Cláudio Clarindo de Oliveira foi um ciclista brasileiro especialista em ultraciclismo, nome que se dá as provas de ciclismo com longuíssimas distâncias.
Especialista em provas de longa distância, Cláudio Clarindo era considerado um dos dez melhores do mundo na modalidade de ultraciclismo.
Entre suas principais conquistas estão cinco conclusões da Race Across America (RAAM), nos anos de 2007, 2009, 2011, 2012 e 2015. Race Across America é um evento que atravessa 4.800 quilômetros dos Estados Unidos e é uma das competições mais duras do mundo. Tornou-se, assim, o primeiro latino-americano a completar cinco vezes a temida prova.
Carreira
Cláudio Clarindo teve seu início esportivo como nadador. Em 1992 iniciou sua carreira no triatlo, onde conquistou alguns títulos na categoria júnior, concluindo inclusive provas do Ironman Brazil.
Marcou seu nome na história no ciclismo de longa distância, onde era considerado um dos dez melhores do mundo na modalidade de ultraciclismo.
Em seus últimos anos de vida, trabalhava também como coordenador de Esportes de Praia da Secretaria Municipal de Esportes de Santos.
Por conta de seus feitos, ele foi um dos atletas escolhidos para levar a Tocha Olímpica Rio - 2016 durante sua passagem pela cidade de Santos.
Conquistas e Honrarias
Em 2002, tornou-se o primeiro recordista brasileiro de longa distância, com 420 km entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Foi também vice-campeão do Extra Distance, conquistou recorde Sul Americano de 24 horas em velódromo, com 700 km completados e vice-campeão das 24h de Sebring, realizada na Flórida, Estados Unidos.
Sagrou-se bicampeão das 24h de Fortaleza.
Completou por 7 vezes o Ironman Brasil, e 1 vez o Ironman Hawaii.
Em dezembro de 2011 foi lançado o documentário "Sem Limites Dia e Noite", que trazia um relato da participação de Cláudio Clarindo na Race Across America (RAAM) daquele ano.
Morte
Cláudio Clarindo morreu no dia 25/01/2016, aos 38 anos, após ser atropelado por volta das 8h00, no Km 244 da Rodovia-Rio Santos, enquanto realizava seu treinamento diário.
O motorista que atropelou prestou socorro, mas mesmo assim Cláudio Clarindo morreu. O Hospital Santo Amaro informou que o ultraciclista deu entrada na unidade já em óbito, tendo sofrido parada cardiorrespiratória.
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, o motorista dormiu no volante, atravessou a pista contrária e atingiu os ciclistas que estavam no acostamento com todos os equipamentos de segurança.
Adão dos Santos Tiago, conhecido pelo nome artístico de Adão Dãxalebaradã, que significa "princípio, meio e fim" em iorubá, referente a uma qualidade de Xangô, foi um cantor, compositor e ator brasileiro. Foi autor de mais de 500 canções, todas ligadas a temas espirituais de religiões afro-brasileiras.
Poeta do Morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, foi descoberto pelo diretor Walter Salles no filme "O Primeiro Dia" (1999).
Adão sofria constantes agressões de pai, fugiu então de casa aos 8 anos:
"Não tinha liberdade, era criado na base da pancada. Não podia jogar bola de gude nem soltar pipa porque eram coisas do diabo!"
Adão era o mais velho de nove irmãos:
"Só podia brincar no porão. Não podia me misturar com filhos de pessoas que não eram da igreja!"
No tempo que viveu na rua, sobrevivia com o que lhe era dado, e acabou indo parar em um reformatório na cidade de Passa Quatro, em Minas Gerais, onde ficou dos 9 aos 17 anos. Quando criança teria vivido como "menino de rua", foi também interno da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM).
Mais tarde teria sido expulso do exército, e durante os anos 70, foi guerrilheiro. Envolvido com o tráfico, já no Morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, foi atingido por doze tiros, nas várias emboscadas da polícia e de bandidos rivais. Quatro deles foram por metralhadora, e um desses tiros ficaria a um dedo de distância de seu coração, fazendo que ficasse meses no hospital.
Chegou a ser perseguido por 30 homens da polícia especial, segundo o próprio Adão. Ele dizia que o motivo disso, foi ele ter sido excluído do Exército, creditando isso a motivos raciais. Passou então a fazer brincadeiras com o Coronel responsável por sua exclusão, tudo isso em plena Ditadura Militar, e contou ter sido torturado.
O último tiro que recebeu, teria o atingido quando tentava se afastar da violência do morro, já trabalhando como mecânico, no ano de 1973. Teria sido em um assalto, ele tentou reagir, não tendo visto uma segunda pessoa, que teria então o alvejado. Isso o deixou numa cadeira de rodas.
"Sou semi-paraplégico, consigo andar segurando nas coisas, tomar banho sozinho, fazer sexo. Na verdade o tiro foi um mal que veio para bem, pois descobri as coisas da Umbanda e do Candomblé!"
Adão teria chegado a ser preso e a cumprir pena.
Posteriormente converteu-se a religiosidade, especificamente a Umbanda e Candomblé, sendo guia espiritual. Por sua ligação às raízes afro-brasileiras, compôs então cerca de quinhentas canções relacionadas a essa condição. Residia no Morro do Cantagalo, em Ipanema.
Carreira
Adão foi apresentador do programa "Zumbi Vive", no período de 1997 à 1999, numa rádio comunitária do morro em que residia. Nesse período, no ano de 1998, que os cineastas Walter Moreira Salles e Daniela Thomas conheceram Adão.
Walter Salles teria subido o Morro do Cantagalo à procura de novas expressões artísticas. Foi então que guiado pela filha caçula de Adão, Luanda, Walter Salles teria ficado impressionado com o talento do compositor de mais de quinhentas canções. Walter Salles então apresentou Daniela Thomas e o irmão dela, o produtor musical Antônio Pinto, que posteriormente disse: "Fiquei obcecado em registrá-lo. Adão tem um discurso de contestação, de paz, mas com olhar particular!"
