Volta Seca

ANTÔNIO DOS SANTOS
(78 anos)
Cangaceiro, Cantor e Compositor

☼ Saco Torto, SE (13/03/1918)
┼ Pirapetinga, MG (02/02/1997)

Antônio dos Santos, conhecido como Volta Seca, foi um cangaceiro sergipano nascido em Saco Torto, no então município de Itabaiana Grande e atual município de Malhador, SE, no dia 13/03/1918. Filho de Manuel Antônio dos Santos e Arminda Maria dos Santos, era o sexto dos treze filhos do casal.

Volta Seca saiu pelo mundo devido aos maus tratos da madrasta, pessoa violenta que espancava constantemente os enteados. Percorreu sozinho, os sertões de Sergipe e Bahia, até encontrar Lampião em Goroso, no município de Bom Conselho. Era o mais jovem dos cangaceiros do bando, tendo-se juntado a ele ainda aos 11 anos de idade. E não era a primeira criança a ser aceita no bando: Beija-FlorDeus-te-GuieJosé Roque e Rouxinho. Essas crianças eram utilizadas na lavagem dos cavalos, no carregamento de água, na arrumação e assepsia de pousos e acampamentos, e foram muitas vezes usadas nos serviços de espionagem. Portanto, a sua passagem pelo cangaço foi rápida, não mais de 4 anos.

Misterioso, complexo e desconcertante, Antônio dos Santos, o Volta Seca, é uma das personalidades mais ricas do ciclo do Cangaço. Considerado o tenente de "mais destacada fama" de Lampião, mais importante ainda do que Corisco na opinião de historiadores como Ranulfo Prata. Matou pela primeira vez aos 10 anos, entrou para o cangaço aos 11 anos recrutado pelo Diabo Louro, compôs pérolas do cancioneiro popular como "Mulher Rendeira" e teve a compaixão de  Irmã Dulce.

Embora haja discordância entre alguns historiadores e relatos, Volta Seca deve ter entrado para o bando de Lampião por volta de 1928 e lá permaneceu por quatro anos, destacando-se pela coragem, valentia, e implacável postura de sentinela. Em entrevista ao jornalista Joel Silveira ele disse que logo que chegou ao bando apanhava quase que diariamente mas "depois endureci o cangote e o primeiro que me apareceu com ares de pai, recebi com a mão no rifle!".

Coragem Para Desafiar o Capitão

Volta Seca foi o único a desafiar o próprio chefe para uma briga. O episódio marcou o fim de sua vida no cangaço e foi relatado por ele ao, na época, já famoso jornalista Joel Silveira, em entrevista concedida em março de 1944 no presídio da Coreia em Salvador.

A contenda se deu em 1931 por causa de um socorro dado ao cangaceiro Bananeira, ferido em combate. Lampião era de opinião que o atraso colocaria o bando em risco junto a volante, mas Volta Seca insistiu em acudir o companheiro atingido por tiros. A insubordinação do rapazote enfureceu o capitão, que não viu outro jeito de assegurar sua autoridade no bando senão dar cabo do insolente. Mas Volta Seca não era apenas o preferido de Lampião, era querido também por Maria Bonita, a quem Virgulino lhe confiou a guarda por diversas vezes. Ao tomar conhecimento dos planos de LampiãoMaria Bonita tratou de avisar a seu segurança que o marido pretendia matá-lo no dia seguinte durante o almoço. Volta Seca fugiu na madrugada.

Em sua fuga acabou preso aos 14 anos, no final de fevereiro de 1932. Foi a julgamento dois anos depois sendo condenado a 145 anos de cadeia. A chegada de Volta Seca a Salvador causou comoção. Uma junta de cientistas, médicos e acadêmicos logo se adiantou para traçar o perfil antropológico e psicológico do bandido, segundo os cânones evolucionistas que ainda perduravam no país por via da influência da chamada Escola de Nina Rodrigues.

O grande médico e etnólogo alagoano, Arthur Ramos foi um dos que estudaram cuidadosamente o perfil de Volta Seca na prisão e emitiram diagnóstico. Segundo Arthur Ramos, a primeira impressão que se tem ao encontrar o bandido é de desapontamento. Não são encontradas nele nenhuma das características do criminoso nato, "nenhuma anomalia, nenhum estigma antropológico de degenerescência", a saber, "a cabeça disforme, os malares salientes, o olhar duro e mau, orelhas malformadas...".

"Antes cafuzo do que caboclo propriamente dito, Volta-Seca é o tipo do adolescente mal saído da época puberal. Dezesseis anos. De estatura um pouco abaixo do normal: 1,58 e 5. Franzino.
Atitude de humanidade. Fala arrastado, responde com precisão a questões que lhe propõem. A este exame preliminar, parece haver um certo grau de mitomania. Aumenta um pouco os relatos de crimes dos seus companheiros. Admiração incondicional pelo compadre Lampião, o que denota um certo grau de erostratismo criminal. Olhar móvel, desconfiado, intimidado com a presença de várias pessoas - oficiais da Força Pública - que o inquirem.
Esta vaidade criminal leva-o até a descrer no fracasso de Lampião, que julga invulnerável." 
(Relata Arthur Ramos) 


A mesma falta de sinais aparentes de psicopatia é encontrada no perfil psicológico. Arthur Ramos, no entanto, conclui que a criminalidade em Volta Seca é fruto de seu ambiente e não uma disposição intrínseca.

"Outro desapontamento. É o menino aparentemente ingênuo dos sertões. Crivado de perguntas, responde com humildade, fala arrastada, com precisão. Esta impressão de ingenuidade vai desaparecendo progressivamente, à medida que vamos mergulhando nos abismos desconhecidos da sua psique criminal... Isoladamente, é o caboclo humilde, o adolescente inofensivo que temos diante de nós. Socialmente, porém, é o membro temível de uma coletividade anormal. Em Volta Seca, o fator intrínseco da criminalidade cede de muito o passo aos fatores extrínsecos, mesológicos, que o caracterizam como um dos elementos mais perversos, mais criminosos, mais ferozes, do grupo de Lampião."
(Trechos retirados do capítulo "Os cabras de Lampião", do livro "Lampião" de Ranulfo Prata)

Tudo leva a crer que Volta Seca possuía um nível intelectual acima da média. Além do senso moral próprio e do talento como compositor, possuía também, apesar da pouca idade, um discernimento agudo da situação social e política do Nordeste que pode ser ilustrada por uma de suas declarações na prisão:

"O medo da prisão transforma o homem numa fera, é isto mesmo: os crimes dos 'macacos' foram iguais aos nossos. Mas nada aconteceu com eles, nem com os homens importantes e ricos do sertão, que nos ajudaram, nos davam armas, dinheiro e comida, continuam ricos e importantes."
(Volta Seca)

Segundo Zé Sereno, depois da prisão de Volta Seca, ninguém nunca mais acampou no Raso da Catarina, ou na Serra do Chico. Quando o cangaceiro foi preso, Lampião ordenou a divisão dos grupos, entregando o comando aos seus mais experimentados homens: Luís Pedro, Zé Baiano, Velho Cirilo, Jararaca Manuel Moreno. Cada um com seu grupo formado saiu do Raso da Catarina, para penetrar nas caatingas.


