Eva Nil

EVA COMELLO
(80 anos)
Atriz

* Cairo, Egito (25/06/1909)
+ Cataguases, MG (15/08/1990)

Eva Nil nasceu com o nome de Eva Comello, filha do italiano Pedro Comello e irmã de da atriz Ben Nil, veio para o Brasil em 1914, na companhia do pai, que fugia da Primeira Guerra Mundial. Foi uma das atrizes preferidas do cineasta Humberto Mauro durante o ciclo do cinema em Cataguases.

Desde a época muda que o cinema nacional vem construindo mitos. E com certeza, Eva Nil é uma das maiores musas dessa fase do cinema brasileiro. Belíssima, a atriz foi uma das estrelas do ciclo do cinema em Cataguases, pequena cidade mineira e importante pólo de cinema na década de 20, cujo astro maior é o genial cineasta Humberto Mauro.

Eva Nil nasceu no Cairo, Egito, mas veio com seus pais com apenas cinco anos de idade para o Brasil e foram residir em Cataguases. Filha do diretor e fotógrafo Pedro Comello, é nessa cidade que a atriz se ingressa no cinema em Valadião, o Cratera, curta realizado pelo pai e por seu sócio, Humberto Mauro, em 1925. No ano seguinte estrela seu primeiro longa-metragem, o clássico Na Primavera da Vida, dirigido por Humberto Mauro.

Participou dos longa-metragens Valadião, o Cratera (1925) de Humberto Mauro, Na Primavera da Vida (1926), direção de Humberto Mauro, Senhorita Agora Mesmo (1928), direção de Pedro Comello e Barro Humano (1929), direção de Adhemar Gonzaga, hoje em dia perdidos, restando apenas fotografias.

Eva Nil foi uma presença marcante e inesquecível no cinema nacional, mesmo atuando em poucos filmes. Estrela amada da revista Cinearte, do jornalista e diretor Adhemar Gonzaga, que ajudou a eterniza-la, foi musa primeira da Phebo Sul América Film, em Cataguases, e depois da Cinédia, no Rio de Janeiro.

Após desentendimentos com Humberto Mauro, realiza seu último trabalho nas telas em Barro Humano, a obra-prima de Adhemar Gonzaga, realizada no Rio de Janeiro em 1928.

De personalidade forte, Eva Nil resolveu abandonar a carreira em 1929, segundo ela por não concordar com o amadorismo do cinema no Brasil. Passou a cuidar do estúdio fotográfico do seu pai, em Cataguases.

Fez poucos filmes mas se transformou na musa do cinema mudo brasileiro. Morreu aos 80 anos e solteira, em Cataguases. Para muitos ela foi a Greta Garbo tupiniquim.

General Zerbini

EURYALE DE JESUS ZERBINI
(74 anos)
Militar

* (1908)
+ (1982)

Foi um general-de-brigada do Exército, irmão do médico Euryclides de Jesus Zerbini. Foi casado com Therezinha Zerbini, uma das líderes do movimento pela anistia. Foi comandante em Caçapava, Quitaúna, e da Divisionária de Lorena.

No Golpe Militar de 1964, o general Zerbini, assumiu uma posição legalista. Enveredou pelo Vale do Paraíba rumo ao Rio de Janeiro. Pretendia confrontar as tropas favoráveis ao golpe dos generais Olympio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, que tinham partido de Minas Gerais também em direção ao Rio de Janeiro. Porém, na medida em que Zerbini foi caminhando, a adesão ao golpe por parte dos generais foi se multiplicando, de modo que Zerbini se encontrou isolado no meio do Vale do Paraíba e como resultado teve de entregar-se, não tinha mais como resistir. Foi preso e logo reformado.

A estrada SP-66 antiga Rio-São Paulo recebe em um dos seus trechos, o nome de Rodovia General Euryale de Jesus Zerbini. Guaratinguetá, sua terra natal, também lembrou o militar dando o seu nome a uma das ruas da cidade. Os municípios de São Paulo e Jacareí também homenagearam o general Zerbini.

Fonte:  Wikipédia

Dona Beja

ANNA JACINTHA DE SÃO JOSÉ
(73 anos)
Cortesã

*  Formiga, MG (1800)
+  Bagagem, MG (20/12/1873)

Filha de um cometa (assim eram chamados os caixeiros-viajantes), a menina Anna Jacintha de São José chegou a Araxá com os avós em 1805. À medida que se tornava moça, a beleza de Ana ia causando inveja nas outras mulheres. Durante toda a vida, Dona Beija, como ficou conhecida, irritou as mulheres e encantou os homens.

Ela tornou-se personagem histórica no Triângulo Mineiro. Suas peças podem ser vistas num museu em Araxá e sua história desperta a curiosidade na cidade de Estrela do Sul. O escritor Pedro Divino Rosa conta no livro Dona Beija, que a menina Ana nunca estudou mas “a falta das letras não diminuiu sua inteligência”.