Desse encontro, surgiu o documentário "Adão ou Somos Todos Filhos da Terra". O documentário, foi filmado usando como base a vida de Adão, e foi premiado no Festival de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais, em 1998. Os mesmos cineastas realizaram a gravação do vídeo clipe da músicas "Armas e Paz", composição de Adão.
No ano de 2002, a convite do cineasta Fernando Meirelles, participou do filme "Cidade de Deus", atuando como o Pai-de-Santo.
Em 2003 lançou então seu álbum, "Escolástica", pelo selo Ambulante, dos produtores Antônio Pinto e Beto Villares.
Morte
Preso a uma cadeira de rodas e vítima de dezenas de tiros recebidos durante a vida, a frágil saúde de Adão não resistiu e ele morreu antes de completar cinquenta anos, logo após o lançamento de seu único CD.
Faleceu no dia 20/01/2004, no Hospital Municipal Miguel Couto. Alguns dizem que teria sido vítima de Hepatite C e de uma infecção generalizada, porém muito dizem que Adão incomodou integrantes do tráfico, com sua composição "Armas e Paz", uma critica ao uso de armas de fogo e a indústria bélica, deixando margens sobre os motivos de seu falecimento.
Foi sepultado no Cemitério São João Batista e deixou dois filhos: Ortinho e Luanda.
Sandro Rogério Ferreira das Neves foi um cantor sertanejo brasileiro da dupla Sandro & Gustavo.
Paulista, nascido em Santa Fé do Sul, Sandro começou a carreira na dupla Sandro & Saulo e depois gravou um disco solo com músicas evangélicas. Em 1990 começou a se apresentar ao lado do cunhado Gustavo Coutinho Borges.
Sandro & Gustavo lançaram um CD no início de 2000 no programa do Faustão na TV Globo, estourando a partir de então em todo o Brasil. O disco de estreia da dupla vinha puxado pelo sucesso "A Garagem da Vizinha", com letra de duplo sentido, trazendo ainda as inéditas e românticas "Prá Não Morrer de Amor", "Por Amor", e a regravação de "Prá Te Esquecer Não Dá", de Zezé Di Camargo.
A dupla estava com o repertório pronto para iniciar a gravação do segundo CD. O primeiro disco vendeu mais de 150 mil cópias e o sucesso "A Garagem da Vizinha" foi regravado pelo forrozeiro Frank Aguiar, o que valeu para a dupla o primeiro Disco de Ouro. Em outubro de 2000 gravaram um vídeo-clipe.
Morte
Sandro faleceu na quinta-feira, 14/12/2000, aos 31 anos, vítima de hepatite C no Instituto Neurológico de Goiânia. Sandro havia descoberto a doença há cinco meses e teve morte cerebral atestada no domingo. O cantor estava internado desde quinta-feira, 07/12/2000, com um coágulo no cérebro e era mantido vivo por equipamentos.
Todas as funções de seu corpo cessaram por volta das 20h30 de quinta-feira, 14/12/2000. Sandro sofria de hepatite C e há cinco meses havia se afastado de seu parceiro na tentativa de superar a doença.
O Parceiro
Gustavo seguiu carreira solo e chegou a se apresentar no programa do Faustão como artista solo, um bom tempo depois da morte do parceiro.
Sem um grande investimento por trás, o cantor começou tudo do zero novamente e saiu para a estrada como se fosse um artista em começo de carreira.
Em 2008 Gustavo gravou seu primeiro DVD, com releituras de canções gravadas durante sua parceria com Sandro, em um trabalho bem mais focado na música romântica. Apesar do perfil escolhido, algumas canções de duplo sentido se mantiveram no repertório, inclusive uma inédita chamada "Ela Vai Me Dar'', que foi utilizada como música de trabalho desse projeto. Em suas apresentações atuais, o repertório de Gustavo é baseado nesse DVD.
Ruthinéa de Moraes foi uma atriz brasileira. Intérprete de forte temperamento dramático, presente sobretudo em peças que apresentam tipos brasileiros bem marcados, papéis que ela representa com desenvoltura.
Já graduada em letras, formou-se como atriz e diretora pela Escola de Arte Dramática (EAD).
Fez sua estréia profissional em 1958, no espetáculo duplo "A Lição" e "A Cantora Careca", ambas de Eugéne Ionesco, dirigido por Luís de Lima, produção do Teatro Maria Della Costa (TMDC).
De volta ao Teatro Maria Della Costa, em 1959, fez "Gimba" de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de Flávio Rangel. Embarcou com a Companhia para Portugal, atuando nas peças de repertório do conjunto: "Society em Baby Doll", de Henrique Pongetti, com direção de Milton Moraes; "Moral em Concordata", de Abílio Pereira de Almeida e "A Alma Boa de Set-Suan", de Bertolt Brecht, as duas últimas dirigidas por Flaminio Bollini.
De volta a São Paulo, participou do Teatro de Arena, em 1960, atuando em "Revolução na América do Sul", de Augusto Boal, sob a direção de José Renato Pécora. No mesmo ano, subiu ao palco em "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, dirigido por Walmor Chagas para o Núcleo Experimental do Teatro Cacilda Becker (TCB).
Ainda em 1960, contratada pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), integrou as montagens da casa, iniciando em "A Semente", novo texto de Gianfrancesco Guarnieri e, em 1961, "A Escada", de Jorge Andrade, e "Almas Mortas", de Nikolai Gogol; e em 1962, "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller, direções de Flávio Rangel em seu período como diretor artístico do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).
Em 1963, está na bem-sucedida montagem de "Os Ossos do Barão", de Jorge Andrade, conduzida por Maurice Vaneau.
Com a Companhia de Ruth Escobar, participou das encenações de "Soraia Posto 2", de Pedro Bloch, em 1965 e que lhe valeu os prêmios Governador do Estado de São Paulo e Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT), de melhor atriz -, e "Os Trinta Milhões do Americano", de Eugene Labiche, em 1966, ambas direções de Jô Soares.
Paralelamente, está no elenco do Teatro Popular do Sesi (TPS), em "A Sapateira Prodigiosa", de Federico García Lorca, em 1965 e, em 1966, em "O Avarento", de Molière, ambas com direção de Osmar Rodrigues Cruz (1924-2007).