Ao tomar conhecimento da prisão de Volta SecaLampião soube que os irmãos Roxo, o haviam entregue à polícia e decidiu se vingar. Passou na casa dos irmãos e assassinou todos eles, exceto a mãe e um irmão que encontrava-se viajando. Incendiou a fazenda e destruiu plantações.

Volta Seca, por duas vezes fugiu da cadeia. A primeira foi concedida um "passeio experimental". Volta Seca saiu e não retornou, ficou perambulando pelas ruas de Salvador. A segunda vez fugiu em companhia de outro sentenciado e saiu pela porta principal sem ser percebido. Apesar de não ter sido capturado em combate, a polícia baiana ganharia notável publicidade com a prisão de Volta Seca, que ocorreu em virtude do cansaço (longa caminhada a pé pela mata durante vários dias), do companheiro de cárcere que ficou muito doente, ao ponto de querer desistir da jornada. Volta Seca não o abandonou, levou-o nos ombros até o primeiro povoado mais próximo, onde foi reconhecido pela população e denunciado a força pública, em seguida preso e recambiado a Salvador.

A notícia de sua fuga, do famigerado bandoleiro, deixou a população sergipana preocupada, porque ainda não havia desaparecido do espírito nordestino, a época de terrorismo em que o banditismo de Lampião criou nos sertões de Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas, e de tão graves consequências para o homem do campo. Segundo o Departamento de Segurança:

"Volta Seca fugiu da Bahia pelo litoral, penetrando neste Estado pelo município de Estância, e sendo preso em companhia de outro bandoleiro, entre os municípios de Indiaroba e Cristinápolis."
(Diário Oficial, 05/03/1944)

Após tomar conhecimento da fuga, as autoridades sergipanas, determinaram rápidas e enérgicas providências, estabelecendo imediatamente contato, com os destacamentos policiais de todo o interior e foi determinada severa vigilância.

A Força Policial do Estado, que relevantes serviços prestou no combate ao banditismo, quando este esteve em plena campanha, traz de público, uma vez mais, a sua disposição de combatê-lo, sempre com mais energia, defendendo, com a sua coragem e a sua técnica militar:

"Transportado de Indiaroba para esta capital, desde a sexta-feira última, que aqueles foragidos estão recolhidos à Penitenciária do Estado, à disposição das autoridades policiais do vizinho Estado da Bahia, de onde se evadiram."
(Diário Oficial, 08/03/1944)

Volta Seca, Esposa e Filhos
Liberdade e Música

Volta Seca ganhou a liberdade em 1954, graças a um indulto do presidente Getúlio Vargas. No presídio da Coreia, em Salvador, conheceu Irmã Dulce e lhe prometeu nunca mais pegar em armas, e virou personagem de Jorge Amado no romance "Capitães de Areia".

A amizade com a jovem freira, que costumava visitar o presídio para levar o consolo do evangelho e da música aos presos, para escândalo da sociedade da época, se deu por causa da música. Sanfoneira e amante da música, Irmã Dulce encontrou em Volta Seca um talento musical incomum: tocava realejo, era entoado ao cantar e já havia composto a maioria de suas músicas.

Estigmatizado ao sair da prisão, Volta Seca recebeu o apoio do cineasta Lima Barreto por ocasião do lançamento do filme "O Cangaceiro" (1953) em São Paulo. Lima Barreto o convidou para avaliar criticamente o filme.

Volta Seca não gostou de uma cena em que Lampião aparece chicoteando um homem no rosto. Segundo ele, isso não se fazia no Nordeste: "A cara de um homem é sagrada".

Realizado em 1953, "O Cangaceiro" foi o primeiro filme brasileiro a alcançar sucesso internacional. Ganhou o prêmio de melhor filme de aventura e de melhor trilha sonora com a música "Mulher Rendeira", em Cannes.

Com a mudança para o Sudeste, Volta Seca conseguiu emprego na Estrada de Ferro Leopoldina. Cantor e compositor em 1957, Volta Seca gravou pela Continental um LP, com apenas 8 faixas compostas no período do Cangaço, "As Cantigas de Lampião", interpretadas pelo próprio, com instrumentação do maestro Guio de Moraes e narrações do radialista Paulo Roberto da Rádio Nacional: "Acorda Maria Bonita", "Escuta Donzela", "Eu Não Pensei Tão Criança", "Lá Prá Mina", "A Laranjeira", "Mulher Rendeira", "Lampião e Sabino" e "Se Eu Soubesse".

A famosa "Mulher Rendeira", conta-se, foi cantada pelo bando de Lampião durante a famosa invasão a cidade de Mossoró, RN.

Em 1959, teve o baião "A Laranjeira" gravado por Zé do Baião, e no ano seguinte, por José Tobias, a toada "Se Eu Soubesse".

Antônio dos Santos, o Volta Seca, faleceu aos 78 anos em Pirapetinga, MG, no dia 02/02/1997, de causas naturais.

Medeiros Neto

ANTÔNIO GARCIA DE MEDEIROS NETO
(60 anos)
Político e  Fazendeiro

☼ Alcobaça, BA (14/08/1887)
┼ Itaberaba, BA (13/02/1948)

Antônio Garcia de Medeiros Netto foi um político brasileiro nascido em Alcobaça, BA, no dia 14/08/1887. Foi discípulo e amigo de Ruy Barbosa.

Medeiros Neto era formado em Direito pela Faculdade de Direito da Bahia em 1908, foi o primeiro advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Bahia.

Em 25/03/1919, enquanto discursava em praça pública em defesa de Ruy Barbosa, que era então candidato à Presidência da República, foi vítima de um atentado a bala, que o feriu no pulmão direito. A família guarda ainda hoje a bala.

Foi eleito deputado estadual por três vezes e deputado federal por quatro vezes, mas não tomou posse, devido a embargos políticos. Elegeu-se deputado federal para a Assembleia Constituinte de 1933 pelo Partido Social Democrático (PSD), partido do qual fora um dos fundadores em 1932. Na Assembleia Constituinte, foi líder da maioria.

Após a promulgação da Constituição de 1934, foi eleito senador e foi escolhido como presidente do Senado Federal de 29/04/1935 até 10/11/1937, quando teve seu mandato cassado pelo golpe do Estado Novo.

Após a cassação, passou a se dedicar à vida de fazendeiro e pecuarista e voltou a advogar em causas especiais. Nesse período foi também membro fundador do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e presidente da regional do partido na Bahia.

Medeiros Neto teve papel crucial na criação do Instituto de Resseguros do Brasil, empresa mista que manteve durante quase 70 anos o monopólio na área de resseguros no país.

