Gilvan Samico

GILVAN JOSÉ DE MEIRA LINS SAMICO
(85 anos)
Pintor, Desenhista e Gravurista

* Recife, PE (15/06/1928)
+ Recife, PE (25/11/2013)

Gilvan José de Meira Lins Samico foi um pintor, desenhista e gravurista brasileiro. Gilvan Samico era um dos maiores gravuristas do Brasil.

Nascido na capital pernambucana, Gilvan Samico era o penúltimo de seis filhos de um casal de classe média do bairro de Afogados. Na adolescência, depois de dois empregos frustrados, o pai percebeu a aptidão do filho para a ilustração e o levou ao professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó.

Gilvan Samico iniciou-se na pintura como autodidata, influenciado pelo expressionismo de artistas como Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, mas atualmente era conhecido por suas meticulosas xilogravuras, inspiradas na temática e estilo da gravura popular do nordeste do Brasil.

Em 1948, começou a frequentar a Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1952, fundou, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade, idealizado por Abelardo da Hora

Em 1957, estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano seguinte, estudou gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro.

Em 1968, recebeu de prêmio uma viagem ao exterior no 17º Salão Nacional de Arte Moderna do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e permaneceu por dois anos na Europa. Em 1965, fixou residência em Olinda, PE. Lecionou xilogravura na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em 1971, convidado por Ariano Suassuna, passou a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular. Sua produção é particularmente pela recuperação do romanceiro popular e pela literatura de cordel. Suas gravuras são povoadas por personagens da Bíblia, de lendas e por animais fantásticos, com reduzido uso da cor e de texturas.

Os 40 anos de gravura do artista foram comemorados em 1997 com importante exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.

Gilvan Samico tem obras no Museum Of Modern Art (MoMA) de Nova York e participou duas vezes de Bienal de Veneza tendo sido premiado em uma delas.


Crítica

Ferreira Gullar em seu livro "Relâmpagos" dedica um capítulo inteiro para tratar da obra de Gilvan Samico que começa assim:

"É uma linguagem clara, límpida, mas plena de ecos. Ela é assim jovem e arcaica. A linha, que Samico traça, para definir as figuras é também expressiva em si mesma como linha, tem intensidade e melodia. É uma gravura sem truques, sem retórica, sem falsas emoções. É tudo gráfico: o que está ali está ali, à nossa vista."
(Ferreira Gullar, Relâmpagos, p. 1275)

É exaltado por Ariano Suassuna ao dizer:

"É, então, por ter encontrado seu caminho dentro da maravilha que é a arte popular brasileira, que o mundo de Samico aparece com tanta força e novidade, harmonizados, nela, todos os contrastes e violências."

Gilvan Samico, com a esposa Célida, em seu ateliê em Olinda, em imagem de 2008
Morte

Gilvan Samico morreu, na manhã de segunda-feira, 25/11/2013, no Recife, PE, aos 85 anos. Ele estava internado há uma semana no Hospital Português, no bairro do Paissandu, devido a um câncer na bexiga. A doença, segundo os médicos, era incurável e ele recebia tratamentos paliativos.

Ele foi internado por várias vezes nos últimos meses para tratar do câncer. Gilvan Samico morava em Olinda, PE onde também funcionava seu ateliê. O velório ocorreu no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. O corpo dele foi encaminhado para cremação.

Fonte: Wikipédia

Ruy Mesquita

RUY MESQUITA
(88 anos)
Jornalista

* São Paulo, SP (16/04/1925)
+ São Paulo, SP (21/05/2013)

Ruy Mesquita foi um jornalista brasileiro, nascido em São Paulo em 16/04/1925. Era neto de Júlio de Mesquita, um dos primeiros jornalistas do jornal O Estado de S.Paulo, que posteriormente virou proprietário do jornal. O pai de Ruy Mesquita, Júlio de Mesquita Filho, ocupou a posição do pai após a morte dele.

Ruy Mesquita cursou a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), mas acabou trocando os estudos jurídicos pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, na própria Universidade de São Paulo (USP).

Passou a trabalhar no jornal O Estado de S.Paulo, em 1948. Desde então ele ocupou os cargos de redator e editor internacional. Em 1996, após a morte do irmão Júlio de Mesquita NetoRuy Mesquita assumiu a direção da publicação. Passou a ser o  responsável pela Seção de Opinião do Estadão desde a morte do irmão. Ao cabo da Revolução Cubana, foi o único jornalista brasileiro a entrevistar Fidel Castro, sendo homenageado pelo presidente daquele país no ano seguinte.


Em 1966, assumiu a direção do recém-criado Jornal da Tarde, diário que revolucionou a linguagem do jornalismo brasileiro.

Segundo o Estadão, Ruy Mesquita "reuniu-se com militares antes do golpe de 1964, que apoiou, em nome da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu irmão, também passou a criticar a ditadura, uma vez instalada".

Durante a ditadura militar, de 1964 a 1985, o Estado foi alvo de censura prévia. Para desafiar o regime, Ruy Mesquita, junto com o pai e o irmão, decidiu que o periódico deveria publicar poesias, como "Os Lusíadas", de Camões, e receitas de bolos e doces no espaço dos textos censurados.

Ruy Mesquita mantinha hábitos reclusos, dividindo o tempo entre o jornal e a casa, onde se dedicava a leituras. De acordo com o Estadão, Ruy Mesquita manteve sua rotina de trabalho até a véspera da internação, se reunindo com os editorialistas para definir as "Notas & Informações" da página 3 do jornal.


Morte

Ruy Mesquita morreu na terça-feira, 21/05/2013, às 20:40 hs, em São Paulo, aos 88 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde 25/04/2013, após ser diagnosticado um câncer na base da língua.

O corpo de Ruy Mesquita foi sepultado às 15:25 hs de quarta-feira, 22/05/2013, no Cemitério da Consolação, no centro de São Paulo. A cerimônia de sepultamento terminou às 15:45 hs, com uma salva de palmas.

Ruy Mesquita deixou a mulher Laura Maria Sampaio Lara Mesquita, os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 netos e um bisneto.

Em nota oficial, a presidente Dilma Rousseff afirmou que "Ruy Mesquita foi um homem de convicções". "Diretor do jornal 'O Estado de S. Paulo', criador do inovador Jornal da Tarde, Doutor Ruy - como era conhecido - foi símbolo de uma geração da imprensa brasileira. Neste momento de dor, presto a minha solidariedade à família e amigos", afirmou a presidente, no texto.

O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, também divulgou nota para lamentar a morte de Ruy Mesquita.

"Lamentamos profundamente a morte do Dr. Ruy. Ele nos deixa como legado a luta em defesa da liberdade de expressão e da democracia, valores que o 'Estado de S. Paulo' ajudou a construir no nosso país. O Brasil vai sentir sua falta. Perdemos um grande brasileiro."


Rejane Goulart

REJANE VIEIRA COSTA
(59 anos)
Atriz e Miss Brasil

* Cachoeira do Sul, RS (15/11/1954)
+ Rio de Janeiro, RJ (26/12/2013)

Rejane Goulart, que tinha o nome de batismo, Rejane Vieira Costa, foi uma atriz, Miss Brasil e segunda colocada no Miss Universo 1972.

Nascida em Cachoeira do Sul, RS, Rejane criou-se na cidade de Pelotas, RS, no mesmo estado, onde levava uma vida simples.