Em 1967 Ruthinéa de Moraes faz o papel de Neuza Sueli, a protagonista de "Navalha na Carne", texto de Plínio Marcos que atrai todas as atenções. Notabilizando-se nesse desempenho cheio de fúria e densidade dramática, recebeu o Prêmio Molière de melhor atriz. No mesmo ano, novamente de Plínio Marcos, está em "Homens de Papel", direção de Jairo Arco e Flexa, ao lado de Maria Della Costa.
Em 1968, integrou o elenco de "Cordélia Brasil", de Antônio Bivar, direção de Emílio Di Biasi.
Voltou ao Teatro Popular do Sesi em "Memórias de um Sargento de Milícias", de Joaquim Manuel de Macedo, em 1970; "Senhora", de José de Alencar, em 1971 e "Um Grito de Liberdade", de Sérgio Viotti - em que é premiada com o Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz -, em 1972, todas dirigidas por Osmar Rodrigues Cruz.
Um novo destaque ocorreu no ano de 1973, ao lado de Yolanda Cardoso, em "A Dama de Copas" e o "Rei de Cuba", original de Timochenco Wehbi, dirigido por Odavlas Petti.
A partir de então sua carreira torna-se irregular, integrando produções de melhor qualidade em "As Avestruzes", de Micheline Bourday, direção de Irene Ravache, em 1979 e "Vejo Um Vulto na Janela", "Me Acudam Que Sou Donzela", de Leilah Assumpção, no mesmo ano.
"Campeões do Mundo", de Dias Gomes, e direção de Antônio Mercado, conta com sua presença em 1980, assim como a encenação de Aderbal Freire-Filho para "Moço em Estado de Sítio", de Oduvaldo Vianna Filho, em 1982.
Sua carreira registra ainda ativas participações em cinema, televisão e rádio.
A excelente performance de Ruthinéa de Moraes foi flagrada pelo crítico Décio de Almeida Prado:
"A interpretação de 'Navalha na Carne' também possui maior profundidade do que parece. À primeira vista percebemos apenas a perfeitíssima adequação dos atores aos seus papéis [...]. Adequação física, no modo de andar, gesticular, adequação vocal, adequação psicológica. Tudo parece espontâneo, instintivo. Somente mais tarde começamos a perceber que a suposta naturalidade é produto de uma cuidadosa elaboração [...] os três modulam com grande virtuosismo todas as nuanças que vão do naturalismo até o expressionismo."
Ruthinéa de Moraes faleceu aos 68 anos em São Paulo, no dia 24/07/1998, vítima de um ataque cardíaco.
Filmografia
Televisão
1998 - Fascinação
1997 - Canoa do Bagre ... Cândida
1997 - A Filha do Demônio (Minissérie)
1996 - Antônio dos Milagres
1996 - Irmã Catarina (Minissérie)
1993 - Sonho Meu ... Alcinéia
1985 - Uma Esperança no Ar
1984 - Santa Marta Fabril (Minissérie)
1983 - Vida Roubada
1983 - A Ponte do Amor
1982 - Conflito
1982 - Seu Quequé
1982 - Destino
1982 - Sétimo Sentido
1982 - Pic Nic Classe C ... Olga
1980 - Chega Mais ... Cacilda
1979 - Cara a Cara ... Isméria
1978 - O Direito de Nascer
1977 - Éramos Seis ... Zulmira
1977 - Um Sol Maior ... Yeda
1976 - Tchan! A Grande Sacada
1976 - O Julgamento ... Adelaide
1975 - Meu Rico Português ... Ida Flag
1974 - O Machão - Um Exagero de Homem ... Leonor
1973 - O Conde Zebra ... Sincerina
1973 - Rosa-dos-Ventos
1972 - Vitória Bonelli ... Néia
1972 - Signo da Esperança ... Deolinda
1970 - O Meu Pé de Laranja Lima
1970 - As Asas São para Voar
1969 - Dez Vidas ... Costureira
1969 - A Menina do Veleiro Azul
1968 - A Pequena Órfã
1967 - Presídio de Mulheres ... Rosa
1967 - Yoshico, um Poema de Amor
1967 - O Pequeno Lord
Cinema
1966 - Três Histórias de Amor (Episódio: "A Construção - Amor na Cidade")
Nico Assumpção, nome artístico de Antônio Álvaro Assumpção Neto, foi um contrabaixista brasileiro. Nasceu em São Paulo, no dia 13/08/1954. Seu pai, um industrial de classe média e amante do jazz, tocou baixo acústico, quando jovem, de forma amadora.
Na casa da família Assumpção, a música sempre esteve presente, sendo o jazz uma das principais paixões do pai de Nico, que comprava discos importados através de catálogo. Na década de 50 e 60 era muito comum o empresário de um um músico internacional em turnê no Brasil, levá-lo para jantar na casa de uma família bem sucedida, cujo anfitrião fosse conhecedor sua música e pudesse acolhê-lo com mais hospitalidade. A família de Nico era uma dessas, e seu pai, que tinha influência junto a esses empresários como Roberto Corte Real, sempre oferecia sua casa, fazendo com que Nico estivesse em contato com diversos músicos, como Frank Sinatra Jr., que visitou a casa da família durante sua passagem pelo Brasil em 1966.
Desde pequeno observava-se em Nico uma tendência musical ou um bom ouvido. Mas a realidade é que na casa onde moravam havia um móvel onde os discos eram guardados. Já aos 2 anos Nico alcançava a parte de baixo desse móvel e pedia para ouvir os discos do Michel Legrand, pianista, compositor e arranjador francês, que tornou-se um de seus grandes amigos anos mais tarde.
Aos 9 anos, Nico já aprendia a tocar violão através das aulas que tinha com o músico Paulinho Nogueira. Aos 13 anos já tocava em uma banda de garagem, covers dos Beatles, grupo que gostava muito. Mas como baixista da banda costumava faltar aos ensaios com frequência. Demonstrando um interesse maior pelos arranjos das músicas instrumentais, Nico trocou o violão pelo baixo elétrico. A partir daí, dedicou-se somente ao baixo, passando, algum tempo depois, a estudar na escola de música Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), com o renomado professor Luiz Chaves do Zimbo Trio, com quem também teve aulas de baixo acústico.