Em 1945, depois da redemocratização do país, apoiou Eurico Gaspar Dutra na candidatura deste à Presidência da República.

Concorreu ao governo da Bahia no pleito de 1946 e foi preterido em favor de Octavio Mangabeira (UDN-PSD), embora tenha obtido 60% dos votos dos eleitores da capital baiana.

Antônio Garcia de Medeiros Neto faleceu em sua fazenda Morro de Pedra, em Itaberaba, BA, no dia 13/02/1948, aos 60 anos de idade. Deixou cinco filhos de seu casamento com Carola Helena Rodenburg de Medeiros Netto.

Dez anos depois, em 1958, o distrito de Água Fria, no município de Alcobaça, emancipou-se e recebeu o nome de Medeiros Neto, em homenagem ao senador alcobacense.

Fonte: Wikipédia

Eliezer Gomes

ELIEZER GOMES
(58 anos)
Ator

☼ Conceição de Macabu, RJ (02/04/1920)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/02/1979)

Eliezer Gomes foi um dos grandes atores negros do cinema brasileiro, nascido em Conceição de Macabu, RJ, no dia 02/04/1920.

Eliezer Gomes teve uma infância pobre, órfão aos 16 anos de idade, trabalhou como comerciário e estivador. Depois foi funcionário público estadual. Ele era protestante e cantor da Igreja Presbiteriana de Madureira. Até então jamais havia aparecido no cinema, foi escolhido num concurso nacional. 

Uma de suas mais célebres atuações foi no papel de Tião Medonho, no filme "O Assalto ao Trem Pagador" (1962), um dos filmes de maior bilheteria da história do cinema nacional. Na estréia, foi assistido por mais de um milhão de pessoas, apenas na cidade do Rio de Janeiro.

Um ano depois, em 1963, participou das filmagens do célebre "Ganga Zumba - Rei dos Palmares" (1964), filme dirigido por Cacá Diegues e com a participação de Cartola e de Dona Zica da Mangueira.

Foi de Conceição de Macabu a Cannes quase por um acaso: Um desconhecido lhe aconselhou a se candidatar ao papel do memorável Tião Medonho. Sua interpretação de Tião Medonho em "O Assalto ao Trem Pagador" rendeu os prêmios de Melhor Ator no Festival de Cinema da Bahia e no V Festival de Cinema de Curitiba, e de Melhor Revelação no Troféu Cinelândia.

Em 1975, Eliezer Gomes levou o Kikito de melhor ator por "O Anjo da Noite".

Eliezer Gomes faleceu aos 58 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Assalto ao Trem Pagador
Carreira

Cinema
  • 1962 - O Assalto ao Trem Pagador
  • 1964 - Ganga Zumba
  • 1964 - O Beijo
  • 1965 - Choque de Sentimentos
  • 1965 - Crônica da Cidade Amada
  • 1965 - Os Vencidos
  • 1966 - Gern Hab’ Ich Die Frauen Gekillt (Não creditado)
  • 1966 - Samba
  • 1967 - Operação Paraíso
  • 1967 - Palmeiras Negras
  • 1967 - Perpétuo Contra o Esquadrão da Morte
  • 1967 - Tarzan e O Grande Rio (Não creditado)
  • 1968 - Chegou a Hora, Camarada!
  • 1968 - Na Mira do Assassinato
  • 1969 - Carnaval de Assassinos
  • 1969 - Sete Homens Vivos ou Mortos
  • 1970 - Faustão
  • 1971 - O Homem das Estrelas
  • 1973 - Joanna Francesa ... Gismundo
  • 1974 - O Anjo da Noite

Prêmios
  • 1962 - Melhor Ator do Festival de Cinema da Bahia - "O Assalto ao Trem Pagador"
  • 1962 - Revelação no V Festival de Cinema de Curitiba - "O Assalto ao Trem Pagador"
  • 1962 - Revelação no Troféu Cinelândia - "O Assalto ao Trem Pagador"
  • 1975 - Kikito de Melhor Ator - "O Anjo da Noite"

Fonte: Wikipédia

Zé da Luz

SEVERINO DE ANDRADE SILVA
(60 anos)
Alfaiate e Poeta

☼ Itabaiana, PB (29/03/1904)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/02/1965)

Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, nascido em Itabaiana, PB, no dia 29/03/1904.

Severino de Andrade Silva foi "alfaiate de profissão" e um dos maiores poetas populares do Brasil. Marcou o imaginário nordestino com a genialidade de seus poemas e foi comparado ao também "poeta matuto" Patativa do Assaré.

Suas poesias são declamadas nas feiras, nas porteiras, na beirada das estradas, nas ruas e manguezais, se encontra na boca do povo, de quem tomou emprestada a voz, para dividi-la em forma de rima e verso. Perdeu-se do seu autor pois em livro não se encontra.

Seus poemas têm a cor do nordeste, o cheiro do nordeste, o sabor do nordeste. Às vezes trágico, às vezes humorado, às vezes safado. Quase sempre telúrico como a luz do sol do agreste.

Zé da Luz é tido como um dos realizadores da poesia matuta. Ele consagrou-se no folheto e na cantoria e também mostrou sua força diante da poesia tida como erudita. Por vezes, ele foi reverenciado como um poeta que trouxe na sua poesia, as vozes caladas do sertão, de Itabaiana e da Paraíba.

Com esta perspectiva de enaltecer a sua terra natal, expôs sentimentos de saudades, de homem forte, daquele que tem a coragem de mostrar publicamente, em versos e críticas sociais.

O paraibano Zé da Luz foi caracterizado como um autor que apresenta aspectos do romantismo, do lirismo, buscando, para além da crítica, uma estética para a sua construção literária.

Zé da Luz publicava suas obras em forma de literatura de cordel. Algumas poesias de sua autoria são: "Brasi Caboco", "A Cacimba", "As Flô de Puxinanã", "Ai! Se Sêsse!", "A Terra Caiu No Chão", "Confissão de Cabôco", entre outros.

Confira um trecho de "Brasil Caboco":

O que é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasi da capitá.
É um Brasi brasilêro
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!

A seguir as poesias "As Flô de Puxianã" "Ai! Se Sêsse!":

Bastos de Andrade e seu irmão Zé da Luz - Rio de Janeiro, 1959.
As Flô de Puxinanã
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)

Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.

A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.

Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.

A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.

Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.

Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.

Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!


Ai! Se Sêsse!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Helio Matheus

HELIO MATHEUS
(76 anos)
Cantor, Compositor e Instrumentista

☼ Rio de Janeiro, RJ (05/07/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (10/02/2017)

Helio Matheus foi um cantor, compositor e instrumentista nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 05/07/1940.

Helio Matheus ganhou um violão do pai aos 12 anos e com ele aprendeu a tocar o instrumento. Ainda jovem começou a fazer as primeiras composições. Depois da morte da mãe deixou a carreira artística por algum tempo em foi morar na cidade de Três Pontas, em Minas Gerais.