Aos 17 anos, após conseguir seu primeiro emprego numa loja de sapatos, a beleza da moça foi descoberta por uma das freguesas do local. A cliente sugeriu o nome de Rejane para disputar, em 1972, o concurso de Miss Pelotas, cidade do Rio Grande do Sul. A disputa rendeu o primeiro título de beleza.

Após a vitória no concurso, participou do Miss Rio Grande do Sul, no qual também obteve o primeiro lugar, o que a levou ao Miss Brasil, que venceu em 23 de junho, sendo eleita para representar o país no Miss Universo daquele ano.

Neste concurso, obteve o segundo lugar, perdendo o título para a australiana Kerry Anne Wells. Na volta de Porto Rico, onde se tornou a quarta brasileira segunda colocada no Miss Universo, Rejane recebeu uma recepção apoteótica em Porto Alegre, desfilando em carro aberto pelas ruas da cidade sob chuva de papel picado.

Carreira Artística

Após os concursos de miss, a gaúcha virou atriz. Já em 1973, ela atuou no filme "Negrinho do Pastoreio", ao lado de Grande Otelo. Mais de uma década após seu reinado, começou sua carreira de atriz nas telenovelas da Rede Globo com o nome de Rejane Goulart, sobrenome de casada. Em 1985, estreou em "Ti Ti Ti" e nos anos seguintes participou de várias outras como "Felicidade" (1991), "A Viagem" (1994) e "Era Uma Vez" (1998). Atuou também no cinema, ao lado de Grande Otelo, no filme "Negrinho do Pastoreio" (1973).

Depois de 12 anos fora da televisão, retornou às telas na Rede Record, emissora na qual interpretou a personagem Larissa na telenovela "Ribeirão do Tempo" (2010). Este seria o seu último papel na televisão.

Ela nunca esqueceu a vida de miss e participava de comunidades nas redes sociais sobre os concursos de beleza. Volta e meia, contava até sobre os bastidores do Miss Brasil e do Miss Universo 1972. Também nas redes sociais, gostava de compartilhar suas reflexões, sempre demonstrando sensibilidade e inteligência.

Morte

Foi constatada na quinta-feira, 26/12/2013, no Rio de Janeiro, a morte cerebral de Rejane Goulart, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Na terça-feira, 24/12/2013, enquanto ajudava a preparar a ceia de Natal, em casa, no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Rejane sentiu uma pontada na cabeça e caiu. A princípio, os familiares acharam que fosse apenas um desmaio, mas o filho, Rodrigo Goulart, percebeu que a respiração tinha cessado e, ao fazer respiração boca a boca, notou que o pulso da mãe parou. Eles levaram Rejane para o Hospital RioMar, onde ela foi reanimada, mas os médicos constataram mais tarde a morte cerebral.

A atriz e miss se recuperava de uma cirurgia na perna após uma queda sofrida no primeiro semestre de 2013. Ela deixou dois filhos: Rodrigo, fruto do casamento com Rubens Goulart, e Júlia, da relação com o diretor de produção Ítalo Granato.

Televisão

  • 1985 - Ti Ti Ti ... Mônica
  • 1987 - Mandala ... Beatriz
  • 1990 - La Mamma ... Irmã Gertrudes
  • 1991 - Felicidade ... Eliana
  • 1992 - De Corpo e Alma ... Júlia
  • 1994 - Você Decide (Episódio: O Legado)
  • 1994 - A Viagem ... Júlia
  • 1996 - Vira Lata  ... Maria Clara
  • 1998 - Era Uma Vez ... Nilda
  • 2010 - Ribeirão do Tempo ... Larissa Castro


Cinema

  • 1973 - Negrinho do Pastoreio

Edmo Zarife

EDMO ZARIFE
(59 anos)
Radialista e Locutor

* Nova Friburgo, RJ (15/12/1940)
+ Niterói, RJ (27/12/1999)

Nascido em Nova Friburgo, RJ, Edmo Zarife construiria uma sólida carreira e se tornaria uma das maiores referências da locução brasileira. Ao sair de sua cidade natal, foi para a Rádio Globo, onde foi comunicador, apresentando alguns programas, além de "voz-padrão" de chamadas e vinhetas.

A última atração comandada por Edmo Zarife foi o "Super Paradão", de segunda a sexta-feira, de 00:00 hs às 03:00 hs da manhã, sempre gravado. A última edição deste programa foi na véspera do Natal de 1999. Dois dias antes, Edmo Zarife havia sido internado num hospital em Niterói em virtude de problemas cardíacos, e morreu cinco dias depois.

André, Paizinho, Brinquinho e Edmo Zarife
O Surgimento da Vinheta "Brasil-Sil-Sil!"

A famosa vinheta "Brasil-Sil-Sil!", interpretada por Edmo Zarife, e que marca as transmissões esportivas do Sistema Globo de Rádio e da Rede Globo de Televisão começou a nascer em 1968.

O diretor geral da rádio na época Mário Luiz e o narrador esportivo Waldir Amaral, procuravam dar uma dinâmica maior às transmissões de futebol da Rádio Globo, para dar uma estética mais alegre e um "toque de show" nas mesmas. E nessa época, o cantor paraguaio Fábio Rolon gravou a lendária vinheta "Rádio Globooooooooooo!", que ficou no ar por 4 décadas, saindo do ar apenas em meados de 2009.

Chegada a época das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, Waldir Amaral e Mário Luiz pediram à Edmo Zarife e ao técnico de som José Cláudio Barbedo, o Formiga, que fizessem um grito de guerra para levar a Seleção Brasileira à frente.

Assim, Edmo Zarife e Formiga ficaram duas horas dentro do estúdio, gravando em uma fita várias frases e bordões. E ouvindo a fita, depois de toda gravada, Formiga, com seu conhecimento no assunto e sua técnica apurada, após ouvir o "Brasil-Sil-Sil!", apontou e disse: "Zarife, é essa!". Em seguida, os dois resolveram ouvir aquela parte por umas 30 vezes. E assim, nasceu a vinheta "Brasil-Sil-Sil!".

Depoimento

A correria do fim de ano não me permitiu uma palavra sobre Edmo Zarife, da Rádio Globo, que partiu para o Reino dos Esplendores ao ver raiar o milênio.
Aquele "Brasil-Sil-Sil!", arte sonora viva na memória emotiva do País, expressão sintética da emoção do gol, é um grito de felicidade nacional. É a melhor forma até hoje encontrada de dizer muito numa só palavra. Ela só foi possível pela existência de uma categoria profissional importantíssima – o locutor – que, há muito tempo, é esquecida pela imprensa e desprestigiada pelo próprio meio que dela se utiliza: o rádio.
O locutor é profissional de especializadíssima função a quem se paga baixos salários e hoje está ameaçado de desaparecer do rádio e da TV, substituído muitas vezes por pessoas de pobre expressão oral, dicção péssima sem qualquer noção de califasia, que é arte do falar eufônico agradável e belo. Trata-se de matéria tão importante que deveria ser ensinada na aula de comunicação e expressão, mas nunca foi. A meu tempo estudávamos caligrafia. Hoje nem isso. O resultado é a fala torpe, grosseira e mal conduzida, com voz fora do lugar, deglutição de letras e sílabas e som horroroso.
O locutor é profissional que repõe a qualidade e a elegância do falar como forma de expressar alguma estesia de alma. O mais importante é que assim se preserva um idioma. Falo portanto de matéria seriíssima. Felizmente ainda há por aí magníficos locutores e locutoras no rádio e na televisão. Mas escasseiam. Na TV, desde que substituíram locutores por jornalistas, a função indispensável de ler com segurança (e sem caras e bocas opinativas...) está desaparecendo. Reparem que o apresentador, a meu ver padrão, o William Bonner, não é bom só por ser jornalista. É bom por ser um ótimo locutor também, observem-lhe a voz, a tranqüilidade na emissão, a dicção perfeita.
Mas estou a falar do Zarife, do bom e generoso Zarife, apaixonado como eu por gatos (quantas vezes conversamos sobre isso no boteco ao lado da Rádio Globo). Acima de tudo, ele mostrou a importância do bom locutor para qualquer rádio. Como voz padrão da Globo, marcou-lhe as chamadas, os prefixos dos programas, os eventos. O metal magnífico de sua voz (eu lhe dizia que ele e o Haroldo de Andrade nasceram com um som estereofônico nas cordas vocais) ajustou-se maravilhosamente à trepidação das rádios AM, rádios de mobilização do ouvinte.
Grande Zarife! Com ele, morre um pouco mais a profissão já agonizante do locutor, o herói quase anônimo das emissoras de rádio, das propagandas, das leituras e narrações dos documentários. Profissão que lhe honrou e dignificou.

