Zezé Fonseca

MARIA JOSÉ GONZÁLES
(47 anos)
Atriz e Cantora

* Rio de Janeiro, RJ (05/08/1915)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/08/1962)

Maria José Gonzáles foi uma atriz e cantora brasileira, que tornou conhecida sob o nome de Zezé Fonseca. É notável, entretanto, por seu intenso caso romântico com Orlando Silva, cujas variações levaram o cantor ao desequilíbrio emocional que solapou sua carreira.

Zezé Fonseca estudou canto no Instituto de Música do Rio de Janeiro com Olinda Leite de Castro. Iniciou sua carreira se apresentando na "Hora Da Arte" no Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro.

Em 1932, entrou para a Rádio Philips com auxílio de Paulo Bevilácqua e passou a se apresentar no programa "Fox Tarde Demais". Produziu, por certo período, programas femininos na Rádio Cruzeiro do Sul.

Gravou seu primeiro disco na Columbia no ano de 1933, cantando a marcha "Põe A Chave Embaixo...", composição de Assis Valente, e o samba "Mulato Cheio De Bossa", composto por Milton Musco e Sílvio Pinto. No mesmo ano, gravou com Breno Ferreira a marcha "Eta Caboclo Mau", de Joubert de Carvalho e Luiz Martins. Depois de estrear como cantora, integrou a companhia teatral de Procópio Ferreira na peça "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo.

Em 1934, ingressou na Rádio Philips, e em 1935, gravou a marcha "Amor, Amor" e o samba "Quero A Liberdade", ambas de Sílvio Pinto.

Em 1936, contratada pela RCA Victor, gravou as marchas "Retalho De felicidade", de José Maria de Abreu e Oduvaldo Cozzi, e "São João Há De Sorrir", composta por J. M. de Abreu e Francisco Mattoso. Nesse mesmo ano, abandonou o rádio e somente retornou três anos depois, ingressando na Rádio Nacional.

Gravou seu último disco em 1940, na RCA Victor, ao lado de Barbosa Júnior, interpretando a marcha "Hino Da Alegria" e o samba "Foi Você",  ambas da dupla Juraci Araújo e Gomes Filho. Foi nessa época que iniciou seu romance com Orlando Silva, que durou até 1943.

Esteve na Argentina em 1945, apresentando-se na Rádio El Mundo. No ano seguinte, foi para a Rádio Globo.

Conhecida como intérprete de radionovelas brasileiras, foi uma das pioneiras e considerada a melhor radioatriz da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, até 1954, destacando-se sua atuação em "Os Amores De George Sand", na Rádio Mayrink Veiga, e "Romance Da Eternidade", na Rádio Nacional.

Gravou cinco discos pela Columbia e dois pela RCA Victor, no período de 1933 a 1940. Entrou para a história da Música Popular Brasileira por uma porta oblíqua: a partir de 1942, depois de se separar ruidosamente de um vereador carioca com quem era casada, manteve um tórrido romance com o cantor Orlando Silva, cujos altos e baixos provocaram sério desequilíbrio emocional no grande intérprete fazendo-o ingressar nas drogas. Disso resultou o afastamento de Orlando Silva da cena artística por alguns anos.

Zezé Fonseca morreu tragicamente em um incêndio em seu apartamento na cidade do Rio de Janeiro.

Albertinho Fortuna

ALBERTO FORTUNA VIEIRA DE AZEVEDO
(72 anos)
Cantor

☼ Porto, Portugal (20/10/1922)
┼ Niterói, RJ (01/07/1995)

Albertinho Fortuna nasceu em 28/10/1922, em Vila Nova de Gaia, junto à cidade do Porto, em Portugal. Veio para o Brasil aos seis meses de vida e sua família se fixou em Niterói, RJ. Residia no bairro Santa Rosa e estudava no Colégio Salesiano, destacando-se no coro da escola.

Quando tinha oito anos, convidado por um amigo da família, foi cantar na Rádio Mayrink Veiga e, conseguindo agradar ao público, para lá retornou várias vezes, já pedindo um cachê de dez mil réis. Na rádio, houve um concurso infantil e ele saiu vencedor, com direito a receber como prêmio um par de sapatos de verniz. Do lado feminino, a menina Lourdinha Bittencourt, que integraria anos mais tarde o Trio de Ouro, em sua segunda fase, foi a vencedora, com direito a um corte de tecido. 

Continuou seus estudos no Instituto de Humanidades, cujo diretor era Gomes Filho, conhecido jornalista e compositor, que estava inaugurando em Niterói a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, da qual era diretor. Albertinho Fortuna foi um dos pioneiros da emissora, em 1936.

Nesse ano, 1936, Zezé Fonseca providenciou seu retorno para a Rádio Mayrink Veiga, pedindo a César Ladeira, diretor artístico da rádio, que o testasse. Albertinho Fortuna foi aprovado e contratado por 400 mil réis mensais, recebendo também de César Ladeira o slogan de "O Garoto Que Vale Ouro". Albertinho Fortuna, um menino de treze anos, apresentou-se várias vezes junto de Carmen Miranda, a maior estrela da emissora.

Parou de cantar por dois anos devido à fase da mudança de voz, retornando, em 1938, na Rádio Tupi. Depois de uma temporada na mesma, foi para a Rádio Educadora do Brasil, convidado por Saint-Clair Lopes e Luís Vassalo.


Em 1940, mudou-se para a Rádio Nacional, onde passou a fazer parte do Trio Melodia, criado para o lançamento do programa “Um Milhão De Melodias”, que começou a ser apresentado em 1943, ao lado de Nuno Roland e Paulo Tapajós. Pela qualidade de seus integrantes, o trio gravou vários discos e acompanhou muitos dos melhores cantores da época.

Entretanto, Albertinho Fortuna continuou sua carreira solo paralelamente e, em 1944, gravou o primeiro disco na Continental, acompanhado das Três Marias, com o samba "Ai, Que Saudades Da Amélia" de Ataulfo Alves e Mário Lago.

Sua segunda gravação, no ano seguinte, foi a valsa "Meu Coração Te Fala", de Pedro Raimundo, o qual o acompanhou no acordeão e em uma declamação. Também alcançou grande êxito no carnaval de 1947, com a "Marcha Dos Gafanhotos" de Eratóstenes Frazão e Roberto Martins.

Apesar do sucesso com a música carnavalesca, Albertinho Fortuna foi prestigiado principalmente como cantor romântico. Gravou muitas versões, entre as quais a do tango "Mano A Mano", de Carlos Gardel e E. Razzano, com versão de Flores Ghiaroni, em 1952.

Em 1959, gravou o samba-canção "Eu Sei Que Vou Te Amar", autoria de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Gravou ainda pelos selos RCA Victor, Star, Carnaval e, majoritariamente, Continental, onde gravou seus LPs: "Tangos De Ontem E Hoje" (1956), "Albertinho Fortuna Canta Tangos Inesquecíveis" (1957), "Tudo É Amor" (1959), "Tangos Inesquecíveis" (1960) e "Prelúdio" (1963).

Fonte: Wikipédia

Abrahão Farc

ABRAM JACOB SZAFARC
(75 anos)
Ator

* São Paulo, SP (28/07/1937)
+ São Paulo, SP (24/09/2012)

Nome conhecido da cena teatral paulista durante os anos 1960, Abram Jacob Szafarc nasceu em São Paulo em 2/07/1937. Após adotar o nome artístico de Abrahão Farc, o ator estudou teatro com Eugênio Kusnet, em 1961, um dos mais destacado discípulos de Stanislavski e que teve passagem marcante no teatro brasileiro entre os anos 1960 e 1970.

Abrahão Farc fez sua estreia no teatro profissional em 1962, no espetáculo "A Visita Da Velha Senhora", de Friedrich Dürrenmatt e com direção de Walmor Chagas, numa produção da Companhia Cacilda Becker. Também no início de sua carreira, Abrahão Farc integrou as primeiras atividades do Teatro Oficina, criado em 1961 por José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi, Fernando Peixoto, Ítala Nandi e Etty Fraser, atuando em montagens consagradas como "Pequenos Burgueses", entre 1963 e 1964, e "Tambores Na Noite", realizada em 1972.

Durante os anos 1970, ele esteve presente nas montagen de "Equus" (1975), em que contracenava com direção de Celso Nunes, protagonizada por Paulo Autran e Ewerton de Castro, sob a direção de Celso Nunes.