Algum tempo depois, Nico foi convidado para dar aulas de baixo elétrico e baixo acústico na mesma escola onde estudava. Na mesma época, em 1974 e 1975, participou de um trio de jazz que tocava em alguns restaurantes de classe média-alta em São Paulo, como o Padoque Jardins e o Clube Harmonia.
Nessa época, os restaurantes obrigavam os músicos a entrarem pela porta dos fundos. Nico foi um dos primeiros a pleitear que os músicos entrassem pela porta da frente. Com isso, algumas pessoas, e até mesmo amigos de profissão, achavam-no arrogante, mas para ele isso era um direito: entrar pela porta da frente impunha um pouco mais de respeito ao músico, independente do seu nível social.
Paralelamente às suas atividades nos restaurantes de São Paulo, suas aulas com Luis Chaves e as aulas que ministrava no CLAM, Nico iniciou um curso por correspondência na Berklee College Of Music, no qual o aluno estudava a distância e enviava um teste com as respostas para uma futura eliminação de matérias.
Em 1974, quinze dias após o falecimento de seu pai, prestou vestibular na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) para o curso de economia, onde estudou por aproximadamente 3 anos. Continuou desenvolvendo suas atividades como músico tocando com Arrigo Barnabé, que ensaiava, no estúdio que Nico tinha em sua casa, as músicas que no ano de 1980 seriam gravadas no disco "Clara Crocodilo". A formação desta banda contava, além de Arrigo Barnabé, piano e voz, Nico no baixo, José Pires de Almeida Neto (Netão) na guitarra, Lea Freire na flauta e Duda Neves na bateria. A banda tocou em algumas faculdades como a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Universidade de São Paulo (USP), mas Nico não chegou a gravar o disco.
Em 1975, Nico tocou baixo acústico com um trio de jazz cuja formação era composta por mais dois jovens estudantes e professores do CLAM: Paulo Cardoso (bateria), que hoje atua na área da medicina, e Eliane Elias (piano), que anos mais tarde se consagrou gravando, ao lado de Nico, o disco "Double Rainbow" de Joe Henderson, somente com músicas de Tom Jobim. Nesta apresentação, com uma duração total de 2 horas e meia e feita com seção dupla, o trio tocou apenas standards de jazz. A entrada era franca e a divulgação, feita pelo trio com a ajuda do irmão de Nico, que colaram diversos cartazes pelas faculdades de São Paulo. Essa apresentação registrou a maior lotação do Museu de Arte de São Paulo (MASP) até aquela data.
New York
Em 1976, aos 22 anos, mudou-se para New York a fim de aprofundar seus estudos. Chegando em New York, coincidentemente foi morar no prédio em que Ricardo Silveira (guitarra) morava, na Rua 22 entre 1rst e 2nd avenida, onde se conheceram e se tornaram amigos. Neste mesmo prédio morava Cláudio Celso (guitarra) e Guilherme Vergueiro (piano). Segundo Ricardo Silveira, "a gente sempre tocava na casa de um ou de outro e tocamos junto com o trompetista Cláudio Roditi". Nico começou como a maioria dos músicos brasileiros que buscam fazer carreira em New York: tocou com músicos brasileiros.
Alguns meses depois foi convidado para participar do Festival de Newport com o músico Dom Um Romão. Isto abriu-lhe as portas para tocar com Charlie Rouse (sax) e Don Salvador (piano), que, por sua vez, o colocou em contato para trabalhos com renomados músicos de jazz, como Wayne Shorter (sax), Kenny Barron (piano) e Billy Cobham (bateria). Nico também estudou arranjo e orquestração na Berklee College Of Music. O curso por correspondência feito anos antes permitiu a eliminação de matérias, reduzindo o tempo total dos estudos.
Anos 80
Em 1981, de volta ao Brasil, Nico gravou seu primeiro disco instrumental solo de forma independente com 10 músicas, sendo 9 de sua autoria. Teve diversos empecilhos em para lançá-lo, pois dependia de uma grande gravadora para prensá-lo e distribuí-lo, além disso, era encontrado em poucas lojas, uma delas a Hi-Fi, em São Paulo. Atualmente este disco é conhecido como "Nico Assumpção" e teve uma prensagem de 3 mil cópias feitas pela Fermata.
Com uma carreira solo, sempre com músicas instrumentais, conquistou um grande espaço no Brasil, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. Foi um dos primeiros baixistas brasileiros a lançar um disco de música instrumental, onde o baixo fosse o destaque.
Na década de 80, a música instrumental era um modismo entre os músicos e pessoas de classe média que frequentavam bares em São Paulo, lotados de segunda a domingo com uma atração diferente a cada noite. Um desses bares era conhecido como Penicilina, localizado na Alameda Lorena em São Paulo e quase foi comprado pelos irmãos Assumpção. A programação musical do bar ficava por conta de Nico, que também tocava em uma das noites. Para tocar no Penicilina era necessário entrar em contato com Nico para reservar uma data. Este bar teve um papel muito importante nos anos 80 para a música instrumental que conhecemos hoje. Alguns músicos que se apresentaram lá se profissionalizaram, como Teco Cardoso, um dos maiores saxofonistas do Brasil, que tocou acompanhado por Silvio Mazzuca (baixo) e Michel Fridayson (piano), e que também tocou com Nico algum tempo depois.
Em 1982, indicado por Ricardo Silveira, Nico foi para o Rio de Janeiro para tocar no Prudente, um bar em Ipanema, acompanhando Marcos Rezende (piano), que também gostava muito de seu trabalho. Desde então, semanalmente ia para o Rio de Janeiro e ficava hospedado na casa de uma tia, em Laranjeiras no Parque Guile.
Marcos Rezende tinha casa cheia toda quarta-feira, e com isso, Nico mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, morando, por 2 anos, em um um apartamento alugado em Botafogo, junto com Zeca Assumpção e Bob White. O que mais motivou sua mudança para o Rio de Janeiro foi a visibilidade que teria para a carreira, afinal era lá que estava a mídia de maior alcance nacional da época - Organizações Globo, vários outros semanários importantes, além de um grande número de artistas.