(Senador Artur da Távola 12/01/2000)

Fonte: Wikipédia

Cacaso

ANTÔNIO CARLOS FERREIRA DE BRITO
(43 anos)
Professor, Compositor, Poeta, Crítico e Ensaísta

* Uberaba, MG (13/03/1944)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/12/1987)

Antônio Carlos de Brito, conhecido como Cacaso, foi um professor universitário, letrista e poeta brasileiro. Filho de Carlos Ferreira de Brito e Wanda Aparecida Lóes de Brito, nasceu em Uberaba, MG, e passou a infância em Alfredo de Castilho e Barretos, interior de São Paulo.

Aos 12, chegou a ser matéria de jornal, por causa de suas caricaturas de políticos e personagens da vida pública, prática que cultivaria por toda a vida. Costumava ilustrar seus poemas, crônicas e letras de músicas com nanquim e lápis de cera.

Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós.

Estudou violão clássico, cursou Direito e formou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Lecionou teoria literária e literatura brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi também crítico e ensaísta.


Cacaso teve dois filhos: Pedro de Brito, do primeiro casamento com a antropóloga, professora e pesquisadora Leilah Landim Assumpção de Brito, e Paula, do segundo casamento com a cantora Rosa Emília Machado Dias. Pedro de Brito, jornalista, assim como o pai, seguiu a carreira de poeta, tendo publicado alguns poemas no Jornal de Letras e Artes. Como jornalista, Pedro de Brito, especializou-se na área de música, tendo atuado em vários jornais como, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil e no jornal O Dia, assinando Pedro Landim.

Em 1967, José Álvaro Editor publicou de Cacaso, ainda usando o nome Antônio Carlos de Brito, "A Palavra Cerzida", seu primeiro livro de poemas, que já havia sido publicado nas principais antologias da nova poesia brasileira.

Publicou artigos em vários jornais, entre eles, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Jornal Movimento e Jornal Opinião.

Publicou os livros de poesias "Grupo Escolar" (1974), "Beijo Na Boca" (1975), "Segunda Classe" (1975) em parceria com Luís Olavo Fontes, "Na Corda Bamba" (1978), "3 Poetas" (1979), com Eudoro Augusto e Letícia Moreira de Souza, "Mar De Mineiro" (1982) e a coletânea "Beijo Na Boca E Outros Poemas" (1985).

Pouco antes de falecer, vitimado por um infarto do miocárdio, estava trabalhando junto com Edu Lobo e Ruy Guerra em um roteiro sobre Canudos. Anos depois, em 1997, Edu Lobo, em homenagem ao poeta, incluiu uma das parcerias de ambos, "Canudos", no filme homônimo de Sérgio Rezende.

Maurício Tapajós e Cacaso
Em 1997, foi editada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma coletânea de seus ensaios, poemas inéditos, crônicas e artigos publicados em jornais intitulada "Não Quero Prosa", com seleção e organização de Vilma Arêas e lançada na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.

Compôs em parceria com Nelson Ângelo o musical "Táxi", ainda inédito.

No ano 2000, a Editora Sette Letras reeditou "Beijo Na Boca".

Em 2002 foi publicado pela Editora Sette Letras e Cosac & Naify, a antologia "Lero Lero", sua obra poética reunida, incluindo sete livros seus e ainda parte de um material que estava inédito entre poemas e desenhos. O livro fez parte da coleção "Às De Colete" e foi lançado na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. Ainda em 2002, os jornalistas Renato Fagundes e Paulo Mussoi produziram o filme de animação digital "Cidadelas", baseado em poemas sobre Canudos ('Auto de Canudos') deixados pelo poeta e nunca publicados, além de desenhos sobre o mesmo tema. A trilha sonora do curta-metragem foi composta por Igor Araújo, com base nos poemas de Cacaso.

Em novembro de 2004 foi relançado o livro "Na Corda Bamba", desta vez com ilustrações do cineasta e amigo José Joaquim Salles. As ilustrações eram para ser entregues para a primeira edição em 1978, mas só ficaram prontas 26 anos mais tarde. O convite para o que Joaquim Salles ilustrasse o livro foi feito no ano de 1975, quando Cacaso, em Paris, visitou o ex-colega de faculdade de Filosofia, que por esta época encontrava-se exilado na França. Como as ilustações não ficaram prontas a tempo, o livro foi publicado com ilustrações do filho Pedro Landim, então com 7 anos. Na reedição do "Na Corda Bamba" o ilustrador José Joaquim Salles contou com a colaboração do próprio filho, o designer gráfico Tomás. Sobre as novas ilustrações José Joaquim relatou:

"Se Cacaso fosse vivo, provavelmente usaria o computador para compor e divulgar sua poesia. Tenho certeza de que estaria ao meu lado fazendo um livro com esta nova ferramenta!"

Sua obra de letrista foi objeto de dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O poeta deixou mais de 20 cadernos, muitos deles em forma de diários, com poemas, fotos e ilustrações.

Em 1987, no dia 27 de dezembro, Cacaso partiu prematuramente. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida".

A. J. Renner

ANTÔNIO JACOB RENNER
(82 anos)
Empresário e Político

* Alto Feliz, RS (07/05/1884)
+ Porto Alegre, RS (27/12/1966)

Antônio Jacob Renner, mais conhecido como A. J. Renner, foi um empresário e político brasileiro e o fundador da Lojas Renner, uma das maiores redes varejistas gaúchas de vestuário. Foi um dos maiores empresários do Rio Grande do Sul.

Neto de imigrantes alemães, o materno foi capitão do Exército Imperial e voluntário na Guerra dos Farrapos, era filho de Jacob Renner e Clara Fetter. Quando tinha 2 anos seus pais se mudaram para Montenegro, RS, onde ele estudou em escola pública e nos estabelecimentos paroquiais particulares. Aos 12 anos já trabalhava nas oficinas da refinaria de banha paterna, aos 14 mudou-se para Porto Alegre, RS, onde, trabalhou inicialmente como aprendiz e depois como artífice, na Joalheria Foernges e aprendeu a dominar o ofício de ourives.