Mais recentemente, Abrahão Farc integrou o elenco de encenações como "Anna Weiss", do escocês Mike Cullen, "Jardim Das Cerejeiras", de Antón Tchkhov, e "O Escrivão", dirigida por Antônio Abujamra e baseada na novela "Bartleby, O Escrivão", do escritor norte-americano Herman Melville, todas realizadas em 2006.

Seu último trabalho em teatro ocorreu em 2011, na montagem para "O Casamento Suspeitoso", texto do escritor Ariano Suassuna que foi levado à cena pelo diretor Sérgio Ferrrara.

Dono de uma longa carreira na TV, Abrahão Farc atuou em mais de 30 trabalhos, entre novelas, seriados e minisséries. Esteve na TV Tupi entre 1970 e 1980, onde trabalhou em 14 produções. Como contratado da Rede Globo atuou em inúmeros trabalhos, entre eles "Livre Para Voar", "De Quina Pra Lua" e em "Sete Pecados", de 2007. O ator também participou de novelas da TV Bandeirantes, Rede Manchete, TV Record e SBT, por onde fez sua última aparição, na novela "Revelação", exibida em 2009.

Sua carreira no cinema, iniciada em 1968, com "As Amorosas", de Walter Hugo Khouri, computa 24 longas, sendo os três últimos "Cafundó" (2005), além de "O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias" e "O Cheiro Do Ralo", ambos lançados em 2006.

Em 2011, o ator participou do videoclipe da música "Subirusdoistiozin", do rapper Criolo, uma das grandes revelações da música brasileria no ano. Também em 2011 protagonizou o filme "A Grande Viagem", dirigido por Caroline Fioratti.

Morte

O ator Abrahão Farc faleceu na segunda-feira, dia 24/09/2012, aos 75 anos, em São Paulo. Chegou a ficar três semanas internado para tratar um tumor no intestino, mas teve uma pneumonia e não resistiu à falência múltipla dos órgãos. O corpo foi sepultado no Cemitério Israelita do Butantã, localizado na zona Oeste da capital paulista. Abrahão Farc era casado e tinha duas filhas.

A Ministra da Cultura Marta Suplicy divulgou uma nota de pesar pela morte:

"Abrahão Farc deixa um admirável legado para a dramaturgia televisiva e importantes contribuições para o cinema e o teatro brasileiros. Solidarizo-me com a família do ator e com toda a classe artística neste momento de perda".

Televisão

  • 2009 - Revelação ... Pai adotivo de Margareth
  • 2007 - Sete Pecados ... Silas
  • 2002 - Marisol ... Drº Heitor
  • 1999 - Força De Um Desejo ... Padre Olinto
  • 1998 - A História De Ester ... Abner
  • 1996 - Malhação ... Nestor
  • 1991 - Salomé ... Albino
  • 1990 - Mico Preto ... Juca
  • 1988 - Vida Nova ... Abrahão
  • 1986 -Tudo ou Nada ... Salomão
  • 1986 - Dona Beija ... Coronel Paulo Sampaio
  • 1985 - De Quina Pra Lua ... Moshe
  • 1984 - Livre Para Voar ... Lau
  • 1984 - Meu Destino É Pecar ... Saul
  • 1983 - Moinhos De Vento
  • 1982 - Campeão ... Matias
  • 1982 - Os Imigrantes - 3ª Geração ... Domingues
  • 1982 - Avenida Paulista ... Artur
  • 1982 - O Coronel E O Lobisomem ... Padre Malaquias de Azevedo
  • 1981 - Partidas Dobradas .... Hermano
  • 1981 - O Fiel E A Pedra
  • 1980 - Dulcinéa Vai À Guerra ... Eugênio
  • 1979 - Gaivotas ... Júlio
  • 1977 - O Profeta ... Piragibe
  • 1976 - O Julgamento ... Procópio
  • 1976 - Xeque-Mate ... Salomão
  • 1975 - A Viagem ... Tibério
  • 1975 - Ovelha Negra ... Vital
  • 1974 - Ídolo De Pano ... Guilherme
  • 1974 - O Machão ... Calixto
  • 1973 - Mulheres De Areia ... Marujo
  • 1972 - Camomila E Bem-Me-Quer ... Lula
  • 1972 - Bel-Ami
  • 1972 - Na Idade Do Lobo
  • 1971 - Nossa Filha Gabriela ... Romeu
  • 1970 - O Meu Pé De Laranja Lima ... Padre Rozendo

Cinema

  • 2006 - O Cheiro Do Ralo ... Homem Dos Soldadinhos
  • 2006 - O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias ... Anatol
  • 2005 - Cafundó ... Juiz
  • 2004 - Como Fazer Um Filme De Amor ... Mordomo
  • 2004 - Nina ... Srº Freak
  • 1993 - Alma Corsária ... Suicida
  • 1992 - Oswaldianas
  • 1987 - Vera
  • 1986 - Nem Tudo É Verdade
  • 1981 - Sadismo - Aberrações Sexuais
  • 1981 - A Noite Das Depravadas
  • 1980 - Ato De Violência ... Diretor Da Cadeia
  • 1978 - O Estripador De Mulheres
  • 1977 - Belas E Corrompidas
  • 1976 - O Mulherengo ... Charreteiro
  • 1976 - Excitação .. Delegado
  • 1976 - Tiradentes, O Mártir Da Independência
  • 1975 - Cada Um Dá O Que Tem
  • 1975 - O Predileto
  • 1973 - O Detetive Bolacha Contra O Gênio Do Crime
  • 1971 - Bang Bang ... Homem Gordo
  • 1970 - Em Cada Coração Um Punhal
  • 1969 - A Mulher De Todos ... Turista
  • 1968 - As Amorosas

Fonte: O Globo

Xisto Bahia

XISTO DE PAULA BAHIA
(53 anos)
Ator, Cantor, Compositor, Violinista e Teatrólogo

* Salvador, BA (06/08/1841)
+ Caxambu, MG (30/10/1894)

Xisto de Paula Bahia foi um ator, cantor e compositor brasileiro. Foi também o primeiro cantor que gravou uma música no Brasil, o lundu "Isto É Bom".

Nasceu na Freguesia de Além do Carmo, Salvador, Bahia. Filho do major do Exército Francisco de Paula Bahia e de Tereza de Jesus Maria do Sacramento Bahia. O pai, depois de desligar-se do Exército, recebeu como recompensa aos serviços prestados àquela instituição nas campanhas da Cisplatina e da Independência o cargo de administrador da Fortaleza de Santo Antônio de Além do Carmo.

Era o caçula dos irmãos Soter, Francisco Bento, Horácio e Eulália e recebeu somente instrução primária. Aos 17 anos já cantava suas primeiras modinhas.

Luís Edmundo em "O Rio De Janeiro Do Meu Tempo" o descreve:

"... o homem que dedilha o instrumento suavíssimo é um mulato de gaforinha densa e bipartida, um fraque de sarja velho, fechado na altura do pescoço preso por um alfinete de fralda...".

Escreveu e representou comédias no grupo Regeneração Dramática, do qual era presidente o futuro Visconde do Rio Branco, levadas à cena no teatro da Rua São José de Cima.

Depois da morte do pai, em 1858, que deixou a família em delicada situação financeira, tentou a carreira de comerciante. Acabou desistindo diante das dificuldades e da falta de talento para o comércio. Passou, então, a dedicar-se à vida artística, sua clara vocação.

Em 1859 apresentou-se como corista (barítono) da Companhia Lírica Clemente Mugnai, no Teatro São João, de Salvador. Transferiu-se depois para a companhia de seu cunhado, o ator Antônio Araújo, com a qual viajou pelas principais cidades da província.

Em 1861 tocava e cantava chulas e lundus de sua autoria na companhia organizada peio comendador Constantino do Amaral Tavares, na época diretor do Teatro São João. Em 1864 foi contratado pelo empresário Couto Rocha, excursionando durante dez anos pelo Norte do país.

No Ceará, em 1866, atravessou uma crise de depressão, por considerar sua carreira fracassada, o que o levava a entrar em cena sem saber seu papel nas comédias. Recuperou-se, entretanto, no Maranhão. Atendendo aos conselhos do crítico Joaquim Serra, passou a estudar sob a direção de Joaquim Augusto. Os resultados não tardaram e logo depois, voltou a se apresentar com sucesso no Ceará, retornando consagrado à Bahia em 1873. A Companhia de Mágicas de Lopes Cardoso, na qual ingressou, montou então a comédia de sua autoria "Duas Páginas De Um Livro", impressa em 1872 no Maranhão, de conteúdo abolicionista e republicano.