Firmado seu nome nas noites cariocas, todos queriam tocar com Nico Assumpção. Nesta época gravou muitos trabalhos em estúdio, principalmente com o Luiz Avellar (piano), dono de uma produtora e compositor de arranjos. Luiz Avellar sempre convidava Nico e Ricardo Silveira para gravar trabalhos que iam de jingles e trilhas, a discos de artistas da MPB. Além disso, o trio tocava algumas noites da semana em casas como Jazzmania, Parque da Catacumba e Mistura Fina. Esse bar é hoje o internacionalmente renomado Restaurante Mistura Fina, que tem apresentações de jazz e música instrumental também com atrações internacionais.
Em 1984 Nico gravou o que seria seu segundo disco solo no extinto estúdio Rádio Patrulha. Esse disco, gravado e mixado, nunca foi prensado e lançado. No mesmo ano, por ter boa experiência com gravações, ia uma vez por semana a São Paulo para fazer os arranjos e gravar o disco solo do amigo Cândido Penteado Serra, que integrou o grupo D’Alma, pela gravadora Eldorado. No término das gravações, Cândido decidiu lançar o disco com o nome "Banda Paulistana", dividindo os créditos com o amigo baixista.
Em 1985 Ricardo Silveira, convidado para tocar no Free Jazz Festival, reuniu Nico, Luiz Avellar, Carlos Bala (bateiria) e Steve Slagle (sax), que era seu amigo de New York, para tocar como sua banda no festival. Por mais duas semanas, de quarta a sábado, continuaram a tocar no bar Jazzmania. Surgia aí o Projeto High Life.
Logo após o festival, a banda decidiu acrescentar algumas músicas para aumentar o repertório, uma delas era "High Life" de Steve Slagle. A banda fazia duas entradas, e, no final da segunda semana, Luiz Avellar sugeriu que continuassem como banda, que seria de todos, e que gravassem um disco. O nome High Life surgiu, segundo Ricardo Silveira, por ser o nome de uma das músicas do repertório e porque não conseguiram pensar em um nome melhor naquela época.
O disco foi gravado em dois dias no estúdio Nas Nuvens, do músico Liminha, pelos produtores Chico Neves e Vitor Faria. A banda fez diversos shows no Rio de Janeiro e São Paulo, um deles registrado nos arquivos do Centro Cultural São Paulo. O disco "High Life" é o único disco do "Grupo High Life", sendo conhecido por grande parte dos músicos, principalmente baixistas, como um disco solo de Nico Assumpção, talvez pelo fato de ter duas músicas de autoria do baixista - uma delas, "Cor de Rosa", muito importante em sua carreia, além dos solos de baixos, temas e acompanhamentos que destacam o baixo de uma maneira incomum para a época.
Em 1988, após ter participado nas edições anteriores do Free Jazz In Concert como side man, Nico faz um show com Luiz Avellar, Paul Liberman (sax), Ricardo Silveira (guitarra) e Jurim Moreira (bateria). Antes do evento, tocando a escala cromática como aquecimento, Nico percebe que a partir do 17º traste a nota fá se repetia nos trastes seguintes. Nico teve um acesso de pânico. A primera reação foi pedir um martelo, imaginando que os trastes estivessem empenados. Enquanto o roadie busca o martelo, Nico passou a mão debaixo da corda e descobre que ela estava amassada naquele ponto. Trocou a corda e tudo bem, subiu para o palco e, segundo testemunhas do evento, foi um dos melhores shows do Nico.
Nico Assumpção reuniu uma legião de fãs, em primeiro lugar, músicos. Sempre fazia questão de tocar ao vivo, porque gostava muito. Tocou em casas como Blue Note e Village em New York, e em diversos bares, como os que temos hoje na Vila Madalena, em São Paulo. Tocou em diversos teatros e também em casas noturnas no Leblon, frequentadas por diversos músicos que se reuniam no fim de noite para tomar uma cerveja e fazer algumas jam sessions.
Nico Assumpção e João Bosco
João Bosco
A princípio, João Bosco fazia shows sozinho, voz e violão, em dado momento chamou o Nico para fazer um duo. Desde então, Nico consolidou seu trabalho com João Bosco, não apenas como baixista, mas, também, como parceiro musical.
Desta parceria sugirão os discos "Gagabirô" (1984), "Cabeça de Nego" (1986), "Ai Ai Ai de Mim" (1987), "Bosco" (1989), "Zona de Fronteira" (1991), "As Mil e Uma Aldeias" (1997) e "Benguelê Ballet Para um Corpo" (1998).
A afinidade entre os dois pode ser comprovada no especial transmitido pela TV Cultura. Neste show, sentimos uma concepção musical com poucos arranjos e muita liberdade para o baixista solar, João Bosco mantém sua maneira de tocar violão - é comum criar acompanhamentos de violão mais complexos, preenchendo os espaços quando se toca sozinho, e tocar de maneira mais enxuta, quando se está acompanhado por um baixista, omitindo as notas mais graves dos acordes para não embolar, porém neste show esse pensamento não foi percebido. João Bosco toca como se estivesse sozinho, preenchendo quase todo o espaço com seu violão, isso permite que Nico explore melhor a região aguda do baixo, fazendo vários solos durante as músicas.
Algum tempo depois, Nico sugeriu que João Bosco convidasse outros músicos, aí se forma um novo grupo: Nico (baixo), Marçal (percussão), Robertinho Silva (bateria) e Ricardo Silveira (guitarra). Posteriormente, Nelson Faria (guitarra) e Kiko Freitas (bateria), além dos baixistas Andre Neiva e Ney Conceição, ambos indicados pelo próprio Nico para substituí-lo.
Paralelo ao trabalho com João Bosco, que durou 15 anos, Nico fez uma série de shows e gravações com nomes como Milton Nascimento, Márcio Montarroyos (trompete), Victor Biglione (guitarra), Ricardo Silveira (guitarra), Wagner Tiso (teclado), Helio Delmiro (guitarra), Cesar Camargo Mariano (piano), Nelson Faria (guitarra), Robertinho Silva (bateria), Chico Buarque (compositor e intérprete), Marcos Rezende (piano), Edu Lobo (compositor) e Larry Coryell (guitarra), entre outros.
