paleta e a adoção da luz brasileira não o fizeram abandonar, no entanto, o rigor acadêmico com o desenho e a anatomia.

Algumas pinturas de Almeida Junior são: "Caipira Picando Fumo", "A Partida da Monção", "Caipiras Negaceando", "O Descanso do Modelo", "Leitura", "A Pintura (Alegoria)" e "A Fuga Para o Egito".

O tema "O Descanso do Modelo" foi pintado quatro vezes em diferentes tamanhos. "Caipira Picando Fumo", duas. "A Partida da Monção" foi pintada duas vezes, uma como estudo, presente na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e outra, a versão definitiva, presente no Museu Paulista por empenho do diretor Afonso de Taunay que entendia imprescindível ter aquela obra na Instituição.

Fonte: Wikipédia