Em 1875 estreou no Rio de Janeiro, no Teatro Ginásio, na Companhia de Vicente Pinto de Oliveira. Essa atuação representou grande salto na sua carreira, surgindo daí o convite para atuar em outras comédias, gênero para o qual sua contribuição foi marcante. Corriam paralelamente suas carreiras de comediante, de compositor e de intérprete. Tanto a modinha como o lundu eram grandes atrações da época: o sentimentalismo da primeira como a irreverência da segunda eram admirados nos salões. No Rio de Janeiro, surgiu como concorrente de Laurindo Rabelo, que fazia grande sucesso com seus versos maliciosos e satíricos, utilizando a mesma linguagem chistosa. O publico dividiu-se entre um e outro, e essa competição veio a influenciar o teatro de costumes, que passou a adotar a gíria e a linguagem popular de sentido dúbio.

Em 1875 trabalhou na peça "Uma Véspera De Reis", de Artur Azevedo, que conseguira a aprovação de Ruy Barbosa, então diretor do Conservatório Dramático de Salvador, para montá-la. Representou o papel do tabaréu Bermudes com tal imaginação, que o autor da peça, em artigo publicado em O Paíz, de 7 de novembro de 1894, considerou-o como seu parceiro. Apresentada pela primeira vez no Teatro São João, essa peça de Artur Azevedo marcou o sucesso definitivo do ator.

Em 1878, no drama "As Duas Órfãs", inaugurou o Teatro da Paz, de Belém, PA, e no ano seguinte voltou a exibir-se na Bahia, pela última vez, com Pontes de Oliveira, indo em seguida para o Rio de Janeiro. Aí passou a integrar o conjunto de Furtado Coelho, encabeçando o elenco de Jacinto Heller.

Em 1880 recebeu os aplausos de Dom Pedro II, pelo seu desempenho na peça comemorativa da Batalha do Riachuelo, "Os Perigos Do Ccoronel". Atuou em teatros de São Paulo e Minas Gerais, sempre com sucesso. Em 1887 passou a dirigir o Teatro Lucinda, do Rio de Janeiro, onde montou cerca de cinco revistas e mágicas.

Mas a desilusão de Xisto Bahia com a profissão parecia estar além do sucesso que alcançava com suas peças. Por isso, afastou-se do palco em 1891, quando obteve um emprego do então presidente do estado do Rio de Janeiro, Francisco Portela, um lugar de Amanuense (Amanuense é todo aquele que copia textos ou documentos à mão) na Penitenciária de Niterói, que ocupou até 1892. Um dos maiores artistas do país abandonava o teatro para se tornar escrevente da penitenciária de Niterói. A mudança é sintomática. Com a habilidade de disfarçar a própria tristeza, como saber a realidade que o ator enfrentava no cotidiano para tomar essa decisão?

Mas, assim como passou pouco tempo atuando no comércio durante a adolescência, o próprio destino se encarregaria de afastar Xisto Bahia do novo emprego. Um ano depois, em 1892, com a deposição do presidente, ele foi demitido. Voltou à cena pela última vez no Teatro Apolo, no Rio de Janeiro, na Companhia Garrido, ao lado das atrizes baianas Isabel Porto e Clélia Araújo, com a mágica "O Filho Do Averno", de Eduardo Garrido. Pelo sucesso alcançado com a peça, Artur Azevedo escreveu um perfil do artista, publicado no semanário Álbum.

Em 1892, uma nova possibilidade poderia ter mudado o rumo da vida de Xisto Bahia. Ele foi convidado pelo empresário português Souza Bastos para interpretar seus personagens no Teatro das Novidades, em Lisboa. Mas a Revolução da Armada, desencadeada em 6 de setembro desse mesmo ano, frustrou a excursão.

Em fins de 1893, bastante enfermo, foi, a conselho médico, para a estância hidromineral de Caxambu, sul de Minas Gerais. Lá, o médico baiano Paulo Fonseca deu-lhe toda a assistência. Apesar disso, veio a falecer nesta cidade no ano de 1894, deixando viúva a atriz portuguesa Maria Vitorina de Lacerda Bahia e quatro filhos, Augusto, Maria, Teresa e Manuela. Sem qualquer formação musical, notabilizou-se por seu talento espontâneo, instintivo. Sua produção, embora pequena, é de excelente qualidade, valorizando-se por seu estilo ao violão e sua bela voz de barítono.

Ficaram célebres as interpretações de algumas de suas obras, como a modinha "Quis Debalde Varrer-te Da Memória", e o famoso lundu "Isto É Bom", com o qual a Casa Edison iniciou em 1902 suas gravações de Música Popular Brasileira. O disco, com a marca Zon-o-phone e o n° 10.001, traz a interpretação do cantor bahiano.


Último Ato

"Está na terra, na terra que ele tanto ama, o simpático e inteligente ator Xisto Bahia. Depois de uma longa ausência, ausência que lhe deu ensejo de mostrar ao Sul um talento superior, que se criou no Norte, e que lá viu glorificar-se; depois de receber as ovações de um público ilustrado, eis que aporta às nossas plagas o verdadeiro intérprete da arte dramática, que encontra em cada paraense um amigo, em cada cidadão um apologista do talento, do merecimento real. Um aperto de mão, Xisto Bahia! Depois do abraço fraternal, cumprimos um dever apresentando o filho da arte ao público paraense".

Como mostra a nota publicada em março de 1884 no Diário de Notícias, em Belém, se elogios pudessem ser transformados automaticamente em dinheiro, os bolsos de Xisto de Paula Bahia estariam cheios de notas gordas. Aclamado pelo público e pela crítica, o problema de Xisto Bahia era justamente a falta de uma remuneração justa, pelo menos comparável à importância que já havia alcançado no teatro brasileiro.

Nos jornais e revistas, ele era aclamado como "o mais brasileiro de todos os atores", como escreveu Arthur Azevedo na publicação Álbum. Em casa, ele era o marido da atriz Maria Vitorina de Lacerda Bahia e pai de quatro filhos: Augusto, Maria, Teresa e Manuela. Como todo pai que se prezava, queria dar uma vida digna à família. Era exatamente isso que o atormentava.

"Consumido, torturado por não poder assegurar aos filhos e à esposa o conforto da vida e um futuro independente, foi salteado sempre pelas provações da pobreza", diz o sobrinho de Xisto Bahia, o jornalista Torquato Bahia, num texto publicado no Anuário de Baianos Ilustres, de 1910. Luiz Américo Lisboa Júnior explica que, mesmo com todo o reconhecimento, Xisto Bahia sentia-se deprimido por não conquistar independência financeira. "Não tinha outra alternativa a não ser representar e cantar suas modinhas para sobreviver. Por outro lado, decepcionava-se com o ambiente que lhe dera fama, incomodava-se com a falta de ética e o aspecto meramente mercantil nos bastidores dos teatros entre agentes e organizadores de temporadas", explica.

Américo Lisboa ressalta que, apesar do momento difícil, Xisto Bahia continuava a atuar com sucesso e, em 1887, recebeu o convite da empresa Dias Braga para dirigir o Teatro Lucinda, no Rio de Janeiro, na função de ator e administrador. "Sob sua direção, o Teatro Lucinda passa a ser o primeiro do Rio de Janeiro a ter iluminação elétrica, o que foi um feito notável para a época", revela o pesquisador.


Desilusão

Em 1891, afastou-se e ocupou até 1892 o cargo de escrevente na Penitenciária de Niterói. Em 1892 ele foi demitido do empresgo de escrevente. Voltou à cena pela última vez no Teatro Apolo, no Rio de Janeiro. Ainda em 1892 ele foi convidado por Souza Bastos para interpretar seus personagens no Teatro das Novidades, em Lisboa. Mas a Revolução da Armada, desencadeada em 6 de setembro desse mesmo ano, frustrou a excursão.

Toda essa série de acontecimentos nos leva de volta ao ano de 1887. Com a caneta à mão e a carta por responder, Xisto Bahia não escuta mais os aplausos. Pensa nos filhos e na mulher, e volta a redigir a carta ao amigo Tomaz Antônio Espiúca.

"Tu saíste quando se manifestavam os primeiros sintomas da decomposição geral que lavrava no teatro desse espantalho chamado império do Brasil. Eu, porém, fiquei e fui preso do contágio. Fiquei e hoje, para mim, o hábito constituiu-se lei, que jamais poderei derrogar, senão quiser arriscar-me a sucumbir na luta. Queres voltar? Queres comer novo pão, ainda mais amargo e duro do que o que já comeste? Ah! Não venhas, eu t´o peço. Como teu amigo velho e prático nestas coisas teatrais, faço a mais descarnada e franca oposição ao teu regresso."