Em grande parte desses trabalhos, teve muita liberdade para criar suas melodiosas e precisas linhas de baixo e fraseados.
Nico ministrou vários workshops sobre técnicas de contrabaixo, harmonia, improvisação, levadas e etc. Utilizava como material de apoio uma apostila com diversos exercícios e exemplos de digitação, onde mostrava a sua forma de tocar. Esse material, posteriormente foi ampliado e sistematizado, tornado-se o seu método de improvisação Bass Solo, os segredos da improvisação, lançado no final de 2000 pela editora Lumiar.
Segredos
Qual o segredo que havia por trás do Nico? Por que ele tocava tanto? A resposta foi dada por Rossana, sua esposa:
"Ele sempre buscou o estudo. Não me lembro de um dia em que o Nico estivesse em casa que não tivesse entrado no estúdio para estudar, seja sábado, domingo ou feriado. Ele tocava, ele estudava e ele ouvia. A capacidade que ele tinha para buscar o aprimoramento é nítido no trabalho que ele deixou. Nico como músico era um ser perfeito. Nunca se contentava com 99%, tinha que ser 100%. O Nico e o contrabaixo eram como se fossem uma coisa só, como se fizessem parte um do outro; o dedo que toca a corda e a corda que penetra o dedo."
O Mestre
Nico Assumpção participou de centenas de gravações durante sua carreira entre discos completos e participações, além de um número incontável de shows. Não sobrava tempo para ministrar aulas particulares de música, apenas alguns poucos os baixistas que tinham o privilégio de ter Nico como professor.
Segundo André Neiva e Patrick Laplan, Nico não adotava um método específico em suas aulas particulares, que muitas vezes se estendia por horas em sua casa como um bate-papo, sem um tempo pré-determinado, tocando e mostrando suas gravações e trabalhos de outros baixistas que considerava de grande importância para o desenvolvimento musical de qualquer músico. O enfoque principal de suas aulas era a harmonia. Falava sobre o ciclo de quintas ascendentes e descendentes, modos gregorianos e progressões, e a improvisação. A improvisação, segundo ele, deveria ser vista como uma história com começo, meio e fim, para que tenha contexto musical e não um amontoado de notas sem sentido.
Sempre dizia, principalmente aos alunos mais jovens, que um bom músico deve ser livre de preconceitos musicais, que o segredo para conseguir fazer música com estilo próprio está em saber misturar diversos estilos musicais. Demostrando ser um músico virtuoso, sem ser exibicionista, era admirado por seus alunos por sua simplicidade e respeito ao nível de conhecimento de cada um. Com imensa boa vontade de ajudar no desenvolvimento musical e profissional do aluno, orientava sobre como portar-se diante de um arranjador, maestro ou artista, em como deveriam ser firmes diante de algumas decisões, e, o mais importante na opinião de André Neiva, os ensinava a dizer não, mostrando que suas idéias, de que o músico deve ser sempre respeitado, continuavam fortes em seu modo de encarar a profissão.
Além das poucas aulas particulares ministradas em seu apartamento no Rio de Janeiro, Nico participou das edições de 92, 94 e 95 do Festival de Verão de Brasília na Escola de Música. Segundo o professor Oswaldo, que participou dos três cursos ministrados por Nico, "essa experiência (...) mudou minha visão no estudo do contrabaixo".
Nico demonstrou nesses festivais o domínio que tinha tanto sobre o baixo elétrico como o acústico, impressionando os músicos presentes pela sua técnica, conhecimento harmônico e fluência em improvisação, provando estar realmente à frente de seu tempo.
Com uma diferença de 16 anos entre o lançamento do segundo e o terceiro disco, em abril e junho de 2000, Nico voltou aos estúdios ao lado de Nelson Faria (guitarra) e Lincoln Cheib (bateria) para gravar o disco "Três/Three".
Foram regravadas músicas como "Cor de Rosa", uma das mais importantes de sua carreira, "Eu Sei Que Vou Te Amar" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Vera Cruz" (Milton Nascimento e Márcio Borges), músicas inéditas de autoria própria em parceria com Nelson Faria, além de composições de Lincoln Cheib e Mauro Rodrigues.
O último registro ao vivo de Nico Assumpção é no disco "Tocando Victor Assis Brasil", gravado no Mistura Fina nos dias 30 e 31 de março e 1 de abril de 2000, ao lado de Luiz Avellar (piano) e Kiko Freitas (bateria), tendo a participação especial de Nivaldo Ornelas (sax) e Ricardo Silveira (guitarra), tocando apenas composições de Victor Assis.
Nico e Mariana
Família
Nico dava grande valor ao relacionamento familiar. Tinha um profundo carinho pela mãe Conceição, sempre se lembrando de sua dedicação ao cuidar de seu pai adoentado. Também tinha uma profunda admiração pelo seu irmão mais novo, Neco, o arquiteto.
Casou-se duas vezes. Do primeiro casamento com Paula teve uma filha, Mariana, nascida em 1985. Do segundo casamento com Rossana Lorentz, não teve filhos. Viveram juntos por 6 anos até o seu falecimento em 20/01/2001.
Nico Assumpção e Marco Pereira
Morte
Nico sempre foi muito preocupado com a questão de preparo físico. Dava voltas de bicicleta em torno na Lagoa Rodrigo de Freitas e estava sempre bem disposto, tanto nos workshops, tanto nos shows.
Em 1999 ele iniciou um trabalho com o músico mineiro José Namen (teclado) em parceria com Nelson Faria (guitarra), cuja proposta era tocar Beatles em ritmo brasileiro, o trabalho chama-se "Beatles - Um Tributo Brasileiro". Fizeram alguns shows, inclusive em Ouro Preto. Durante esse período, Nico apresentou problemas de saúde, sendo necessária uma intervenção cirúrgica para correção de hérnia de disco.
Durante uma turnê na Europa para promover o CD da Maria João e do Mário Laginha, sentiu-se mal e comentou que chegando no Brasil faria exames. Foi então ao médico que o diagnóstico com câncer no pulmão em estágio avançado.
