Rui Spohr

FLÁVIO SPOHR
(89 anos)
Estilista

☼ Novo Hamburgo, RS (23/11/1929)
┼ Porto Alegre, RS (30/04/2019)

Rui Spohr, pseudônimo de Flávio Spohr, foi um estilista nascido em Novo Hamburgo, RS, no dia 23/11/1929.

Rui Spohr foi o primeiro estilista gaúcho a estudar moda em Paris, primeiramente na Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, e posteriormente na École Guerre Lavigne, atual ESMOD.

De família tradicional, Flavio Spohr, posteriormente assumiu o pseudônimo Rui Spohr, foi criado dentro de padrões germânicos, pelos seus pais Albino Alfredo Spohr, empresário do polo calçadista, e Maria Hortência Hennemann Spohr, dona de casa. Irmão de José Gastão, Dulce Maria e Fredo Luiz, Rui nasceu fadado a ser padre ou militar, de acordo com os costumes da época. Com uma mente criativa e inconformada, ele acreditava que tivesse nascido cedo demais no século XX e no lugar errado.

Em 1943, aos 14 anos, Flávio Spohr começa a trabalhar na fábrica de calçados do pai.

Em 1948, Flávio Spohr cria o pseudônimo Rui ao assinar uma coluna sobre moda para o jornal semanal NH, de Novo Hamburgo.

Em 1949, Flávio muda-se para a capital do Estado, Porto Alegre, a fim de estudar Belas Artes na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e trabalhar no Citybank. Ainda em 1949 realiza seu primeiro desfile de moda com suas criações, em Novo Hamburgo, que ganhou destaque na Revista Globo, com suas próprias criações.


Em 1951, começou a trabalhar com a costureira Elaine CaldasRui é o desenhista da casa.

Em 1952, foi de navio para a França para estudar moda em Paris, sem ter fluência no idioma local, apenas com um nome e endereço de uma pessoa que o ajudaria e a referência dos seus familiares por parte de mãe na Alemanha. Nesse período, foi contemporâneo de nomes como Karl Lagerfeld e Yves Saint LaurentComeçou seu curso na Chambre Syndicale de La Couture Parisienne e posteriormente na École Guerre Lavigne (atual ESMOD) em Paris.

Em seu primeiro Natal longe de casa viajou até o vale do rio Mosela, afluente do Reno na Alemanha, a fim de encontrar seus parentes da família Treis - donos de vinhedos que passam de pai para filho desde 1602. Além de estreitar os laços com seus parentes alemães, Rui aprendeu in loco tudo o que sabia sobre vinho.

Em 1953, ainda em Paris, trabalhou como estagiário do chapeleiro Jean Barthet, que atendia as grandes grifes da capital francesa, além de criar para atrizes Josephine Baker, Catherine Deneuve, Sofia Loren, Brigitte Bardot, entre outras.

No ano de 1955, retornou ao Brasil, abriu seu primeiro ateliê especializado em chapéus e começou a assinar uma página dominical sobre moda no jornal A Hora, importante diário que originou o jornal Zero Hora. Ainda em 1955, apresentou suas criações em chapéus no Cotillon Club em Porto Alegre.


Três anos mais tarde, em 1958, passou a confeccionar roupas femininas em seu ateliê e realizou seu primeiro desfile de alta-costura, dentro do próprio ateliê, na Rua Pinto Bandeira, para clientes e mídia da local.

Em 04/02/1960, já em Porto Alegre, casou-se com Dóris Uhr Spohr, que primeiramente trabalhou como sua auxiliar no ateliê.

Em 1961, vestiu Bibi Ferreira (guarda-roupa particular) enquanto a atriz e cantora estava em cartaz no musical "My Fair Lady" no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.

Em 1962, entrou para o "Time da Rhodia", grupo que reunia grandes nomes da moda no Brasil criando modelos que seriam produzidos com os tecidos que utilizavam os fios da empresa. Estas criações estrearam em um grande desfile na Feira Nacional da Indústria Têxtil (FENIT) e depois, viajaram ao exterior, para participar de desfiles e sessões de fotos das coleções a fim de divulgar a moda brasileira.

Em 1963, com o nascimento de Maria Paula Spohr, Rui tornou-se pai e em 1985 avô de Antônia Spohr Moro.

Em 1964, ganhou um editorial na revista Manchete, intitulado "Moda Gaúcha"


No ano de 1968, já consagrado como costureiro, criou o vestido de noiva para a brasileira Ieda Maria Vargas, Miss Universo 1963.