Esta carta é um dos poucos momentos em que Xisto Bahia despe-se de todos os seus papéis, tira o riso da face, mostra a dor e a desilusão que guardava dentro de si. É esse Xisto Bahia que parte com a família, em 1894, para a cidade mineira de Caxambu, em busca de tratamento para uma doença até hoje não explicada.

Segundo Torquato Bahia, o mal teria sido consequência de "padecimentos antigos". Caxambu, que fica no sul do estado e tem clima de montanha, é considerado o maior complexo hidromineral do mundo. A água de suas 12 fontes é considerada miraculosa e possui propriedades que teriam poderes curativos sobre problemas digestivos, hepáticos, de formação dos ossos e de pele, além da anemia.

Em 1868, foi lá que a Princesa Isabel se curou de uma suposta infertilidade. Mas nem as águas de Caxambu, nem os saberes do médico baiano Paulo Fonseca, que teria cuidado de Xisto Bahia sem cobrar nada, apenas pela amizade, foram suficientes para fazê-lo sobreviver.

No dia 30 de outubro de 1894, aos 53 anos, um dos maiores artistas brasileiros do século XIX se despedia da vida. Arthur Azevedo, o dramaturgo e amigo que, assim como Xisto Bahia, lutara pela abolição da escravatura e pela República, escreveu uma carta em sua homenagem. Anos depois, o sobrinho de Xisto Bahia afirmaria:

"Entre o seu berço, que é a pobreza cheia de esperanças, e o seu túmulo, que é a pobreza cheia de lúgubres tristezas, está a sua existência inteira, que é a pobreza crucificada pela dor e mascarada por um riso eterno."

Difícil mesmo é saber onde está o túmulo ao qual Torquato Bahia se refere. Os livros que falam, em algumas poucas linhas ou páginas, sobre a vida de Xisto Bahia, não fazem qualquer referência sobre onde estão os restos mortais do artista baiano. Na verdade, muito pouco tem se falado sobre Xisto Bahia e, com a falta de referências a ele, se perde uma parte importante da história da música e do teatro baiano e brasileiro. "Xisto, até hoje, ainda não recebeu um estudo suficientemente profundo para avaliá-lo e explicá-lo", opina o professor de etnomusicologia da Universidade Federal da Bahia, Manuel Veiga.

A Fundação Cultural do Estado publicou, em 2003, na Revista da Bahia, um artigo especial em homenagem a Xisto Bahia. "O que Chiquinha Gonzaga fez com a música de carnaval, levando-a para os salões da corte, ele faz na Bahia e em Belém", compara o co-editor da publicação e produtor cultural Sérgio Sobreira.

Referências Esparsas

O artigo - assinado por Armindo Bião, Cristiane Ferreira, Ednei Alessandro e Carlos Ribas - reúne indicações de fontes e referências relacionadas ao artista baiano. Entre elas, uma rua que leva o nome do artista, no bairro do Engenho Velho da Federação. "Os monumentos que traduzem uma determinada ideologia estão em pontos privilegiados. Temos uma prática, aqui em Salvador, de considerarmos herói só aquele que parte em batalha. Não temos aqui um teatro municipal com o nome de Xisto Bahia", diz Jaime Sodré.

O cineasta e professor de história Joel de Almeida pensa em fazer um filme sobre a vida de Xisto Bahia há cerca de 15 anos. A idéia inicial era produzir um documentário, mas devido à escassez de informação audiovisual sobre o artista, ele fez, há quatro anos, o projeto de um curta-metragem de ficção, aliando a ele fatos verídicos da vida do ator. "Xisto era um artista que reunia todos os elementos da cultura brasileira. Ele antecipou, de certo modo, a Semana de Arte Moderna. Se ela veio despertar a sociedade brasileira, ele foi isso no século XIX, um pioneiro. Ele tinha uma comunicação visceral com o povo", analisa. O projeto do filme está concorrendo a um edital do governo. Já o livro de Luiz Américo Lisboa Junior, "Compositores E Intérpretes Baianos - De Xisto Bahia A Dorival Caymmi", está pronto, à espera de edição.

O professor da Escola de Teatro e diretor da Fundação Cultural Exército Brasileiro, Armindo Bião, já coordenou um grupo de pesquisas na Universidade Federal da Bahia que estudava, entre outras questões, a obra de Xisto Bahia. Os alunos produziram, em 2001, o espetáculo "Isto É Bom", em homenagem ao artista. Parte das composições de Xisto Bahia pode ser encontrada no site do Instituto Moreira Sales, como informam o professor Manuel Veiga e o pesquisador Luciano Carôso.

Em meio a essas iniciativas, ao empenho de profissionais da música, do teatro, da história e do cinema, fica ainda a impressão de que muito falta a ser dito sobre Xisto Bahia. O reconhecimento à sua obra e trajetória pode trazer informações valiosas que ajudem a entender melhor o panorama da música popular e do teatro brasileiros hoje. Na opinião de Jaime Sodré, parte desse esquecimento tem raízes num dos problemas contra os quais o próprio Xisto Bahia lutava: a discriminação. "Esse esquecimento é doloroso. É importante saber o fim dessas personalidades, quem são seus descendentes. O que faltou para Xisto entrar na história da música brasileira? Aí tem o fator racial. Existe uma historiografia nacional que produz essas personalidades que, às vezes, não têm a cara do Brasil mestiço."

Uma das mais profundas descrições sobre a personalidade difícil de ser decifrada de Xisto Bahia foi feita pelo sobrinho dele, Torquato Bahia, filho de seu cunhado, o ator Antônio da Silva Araújo. "Os que o encontraram em vida viram nele um espírito jovial e alegre; uma alma cheia de abnegação e amor; um boêmio e um filantropo, capaz de passar a noite cantando ao luar, e de vender o relógio para matar a fome à primeira boca necessitada que lhe pedisse pão. Mas, tendo sempre o cuidado de não deixar seu rosto, em que acusava uma expressão de bem-estar, trair-lhe as dores íntimas, denunciar os temores de sua alma."

Adriana Jacob (Correio da Bahia) - 25 de julho de 2005.

Regina Dourado

REGINA MARIA DOURADO
(59 anos)
Atriz

* Irecê, BA (22/08/1953)
+ Salvador, BA (27/10/2012)

Nascida em Irecê, a 374 km de Salvador, em 22 de agosto de 1953, Regina Dourado começou cedo na carreira de atriz. Aos 15 anos, ela já estava atuava na Companhia Baiana de Comédia e praticava aulas de canto e dança. Na mesma época estudou canto e dança e, em sua trajetória artística, participou do Grupo de Dança Contemporânea da Universidade Federal de Bahia, do Coral Ars Livre e do Grupo Zambo.

Dez anos mais tarde, a artista conseguiu seu primeiro papel na televisão, na série "A Morte E A Morte de Quincas Berro D'Água", dirigida por Walter Avancini e exibida na TV Globo.

Atriz de teatro, cinema e Televisão, onde foi escalada para mais de 20 programas, Regina Dourado teve seu maior destaque na novela "Explode Coração" (1995), de Glória Perez. Na trama da TV Globo, ela interpretava Lucineide, que ficou famosa por criar o bordão "Stop, Salgadinho", usado quando falava com o marido, interpretado por Rogério Cardoso.


A estreia de Regina Dourado em novelas aconteceu em 1979 com "Pai Herói", de Janete Clair, onde interpretava Nancí. Em seguida, ela conseguiu diversos papeis em novelas como "Cavalo Amarelo" (1980), "Pão Pão, Beijo Beijo" (1983) e "Roque Santeiro" (1985), além da já citada "Explode Coração".

Além das novelas, Regina Dourado também se destacou em minisséries e seriados, como "Lampião E Maria Bonita" (1982), "O Pagador De Promessas" (1988), "O Sorriso Do Lagarto" (1991) e "Tereza Batista" (1992).

Na TV Globo, o último trabalho de Regina Dourado foi em "América", de Glória Perez, em 2005. Na sequência, a atriz foi para a TV Record, onde atuou nas novelas "Bicho Do Mato" (2006) e "Caminhos Do Coração" (2007).