Após trabalhar em usinas de açúcar e como balconista em lojas de discos, passou a se apresentar em boites do Rio de Janeiro e São Paulo, cidade onde morava na mesma pensão que Tom Zé, que o incentivou a dar aulas de violão enquanto cantava na noite.

Pouco depois, foi apadrinhado pelo cantor e compositor Ataulfo Alves, que o incentivou a voltar para o Rio de Janeiro.

Contratado pela RCA Victor, lançou o primeiro disco em 1968, um compacto simples com as marchas "Elefantinho de Marfim" e "Caixinha de Música", parcerias suas com Klécius Caldas.

Em 1969, inscreveu-se no Festival Internacional da Canção da TV Globo com a música "Comunicação", parceria com Édson Alencar, defendida pela cantora Vanusa.


Em 1970 a cantora Elis Regina gravou "Comunicação" em seu LP "Em Pleno Verão", e também Dóris Monteiro. Era o que faltava para que o compositor ganhasse a atenção de destacados cantores da época.

Em 1973, lançou novo compacto simples com as composições "Eu, Réu, Me Condeno" e "Feijão Com Farinha", ambas de sua autoria.

Em 1974, emplacou dois grandes sucessos nas paradas nacionais: o samba de breque "Camisa Dez", na voz de Luiz Américo, e a romântica "Meu Segredo", cantada por Antônio Marcos.

Em 1975, lançou seu primeiro LP, que contou com a produção de Oberdan Magalhães, da Banda Black Rio e o conjunto Azymuth como banda de apoio, no qual interpretou as composições "Marraio", "Mais Kriola", "Meu Diário", "Meu Mundo de Monstros e Fantasias", "Você Se Foi", "Meu Segredo" e "Ausência", todas de sua autoria, "Cidadezinha" (Helio Matheus e Edinho), "Camisa 10" (Helio Matheus e Luis Vagner) e "Briguenta" (Helio Matheus e Cidinho), além de seu grande sucesso, "Comunicação" (Helio Matheus e Édson Alencar). Ainda em 1975, participou da coletânea "Sambão da Pesada - Nº 3" interpretado "Comunicação" (Helio Matheus e Édson Alencar) e "Camisa 10" (Helio Matheus e Luis Vagner).

Em 1977, foi contratado pela Som Livre e lançou um compacto duplo com as músicas "Boi da Cara Branca", "Sozinho Amando", "O Poeta e a Lua" e "A Gota", todas de sua autoria. No mesmo ano, sua composição "O Poeta e a Lua", foi incluída na trilha sonora da novela da TV Globo "À Sombra dos Laranjais". Fez parte do LP "Miami, Julio 1977", da Som Livre, destinado ao mercado americano e latino com as músicas cantadas em castelhano. No LP interpretou as músicas "Solo Amando" e "La Gota", ambas de sua autoria com versões de Don Beto. Sua composição "Boi da Cara Branca" foi incluída na trilha sonora da novela "O Astro" (1977), da TV Globo.


Em 1978, a coletânea "Globo de Ouro - Volume 4", da Som Livre, incluiu sua gravação da música "Boi da Cara Branca", também incluida em 1979, no LP "Grandes Sucessos Som Livre".

Vieram, porém, a separação de Jane, sua primeira mulher, e outros problemas pessoais. No início da década de 1980, Helio Matheus rompeu com João Araújo, fundador da Som Livre, e trocou Copacabana por São Paulo, onde foi trabalhar na Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (SICAM).

Ainda teve músicas gravadas por artistas como Sérgio Reis e Jair Rodrigues, mas os dias de sucesso já haviam passado.

Em 1991, o LP "Mensagem de Amor" incluiu sua composição "Sozinho Amando".

Casou-se novamente com Tânia e viu nascerem mais duas filhas, Heliana e Luciana, mas o alcoolismo o afastou da família.

Nos últimos anos, Helio Matheus morou em três albergues públicos de São Paulo, onde tinha sem-tetos como companheiros. Com problemas de locomoção por causa de dois AVCs, aceitou relutante uma transferência para o Retiro dos Artistas.

Morte

Helio Matheus morreu na sexta-feira, 10/02/2017, no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ele estava internado há duas semanas em decorrência de uma pneumonia e três AVCs. O sepultamento acontecerá no sábado, 11/02/2017, às 10h30, no Cemitério do Caju.

Discografia

  • 1978 - Boi da Cara Branca / A Gota (Som Livre, Compacto Simples)
  • 1977 - Boi da Cara Branca / Sozinho Amando / O Poeta E A Lua / A Gota (Som Livre, Compacto Duplo)
  • 1975 - Helio Matheus (RCA Victor, LP)
  • 1973 - Eu, Réu, Me Condeno / Feijão Com Farinha (RCA Victor, Compacto Simples)
  • 1968 - Elefantinho de Marfim / Caixinha de Música (RCA Victor, Compacto Simples)

Indicação: Miguel Sampaio

Orlandivo

ORLANDIVO HONÓRIO DE SOUZA
(79 anos)
Cantor, Compositor e Percussionista

☼ Itajaí, SC (05/08/1937)
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/02/2017)

Orlandivo Honório de Souza, conhecido como Orlandivo, foi um cantor e compositor popular brasileiro, além de percussionista, nascido em Itajaí, SC, no dia 05/08/1937.

Mudou-se para o Rio de Janeiro com sua família aos 9 anos de idade. Ainda lá, ao atingir a maioridade, começou sua carreira com suas primeiras composições em parceria de Paulo Silvino.

No início dos anos 1960, atuou como crooner do conjunto de Ed Lincoln.

Em 1962, gravou na Musidisc as músicas "Samba no Japão", "Amor Quadradinho" (Orlandivo e Roberto Jorge) e "Vai Devagarinho" (Orlandivo e Roberto Jorge),  e "Brincando de Samba",(Orlandivo e Celso Murilo). Gravou seu primeiro LP, intitulado "A Chave do Sucesso", cuja faixa título remete à sua personalíssima maneira de se utilizar de um chaveiro como instrumento de percussão. Ainda em 1962, teve o samba "Tamanco no Samba" (Orlandivo e Helton Menezes) gravado por Célia Reis na Philips e por Waldir Calmon e sua orquestra na Copacabana.

Em 1963, Sônia Delfino gravou "Bolinha de Sabão" (Orlandivo e Adilson Azevedo).

Em 1965, gravou o LP "Samba em Paralelo" e escreveu algumas canções sob o pseudônimo de D'Orlan.

Em 1966, teve as músicas "O Ganso" (Orlandivo e Ed Lincoln) e "O Amor Que Eu Guardei" (Orlandivo e Ed Lincoln), gravadas por Ed Lincoln e Seu Conjunto. Participou, ainda, da trilha sonora de diversos filmes, nos quais trabalhou também como ator.