Apaixonada pelo fazendeiro Manoel Fernando Sampaio, Anna Jacintha tornou-se sua noiva. O noivo lhe deu o apelido de Beija por compará-la à doçura e à beleza da flor “beijo”.

Em 1815, a bela jovem foi raptada pelo ouvidor do Rei, Joaquim Inácio Silveira da Motta, que ficou fascinado com sua beleza. Por dois anos, Beija viveu como amante do ouvidor na Vila do Paracatu do Príncipe.

Depois disso, ele retornou para Portugal e Ana Jacinta retornou a Araxá assim que recebeu a notícia que seu ex-amor Antônio havia casado com outra.

Ao retornar a Araxá, ela encontrou um ambiente hostil. A conservadora sociedade local não a via como vítima, mas como uma mulher sedutora de comportamento duvidoso. As mulheres da cidade, consideravam-na um grande risco para os valores éticos da época e sendo assim, tornou-se uma pessoa indesejada e marginalizada pela sociedade.

Para vingar-se de Antônio, por ele ter casado com outra, Anna Jacintha resolveu prostituir-se e tornar-se amante de todos os homens que estavam casados com as mulheres que a condenaram.

Pairam dúvidas de que esta seja uma foto de Dona Beja.
Ajudada por seus amigos, construiu uma magnífica casa de campo, com o intuito de ali instalar um luxuoso bordel, conhecido como a Chácara do Jatobá. Dona Beija, como passou a ser conhecida, deitava a cada noite com um homem diferente se este lhe pagasse bem, mas à condição de poder decidir com quem dormir.

Ela se tornou célebre, atraindo os homens das regiões mais remotas, para conhecer os seus encantos: esses a cobriram de dinheiro, jóias e pedras preciosas. A lenda conta a existência de uma “Fonte da Jumenta”, água miraculosa, que concedia juventude, saúde e beleza a Dona Beija e onde ela banhava-se todos os dias.Conta-se que Dona Beija jamais esqueceu Antônio. Uma noite, movido pela embriaguez, Antônio invadiu a Chácara do Jatobá e Dona Beija terminou por escolhê-lo, dormiu com ele, engravidou e deu luz a uma menina.

Dona Beija quem ordenou para que matassem Antônio, a fim de vingar-se da família dele que era contra o caso amoroso entre o seu filho e Dona Beija. Ela, por causa disso, foi à justiça, mas seria libertada com a ajuda dos seus fiéis amigos.

A primeira referência a Anna Jacintha em Araxá, data de 1819, no registro de batismo de sua filha natural Tereza Thomázia de Jesus, na Igreja Matriz de São Domingos. Esta filha foi, mais tarde, legitimada por Francisco José da Silva, através de uma escritura lavrada em Cartório no ano de 1831. Solteira, Anna Jacintha teve uma segunda filha, Joana de Deus de São José, que nasceu em 1838 e foi batizada no mesmo ano.

Levando-se em consideração sua condição de mulher solteira e mãe de duas filhas, fato incomum para os padrões morais então vigente, estamos falando do século XIX, tudo indica que Anna Jacintha de São José alcançou uma posição de destaque na sociedade local. Prova disto é o fato das filhas terem contraído matrimônio com pessoas influentes.

Tereza Thomázia de Jesus foi casada com Joaquim Ribeiro da Silva e teve 6 filhos: Theodora Fortunata da Silva, casada com Fortunato José da Silva Botelho, líder político em Araxá, Joaquim Ribeiro da Silva, Francisco Ribeiro da Silva, Saturnino Ribeiro, José Ribeiro da Silva e Antônio Ribeiro da Silva.

Joana de Deus de São José foi casada com Clementino Martins Borges e teve os seguintes filhos: Haideé, Mercedes, Ester, João, Clemente, Amaziles e “Nhonhô”.

Joana de Deus, filha de Dona Beja.
Garimpo em Estrela do Sul

Anna Jacintha de São José mudou-se para Bagagem durante a corrida em busca de diamantes, em meados do século 1853. Segundo Pedro Divino Rosa, um cortejo formado por carroças bem talhadas apareceu na subida do Córrego da Onça, povoado de Bagagem (hoje Estrela do Sul). “Uma mulher aparentando riqueza e muito bela comandava o comboio. Era Ana Jachinta de São José que chegava em terras bagageiras”.

Tendo lá iniciado, por ocasião da morte de sua neta Theodora Fortunata, um processo de reclamação de herança contra o marido da mesma, Fortunato José da Silva Botelho.

Desse período em diante constam, também, uma solicitação do ressarcimento do dinheiro por ela empregado na construção da ponte sobre o Rio Bagagem (1873), a escrava Paulina (1864), a cópia de seu testamento (1869) e a certidão do inventário realizado após sua morte ocorrida em 1873, em Bagagem, atual Estrela do Sul, Minas Gerais.