O teatro tampouco foi esquecido por Regina Dourado, que trabalhou nas montagens de "Memórias De Um Sargento De Milícias", "Declaração De Amor Explícito", "Rei Brasil 500 Anos, Uma Ópera Popular" e "Tratado Geral Da Fofoca".

No cinema, a atriz estreou com uma pequena participação no filme "Amante Latino", em 1979, e logo depois cantou na trilha de "O Encalhe - Sete Dias De Agonia" (1982).

Seu primeiro grande papel no cinema veio em 1984, quando trabalhou no filme "Baiano Fantasma".

Em seguida, ela atuou em "Tigipió - Uma Questão De Amor E Honra (1986), "Corpo Em Delito" (1990), "Corisco & Dada" (1996) e "No Coração Dos Deuses" (1999). Seu último longa foi "Espelho d'Água - Uma Viagem No Rio São Francisco", em 2004.


A Descoberta da Doença

No final de 2003, após uma consulta regular ao médico, Regina Dourado anunciou publicamente que tinha um câncer de mama. Em entrevista à TV Bahia (Rede Globo), a atriz disse que, no início, ficou perdida.

"O momento da notícia é terrível, fica uma perplexidade. Eu achei que eu nem cheguei a ter consciência da gravidade naquele momento. Eu fiquei muito mais perplexa do que qualquer coisa, meio perdidona", afirmou.

Ainda na entrevista, a atriz disse que não se considerava vítima por ter contraído a doença:

"A recuperação é dolorosa, é difícil, não é mole não. Porém, passa. Não me sinto absolutamente vítima por ter tido câncer. Não me sinto infeliz no sentido de que sou uma coitada e que de uma certa forma as pessoas têm que dividir comigo essa infelicidade. Eu não me sinto desta maneira, mas também não digo que é fácil."

De acordo com familiares, a última atuação de Regina Dourado aconteceu em abril de 2012, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, quando participou do espetáculo "Paixão de Cristo".


Morte

Em 2003 Regina Dourado foi diagnosticada com câncer na mama direita. Passou por cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia. A doença deu uma trégua, voltando apenas em 2010, com o seio esquerdo comprometido pela doença. Novamente Regina Dourado passou pelo centro cirúrgico e reiniciou o tratamento. Mas, dessa vez, a talentosa baiana sofreu com as sequelas da quimioterapia. "Fiquei sem poder andar, tive muitas alucinações, esquecimento e visão dupla", revelou na época a atriz.

Regina Dourado foi internada no dia 20 de outubro de 2012, devido a complicações decorrentes do câncer no Hospital Português da Bahia em Salvador. De acordo com seu irmão, Oscar Dourado, Regina estava na fase terminal da doença e estava mantida sedada em um quarto da instituição. A metástase atingiu a medula óssea e seu estado era delicadíssimo e irreversível. Oscar, informou que Regina Dourado faleceu às 11:20 hs de sábado, 27/10/2012.

O velório da atriz será realizado no Cemitério Jardim da Saudade. Inicialmente, a cerimônia será só para amigos mais próximos e familiares. No final da noite, o velório será aberto ao público. O corpo da atriz será cremado no domingo, 28/10/2012, às 16:30 hs, no mesmo local.

Televisão

  • 2007 - Caminhos Do Coração ... Altina
  • 2006 - Bicho Do Mato ... Vanda
  • 2005 - América ... Graça
  • 2004 - Seus Olhos ... Mafalda
  • 2002 - Esperança ... Mariusa
  • 1999 - Andando Nas Nuvens ... Ieda
  • 1997 - Anjo Mau ... Alzira
  • 1996 - O Rei Do Gado ... Magu
  • 1995 - Explode Coração ... Lucineide
  • 1994 - Tropicaliente ... Serena
  • 1993 - Renascer ... Morena
  • 1992 - Tereza Batista ... Mãos de Fada
  • 1991 - O Sorriso Do Lagarto ... Neide
  • 1991 - Felicidade ... Rosália
  • 1988 - O Pagador De Promessas ... Branca
  • 1985 - Roque Santeiro ... Efigênia
  • 1983 - Pão Pão, Beijo Beijo ... Lalá Sereno
  • 1982 - Lampião E Maria Bonita ... Joana Bezerra
  • 1981 - Rosa Baiana ... Matilde
  • 1980 - Cavalo Amarelo ... Ivonete
  • 1979 - Pai Herói ... Nancí
  • 1978 - A Morte E A Morte De Quincas Berro D`Água

Cinema

  • 2004 - Espelho D'Água - Uma Viagem No Rio São Francisco
  • 1999 - No Coração Dos Deuses
  • 1996 - Corisco & Dadá
  • 1990 - Corpo Em Delito
  • 1986 - Tigipió - Uma Questão De Amor E Honra
  • 1984 - O Baiano Fantasma

Fonte: Wikipédia, Folha do Sertão, Itaberaba Notícias e Caras

João do Vale

JOÃO BATISTA DO VALE
(62 anos)
Cantor e Compositor

* Pedreiras, MA (11/10/1934)
+ São Luís, MA (06/12/1996)

De origem humilde, João do Vale sempre gostou muito de música. Aos 13 anos se mudou para São Luís. Em 1964 estreou como cantor. Suas principais composições são "Carcará", em parceria com José Cândido e imortalizado na interpretação de Maria Bethânia, "Peba Na Pimenta", com Adelino Rivera, e "Pisa Na Fulô", com Silveira Júnior.

O quinto de oito irmãos ajudava em casa vendendo balas e doces feitos pela mãe. Frequentou a escola até o terceiro ano primário quando teve de interromper os estudos, não para trabalhar, para ceder lugar ao filho de um coletor recém-nomeado para trabalhar em Pedreiras.

Aos 12 anos, mudou-se com sua família para São Luís e aos 14 tomou a decisão de morar no Sudeste – sonhava com o Rio de Janeiro. Como seus pais não o deixariam partir, fugiu de trem para Teresina e arranjou emprego como ajudante de caminhão.

Chegou ao Rio de Janeiro, de carona, aos 17 anos e foi ser ajudante de pedreiro. João do Vale trabalhava e dormia na construção. A noite, percorria as rádios na esperança de se aproximar de algum artista. O primeiro a que teve acesso foi Zé Gonzaga, que, a princípio, não quis ouvir suas músicas, mas, depois, gostou muito delas e gravou "Cesário Pinto", que fez sucesso no Nordeste. Luiz Vieira foi o segundo que João do Vale procurou. Com ele, fez a música "Estrela Miúda" e Luiz Vieira conseguiu que Marlene gravasse a música.


Embora não tenha sido fácil, o início da carreira de João do Vale foi rápido. Ele chegou no Rio de Janeiro no final de 1950 e, já no ano seguinte, suas músicas começaram a ser gravadas. Em 1952, João do Vale foi pela primeira vez receber os seus direitos autorais e surpreendeu-se com a quantia: 200 cruzeiros. Uma fortuna para quem suava na construção por 5 cruzeiros mensais.

Além de Marlene, Luiz Vieira, Dolores Duran, Luiz Gonzaga e Maria Inês também gravaram músicas de João do Vale e fizeram sucesso.

Em 1954, João do Vale participou com figurante do filme "Mão Sangrenta", dirigido por Carlos Hugo Christensen. Conheceu Roberto Farias, na época assistente de direção, que, ao se transformar em diretor, convidou o compositor para musicar alguns de seus filmes, como "No Mundo Da Luz", de 1958. Em 1969, João do Vale compôs a trilha sonora do filme "Meu Nome É Lampião", de Mozael Silveira.

No Rio de Janeiro, João do Vale começou a se apresentar no ZiCartola, o bar de Cartola e Zica, onde compositores se reuniam para cantar. Fez sucesso e foi convidado para ali se apresentar às sextas-feiras.

O show do "Forró Forrado" foi criado especialmente para João do Vale pelo seu proprietário, Adolfo, seu amigo e admirador. Sem gravar discos, por causa da censura, e vendendo seus baiões para outros compositores, João do Vale passava por dificuldades financeiras. Preocupado com a situação do amigo, Adolfo criou o show "Forró Forrado".

No  ZiCartola, a carreira de João do Vale tomou novo impulso e ele passou a fazer sucesso novamente.

A partir de 1975, João do Vale começou a apresentar-se, com muito sucesso, em shows em circuitos universitários. Ainda em 1975, fez o show "Opinião", reapresentado após 10 anos da realização do primeiro. Alguns meses depois do segundo show "Opinião", João do Vale foi convidado para apresentar-se nos Estados Unidos.