Na televisão atuou nos programas "Alô Brotos", "Aérton Perlingeiro Show" e "Chico Anísio Show", na TV Tupi. "Balança Mas Não Cai" e "Faça Humor, Não Faça Guerra", na TV Globo. Integrou a equipe de produção musical de festivais de música de carnaval e festivais universitários na TV Tupi e do programa "Som Livre Exportação" na TV Globo.

No cinema, atuou nos filmes "Eu Transo... Ela Transa" (1972) de Pedro Camargo e "Como Nos Livrar do Saco" (1973), dirigido por César Ladeira Filho.

Suas músicas foram interpretadas por diversos artistas como Ed Lincoln, Golden Boys, Conjunto Farroupilha, Humberto Garin, Wilson Simonal, Cauby Peixoto, Ângela Maria, João Donato, Sônia Delfino, Trio Esperança, Dóris Monteiro, Claudette Soares, Jorge Ben, Elza Soares, Celso Murilo, Luíz Carlos Vinhas, entre outros. Além dos conjuntos instrumentais de Astor Silva, Maestro Zacarias, Waldir Calmon, Carlos Monteiro de Souza, Moacir Silva, Walter Wanderley, Carl Tjader, Fats Elpídio, Velhinhos Transviados, Tamba 4, entre outros.

Em 1974, compôs com Arnaud Rodrigues a música "Vou Bater Pra Tu", gravada pela dupla humorística Baiano e os Novos Caetanos formada por Chico AnysioArnaud Rodrigues, no programa "Chico City". Essa música foi sucesso até na Europa.

Em 1976, lançou o LP "Orlan Divo", com arranjos de João Donato. Fundou a banda de bailes Ipanema Dance, integrada por 12 músicos.

Em 2006, lançou pela Deckdisc o CD "Sambaflex", produzido por Henrique Cazes, no qual interpretou clássicos de sua carreira.

Morte

Orlandivo morreu na madrugada de quarta-feira, 08/02/2017, aos 79 anos, de causas ainda não divulgadas. Na noite de terça-feira Orlandivo passou mal e chegou a dizer ao filho que iria ao hospital na quarta-feira, mas foi encontrado morto pela manhã.

O velório de Orlandivo ocorreu na quinta-feita, 09/02/2017, na capela 3 do Memorial do Carmo, no Caju, a partir das 13h00.

Orlandivo planejava lançar um novo disco, com músicas inéditas, e um show celebrando seus 80 anos, que ele completaria no dia 05/08/2017.

Discografia

  • 1961 - Samba Toff / Amor Vai e Vem / Vem Pro Samba / Dias de Verão (Musidisc, EP)
  • 1962 - Samba no Japão / Amor Quadradinho (Musidisc, 78)
  • 1962 - Vai Devagarinho / Brincando de Samba (Musidisc, 78)
  • 1962 - A Chave do Sucesso (Musidisc, LP)
  • 1964 - Orlan Divo (Musidisc, LP)
  • 1965 - Samba em Paralelo (Musidisc, LP)
  • 1976 - Orlan Divo (Copacabana, LP)
  • 2006 - Sambaflex (DeckDisc, CD)

Fonte: Wikipédia e O Globo

Valentin Tramontina

VALENTIN TRAMONTINA
(46 anos)
Ferreiro, Artesão e Empresário

☼ Santa Bárbara, RS (17/07/1893)
┼ (1939)

Valentin Tramontina foi um ferreiro e empresário, fundador da indústria metalúrgica Tramontina, nascido em Santa Bárbara, RS, no dia 17/07/1893. Valentin Tramontina era filho de imigrantes italianos da aldeia de Poffabro, município de de Frisanco, na região do Friuli-Venezia Giulia, nordeste da Itália.

Um homem, de mãos vazias, diante de uma gleba de terra coberta de matas, tendo como únicas armas e instrumentos seus sonhos e utopias de moradia e mesa farta rodeado de filhos. É o retrato do imigrante italiano que iniciava sua caminhada no Rio Grande do Sul, a partir de 20/05/1875.

Terra e mata, algum instrumento de trabalho, foi o início do barraco provisório, do esquartejo do pinheiro, da derrubada da mata, da construção da casa definitiva, dos cercados, galpões e as plantações.

Para o imigrante que deixou a Itália no final do século 19, o principal anseio era a propriedade da terra. O contato com a Revolução Industrial ocorrido na Europa foi de grande valia para o colono italiano. O trabalho na fábrica, ainda que temporário, o familiarizou com o novo modo de produzir. Algumas máquinas, fruto da revolução industrial, foram trazidas pelos imigrantes. Saber como as máquinas eram produzidas era um atalho para a produção de novas ferramentas e artefatos. Tudo o que escrevemos até agora é para dizer que a família Tramontina tinha em seu sangue o destemor da maioria dos imigrantes que aportaram nessa região inóspita e íngreme do Estado mais meridional do Brasil.

Ao chegar na região colonial do Rio Grande do Sul, o imigrante trazia o conhecimento de algumas atividades e as pré-condições para a produção de outras. Eram extremamente engenhosas.

Um córrego, a ser canalizado, em todo ou em parte, foi a grande engenhosidade dos imigrantes. A roda d'água foi o embrião da metalurgia da região.

Valentin Tramontina, em 1911, montou sua ferraria na então vila de Carlos Barbosa. A família de Valentin Tramontina morava em Santa Bárbara, localidade pertencente ao município de Bento Gonçalves, atualmente fazendo parte do município de Monte Belo do Sul, e lá eram feitos pequenos consertos, fabricação de ferraduras, além de ferrar cavalos. O início da hoje exuberante Cutelaria ocorreu em seguida, quando Valentin Tramontina passou a fazer canivetes depois de ter visto um que veio da Itália.

Valentin Tramontina veio a Carlos Barbosa porque a chegada da ferrovia significava perspectiva de expansão. Até 1930, a produção da ferraria era modesta. Valentin Tramontina prestava serviços a empresas, entre elas Arthur Renner, proprietário de uma refinaria de banha, onde eram abatidos mais de 150 suínos por dia. Fazia consertos nas empresas e fabricava facas e canivetes. Podia ser considerado um ferreiro urbano.

Em 1919 prestou serviço militar no Tiro de Guerra 395, mesmo ano em que comprou um terreno de 300m² na Rua Amapá, construindo um prédio de madeira para abrigar a ferraria.

Em 1920 Valentin Tramontina e Elisa De Cecco se casaram e somaram forças para, juntos, trilharem prósperos caminhos. O casal teve três filhos, IvoHenrique e Nilo.

Em 1924, a empresa de Arthur Renner se transfere para Montenegro.

A partir de então, ocorrem algumas mudanças na linha de produção. O tradicional cabo de madeira das facas e canivetes é substituído pelo cabo de chifre, e vários modelos são lançados, entre eles um denominado "Santa Bárbara".