Em 1903, com 19 anos retornou para São Sebastião do Caí, RS, e, com o auxílio paterno, abriu uma ourivesaria. No ano seguinte casou-se com Mathilde Trein, uma das herdeiras da empresa Cristiano J. Trein & Cia., que dominava comércio de São Sebastião do Caí. Comércio este bastante intenso por causa do porto fluvial da cidade, que distribuía as mercadorias vindas de Porto Alegre e escoava a produção da colônia alemã, fazendo o transporte em lombo de burros por trilhas rudimentares.

Após o casamento, deixou o ofício de ourives e iniciou sua atividade empresarial, em 1847, com o sogro, Franz Trein, numa casa comercial na cidade de São Leopoldo, RS. Ingressou como sócio na empresa, com o trabalho de caixeiro-viajante.

A. J. Renner com a família, em Torres, RS.
Com a inauguração da estrada de ferro, o transporte animal tornou-se obsoleto, mas A. J. Renner já havia percebido as necessidades dos colonos em matéria de vestuário.

Em 1911 foi fundada no município de Caí uma empresa têxtil chamada Frederico Engel & Cia e o jovem A. J. Renner era um dos sócios da mesma. A empresa instalou-se inicialmente num galpão de madeira utilizado para pouso de tropeiros, e o capital investido foi pequeno para a época, 54 contos de réis. No primeiro ano não obteve bons resultados, consumindo o capital inicial e desanimando os investidores, A. J. Renner, tendo depositado ali suas esperanças e economias.

Como a empresa enfrentou problemas logo de início, A. J. Renner propôs seu nome para a direção na reunião dos acionistas que decidiria o futuro da tecelagem. Surgia assim, em 02/02/1912, a A. J. Renner & Cia., indústria fabril instalada no bairro Navegantes.

A. J. Renner conseguiu progresso rápido na sua fábrica porque criou um produto inédito e de grande utilidade: uma capa de chuva de qualidade muito superior às existentes no mercado. As chuvas que teve de enfrentar andando a cavalo, na época em que trabalhou como caixeiro viajante, o fizeram perceber a importância e a necessidade deste produto.

Anúncio das capas Renner
O grupo Renner atuava nos mais variados setores: indústria têxtil, de confecções, de tintas e vernizes, de feltro, curtume, de máquinas de costura, porcelanas e artefatos de cimento. Já em 1915, A. J. Renner implantou uma grande fábrica em Porto Alegre para atender aos numerosos pedidos do novo produto, capas de chuva das marcas Ideal, Oriental e Colonial. Além de produzir o tecido e confeccionar as capas, a empresa passou também a atuar no comércio, surgindo assim as Lojas Renner. As Lojas Renner tiveram seu primeiro ponto de venda inaugurado em 1922.

Os primeiros tempos foram de muitas dificuldades de cunho técnico, como fios importados de baixa qualidade e equipamentos rudimentares, e também financeiras, devido ao pouco capital disponível. Entretanto, a restrição de importações durante a primeira guerra mundial representou um grande aumento de vendas, tendo a fábrica, nesse período, passado a trabalhar em três turnos para atender a demanda.

Em 1920, sob o slogan "A boa roupa, ponto por ponto", a Renner fabricava trajes masculinos.
No final da década de 1920, a empresa era a maior indústria de fiação e tecelagem do Rio Grande do Sul, passando a produzir, além das capas de lã, trajes para homens. Seu eslogan era "Roupas Renner: A Boa Roupa Ponto Por Ponto".

A fabricação de ternos masculinos, até então, era praticamente monopolizada pelos alfaiates. Com a fabricação em escala industrial, a demanda por esse produto passou a ser prontamente atendida, além dos custos serem menores. Sua empresa ainda foi a responsável pela introdução da técnica da fiação penteada que permitia a produção de casemiras semelhantes, na qualidade, às casemiras inglesas.

Em 1933 iniciou a fiação e tecelagem do linho, estendendo a sua produção para todo o território nacional. Introduziu um sistema vertical de produção, único no país, que compreendia desde a produção do linho e da lã até a confecção e comercialização da roupa.


Envolveu-se com a organização dos sindicatos patronais, tendo sido presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul. Foi eleito, em eleição indireta, deputado estadual representante classista dos empregados, em 1935. Depois de conflitos políticos, desiludido renunciou ao cargo em 20/04/1937.

Também foi pioneiro na instituição de serviços para atender a seus funcionários e seus familiares: cooperativa de crédito, cooperativa de consumo, creche e atendimento à saúde.

Participou como capitalista na fundação de outras empresas, tais como as Tintas Renner, com 30%, junto a sua irmã Olga e seus sobrinhos. E com outros sócios em outras empresas, surgindo assim um verdadeiro império industrial e comercial, formado por Lojas RennerTintas Renner, fábrica de tecidos, porcelanas, feltros, calçados e máquinas de costura.

O Grêmio Esportivo Renner foi fundado em 1931 por funcionários da firma.
Financiou durante muitos anos o programa informativo "Repórter Renner" na Rádio Guaíba de Porto Alegre e o Grêmio Esportivo Renner. Foi também fundador do primeiro Rotary Club em Porto Alegre, do Clube Leopoldina Juvenil e do Porto Alegre Country Club, onde praticava golfe todas as semanas.

Em 1940, a empresa expandiu sua oferta de mercadorias e tornou-se uma loja de departamentos. Em 1965, foi constituída a companhia Lojas Renner S/A e, em 1967, ocorreu a sua abertura de capital.

Nas suas empresas, A. J. Renner praticava uma avançada política de relações com os funcionários. Por iniciativa própria, ele diminuiu a jornada de trabalho para oito horas diárias e deu aos seus funcionários várias outras vantagens que as leis da época não exigiam. Ele influiu sobre Lindolfo Collor, ministro do trabalho de Getúlio Vargas, para que este criasse a moderna legislação trabalhista que levou os funcionários das demais empresas brasileiras a gozar dos mesmos direitos que os funcionários do Grupo Renner já usufruíam.

O grande líder empresarial morreu em Porto Alegre, no dia 27/12/1966, aos 82 anos, e a empresa continuo sob o controle da família Renner

A. J. Renner foi pai de 6 filhos e avô de 14 netos, os quais continuaram a sua obra em empreendimentos nas mais diversas áreas da economia.

Lojas Renner

Até meados da década de 90, a Renner era um magazine que vendia de tudo.  Após uma profunda reestruturação, a Renner transformou-se em uma loja de departamentos especializada em moda, focada principalmente no público feminino. Com essa guinada, ficou mais próxima de seus principais concorrentes: Riachuelo e C&A. Mas, enquanto a C&A se especializou em moda jovem, os produtos da Riachuelo eram pensados para donas de casa e mães de família, o foco da Renner foi a mulher moderna que trabalha.

A partir de 1994, teve início um plano de expansão que foi conquistando vários estados do Brasil. Plenamente reestruturada, a Renner expandiu suas operações para os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e para o Distrito Federal, consolidando sua posição nesses mercados como uma loja de departamentos com mercadorias de qualidade a preços competitivos.

O ano de 1997 marcou a entrada das Lojas Renner no estado de São Paulo com a aquisição das tradicionais e famosas Lojas Mappin e Mesbla. Em 1991, a companhia contava com oito lojas e, até novembro de 1998, já havia inaugurado 13 novas lojas.