Em 1976,  João do Vale preparou o show "E agora João?" e apresentou-se por todo o país, vendendo seus LPs e ganhando direitos autorais.

Em 1987, quando ia a Nova Iguaçu com uma amiga, João do Vale parou em um restaurante para almoçar e sentiu-se mal. Repentinamente, desabou direto no prato, vitimado por um Acidente Vascular Cerebral. Sua acompanhante ficou apavorada e saiu correndo, abandonando o local. João do Vale foi levado inconsciente para o Hospital da Posse de Nova Iguaçu. Sem documento e dinheiro pois sua carteira ficou na bolsa da acompanhante, foi deixado numa maca e negligentemente abandonado à própria sorte.

Após ficar sem atendimento adequado, teve convulsão e caiu da maca, batendo a cabeça no chão. Foi atendido por uma estagiária e, reconhecido, teve socorro.

João do Vale ficou internado por dois anos na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitaçã (ABBR), no bairro Jardim Botânico, para tratar da semi-paralisia do lado direito do seu seu corpo. Nesse período, seus amigos se movimentaram para organizar e promover shows em benefício do artista e sua família.

Em 1989, João do Vale recebeu alta e providenciou sua aposentadoria, passando a viver da pensão de cinco salários mínimos e de direitos autorais.

João do Vale ficou consciente, mas com grande lacunas na memória, cognição afetada e dificuldades na fala. Tinha o corpo semi-paralisado e a perna visivelmente atrofiada.

Em outubro de 1992, João do Vale foi homenageado em sua terra natal, com um show no Teatro da Praia Grande. Na ocasião, João do Vale revelou que sua intenção era se mudar para a cidade de Pedreiras a fim de passar o resto da sua vida na terra onde nascera. Voltou para Pedreiras, mudança fundamental para sua saúde. Ele não cansava de repetir o quanto se sentia bem em sua cidade natal.

Ao completar 60 anos, em 1993, João do Vale foi homenageado com um show no teatro que levava seu nome, o Espaço Cultural João do Vale, na Praia Grande, em São Luis. Uma semana após o show, ele apareceu, de surpresa, na estréia de Chico Buarque no Canecão, no Rio. Naquele mesmo final de ano, Chico Buarque começou a pensar no projeto de um disco-tributo para João do Vale, com venda a ser revertida para o artista e sua família.

O disco começou a ser gravado, pela BMG - Ariola, em 1994 e teve direção artística de Chico Buarque, Fagner e Sérgio de Carvalho. Vários artistas participaram das gravações com composições de João do Vale. O disco-tributo "João Batista Vale" recebeu, em 1995, o Prêmio Sharp de melhor disco de música regional.

No ano de 1996, a saúde de João do Vale ia oscilando, apresentando melhoras alternadas com algumas crises. Todos os dias, João do Vale jogava dominó em frente ao Sindicato dos Arrumadores, no centro de Pedreiras. Aos poucos, o estado de saúde do cantor e compositor foi piorando.

Morte

Em 22 de novembro daquele ano, a turma do dominó soube que   João do Vale não iria para o jogo, pois havia passado mal e resolveu ficar em casa. No final da tarde foi acometido por um novo Acidente Vascular Ccerebral. Apresentando um quadro grave de diabetes, hipertensão arterial e insuficiência renal, no dia 4 de dezembro, sofreu seu terceiro e fatal derrame, o que o levou ao coma.

No dia 06 de dezembro de 1996, sexta-feira, às 13:30 hs, vítima de Falência Múltipla dos Órgãos, morreu João Batista do Vale. A seu pedido, foi enterrado, em 8 dezembro, no modesto Cemitério São José, de Pedreiras. Mais de 5 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre, ao som de "Pisa Na Fulô" e "Carcará", em arranjo para solo de saxofone de Sávio Araújo.

Paulo Freire

PAULO REGLUS NEVES FREIRE
(75 anos)
Professor e Filósofo

* Recife, PE (19/09/1921)
+ São Paulo, SP (02/05/1997)

Paulo Reglus Neves Freire foi um educador e filósofo brasileiro. É Patrono da Educação Brasileira.

Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído. Libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de "Pedagogia do Oprimido", um método de alfabetização dialético, se diferenciou do vanguardismo dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.

Em 13 de abril de 2012, foi sancionada a lei 12.612 que declarou o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.

Paulo Freire foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford.

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles.

A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo Freire agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.

Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África.

O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.


Primeiros Trabalhos

Paulo Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1944, casou com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho.

Em 1946, Paulo Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres.

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano, realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro, que, sob o presidente  João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base, aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos, os "círculos de cultura", pelo País.

Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Paulo Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, "Educação Como Prática Da Liberdade", baseado fundamentalmente na tese Educação e Atualidade Brasileira, com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.

O livro foi bem recebido, e Paulo Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, "Pedagogia Do Oprimido", que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês, em 1970 e até o hebraico em 1981. Em razão da rixa política entre a ditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire, ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Ernesto Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política.

Depois de um ano em Cambridge, Paulo Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.

Com a Anistia em 1979 Paulo Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Paulo Freire foi nomeado Secretário de Educação da cidade de São Paulo e exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela Secretaria Municipal de Educação está a criação do Movimento de Alfabetização (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras, majoritariamente petistas ou de outras orientações de esquerda,  e outras instâncias de governo.

Em 1986, sua esposa Elza morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo, conhecida pelo apelido Nita, que além de conhecida desde a infância era sua orientanda no programa de mestrado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde foi professor.

Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as idéias de Paulo Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.

Paulo Freire morreu vítima de um Ataque Cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6:53 hs, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.

O Estado brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, no Fórum Mundial de Educação Profissional de 2009, realizado em Brasília, fez o pedido de perdão post mortem à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".


A Pedagogia da Libertação

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).

No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação neutra. Segundo a visão de Paulo Freire, todo ato de educação é um ato político.

Obras

  • 1959 - Educação e Atualidade Brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (Tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).
  • 1961 - A Propósito De Uma Administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p.
  • 1963 - Alfabetização E Conscientização. Porto Alegre: Editora Emma.
  • 1967 - Educação Como Prática Da Liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p).
  • 1968 - Educação E Conscientização: Extencionismo Rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p.
  • 1970 - Pedagogia Do Oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (Manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
  • 1971 - Extensão Ou Comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971, 93 p.
  • 1976 - Ação Cultural Para A Liberdade E Outros Escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed., 1987).
  • 1977 - Cartas À Guiné-Bissau. Registros De Uma Experiência Em Processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p.
  • 1978 - Os Cristãos E A Libertação Dos Oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p.
  • 1979 - Consciência E História: A Práxis Educativa De Paulo Freire (Antologia). São Paulo: Loyola.
  • 1979 - Educação E Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 112 p.
  • 1979 - Multinacionais E Trabalhadores No Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p.
  • 1980 - Quatro Cartas Aos Animadores E Às Animadoras Culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé.
  • 1980 - Conscientização: Teoria E Prática Da Libertação: Uma Introdução Ao Pensamento De Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p.
  • 1981 - Ideologia E Educação: Reflexões Sobre A Não Neutralidade Da Educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • 1982 - A Importância Do Ato De Ler (Em três artigos que se completam). Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo).
  • 1982 - Sobre Educação (Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p. (Educação e comunicação, 9).
  • 1982 - Educação Popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
  • 1983 -  Cultura Popular, Educação Popular.
  • 1985 - Por Uma Pedagogia Da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição
  • 1986 - Fazer Escola Conhecendo A Vida. Papirus.
  • 1987 - Aprendendo Com A Própria História (Com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e Comunicação; v.19).
  • 1988 - Na Escola Que Fazemos: Uma Reflexão Interdisciplinar Em Educação Popular. Vozes.
  • 1989 - Que Fazer: Teoria E Prática Em Educação Popular. Vozes.
  • 1990 - Conversando Com Educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva.
  • 1990 - Alfabetização - Leitura Do Mundo, Leitura Da Palavra (Com Donaldo Macedo). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 272 p.
  • 1991 - A Educação Na Cidade. São Paulo: Cortez, 144 p.
  • 1991 - A Importância Do Ato De Ler - Em Três Artigos Que Se Completam. São Paulo: Cortez Editora & Autores Associados, 1991. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v 4)- 80 p.
  • 1992 - Pedagogia Da Esperança: Um Reencontro Com A Pedagogia Do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
  • 1993 - Professora Sim, Tia Não: Cartas A Quem Ousa Ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p.
  • 1993 - Política E Educação: Ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
  • 1994 - Cartas A Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra. 334 p.
  • 1994 - Essa Escola Chamada Vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição.
  • 1995 - À Sombra Desta Mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p.
  • 1995 - Pedagogia: Diálogo E Conflito. São Paulo: Editora Cortez.
  • 1996 - Medo E Ousadia. Prefácio de Ana Maria Saul; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
  • 1996 - Pedagogia Da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • 2000 - Pedagogia Da Indignação - Cartas Pedagógicas E Outros Escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
  • 2003 - A África Ensinando A Gente (Com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 248 p.