Em 1932, Valentin Tramontina agrega os primeiros colaboradores. São pessoas que residem na vila, trabalham na agricultura em tempo parcial e começam a fazer facas e canivetes nos porões de suas casas.

Elisa Secco Tramontina
Valentin Tramontina faleceu aos 46 anos de idade, no ano de 1939. A partir daí, assume a ferraria, Elisa Tramontina, esposa de Valentin, que despontou como uma empreendedora nata e arrojada. Ela é quem embarcou no trem da estação da vila de Carlos Barbosa e foi vender a produção nos mercados regionais e na capital do Estado.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caso não existisse a determinação e a coragem de Elisa Tramontina, a ferraria teria sucumbido.

Em 1944, a empresa compra a sua primeira prensa excêntrica. Antes, todas as lâminas eram cortadas manualmente com o auxílio de talhadeiras. Depois passaram a ser cortadas com o uso de estampos.

O ano de 1949 pode ser considerado um marco na história do Grupo. Trata-se da data em que Ruy José Scomazzon, um jovem de apenas 20 anos, amigo de Ivo Tramontina, cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre, começa a prestar assessoria à Tramontina.

Ruy, com espírito de liderança, implantou planos ambiciosos, enfatizando a organização em todos os setores. Inaugurou-se uma nova etapa. O caráter artesanal dá lugar a uma produção manufatureira. Na década de 50, a empresa contava com 30 empregados e alguns representantes comissionados espalhados pelo Estado.

Os canivetes representavam 90% do faturamento. Vem da Itália a tradição de ter no bolso um canivete, cuja denominação é "brítola". Trata-se de um canivete com formato de pequena foice utilizado principalmente na poda da parreira, para cortar vime. A Tramontina sempre se destacou na fabricação deste canivete.

Em 1954, organiza-se a empresa V.a. Valentin Tramontina & Cia. Ltda., sendo sócios, Elisa Tramontina, Ivo TramontinaRuy José Scomazzon. No ano seguinte tem início a laminação do aço. Antes o aço era obtido forjando-se pedaço por pedaço, em um malho. A laminação abriu imensas possibilidades de crescimento.

A empresa se capitalizou rapidamente, com inovações tecnológicas: laminadores, marteletes, máquinas de esmerilhar e forjar, que dinamizam a produção em série.

Com a presença do governador Ildo Meneghetti, em dezembro de 1956, foi inaugurada a ampliação das instalações da empresa e o novo escritório. Intensificou-se a produção de facas e ferramentas agrícolas.

O ano de 1958 marcou a fundação da Metalúrgica Forjasul, em Porto Alegre, e posteriormente transferida para Canoas.

Em 1961 faleceu Elisa Tramontina.

As décadas de 60 e 70 são marcadas pela instalação de empresas do Grupo em Garibaldi, Farroupilha e na Bahia, e também pela admissão de novos empregados. Houve um salto gigantesco. Dos 30 empregados existentes em 1950, a empresa passou a ter em seu quadro 557 funcionários no final dos anos 60.

Nestes anos, a linha de produtos ganhou inúmeros itens como facas (cozinha, profissional, esportiva), canivetes, tesouras, espetos, talheres, utensílios de cozinha e panelas, formas e travessas antiaderentes de alumínio; materiais elétricos como interruptores e tomadas, além de uma vasta linha de ferramentas como martelos, chaves de boca, chaves de fenda, alicates, formões, plainas, serras, serrotes, entre outras.

A década de 80 foi de um enorme crescimento para empresa, tanto no mercado interno como externo, onde em 1986 inaugurou uma subsidiária na cidade de Houston no Texas, Estados Unidos. Nos anos seguintes a Tramontina se tornou definitivamente um gigante em seu setor, ampliando ainda mais sua linha de produtos e ingressando em muitos mercados mundiais como a Alemanha (1993), Chile (2000), Dubai (2004) e Peru (2005).

Neste novo milênio a Tramontina também decidiu que tinha chegado a hora de ir além da cozinha. A ordem partiu de Clóvis Tramontina, neto de Valentim Tramontina e principal responsável pelas maiores mudanças da empresa nos últimos anos. A grande tacada do empresário foi aproveitar uma simples fábrica de cabos de madeira que revestem talheres para ingressar no mercado de móveis. Cadeiras e mesas com a marca Tramontina começaram a aparecer nas lojas. O mesmo aconteceu com a unidade que fazia cabos de plástico: Foi ampliada para fabricar móveis para piscina.

Em 2007, a Tramontina, líder nacional nos segmentos de panelas, talheres e ferramentas, decidiu combater os importados com um apelo à "brasilidade" do consumidor e uma política comercial mais agressiva. A empresa lançou uma coleção de panelas em aço inoxidável denominada "Linha Tropical", com a bandeira do Brasil nas embalagens de cinco unidades e preço ao consumidor padronizado em R$ 199,00 para todo o país, parcelado em até 10 vezes. O resultado: Em três meses foram vendidas 435 mil unidades.

Hoje o Grupo emprega quase 6.000 pessoas, exporta para mais de 100 países e é uma marca conhecida no mundo inteiro. Nas suas diversas unidades produz mais de 17 mil itens.

O Grupo Tramontina mantém vínculos de forte enraizamento nas comunidades onde atua. Nas cidades onde a empresa tem unidades instaladas, é notória sua participação em projetos culturais, esportivos, sociais e ambientais.

Nessa trajetória, o grande mérito foi a convivência fraterna e harmoniosa entre Ivo Tramontina e Ruy José Scomazzon. Esse é o maior exemplo para a continuidade dessa empresa que é o orgulho de Carlos Barbosa, do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Fábrica Tramontina Eletrik
A História Falsa

"Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o Porteiro do Puteiro!"

Com essa frase se inicia o titulo e termina uma historia que tem sido contada na internet há muito tempo. Ainda nos dias atuais, quase toda as pessoas que leem a falsa história de Valentin Tramontina, se emocionam, suspiram, algumas outras dizem até que choram. Mas a bela historia não passa de uma mentira feita para dar lição motivadora.

Heloísa Faissol

HELOÍSA WORMS PINTO
(46 anos)
Socialite, Artista Plástica, Dançarina e Cantora

☼ (1970)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/02/2017)

Heloísa Faissol foi uma socialite e funkeira brasileira. Filha do badalado dentista Olympio Faissol, que já cuidou da boca de personalidades como o ex-presidente Fernando Collor e o ator Reynaldo Gianecchini.

Heloísa Faissol é irmã da socialite Cláudia Faissol, que ganhou as colunas sociais ao ser revelado que o pai de sua filha, Luísa, não era seu marido, e sim o cantor João Gilberto, amigo da família, com quem ela mantinha um romance secreto. À época, ela era casada com o empresário Eduardo Zaide. Ele só descobriu a infidelidade e que não era o pai da criança ao pedir um exame de DNA. Os encontros entre João Gilberto e Cláudia Faissol aconteceram principalmente no Japão, durante uma turnê. Desde então, os vínculos entre Cláudia Faissol e Eduardo Zaide.