Referências a Dona Beja são encontradas também no inventário de sua filha Tereza Thomázia de Jesus e Joaquim Ribeiro da Silva Botelho (1852), no inventário da neta Theodora Fortunata da Silva Botelho (1857), em escritura particular de compra e venda de imóvel (Capoeira de Anna Jacintha de São José) e em outra escritura que cita a “Chácara da Beja”.

Ela passou a morar numa casa grande com uma senzala nos fundos onde ficavam os escravos. “Dona Beija também chegou a tocar garimpo e ganhou muito dinheiro com os diamantes que encontrou”, disse o escritor.

Pouco antes de morrer, dona Beija deixou-se fotografar. Doente, se pôs de pé, apoiada numa cadeira. Em 20 de dezembro de 1873, diz a lenda que, ela faleceu com tuberculose devido a intoxicação com metais utilizados no garimpo.

Ela foi enterrada em um caixão com adornos em zinco, cujo, suspeita-se ter sido encontrado em junho de 2011, durante escavações para construção de um chafariz, na cidade de Estrela do Sul, na praça da Igreja Matriz, onde havia o antigo cemitério da cidade.

A telenovela brasileira produzida pela Rede Manchete, "Dona Beija", foi inspirada em sua vida.

Esta seria a única foto de Dona Beja, tirada pouco antes de sua morte, em 1873 por infecção, aos 73 anos.
Roupas e Sapatos de Beija Podem Ser Vistos no Museu

O Museu Histórico de Araxá Dona Beija atrai turistas o ano inteiro em um casarão construído no início do século XIX, seguindo as características arquitetônicas do período colonial mineiro. Ao longo do tempo, esse casarão serviu de residência no andar superior e, no andar térreo, para um estabelecimento comercial. Foi criado por Assis Chateaubriand, em 1965, ano em que Araxá comemorou o seu centenário como cidade. Recebeu esse nome em homenagem ao personagem mitológico de Anna Jacintha de São José.

No início era um Museu de Arte e de História. Hoje retrata a história de Araxá, incluindo referências sobre os índios araxás, os colonizadores, os tropeiros e criadores de gado, a descoberta das águas, o universo doméstico e produtivo no século 19, o turismo e Dona Beija.

O acervo é formado por objetos arqueológicos, utensílios domésticos, móveis do século XIX, imagens sacras, telas de conhecidos artistas brasileiros e araxaenses, documentos históricos e figurinos. O museu dispõe de uma sala de exposição permanente, no andar térreo, batizada como “Lugar de Memória”. Neste espaço são lembrados vários cidadãos que fizeram a história da cidade por meio de referências pessoais e objetos que identificam suas atuações. Tem ainda uma sala de multimeios, uma cafeteria e uma loja de produtos artesanais. O prédio do museu é tombado como patrimônio histórico da cidade.

Museu Dona Beja
Rapto Levou o Triângulo a Ser Mineiro

Para o escritor Pedro Divino Rosa, o rapto da adolescente Anna Jacintha de São José acabou passando para a história como um dos motivos que levaram ao desmembramento do Sertão da Farinha Podre, hoje Triângulo Mineiro, da capitania de Goiás e a sua anexação ao território mineiro.

“O nome Farinha Podre foi batizado assim em referência aos sacos de farinha que os bandeirantes que desbravavam a região deixavam pendurados nos troncos das árvores”, disse o pesquisador. Segundo ele, quando voltavam ao lugar marcado o produto estava apodrecido.

Pedro Divino Rosa conta em seu livro “Dona Beija” que, em 1814, os moradores desta região fizeram um abaixo-assinado a Dom João VI pedindo que a região voltasse para Minas Gerais. Naquela ocasião, o ouvidor Joaquim Ignácio de Oliveira da Motta acabou apoiando os goianos contra o movimento do povo que queria ser mineiro. Seus opositores fizeram então um levantamento da vida do ouvidor e descobriram suas falcatruas, entre elas, a do rapto de uma menina virgem em Araxá.

“Por ter raptado a menor e mandado matar o avô de sua refém, o ouvidor foi denunciado ao governo de Goiás por seus inimigos políticos e corria o risco de perder o posto e ainda ser julgado por seus próprios adversários”, afirmou o escritor. Segundo ele, para escapar do julgamento, Joaquim Ignácio decidiu apressar a aspiração do povo na região e, em 1816, por um alvará real assinado por Dom João VI, o território conhecido como Sertão da Farinha Podre voltava em definitivo para a capitania mineira.

“Também não houve julgamento”, disse Pedro Divino Rosa. “Um tempo depois Joaquim Ignácio voltaria impune à corte e ainda com o título de benemérito da região. Posteriormente, retornou a Portugal, onde morreu com mais de 80 anos.”

Fonte: Wikipédia, Defender e Recanto da Lídia