Nico encarou a doença de maneira serena e consciente do trabalho realizado. Na verdade, quem conversou com o Nico durante esse período, jamais imaginaria a gravidade do problema pelo qual ele estava passando. Em uma dessas ocasiões Rossana lhe perguntou como ficaria a memória da sua obra, não tinha um acervo de participações em shows, eventos, não havia produzido nenhum filme, tipo video-aula e etc. Nico respondeu que ela não precisava se preocupar com isso, iria aparecer muita coisa depois.
A doença se alastrou para o fígado e depois para a coluna vertebral. O tratamento foi difícil e doloroso, e o lançamento do disco "Três" ocorreu nesse período, inclusive com Nico autografando o CD no hospital em dezembro. Ele falava inglês e francês fluentemente e, neste momento, já misturava as línguas sem nenhum motivo aparente durante a conversa. Era um evidente sinal que a doença já havia atingido um estágio muito avançado e fatal: o cérebro.
Amigos e parceiros o visitam nessa hora e ele fala pra um deles:
"Gostaria de poder voltar no tempo e começar de novo algumas coisas, para ser possível demonstrar e expressar para as pessoas que eu amo o quanto elas são importantes."
Na sexta feira, dia 19 de janeiro o amigo Luiz Avellar o visita. No sábado ele partiria para um trabalho em Boston. Aquele momento se transformou em uma despedida do parceiro de longas datas e de trabalhos que hoje fazem parte da história da música brasileira.
"Era um sábado de manhã, e eu não havia ligado para saber notícias durante aquela semana, estava em Belo Horizonte. Liguei para a sua casa e o telefone tocou até cair a ligação. Achei estranho e liguei para o celular da Rossana. Dona Conceição atende e eu pergunto pelo Nico. A resposta, curta, foi de uma dimensão tal que me deixou completamente sem reação: ele faleceu durante a madrugada."
Era o dia 20/01/2001. Nico faleceu e suas cinzas, no dia seguinte, foram depositadas na lagoa Rodrigo de Freitas. Nesse local, há uma placa em sua homenagem, colocada sob uma árvore, com o nome "Recanto Nico Assumpção".
Em agosto de 2002, com a presença de sua mãe, Dona Conceição e de sua filha Mariana, por iniciativa da Rossana, com a participação de Cláudio Infante (bateria), de Afonso Cláudio (sax), de Nelson Faria (guitarra) e de André Neiva (baixo), foi realizado um show em tributo a Nico Assumpção na loja Show Point, no centro do Rio de Janeiro.
Foi a comemoração do relançamento em CD do seu primeiro LP da carreira solo, tocando apenas músicas de sua autoria, como "Cor de Rosa", "Maxixe", "Paca Tatu, Cotia Não" e "The Quartet". Além disso, o show inaugurava o Espaço Nico Assumpção, um auditório localizado dentro da loja Show Point, feito em sua homenagem.
No final do evento, Dona Conceição confidenciou: "Esse baixista me fez lembrar o Nico algumas vezes."
Alguns anos depois, muitas homenagens foram feitas. Mas como resumir Nico Assumpção? Talvez a resposta esteja no diálogo de João Bosco com um trombonista sueco, encantado com o solo da música "Holofotes", do CD "Zona de Fronteira" de 1991.
"Quem fez esse solo?" - perguntou o sueco surpreso. João Bosco imediatamente respondeu: "Foi o Nico, um baixista brasileiro!"
Ely Rubens Barbosa, mais conhecido como Ely Barbosa, foi um autor de histórias em quadrinhos e publicitário brasileiro. Nasceu em Vera Cruz, São Paulo, filho de Otávio e Aurora Barbosa e irmão do novelista Benedito Ruy Barbosa. Desde pequeno teve tendência a seguir o caminho das artes, modelando, aos sete anos, bonecos de cera para o presépio da cidade.
Mudando-se para São Paulo, tornou-se publicitário, fundou seu próprio estúdio, onde fez desenhos dos personagens para o gibi dos Trapalhões, para a Editora Bloch.
A partir de 1976, começou a trabalhar com algumas de suas criações: Turma da Fofura, Tutti-Fruttis e Turma do Gordo, todos reunidos na revista em quadrinhos "Cacá e Sua Turma". A revista foi publicada pela Editora Abril de fevereiro de 1977 à junho de 1978, do número 1 ao 8, quando passou a ser publicada pela Rio Gráfica Editora à partir de fevereiro de 1980 à agosto de 1982 em 25 edições quando foi definitivamente cancelada.
Em julho de 1987 lançou a revista mensal "Turma da Fofura" pela Editora Abril com 27 edições até agosto de 1989 acrescida de mais 4 com numeração reiniciada a partir de outubro de 1989 à janeiro de 1990. As quinzenais "O Gordo & Cia." circularam no mesmo período em 38 e 34 edições, respectivamente.
Em 1983, criou na TV Bandeirantes, o programa "TV Tutti Frutti", pelo qual recebeu o Prêmio APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Recebeu ainda o prêmio Ângelo Agostini por suas criações.
Em 1994, lançou o musical "Um Passeio no Cometa", com a Turma da Fofura. Seus personagens estamparam diversos produtos.
Em 1997 "Sítio do Pica-Pau Amarelo" voltaria ao ar, apresentado pela TV Cultura. Os herdeiros de Monteiro Lobato assinam então um contrato com Ely Barbosa, que assim voltou a trabalhar com os personagens do "Sítio do Pica-Pau Amarelo".
Nos anos 70, ele e Silvio Santos se associaram para produzir um desenho animado de longa metragem, mas o projeto não foi adiante. A idéia agora era explorar comercialmente essa volta à TV, através do lançamento de uma série de novos produtos.
Mas, com os malfadados planos econômicos do início dos anos 90, as revistas de Ely Barbosa são canceladas e seu estúdio fecha.
No início de 2002, Ely Barbosa lançou seu site pessoal, www.elybarbosa.com.br onde pretendia dar vazão às suas criações engavetadas.
Até o final da vida, Ely Barbosa se dedicou à publicidade e publicou diversos livros infantis e alguns romances.