Mas se por um lado Cláudia Faissol teve um romance real com um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira (MPB), Heloísa Faissol tinha uma verdadeira paixão não correspondida por Chico Buarque. Ela chegou a ligar para o músico diariamente durante um período e ir até a casa dele apenas para beijar a porta por onde ele entrava em casa. Após um jogo de futebol, Heloísa Faissol esperou o compositor em cima do capô do carro dele e disse que só descia com uma condição: Se recebesse um beijo.

Por meses, Heloísa Faissol subornou garçons de bares do Leblon para que ligassem caso o músico aparecesse. "Eu ligava tanto, e ele me atendia sempre, até o dia em que falou: "Pô, Helô, assim não dá! Eu preciso trabalhar!", contou ela em entrevista à coluna de Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo.

Criada em um casarão com jardins e piscina no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, junto com quatro irmãos e os pais, Heloísa Faissol teve uma infância privilegiada. Estudou na Escola Suíço-Brasileira, um colégio de elite. Afirma que lhe faltou liberdade: "Não podia nada!", lembra ela, que não esconde a mágoa que guarda do pai, com quem cortou relações em novembro de 2008. De acordo com ela, a família era muito unida até seus 16 anos, quando se descobriu que o pai tinha outra família. Ela disse que nunca se recuperou do choque.

"Não fiquei bem da cabeça e fui estudar fora. Descobri que tinha outros irmãos que não conhecia e que só fui encontrar já adulta!"


Depois de estudar moda em Paris, Heloísa Faissol passou a frequentar o Morro da Babilônia, onde descobriu sua paixão pelo som, taxado como música de periferia. Antes de se envolver no meio artístico, ela comandava um ateliê de alta costura, foi artista plástica, dançarina, atriz e até acrobata.

Educada nos moldes mais tradicionais, Heloísa Faissol morou na Suíça e na França, casou-se com um dentista e, por influência dele, se formou em marketing e exerceu a profissão por apenas um ano e meio. Já separada e mãe de um menino, José Arthur, ela decidiu dar novo rumo a sua vida: rejeitou a alta sociedade e tornou-se funkeira.

Em uma autobiografia lançada em 2012, explicou por que rompeu com familiares, além de revelar detalhes sórdidos e obscuros da elite carioca. Em um dos capítulos, ela conta que sofreu assédio aos 12 anos quando realizou um curso de férias no Manège (espécie de hípica particular). Heloísa Faissol disse que era obrigada a lavar os pênis dos cavalos e a assistir a filmes pornográficos com um dos professores.

De acordo com explicações dadas em entrevistas concedidas na época da divulgação do livro "Do Luxo ao Lixo", essas experiências teriam causado traumas psicológicos que até hoje refletiam na personalidade dela.

Em suas declarações polêmicas nas páginas da publicação, Heloísa Faissol sempre deixou claro sua aversão à alta sociedade, que para ela era "podre" e uma "farsa". Não à toa, era persona non grata nesse círculo social e vivia afastada desse ambiente nos últimos anos e próxima dos bares do Morro da Providência, no centro do Rio de Janeiro.

Com o pai e os irmãos, Heloísa Faissol vivia um relacionamento complicado. Quando decidiu largar o mundo das artes plásticas e da moda para virar funkeira, foi a gota d'água para os parentes.

Funk Politizado

Por causa de sua origem nas altas rodas, Heloísa Faissol ganhou o apelido de Helô Quebra-Mansão, em alusão ao nome da funkeira da Cidade de Deus, Tati Quebra-Barraco. Uma mudança tão radical tinha, para ela, explicação simples:

"As pessoas perguntam por que não fiz música pop. É que não quero me comunicar com a elite, mas com as classes desprivilegiadas. Sempre me identifiquei mais com as letras de funk, porque vão direto ao ponto!"

Ela, porém, garantia que as letras sexualizadas foram criadas apenas para causar impacto e que pretendia investir em letras mais politizadas: "Imagina eu entrar de cara com uma letra intelectual, sendo uma pessoa que não cresceu na comunidade!"

Pouco a pouco, Heloísa Faissol foi tentando criar intimidade com o novo mundo que escolheu. Foi a alguns bailes funk e frequentou o Morro da Babilônia, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde conheceu Michele Sabino, que seria uma de suas dançarinas, quando começou a fazer shows. Elas se cruzaram no bar da família de Michele, onde Heloísa Faissol foi beber uma cerveja.

"Eu estava no meu barzinho, toquei um funk e ela cantou. Eu ri, achei ela meio maluca!", disse Michele, segundo quem, apesar das diferenças sociais, Heloísa Faissol era bem aceita na favela. "Tem gente que a chama de poodle, por causa das roupas coloridas, mas é brincadeira!"


Sua fama foi construída no boca-a-boca. Amigo de Heloísa Faissol há vários, o fotógrafo Ricardo Gama disse na época não gostar de funk, mas aprovou a nova carreira da amiga, principalmente a ideia das letras politizadas.

"Odeio funk, mas acho legal uma pessoa de uma classe social como a dela usar essa linguagem. Ela não está dando uma de funkeira, ela continua sendo quem sempre foi, só que com outros valores que descobriu subindo o morro!"

Lançou músicas como "Dou Pra Cachorro", além de realizar inúmeros shows em bailes da periferia e de morros cariocas. Mas desistiu quando percebeu que para viver de música teria que abrir mão de certos valores e trocar o dia pela noite, o que não concordava. Além disso, os cachês não condiziam com o que a socialite imaginava e o sonho de ser a primeira funkeira proveniente da elite logo foi abandonado.

Heloísa Faissol participou da 7ª edição do reality show "A Fazenda", em 2014, e ficou entre os três finalistas.

Morte

Heloísa Faissol foi encontrada morta na tarde de quinta-feira, 02/02/2017, no apartamento em que morava, na Rua Souza Lima, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi divulgada pela Polícia Civil. O caso será investigado pela 13ª Delegacia de Polícia. O corpo foi recolhido para o Instituto Médico Legal (IML).

Segundo informações de policiais civis que estiveram no apartamento, Heloísa Faissol estava na cozinha. O corpo da socialite foi encontrado pelo filho, de 19 anos. Peritos fizeram uma análise inicial no local. Parentes da socialite estiveram na 13ª Delegacia de Polícia, todos estão muito abalados.

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que um inquérito foi aberto para que as circunstâncias da morte de Heloísa Faissol sejam investigadas:

"Um procedimento foi instaurado na 13ª Delegacia de Polícia para apurar a morte de Heloísa Worms Pinto, 46 anos, cujo corpo foi encontrado ontem à tarde em um apartamento localizado na Rua Souza Lima, Copacabana. Perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para esclarecer todas as circunstâncias do ocorrido. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para determinar a causa da morte."