Em dezembro de 1998, a J. C. Penney Brazil Inc., subsidiária de uma das maiores redes de lojas de departamentos dos Estados Unidos, adquiriu o controle acionário da companhia, até então detido pela família Renner, bem como outras ações detidas por acionistas minoritários, data em que já tinha 21 lojas. Como subsidiária do grupo J. C. Penney Brazil Inc. a Renner obteve alguns benefícios operacionais, tais como o acesso a fornecedores internacionais, especialistas na escolha de pontos comerciais, bem como a procedimentos e controles internos diferenciados.

Em 1999, as Lojas Renner expandiram-se para o Rio de Janeiro, inaugurando quatro lojas na capital, uma em Niterói e uma em Volta Redonda. Foram inauguradas lojas também em Belo Horizonte e em Brasília. A expansão da Renner também envolveu a abertura de novas lojas nos Estados de Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a partir do ano 2000.


No ano de 2005, a J. C. Penney Brazil Inc. colocou à venda suas ações na bolsa de valores, deixando de ter o controle acionário da empresa. O mercado considerou a operação bem sucedida: 850 investidores compraram ações da Renner. Ninguém deteve o controle da empresa, os dez maiores acionistas foram fundos estrangeiros. Um fundo europeu deteve 7,7% de participação e o maior fundo brasileiro deteve 3% das ações.

Já em 2006, a Renner iniciou a segunda fase do plano de expansão e a rede passou a atuar nos estados de Pernambuco, Ceará e Bahia. Em 2007, entrou no mercado da Região Norte e ampliou sua presença no Nordeste. No ano passado, sua receita líquida em vendas foi de R$ 1,75 bilhões, a qual, comparada com os R$ 133,4 milhões obtidos em 1995, representa um crescimento de aproximadamente 1.200%.

O Conselho de Administração da Renner, presidido por Francisco Gros e integrado por José Galló, que está à frente da companhia desde a década de 90, conta com a participação da consultora de moda Glória Kalil, bem como Egon Handel, José Luiz Osório de Almeida Filho e Miguel Krigsner, presidente de O Boticário.

A Renner vem se diferenciando no segmento de varejo de moda por investir no conceito de lifestyle que veste homens, mulheres, adolescentes e crianças de acordo com o estilo de vida de cada um. O conceito levou à criação de marcas próprias como as Just Be, Blue Steel, Rip Coast, Get Over, Request, entre outras. Com isso, a rede vem conquistando a fidelidade dos seus novos clientes e reforçando a dos antigos. Atualizada com as tendências de mercado e preparada para oferecer o melhor da moda e dos estilos aos seus clientes, a Renner é hoje a terceira maior rede de varejo especializada em roupas no país, com mais de 101 lojas espalhadas pelos quatro cantos do Brasil.

Alfredo Balena

ALFREDO BALENA
(68 anos)
Médico, Farmacêutico e Humanista

* Nápoles, Itália (17/11/1881)
+ Belo Horizonte, MG (23/12/1949)

Alfredo Balena foi farmacêutico, médico e humanista ítalo-brasileiro. Foi um dos mais importantes fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Com a idade de 2 anos ele foi para Ouro Preto, MG, onde passou sua meninice e juventude. Alí estudou as primeiras letras e ensaiou os primeiros passos. Seu ideal era a Medicina. Porém, como frisa o professor Oscar Versiani, não pôde logo estudar em vista da febre amarela que assolava o Rio de Janeiro. Em Ouro Preto mesmo, estudou Farmácia, diplomando-se em 1901.

Amainado o perigo da febre amarela no Rio de Janeiro, foi fazer seu curso médico, tendo-o terminado em 08/05/1907, quando defendeu, de modo brilhante, a tese: "Preservação da Infância contra a Tuberculose".

Em 1908 abriu seu consultório em Belo Horizonte, onde clinicou até a morte.

Alfredo Balena foi médico chefe de serviço da Enfermaria Veiga de Clínica Médica de Mulheres da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte por mais de 40 anos, entre 1908 e 1949. Nesse período, foi também membro do Conselho Médico Consultivo da direção médica da Santa Casa.

Fotografia, sem data precisa, da antiga sede da Faculdade de Medicina, inaugurada em 1914 na Avenida Mantiqueira, atual Avenida Alfredo Balena
Foi fundador, juntamente com outros 11 médicos, da atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais em 1911, àquela época denominada simplesmente de Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Foi importante integrante da comissão dos trabalhos para a criação da Universidade de Minas Gerais (UMG), atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), criada em 07/09/1927. Foi diretor da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte por quase 20 anos, 1927-1933 e 1935-1949, com interrupção forçada de dois anos, de março de 1933 a junho de 1935, pois foi obrigado a deixar o cargo, italiano que era de origem, sob a alegação de não ser permitido o exercício de cargos de direção pública a não-brasileiros natos. Nesse período, assumiu a direção o seu vice-diretor, professor Antônio Aleixo, de março de 1933 a maio de 1934, catedrático de Dermatologia e Sifilografia.

Ao ser restabelecida a autonomia da Universidade de Minas Gerais, que fora cassada por Getúlio Vargas, assumiu a direção o professor Olinto Meireles, de maio de 1934 a junho de 1935, catedrático de Farmacologia.

Em 1935, com a nova lei que estabelecia normas para a eleição de diretores e cancelava a exigência anterior que qualquer dirigente fosse brasileiro nato, Olinto Meireles considera terminado o seu mandato.

Com a eleição e recondução de Alfredo BalenaOlinto Meireles é escolhido vice-diretor. Foram ainda vice-diretores de Alfredo Balena, em mandatos seguintes, os professores João de Melo Teixeira e Luís Adelmo Lodi.

Em 1946 foi aprovado o plano de obras de construção do novo hospital, o Hospital São Vicente de Paulo, anexo à Faculdade de Medicina, hospital-escola para os estudantes de medicina, hoje chamado Hospital das Clínicas de Belo Horizonte.

Durante o mandato de Alfredo Balena ocorreu a federalização da Universidade, cujo empenho na comissão dos trabalhos para a federalização da Faculdade de Medicina, ocorrida em 1949, foi de extrema importância.

Calçamento da Avenida Professor Alfredo Balena em Belo Horizonte, MG
Alfredo Balena presidiu a Associação Medico-Cirúrgica de Minas Gerais em 1916, de 1921 a 1927 e 1935, e o Sindicato Médico de Minas Gerais. Foi membro do Instituto Histórico de Ouro Preto, membro honorário da Academia Paulista de Medicina, membro honorário da Academia de Ciências Psicoquímicas de Palermo, na Sicília, membro correspondente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, membro correspondente da Sociedade de Neuriatria e Psychiatria do Rio de Janeiro. Participou do Conselho Científico da Revista Médica de Minas na área de Clínica Médica, sob a direção científica do professor Lopes Rodrigues catedrático de Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina de Minas Gerais e docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. É o patrono da cadeira nº 57, Medicina Interna - Clínica Médica, da Academia Mineira de Medicina.

Na Faculdade de Medicina, foi professor de Fisiologia, Patologia Geral, Propedêutica Médica, Neurologia, Psiquiatria e catedrático de Clínica Médica. Era participante da comissão de redação da Revista Annaes da Faculdade de Medicina da UMG, colaborador efetivo da Revista Mineira de Medicina, órgão oficial da Associação Médico Cirúrgica de Minas Gerais, da Associação Mineira dos Farmacêuticos e da Sociedade Mineira de Odontologia.