Em 1970 inaugurou sua Maison na Rua Miguel Tostes, em Porto Alegre, RS.

Em 1971, durante o governo do presidente da República Emílio Garrastazu Médici, Rui Spohr é o responsável pelos trajes da primeira-dama, Srª Scyla MédiciVeste oficialmente também a primeira-dama do Rio Grande do Sul, Srª. Ecléa Fernandes Guazzelli.

Em 1974, inaugura Confecções RD Ltda. Prêt-à-Porter para Rui Boutique.

Em 1986 criou os uniformes femininos da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, a polícia militar gaúcha, que são os mesmos usados até hoje.

No ano de 1988 começou a lecionar no curso de Estilismo do Calçado na Universidade Feevale (Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior) em Novo Hamburgo. Foi professor da cadeira Teoria dos Estilos. Permaneceu na instituição de ensino por oito anos.

Em 1989 criou o vestido de noiva para a modelo Deise Nunes, Miss Brasil 1986 e primeira mulher negra a receber o título de beleza no país.

Em 1995, o atelier Rui Spohr comemora 40 anos de atividades em moda. A etiqueta Rui e o Escritório de Arte Alto da Bronze realizam a exposição "Rui, Estilo em Fotos" reunindo trabalhos de diversos fotógrafos.


Em 1997 lançou sua biografia, "Memórias Alinhavadas", escrita em conjunto com a jornalista Beatriz Viegas-Farias.

Em 2000, participou da mostra "500 Anos de Design Brasileiro" na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Rui Spohr participou com dois vestidos em modelos geométricos retratando a década de 70, sendo o único estilista gaúcho a participar da exposição.

Entre 2004 e 2005 o Senac apresentou a mostra "Estilistas Brasileiros - Uma História de Moda", que "retrata a carreira de 34 grandes criadores da moda brasileira".

Em 2011 um vestido de sua autoria integrou a exposição "Moda no Brasil: Criadores Contemporâneos e Memórias", apresentada no Museu de Arte Brasileira em São Paulo, mantido pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

Em 2015 foi lançada a coleção Cápsula Croquis, com uma variedade de lenços e camisetas estampadas pelos croquis do estilista. Destinado a um público jovem, essa coletânea incluiu um vídeo teaser com as novidades e com peças históricas do acervo da Maison. No mesmo ano, o livro "Moda e Estilo Para Colorir" foi criado, composto por 20 lâminas com desenhos icônicos de Rui Spohr para pintar.


Em matéria no jornal Zero Hora, Rui Spohr foi chamado de "O mais emblemático estilista do Sul. [...] Difícil haver em Porto Alegre alguém verdadeiramente interessado em moda que desconheça a trajetória de seu maior estilista".

Em 2017, entrou para a Academia Brasileira de Moda, em cerimônia no Rio de Janeiro.

Em 2018, encerrou as atividades comerciais da loja Rui Spohr.

Seu trabalho já é estudado academicamente como uma referência, e participou de mostras de abrangência nacional, como a 500 Anos de Design Brasileiro (2000), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, contribuindo com dois vestidos em modelos geométricos retratando a década de 70, sendo o único estilista gaúcho a participar da exposição.

Por muitos anos seu estilo ditou a moda porto-alegrense, e Renata Fratton Noronha, em artigo apresentado no 4º Encontro Nacional de Pesquisa Em Moda, relata o prestígio que adquiriu:
"Formou-se então junto ao público uma frase que marcou e que as pessoas repetiam: 'O Rui disse'. Querendo afirmar que com isso se 'Rui disse' não se discute. Outra expressão que ficou famosa, ainda naquela época: 'Rui é Rui'. Se uma pessoa admirasse uma roupa e a elogiasse para a dona, perguntando quem tinha feito ou onde ela havia comprado traje tão bonito, se a resposta fosse 'Rui', o comentário logo se seguia: 'Ah, bom! Rui é Rui'".
Morte

Rui Spohr faleceu na terça-feira, 30/04/2019, aos 89 anos Porto Alegre, RS. Ele estava internado desde a quarta-feira, 24/04/2019, no Hospital Mãe de Deus, debilitado pelo Mal de Parkinson e não resistiu a uma brônquio pneumonia.

O velório foi realizado no Theatro São Pedro, em cerimônia aberta ao público, das 12h30 às 17h00. A cerimônia de cremação foi reservada à família.

Livros

  • 1997 - Memórias Alinhavadas
  • 2015 - Moda & Estilo Para Colorir

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #RuiSpohr