Fonte: Wikipédia

Augusto Boal

AUGUSTO PINTO BOAL
(78 anos)
Diretor, Dramaturgo e Ensaista

* Rio de Janeiro, RJ (16/03/1931)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/05/2009)

Augusto Pinto Boal foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social. Suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.

Nas palavras de Augusto Boal:

"O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'."

O dramaturgo é conhecido não só por sua participação no Teatro de Arena da cidade de São Paulo (1956 a 1970), mas sobretudo por suas teses do Teatro do Oprimido, inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.

Sua obra escrita é expressiva. Com 22 livros publicados e traduzidos em mais de vinte línguas, suas concepções são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo. O livro "Jogos Para Atores E Não Atores" trata de um sistema de exercícios (monólogos corporais), jogos (diálogos corporais) e técnicas teatrais além de técnicas do teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser utilizadas não só por atores mas por todas as pessoas.

Apesar de existirem milhares grupos e centros de estudos sobre o Teatro do Oprimido no mundo (mais de 50 países nos cinco continentes), apenas o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) do Rio de Janeiro é reconhecido como o ponto de referência mundial da metodologia. Localizado na Avenida Mem de Sá nº 31, bairro da Lapa, Rio de Janeiro, o CTO foi fundado em 1986 e dirigido por Augusto Boal até o seu falecimento, em maio de 2009.


Família e Estudos

Augusto Boal nasceu no subúrbio da Penha, Rio de Janeiro. Filho do padeiro português José Augusto Boal e da dona de casa Albertina Pinto, desde os nove anos dirigia peças familiares, com seus três irmãos. Aos 18 anos estudou Engenharia Química na antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, e paralelamente escrevia textos teatrais.

Na década de 50 enquanto realizava estudos em nível de Ph.D em Engenharia Química, na Columbia University, em Nova York, estudou dramaturgia na School of Dramatics Arts, também na Columbia University, com John Gassner, professor de Tennessee Williams e Arthur Miller. Na mesma época, assistia às montagens do Actors Studio.

Teatro de Arena

De volta ao Brasil, em 1956, passou a integrar o Teatro de Arena de São Paulo, a convite de Sábato Magaldi e José Renato. O Teatro de Arena tornou-se uma das mais importantes companhias de teatro brasileiras, até o seu fechamento, no fim da década de 1960.

Sua primeira direção é "Ratos e Homens", de John Steinbeck, que lhe valeu o prêmio de revelação de direção da Associação Paulista de Críticos de Artes, em 1956. Seu primeiro texto encenado foi "Marido Magro, Mulher Chata", uma comédia de costumes.

Depois de uma série de insucessos comerciais e diante da perspectiva de fechamento do  Teatro de Arena, a companhia decidiu investir em textos de autores brasileiros. Superando as expectativas "Eles Não Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, tornou-se um grande sucesso, salvando o Teatro de Arena da bancarrota. O grupo ressurgiu, provocando uma verdadeira revolução na cena brasileira, abrindo caminho para uma dramaturgia nacional.

Para prosseguir na investigação de um teatro voltado para a realidade do Brasil, Augusto Boal sugeriu a criação de um Seminário de Dramaturgia que se tornou o celeiro de vários novos dramaturgos. As produções, fruto desses encontros, comporiam o repertório da fase nacionalista do conjunto nos anos seguintes. Sob direção de Augusto Boal o Teatro de Arena apresentou "Chapetuba Futebol Clube", de Oduvaldo Vianna Filho, 1959, segundo êxito nessa vertente.


Arena e Oficina

Depois de dirigir em 1959 "A Farsa Da Esposa Perfeita", de Edy Lima, Augusto Boal apresentou "Fogo Frio", de Benedito Ruy Barbosa, em 1960, uma produção conjunta entre o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, através da qual orientou um curso de interpretação. Dirigiu também, para o Teatro Oficina  "A Engrenagem", adaptação dele e de José Celso Martinez Corrêa do texto de Jean-Paul Sartre.

Em 1961, Antônio Abujamra dirigiu um outro texto de Augusto Boal, "José, do Parto à Sepultura", com os atores do Teatro Oficina, que estreou no Teatro de Arena. No mesmo ano, o espetáculo "Revolução na América do Sul" estreou, com direção de José Renato. Augusto Boal tornou-se um dos mais importantes dramaturgos do período.

Em 1962, o Teatro de Arena iniciou nova fase: a nacionalização dos clássicos. José Renato deixou a companhia e Augusto Boal tornou-se líder absoluto e sócio do empreendimento. Encerrou-se a leva de encenações dos textos produzidos no Seminário de Dramaturgia.

Em 1963 encenou "O Noviço", de Martins Pena e "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, no Teatro Oficina, em colaboração com grandes artistas do teatro brasileiro, tais como o cenógrafo Flávio Império e Eugenio Kusnet, responsável pela preparação dos atores. Ainda desta fase são "O Melhor Juiz, O Rei", de Lope de Vega e "Tartufo", de Molière, produções de 1964.

Depois do golpe militar, Augusto Boal dirigiu no Rio de Janeiro o show "Opinião", com Zé Keti, João do Vale e Nara Leão, depois substituída por Maria Bethânia. A iniciativa surgiu de um grupo de autores, Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, ligados ao Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes, posto na ilegalidade. O grupo pretendia criar um foco de resistência política através da arte. De fato evento foi um sucesso e contagiou diversos outros setores artísticos. O Opinião 65, exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), surgiu na sequência, aglutinando os artistas ligados aos movimentos de arte popular. Esse é o nascedouro do Grupo Opinião.


Musicais

A partir do "Opinião", Augusto Boal iniciou o ciclo de musicais no Teatro de Arena, com Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, apresentando "Arena Conta Zumbi" (1965), primeiro experimento com o sistema curinga onde oito atores se revezavam, fazendo todas as personagens. O sucesso de público abriu caminho para "Arena Conta Bahia", com direção musical de Gilberto Gil e Caetano Veloso, e Maria Bethânia e Tom Zé no elenco.

Em seguida, foi encenado "Tempo de Guerra", no Teatro Oficina, com texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, poemas de Bertolt Brecht e vozes de Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e Maria Bethânia, sob a direção de Augusto Boal.

No ano seguinte, foi a vez do espetáculo "Arena Conta Tiradentes", centrado em outro movimento histórico de luta nacional, a Inconfidência Mineira. Também uma aplicação do sistema curinga, a peça não propõe retratar os fatos de forma ortodoxa e cronológica, mas criar conexões com fatos, tipos e personagens que se referem constantemente ao período pré e pós-1964.

A Primeira Feira Paulista de Opinião, concebida e encenada por Augusto Boal no Teatro Ruth Escobar, foi uma reunião de textos curtos de vários autores - um depoimento teatral sobre o Brasil de 1968. Estão presentes textos de Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e do próprio Augusto Boal. O diretor apresentou o espetáculo na íntegra, ignorando os mais de 70 cortes estabelecidos pela censura, incitando a desobediência civil e lutando arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição.


Exílio

Com a decretação do Ato Institucional Nº 5, em fins de 1968, o Teatro Arena viajou para fora do país, excursionando, entre 1969 e 1970 pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Augusto Boal escreveu e dirigiu "Arena Conta Bolívar". Em seu retorno, com uma equipe de jovens recém-saídos de um curso no Teatro Arena, criaou o Teatro Jornal - 1ª Edição, experiência que aproveitou técnicas do Agitprop e do Living Newspaper, grupo norte-americano dos anos 30 que trabalhava com dramatizações a partir de notícias de jornal.

A "Resistível Ascensão De Arturo Ui", de Bertolt Brecht, foi a última incursão de Augusto Boal no sistema curinga, que entretanto não acrescentou grandes novidades na linguagem do grupo.