Em 1944, convidou seu amigo e compatriota Luigi Bogliolo, residente àquela época no Rio de Janeiro, onde era professor catedrático de Clínica Médica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na época simplesmente Universidade do Brasil, para se tornar professor catedrático de Anatomia e Fisiologia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pouco mais de um ano após a chegada de Luigi Bogliolo a Belo Horizonte, terminava a Segunda Guerra Mundial.

O espírito liberal e conciliador de Alfredo Balena poderia ser demonstrado pela citação de diversos episódios, um deles envolvendo o então diretor da Faculdade de Medicina e o então estudante Hélio Pellegrino, formado em 1947. Em seu livro "A Burrice do Demônio", publicado logo após sua morte, o escritor, poeta e psicanalista Hélio Pellegrino cita a seguinte passagem:

"Outro dia, remexendo velhos papéis, encontrei cópia de uma carta por mim endereçada ao professor Alfredo Balena, na época diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. O documento traz a data de 7 de maio de 1946 e se destina a solicitar, do mestre venerado, ajuda da Escola para a publicação do jornal Geração, órgão da União Estadual dos Estudantes. Tinha eu, naquele tempo, 22 anos e - conforme convém à juventude - nutrida prosápia. Como redator-chefe do jornal, avisava ao professor Balena, 'por dever de lealdade', que as subvenções 'seriam levadas em conta de compreensão e estímulo aos ideais da mocidade, sem que nelas se configurasse qualquer espécie de compromisso'. Além do mais, era dito, na carta, com todas as letras, que o quinzenário da União Estudantil dos Estudantes teria 'nítida tendência socialista', dispondo-se a dizer a verdade duramente, 'na certeza de ser esta a única forma de fidelidade aos interesses do povo e da classe estudantil'.
Veio a subvenção, veio o primeiro número do jornal, com suas duras verdades. Na página de rosto, Wilson Figueiredo, hoje jornalista ilustre, me estrevista a propósito da vida, do amor, da morte - e da política. Tenho guardado esse número inaugural de Geração, salvo por acaso dos roazes ácidos do tempo."

Alfredo Balena faleceu em 23/12/1949, dias após do decreto que federalizava a Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UMG), outro velho sonho seu, para cuja concretização lutou obstinadamente. Morreu após quatro anos de terrível sofrimento, durante os quais conviveu estoicamente com repetidas crises de angor pectoris.

Pela grande proximidade e envolvimento com os alunos da Faculdade, foi conferido, após seu falecimento, ao órgão de representação dos alunos o nome de Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Entre outras homenagens em reconhecimento aos serviços prestados à terra adotiva, seu nome foi dado à antiga Avenida Mantiqueira, hoje Avenida Alfredo Balena, onde situa, ainda hoje, a Faculdade que ajudou a criar e que tanto amou.

Obras

  • "Álbum Médico de Bello Horizonte - História da Santa Casa de Misericórdia de Bello Horizonte", 1912, constante na Biblioteca Pública Luís de Bessa de Belo Horizonte.
  • "Anatomia Patológica", oferta do Diretório Acadêmico Alfredo Balena - DAAB à Biblioteca J. Baeta Vianna, em 24 de março de 1969 - diretoria 68/69.
  • Oscar Caldeira Versiani reuniu seus trabalhos em três volumes intitulados "Obras do Professor Alfredo Balena", constantes da Biblioteca J. Baeta Vianna da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
  • Biblioteca de livros de Medicina e Biblioteca de livros de Literatura, doados à Faculdade de Medicina, como consta do seu inventário.

Trabalhos Científicos

  • Tese de doutoramento sobre "Preservação da Infância Contra a Tuberculose", aprovada com distinção, apresentada na conclusão do Curso de Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro da Universidade do Brasil - 1907.
  • "Diagnóstico Precoce da Tuberculose Pulmonar", Memória apresentada no VI Congresso de Medicina e Cirurgia - 1911.
  • "Bradicardias Gripais", Memória apresentada ao VIII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia - 1918.
  • "Syndrome de Adams-Stokes Post Grippaes" em Archivos Brasileiros de Medicina - 1919.
  • "Tratamento da Choréa de Sydenham Pelas Injecções Intra-racheanas de Electrargol", Memória apresentada no I Congresso Brasileiro da Criança - 1922.
  • "Epilepsia Endócrina" em Jornal dos Clínicos - 1926.
  • "Novo Processo Terapêutico da Coréia de Sydenham" - Leuzinger - 1926 - Rio de Janeiro.
  • "Superioridade Intellectual e Desequilibrios Endócrinos", Brasil Médico - 1927.
  • "Desordens do Rithmo Cardíaco na Ancylostomiose", Memória apresentada no X Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia - 1929.
  • "Desordens Reflexas do Ritmo Cardíaco na Uncinariose" - 1929.
  • "Derrames Pleurais nos Cardíacos" - 1930.
  • "Giardiose Biliar", Brasil Médico - 1934.
  • "Estudo Clínico da Giardiose Humana" - Memória apresentada no VI Congresso Médico Pan-Americano - 1935.
  • "Esplenomegalia Esquisotossomótica" - 1935.
  • "Insuficiência Cardíaca Incipiente" - 1935.
  • "A Giardiose e Sua Terapêutica" - 1938 e 1939.
  • "Vitamina A e a Resistência a Tuberculose Pulmonar" - 1940.
  • "Da Síndrome Gastro-Cardíaca de Roemheld" - 1946.
  • Diversas lições clínicas publicadas em várias revistas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.


Fonte: Wikipédia

Luiz Bandeira

LUIZ BANDEIRA
(74 anos)
Cantor, Compositor, Instrumentista, Produtor Fonográfico e Rádio-Ator

* Recife, PE (25/12/1923)
+ Recife, PE (22/02/1998)

Luiz Bandeira foi um cantor, compositor, violonista e produtor fonográfico pernambucano, nasceu em 25/12/1923, no Recife, PE. Passou parte de sua infância em Maceió, AL, onde participou de grupos de repentistas nas freiras locais.

Iniciou sua carreira artística no programa de Abílio de Castro, "Valores Desconhecidos", na Rádio Clube de Pernambuco em 1939, ingressando logo depois para o cast profissional daquela emissora, incentivado pelo maestro Nelson Ferreira, então diretor-artístico da emissora, e pelos compositores Capiba e Carnera.

Naquela rádio foi violonista, radioator, cantor e compositor, inclusive fazendo também frevos para propaganda, além de integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, formado por Inaldo Vilarim, Ernani Reis, José Rabelo, Madeirinha e Djalma Torres.

Em 1942 ingressou como cantor para a Orquestra de Nelson Ferreira, apresentando-se no carnaval e nas festas dos clubes sociais do Recife. Em 1948 transferiu-se para o Rádio Jornal do Commercio, onde foi arranjador do conjunto vocal As Três Marias, (Maria Thereza, Maria do Amparo e Maria Luiz Oliveira), de grande sucesso na época, trabalhando ainda como cantor e corretor de publicidade.


Em 1950 fixou residência no Rio de Janeiro, levado por Caribé Rocha, onde estreou no Copacabana Palace, passando a cantar com o conjunto de Moacir Silva. Em 1955 compôs "Na Cadência Do Samba", também conhecida como "Que Bonito É", que foi por muitos anos executada como tema de jogos de futebol exibidos por um  jornal de cinema, o famoso "Canal 100", e dois anos depois "O Apito No Samba", que veio a receber posteriormente letra de Luís Antônio.