Heloísa Faissol teve apenas um filho, José Arthur, com o dentista René Gerdes. Os dois chegaram a brigar na Justiça pela guarda do menino quando ele tinha 15 anos. José Arthur escolheu morar com o pai naquela época, o que Heloísa contestou judicialmente, mas sem sucesso. Apesar disso, ela podia visitá-lo quando quisesse e a relação era boa. 

Marisa Letícia

MARISA LETÍCIA LULA DA SILVA
(66 anos)
Primeira-Dama Brasileira

☼ São Bernardo do Campo, SP (07/04/1950)
┼ São Paulo, SP (03/02/2017)

Marisa Letícia Lula da Silva, nascida Marisa Letícia Rocco Casa, foi a primeira-dama do Brasil de 01/01/2003 a 01/01/2011, quando seu marido, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve no cargo de presidente da República.

Filha de Antônio João Casa (filho de Giovanni Casa e Carolina Gambirasio) e Regina Rocco (filha de Mariano Rocco e Giovanna Boff), Marisa nasceu numa família de imigrantes italianos, lombardos de Palazzago, província de Bérgamo, de origem agrícola. Morou com os dez irmãos no sítio dos Casa até os 5 anos de idade. Neste sítio, seu avô paterno construiu uma capela em homenagem a Santo Antônio, ainda existente. Hoje, toda a área do sítio chama-se Bairro dos Casa, em homenagem a seus antepassados, pioneiros da região.

Em 1955, Marisa e sua família mudaram-se para o centro de São Bernardo do Campo, região do Grande ABC, em São Paulo. Depois de frequentar uma escola humilde, Marisa foi transferida, na terceira série, para o Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz. Aos nove anos, já tinha experiência como pagem de três garotas mais novas.

Aos 13 anos de idade, com a autorização do pai, Marisa começou a trabalhar na fábrica de chocolates Dulcora, como embaladora de bombons. Permaneceu nesta fábrica até os 19 anos de idade, quando se casou com o taxista Marcos Cláudio e deu à luz seu primeiro filho, Marcos. Seis meses após o casamento, ainda grávida, Marisa perdeu o marido, assassinado a tiros.

Mais tarde, em 1973, trabalhou como inspetora de alunos em um colégio estadual. Neste mesmo ano, já viúva, conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de sua cidade natal. Os dois se casaram 7 meses depois. O relacionamento de mais de 30 anos gerou três filhos: Fábio, Sandro e Luís Cláudio. Marisa tem ainda uma enteada, Lurian, filha de Lula e sua ex-namorada Miriam Cordeiro.

Em 1980, quando Lula e diversos sindicalistas estavam presos devido às greves, Marisa liderou a Passeata das Mulheres, em protesto pela liberdade dos sindicalistas.

Vida Política de Lula

Marisa começou na vida política militando ao lado do marido, eleito presidente do Sindicato em 1975, para que outras mulheres se juntassem ao movimento sindical na região. Em 1978, iniciaram-se as greves no ABC paulista.

Foi Marisa quem cortou e costurou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT), quando este foi fundado em 10/02/1980. Participou ativamente no início das atividades do partido, ajudando a criar núcleos e a estampar camisetas. Com a intervenção do Governo Federal no sindicato em abril do mesmo ano, Lula e outros sindicalistas foram presos, e as reuniões eram realizadas ilegalmente em sua casa.

Nesse período, ela organizou uma passeata de mulheres pela libertação dos sindicalistas. Centenas de mulheres e de crianças, todas cercadas por policiais, tanques e cavalaria, saíram da Praça da Matriz e caminharam pela rua Marechal Deodoro até o Paço Municipal, retomando à Igreja da Matriz.

Durante as disputas eleitorais de 1982, 1986, 1994 e 1998, nas quais Lula se candidatou, Marisa dedicou-se aos filhos, à casa e às campanhas. Em 2002, entretanto, com os filhos já adultos, pôde se dedicar exclusivamente à campanha do marido.

Em 01/01/2003, Marisa Letícia tornou-se a primeira-dama do Brasil. Em outubro daquele mesmo ano, recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real, durante visita do rei Haroldo V e da rainha Sônia da Noruega.

Em 23/07/2003 foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e em 05/03/2008 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Nos oito anos como primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia não participou ativamente de nenhum projeto, fato duramente criticado pela oposição. Tradicionalmente a primeira-dama de um país realiza projetos sociais, em paralelo as ações oficiais.

No primeiro turno das eleições de 2006, Marisa Letícia não deu tanto apoio a Lula quanto nas eleições anteriores. Assim como o marido, ela acreditava que a disputa seria resolvida no primeiro turno. Entretanto, com a disputa encaminhada para segundo turno, Marisa começou a participar mais ativamente da campanha, mantendo uma agenda própria e realizando caminhadas sozinha em prol do marido em Brasília e em Goiânia.

Nomes

Marisa nasceu Marisa Letícia Casa. Ao casar-se, seu nome passou para Marisa Letícia Casa dos Santos. Ao casar-se pela segunda vez, passou para Marisa Letícia Casa da Silva. Quando Lula incorporou seu apelido no nome, Marisa mudou novamente de nome, passando a chamar-se Marisa Letícia Lula da Silva.

Operação Lava Jato

Em 04/03/2016, Marisa Letícia foi alvo da Polícia Federal de busca e apreensão na 24ª fase da Operação Lava Jato.

Morte

Em 24/01/2017, Marisa foi internada na UTI do Hospital Sírio-Libanês após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

Ela passou mal na tarde de terça-feira, 24/01/2017, quando estava em casa, em São Bernardo do Campo, e foi socorrida pelo médico cardiologista Roberto Kalil, que atende a família do ex-presidente Lula.

Marisa foi submetida a um cateterismo e o procedimento foi considerado bem-sucedido, segundo fonte ligada à família dela. O principal objetivo era estancar o sangramento no cérebro, provocado por um aneurisma (dilatação anormal de um vaso sanguíneo). Logo em seguida ela foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Marisa Letícia Lula da Silva morreu na sexta-feira, 03/02/2017, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, SP, aos 66 anos de idade.

Seguindo o protocolo oficial para constatar a morte cerebral, os médicos submeteram Marisa Letícia a dois testes: O primeiro ocorreu às 12h05 e o segundo, às 18h05. O protocolo determina que o último exame seja conduzido por outro médico para comprovar a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais.

O óbito foi constatado às 18h57, segundo boletim médico. Lula e sua família autorizaram a doação dos órgãos.

Logo após a divulgação do boletim, Lula postou em suas redes sociais informações sobre o velório.


Também nas redes sociais, Lula lembrou com carinho da esposa.

"A ex-primeira-dama costurou a primeira bandeira do PT, começou a trabalhar aos 9 anos e organizou resistência das mulheres durante as grandes greves do ABC!"

Ao saber da morte de Marisa Letícia, o presidente Michel Temer decretou luto oficial de três dias no país.

Fonte: Wikipédia e G1