Em 1971, Augusto Boal foi preso e torturado. Na sequência, decidiu deixar o país, com destino à Argentina, terra de sua esposa, a psicanalista Cecília Boal. Lá permaneceu por cinco anos e desenvolveu o Teatro Invisível. Naquele mesmo ano, "Torquemada", um texto seu sobre a Inquisição, foi encenado em Buenos Aires.

Em 1973, foi para o Peru, onde aplicou suas técnicas num programa de alfabetização integral e começou a fazer o Teatro Fórum. Em 1974, seu texto "Tio Patinhas E A Pílula"  foi encenado em Nova York.

No Equador, desenvolveu, com populações indígenas, o Teatro Imagem. Esse período foi representado por Augusto Boal em seu texto "Murro Em Ponta De Faca".

Mudou-se para Portugal, onde permaneceu por dois anos. Ali, com o grupo A Barraca, realizou a montagem "A Barraca Conta Tiradentes", 1977. Lá também escreveu "Mulheres De Atenas", uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, com músicas de Chico Buarque.

Finalmente, a partir de 1978 estabeleceu-se em Paris, onde criou um centro para pesquisa e difusão do Teatro do Oprimido, o Ceditade (Centre d'étude et de diffusion des techniques actives d'expression). Lá, com ajuda de sua esposa desenvolveu um teatro mais interiorizado e subjetivo, o Arco-íris do Desejo (Método Boal de Teatro e Terapia).

Enquanto isso, em São Paulo, no ano de 1978, Paulo José dirigiu, para a companhia de Othon Bastos, "Murro Em Ponta De Faca", texto em que Augusto Boal enfocou a vida dos exilados políticos.

Augusto Boal visitou o Brasil em 1979 para ministrar um curso no Rio de Janeiro, retornou, no ano seguinte, juntamente com seu grupo francês, para apresentar o Teatro do Oprimido, já consagrado em muitos países.

Em 1981, promoveu o I Festival Internacional de Teatro do Oprimido. Voltou ao Brasil definitivamente em 1986, instalando-se no Rio de Janeiro, onde iniciou o plano piloto da Fábrica de Teatro Popular, que tinha como principal objetivo tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral, e criou o Centro do Teatro do Oprimido.


Homenagem

Uma das canções de Chico Buarque é uma carta em forma de música - uma carta musicada que ele fez em homenagem a Augusto Boal, que vivia no exílio em Lisboa, quando o Brasil estava sob a ditadura militar. A canção "Meu Caro Amigo", dirigida a ele, foi gravada originalmente no disco "Meus Caros Amigos" (1976).

Augusto Pinto Boal é Patrono da Presidente da Academia de Letras do Brasil (Piracicaba, SP). A primeira escritora a imortalizar Augusto Boal em Academia de Letras foi a escritora Branca Tirollo aos 12 de agosto de 2009 na cidade de Piracicaba, SP.

Teatro Popular

Augusto Boal preconizava que o teatro deve ser um auxiliar das transformações sociais e formar lideranças nas comunidades rurais e nos subúrbios. Para isto organizou uma sucessão de exercícios simples, porém capazes de oferecer o desenvolvimento de uma boa técnica teatral amadora, auxiliando a formação do ator de teatro.

Nobel

Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2008, em virtude de seu trabalho com o Teatro do Oprimido.

Em março de 2009, foi nomeado pela Unesco embaixador mundial do teatro.

Morte

Augusto Boal morreu por volta das 2:40 hs do dia 2 de maio de 2009, aos 78 anos, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, por Insuficiência Respiratória. Augusto Boal sofria de Leucemia.

Sobre a Importância de Augusto Boal Para o Teatro

Suas ideias, adotadas em diversas iniciativas em todo o mundo, renderam-lhe um reconhecimento que pode ser expresso nos seguintes comentários, que figuram no seu livro "Teatro Do Oprimido e Outras Poéticas Políticas" (ISBN 85-2000-0265-X):

"Boal conseguiu fazer aquilo com que Brecht apenas sonhou e escreveu: um teatro alegre e instrutivo. Uma forma de terapia social. Mais do que qualquer outro homem de teatro vivo, Boal está tendo um enorme impacto mundial."
(Richard Schechner, diretor de The Drama Review)

"Augusto Boal reinventou o teatro político e é uma figura internacional tão importante quanto Brecht ou Stanislawski."
(The Guardian)


Prêmios

  • 1962 - Prêmio Padre Ventura, melhor diretor - São Paulo;
  • 1963 - Prêmio Saci, melhor diretor, São Paulo;
  • 1965 - Prêmio Saci, São Paulo;
  • 1959-1965 - Vários prêmios de Associações de Críticos de Teatro do Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e São Paulo;
  • 1965 - Prêmio Molière pelo espetáculo "A Mandrágora" de Machiavel, Brasil;
  • 1967 - Prêmio Molière pela criação do "Sistema Curinga", Brasil;
  • 1971 - Obie Award para o melhor espetáculo Off-Broadway. Latin American Fair Of Opinion, EUA;
  • 1981 - Officier Des Arts Et Des Lettres - Ministère de la Culture, França;
  • 1981 - Prémio Ollantay, de Creación y Investigación Teatral, Celcit, Venezuela;
  • 1994 - Prêmio Cultural Award da cidade de Gävle, Suécia;
  • 1994 - Medalha Pablo Picasso da Unesco;
  • 1995 - Outstanding Cultural Contribution - Academy Of The Arts - Queensland University of Technology, Austrália;
  • 1995 - Prix Cultural - Institut Für Jugendarbeit - Gauting, Baviera;
  • 1995 - The Best Special Presentation - Manchester News, UK;
  • 1996 - Doctor Honoris Causa In Humane Letters, University of Nebraska, EUA;
  • 1996 - Tradita Innovare, Innovata Tradere, University of Göteborg, Suécia;
  • 1997 - Lifetime Achievement Award, American Theatre Association in Higher Education, Athe, EUA;
  • 1997 - Prix Du Mérite, Ministère de la Culture do Egito
  • 1998 - Premi D'Honor, Institutet de Teatre, Barcelona, Espanha;
  • 1998 - Premio de Honor, Instituto de Teatro, Ciudad de Puebla, México;
  • 1999 - Honra ao Mérito. União e Olho Vivo,  Brasil;
  • 2000 - Proclamation Of The City Of Bowling Green, Ohio, EUA;
  • 2000 - Doctor Honoris Causa in Fine Arts, Worcester State College, EUA;
  • 2000 - Montgomery Fellow, Dartmouth College, Hanover, EUA;
  • 2001 - Nominated (For July, 2001) Doctor Honoris Causa In Literature, University of London, Queen Mary, UK;
  • 2001 - International Award For Contribution Of Development Of Drama Education „Grozdanin kikot“.
  • 2002 - Baluarte do Samba, homenagem da Escola de Samba Acadêmicos da Barra da Tijuca;
  • 2005 - Comendador, Governo Federal, Brasil;
  • 2008 - Crossborder Award For Peace And Democracy.Irlanda;

Livros Publicados em Português

  • 1967 - Arena Conta Tiradentes - São Paulo: Sagarana
  • 1973 - Crônicas De Nuestra América - São Paulo: Codecri
  • 1975 - Técnicas Latino-Americanas De Teatro Popular: Uma Revolução Copernicana Ao Contrário - São Paulo: Hucitec
  • 1975 - Teatro Do Oprimido E Outras Poéticas Políticas - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1977 - Jane Spitfire - Rio de Janeiro: Codecri
  • 1978 - Murro Em Ponta De Faca - São Paulo: Hucitec
  • 1979 - Milagre No Brasil - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1980 - Stop: Ces’t Magique - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1986 - Teatro De Augusto Boal. Vol. 1 - São Paulo: Hucitec
  • 1986 - Teatro De Augusto Boal. Vol. 2 - São Paulo: Hucitec
  • 1986 - O Corsário Do Rei - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1990 - O Arco-Íris Do Desejo: Método Boal De Teatro E Terapia - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1992 - O Suicida Com Medo Da Morte - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1996 - Teatro Legislativo - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1996 - Aqui Ninguém É Burro! - Rio de Janeiro: Revan
  • 1998 - Jogos Para Atores E Não-Atores - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 2000 - Hamlet E O Filho Do Padeiro - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 2003 - O Teatro Como Arte Marcial - Rio de Janeiro: Garamond, 2003
  • "A Estética do Oprimido". Rio de Janeiro, 2009, numa parceria entre a Funarte, o Ministério da Cultura e a Editora Garamond.

Existem também diversos livros publicados em alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, inglês, norueguês e sueco.

Fonte: Wikipédia