Para o carnaval de 1956 fez sucesso com "Madeira De Lei", samba em parceria com Renato Araújo, gravado por Heleninha Costa. Para o ano seguinte, já com saudade de sua terra, estourou nas paradas com "Recado à Olinda".

Para o Carnaval do Recife compôs, em 1957, "É De Fazer Chorar", gravado por Carmélia Alves em 1957 (Copacabana nº 5699, Matriz 1725), que tinha na outra face o frevo instrumental, "Carabina", também de autoria do próprio Luiz Bandeira.

A distância do Recife foi sempre uma preocupação constante, como pôde expressar nos seus frevos que se transformaram em verdadeiros cartões postais da sua cidade como é o caso de "Voltei Recife", frevo canção de 1959, seguindo-se de "Novamente" em 1967.


Em 1979 foi vencedor do primeiro Frevança - Encontro Nacional do Frevo, com o frevo-canção "Linha De Frente", gravado por Claudionor Germano (Cactus LP 9999), figurando no mesmo ano no disco "O Bom Do Carnaval" (CID 4077), com os frevos "Recife Meu Amor" e "Linha De Frente".

Voltando a residir no Recife, a partir de 1984, colocou no ano seguinte, melodia na letra do então governador Gustavo Krause, "Fogo Do Galo", frevo canção de grande sucesso em homenagem ao Clube de Máscaras Galo da Madrugada. No mesmo ano, em 09/12, fez um recital no Teatro Valdemar de Oliveira, dentro do programa "Encontro Às Segundas", onde acompanhado pelo maestro Edson Rodrigues, apresentou toda sua obra de compositor até aquela data.

Em 1985 voltou a ser o vencedor na categoria de melhor interprete e de melhor frevo canção, no 7º Frevança - Encontro Nacional do Frevo e do Maracatu, com o frevo de sua autoria, "Dina", interpretado por ele mesmo.

No Recife procurou resgatar sua obra com a publicação dos discos, "Voltei Recife" (Polydisc 512.404.117), em 1985, e "Como Sempre Fui - 50 Anos De Vida Artística" (Intuição 804.405), em 1991.

Em 1998, foi homenageado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), com o CD "Luiz Bandeira - Sua Música e Seus Amigos" (Seleto 199.003.058), uma produção musical de Edson Rodrigues, responsável por todos os arranjos, na qual estão gravadas as composições suas.

Além de músicas carnavalescas, também é autor de sucessos gravados por Luiz Gonzaga"Onde Tu Tá, Neném", por Clara Nunes"Viola De Penedo", e muitos outros nomes da música popular brasileira.

Fonte: O Nordeste
Indicação: Miguel Sampaio

Frei Galvão

ANTÔNIO DE SANT'ANA GALVÃO
(83 anos)
Frade

* Guaratinguetá, SP (1739)
+ São Paulo, SP (23/12/1822)

Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, ou São Frei Galvão, foi um frade brasileiro. Não se sabe ao certo o dia do seu nascimento e local exato de batismo, supõe-se que tenha sido batizado na Matriz de Santo Antonio em Guaratinguetá, SP, mas os registros de batismo da igreja deste período estão desaparecidos. Têm-se atribuído 10 de maio como data de seu nascimento, mas sem nenhuma comprovação documental.

Uma das figuras religiosas mais conhecidas do Brasil, famoso por seus poderes de cura. Frei Galvão foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 11/05/2007, tornando-se o primeiro santo nascido no Brasil.

A postuladora junto à Santa Sé que obteve o título de santo para Frei Galvão foi a irmã Célia Cadorin, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Nesse trabalho teve grande apoio do cardeal arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns. Ela também foi postuladora no processo da Santa Madre Paulina, nascida em Trento, na Ítalia, e vindo a desenvolver seu trabalho no Brasil.

Biografia

Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739 na freguesia de Santo Antônio de Guaratinguetá, na capitania de São Paulo. Era o quarto de dez ou onze filhos, de uma família profundamente religiosa de elevado status social e político.

Seu pai, o português Antônio Galvão de França, era o capitão-mor da vila. Natural de Faro, Portugal, e ativo no mundo do comércio, Antônio Galvão de França pertencia à Ordem Terceira de São Francisco e era conhecido por sua generosidade. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros e membro da família do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, conhecido como o "Caçador de Esmeraldas". Ela morreu prematuramente em 1755, aos 38 anos. Também conhecida por sua generosidade, Isabel Leite de Barros teria doado todas suas roupas aos pobres à época de sua morte.

Galvão passou toda sua infância na casa que se situava na esquina da Rua do Hospital com a Rua do Teatro, atualmente Ruas Frei Galvão e Frei Lucas, respectivamente. O local foi demolido e recentemente reconstruído.

Aos 13 anos, Galvão foi enviado pelos pais ao seminário jesuíta Colégio de Belém, localizado em Cachoeira, na Bahia, com a finalidade de estudar ciências humanas. Seu irmão José já se encontrava no local. No Colégio de Belém, que freqüentou de 1752 a 1756, Galvão fez grandes progressos nos estudos sociais e na prática cristã. Ele aspirava se tornar um padre jesuíta, mas a perseguição anti-jesuíta liderada por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, fez com que ele se mudasse para um convento franciscano em Taubaté, seguindo o conselho do pai.

Aos 21 anos, em 15/04/1760, Galvão desistiu do futuro promissor, visto a influência de sua família na sociedade, e se tornou um noviço no Convento de São Boaventura de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro. Lá, ele adotou o nome religioso de Antônio de Sant'Ana Galvão em homenagem à devoção de sua família a Santa Ana.

Durante o noviciado, Galvão se tornou conhecido por sua piedade, zelo e virtudes exemplares. Galvão fez sua profissão solene em 16/04/1761, assumindo o voto de defender o título de Imaculada da Virgem Maria, ainda considerada uma doutrina polêmica à época.

Em 11/07/1762, Galvão foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco na cidade de São Paulo, onde continuou seus estudos em teologia e filosofia. Durante a jornada do Rio de Janeiro para São Paulo, fez uma breve parada em Guaratinguetá para celebrar sua primeira missa, realizada na Matriz de Santo Antônio, onde ele havia sido batizado.

Em 1768, ele foi nomeado confessor, pregador e porteiro do convento, considerado um cargo importante naquela época. Se destacou de tal forma que a Câmara Municipal lhe considerou o "Novo Esplendor do Convento".

Em 1770, foi convidado para fazer parte da Academia Paulista de Letras, chamada de "Academia dos Felizes". Na segunda sessão literária, realizada em março de 1770, Galvão declamou com sucesso, em latim, dezesseis peças de sua autoria, todas dedicadas a Santa Ana. Declamou também dois hinos, uma ode, um ritmo e doze epigramas. Suas composições são bem metrificadas e dotadas de profundo sentimento religioso e patriótico.

De 1769 a 1770, atuou como confessor no Recolhimento de Santa Teresa, casa que abrigava devotas de Teresa de Ávila na cidade de São Paulo. Lá, ele conheceu a irmã Helena Maria do Espírito Santo, uma freira penitente que afirmava ter visões onde Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento. Galvão, o confessor dela, estudou essas mensagens e se consultou com os outros religiosos, que as reconheceram como válidas e sobrenaturais.

Galvão ajudou a criar o novo Recolhimento, chamado Nossa Senhora da Luz, que foi fundado em 02/02/1774, na mesma cidade. Era baseado na Ordem da Imaculada Conceição, e se tornou um lar para meninas que desejavam viver uma vida religiosa sem fazer votos. Com a morte repentina da irmã Helena em 23/02/1775, Galvão se tornou o novo diretor do instituto, atuando como novo líder espiritual das irmãs.

Naquela época, uma mudança no governo da província de São Paulo trouxe um líder que ordenou o fechamento do convento. Galvão aceitou a decisão, mas as freiras se recusaram a abandonar o local e, devido à pressão popular e aos esforços do bispo, o convento foi logo reaberto.

Posteriormente, com o crescente número de novas irmãs, a construção de mais espaço de convivência se tornou necessária. Galvão demorou 28 anos para construir um novo convento e uma igreja, sendo esta última inaugurada em 15/08/1802. Além das obras de construção e dos deveres dentro e fora de sua Ordem, Galvão se comprometeu também com a formação das irmãs. Os estatutos que ele escreveu para elas eram um guia para a vida interior e para a disciplina religiosa.

Quando as coisas pareciam estar mais calmas, uma outra intervenção do governo trouxe uma nova provação para Galvão. O capitão-mor sentenciou um soldado à morte por ter ofendido a seu filho levemente, e o sacerdote foi obrigado a se exilar por ter defendido o soldado. Mais uma vez, a pressão popular conseguiu revogar a ordem contra o padre.

Em 1781, Galvão foi nomeado mestre dos noviços em Macacu. Entretanto, as irmãs e o bispo de São Paulo, Manuel da Ressurreição, recorreram ao superior provincial, escrevendo-lhe que "nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento". Como resultado, ele foi mandado de volta para São Paulo. Mais tarde, em 1798, Galvão foi nomeado Guardião do Convento de São Francisco, sendo reeleito em 1801.

Em 1808, Galvão teria instituído a devoção a Nossa Senhora das Brotas, em Piraí do Sul, durante viagem missionária ao Paraná. Galvão, ao chegar às margens do Rio Piraí, teria decidido passar alguns dias no povoado, se hospedando na casa de Ana Rosa Maria da Conceição. Antes de ir embora, deixou de presente a ela uma estampa de Nossa Senhora das Barracas. Ana Rosa colocou a lembrança numa moldura de madeira e fazia suas orações diante da imagem. Ficou viúva, se casou de novo e se mudou de endereço. Durante a mudança, a estampa se perdeu. Algum tempo depois, passando por uma região onde havia ocorrido um incêndio, ela encontrou o quadro entre as cinzas e os brotos da vegetação. A moldura havia se queimado, mas a imagem estava apenas chamuscada. O fato foi interpretado como um milagre e a notícia se espalhou pelo povoado. Como o povo já não se lembrava do nome original da imagem, rebatizaram-na de Nossa Senhora das Brotas e erigiram uma capela em sua homenagem.

Morte

Em 1811, fundou o Convento de Santa Clara em Sorocaba, SP. Onze meses depois, retornou ao Convento de São Francisco, na cidade de São Paulo. Em sua velhice, obteve permissão do Bispo Mateus de Abreu Pereira e de seu tutor para ficar no Recolhimento que ajudara a criar. Veio a falecer naquele local em 23/12/1822. Galvão foi sepultado na igreja do Recolhimento, sendo o seu túmulo até hoje um destino de peregrinação de fiéis que teriam obtido favores devido a sua intercessão.

Na época de seu enterro, sua fama de santo já havia se espalhado por todo Brasil, sendo que os frequentadores de seu velório, desejosos em guardar uma relíquia sua, foram cortando pedaços de seu hábito, que ficou reduzido até a altura dos joelhos de Galvão. Como ele possuía somente aquele hábito, foi sepultado com o de outro frade, que ficou igualmente curto.

A primeira lápide do túmulo de Galvão teria tido o mesmo destino de sua batina, sendo pouco a pouco levada pelos devotos. As pedras da lápide eram colocadas em copos com água para tratar os enfermos.

Em 1929, o Convento de Nossa Senhora da Luz tornou-se um mosteiro, sendo incorporado à Ordem da Imaculada Conceição. A edificação, atualmente chamada de Mosteiro da Luz, foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). No local também está localizado o Museu de Arte Sacra de São Paulo, que abriga um dos mais representativos acervos do patrimônio sacro brasileiro, originalmente reunido por Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo.

Misticismo

Frei Galvão era um homem de muita e intensa oração, sendo alguns fenômenos místicos atribuídos a ele, como telepatia, premonição e levitação. Casos de bilocação também foram famosos durante sua vida. Segundo relatos ele se fazia presente em dois lugares diferentes ao mesmo tempo para cuidar de enfermos ou moribundos que clamavam por sua ajuda.

Também era procurado pelo seu alegado poder de curar doenças numa época em que os recursos médicos eram escassos. Numa dessas ocasiões, escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora ("Após o parto, permaneceste virgem: Ó Mãe de Deus, intercedei por nós"). Em seguida, enrolou o papel no formato de uma pílula e deu-o a uma jovem cujas fortes cólicas renais estavam colocando sua vida em risco. Depois que ela tomou a pílula a dor cessou imediatamente e ela expeliu uma grande quantidade de cálculo renal. Em outra ocasião, um homem pediu a Galvão que ajudasse sua esposa, que estava passando por um parto difícil. Galvão fez com que ela tomasse a pílula de papel, e a criança nasceu rapidamente, sem maiores complicações. A história das pílulas se espalhou rapidamente e Galvão teve que ensinar às irmãs do Recolhimento como fabricá-las, o que elas fazem até os dias de hoje. Elas são distribuídas gratuitamente para cerca de 300 fiéis diariamente.

Em 25/10/1998, Galvão se tornou o primeiro religioso nascido no Brasil a ser beatificado pelo Vaticano, tendo sido declarado Venerável um ano antes, em 08/03/1997.

Em 11/05/2007, durante a visita de cinco dias do Papa Bento XVI ao Brasil, se tornou a primeira pessoa nascida no Brasil a ser canonizada pela Igreja Católica. A cerimônia de mais de duas horas, realizada ao ar livre no Aeroporto Militar Campo de Marte, perto do centro de São Paulo, reuniu cerca de 800 mil pessoas, segundo estimativas oficiais. Galvão foi o primeiro santo que o Papa Bento XVI canonizou numa cerimônia realizada fora da Cidade do Vaticano. Sua elevação ao status de santo veio depois que a Igreja concluiu que ele havia realizado pelo menos dois milagres.

De acordo com a Igreja, as histórias de Sandra Grossi de Almeida e Daniella Cristina da Silva são evidências da intercessão divina de Galvão. Após tomar uma das pílulas de papel em 1999, Sandra Grossi de Almeida, que possui uma malformação uterina que deveria impossibilitar que ela carregasse um feto no útero por mais de quatro meses, deu à luz a Enzo. As pílulas de Galvão, de acordo com a Igreja, também seriam responsáveis pela cura, em 1990, de Daniella Cristina da Silva, uma menina de 4 anos de idade que sofria de hepatite considerada incurável pelos médicos.

Apesar da popularidade das pílulas entre os católicos brasileiros, médicos e até mesmo alguns membros do clero consideram-nas como meros placebos. A orientação da Igreja é que somente pacientes em estado terminal devam tomá-las.

Fonte: Wikipédia