Ely Barbosa faleceu em 19/01/2007, em São Paulo, SP, aos 69 anos, vítima do Mal de Parkinson.
Abílio César Borges, primeiro e único Barão de Macaúbas, foi um médico e educador, pedagogista brasileiro. Era filho de Miguel Borges de Carvalho e de Mafalda Maria da Paixão. Nasceu no povoado de Macaúbas, então pertencente à pequena Vila de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina, exatamente quando esta completava cem anos de emancipada. Ali efetuou os primeiros estudos e, em 1838 mudou-se para Salvador a fim de completar sua formação.
Devemos muito do nosso conhecimento aos educadores que fizeram da sua profissão uma luta para o aperfeiçoamento da educação no Brasil. Entre tantos outros está Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, que marcou presença no cenário da educação do Brasil entre 1856 e 1880. Ele também era médico e cirurgião e talvez por isso - por ter transformado a educação em opção de vida - tenha sido um pensador educacional.
Em 1841, depois de haver interrompido os estudos por causa da saúde, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde diplomou-se em 1847 - tendo realizado o curso de forma brilhante. Voltando para a Bahia, dedicou-se ao magistério por quatro anos.
Em 1845, fundou, junto a outros, o Instituto Literário da Bahia, uma espécie de prelúdio de Academia de Letras (ABL), onde são realizados saraus, discutidas ideias e reunia os mais expressivos nomes da literatura baiana da época.
Era casado, desde 1848, com Francisca Antônia Wanderley, oriunda de importante família pernambucana, com quem teve vários filhos.
O Formador de Gênios
Em Salvador, ainda sem o baronato, Abílio César Borges fundou em 1858 o Ginásio Bahiano. Ali, mais que um professor e diretor, aplicava as novidades pedagógicas que incorporava em seus estudos.
Esta instituição, assim como o também famoso e contemporâneo Colégio Sebrão, foi responsável pelos fundamentos educacionais de futuras genialidades da Bahia, como Ruy Barbosa, Aristides Spínola, Castro Alves, Plínio de Lima, Cezar Zama, dentre tantos outros.
Conservou-se à frente da instituição por quase 14 anos. Viajou a Europa com o propósito de melhorar os seus conhecimentos sobre os problemas pedagógicos, de forma a torná-los aplicáveis aos seus trabalhos.
De volta da Europa, em 1871 mudou-se para o Rio de Janeiro, fundando ali o Colégio Abílio. Onze anos depois, graças à fama alcançada por sua instituição, foi nomeado como representante do Brasil no Congresso Pedagógico Internacional de Buenos Aires.
Em Barbacena, Minas Gerais, em 1881 instalou uma filial do colégio do Rio de Janeiro, por onde passaram ilustres personalidades da vida pública mineira. O prédio, que ainda hoje preserva características da construção original, serviu de sede para o antigo Colégio Militar de Minas Gerais e hoje é a sede do comando da Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar.
Suas ideias, na época, eram inovadoras na educação brasileira: abolia completamente qualquer espécie de castigo físico, realizava torneios literários, culto ao civismo, etc. Imaginou um método de aprendizagem de leitura que denominou de Leitura Universal, para facilitar o estudo das primeiras letras, abriu vários cursos públicos gratuitos de leitura, convencido de que assim prestava o melhor serviço ao país.
A fim de poder ministrar as lições aos seus alunos, sem ofender entretanto os rígidos costumes da época, chegou até a mandar publicar, na Bélgica, um volume especial, adaptado para menores, de "Os Lusíadas".
Civista Extremado e Grande do Império
Ainda na Bahia, por ocasião da Guerra do Paraguai, manifestava-se exaltadamente pela imprensa, conclamando ao povo à luta em defesa da soberania brasileira. Mas, não restringiu-se a isto: chegou mesmo a patrocinar, de suas próprias rendas, o batalhão dos "Zuavos Baianos".
Pioneiro do Abolicionismo, fundou a Sociedade Libertadora 7 de Setembro, que publicava o jornal "Abolicionista".
A 30/07/1881, foi agraciado com o título de Barão de Macaúbas, depois elevado com a honra de Grande do Império, em 03/06/1882. Além dessa honraria, foi comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da de São Gregório, o Magno.
Dom Pedro II demonstrava, através do reconhecimento dos méritos do Barão de Macaúbas, sua preocupação com a educação no país, Imperador que valorizava o magistério e que declarava que, se não fosse imperador, queria ser "Mestre-Escola".
O Barão de Macaúbas foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país. Como educador, manteve-se sempre afeito às novidades quanto aos métodos de ensino, sem nunca perder o aprendizado próprio. Não tivesse deixado vestígios, bastaria o fato de ter sido o alicerce de Castro Alves e Ruy Barbosa, dentre muitos outros.
Barão de Macaúbas pertenceu à Academia Filomática, foi diretor geral do ensino na Bahia (1856), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades lítero-científicas no Brasil e na Europa.
Morte
Nossa nação teve a infelicidade de nascer sob a fatalidade de uma desigualdade social tão profunda, que nos dividiu, primeiro, entre brancos conquistadores e índios, depois, entre brancos senhores e pretos escravos, o que sucede na classe dominante só tem real importância para o país, se o regime de divisão social se mantém e as duas nações continuam a coexistir no estranho paralelismo de sua simbiose a educação também acompanha essa divisão.
Abílio César Borges morreu em 16/02/1891 e hoje seu nome significa muito mais do que nome de ruas e escolas pelo Brasil afora. Seu exemplo se ergueu como um padrão do nosso orgulho, inspirando-nos a certeza e a segurança de podermos ter, como têm os países civilizados, escolas primárias que sejam escolas primárias, ginásios que sejam ginásios, escolas superiores que sejam escolas superiores e universidades que sejam universidades para todos os brasileiros, do mesmo modo por que esse grande educador do Império pôde fazê-los para os poucos selecionados daqueles remotos tempos.
Algumas Obras Publicadas
1847 - Proposições Sobre Ciências Médicas (Tese de Doutoramento)
Vinte Anos de Propaganda Contra o Emprego da Palmatória e Outros Castigos Aviltantes no Ensino da Mocidade
Desenho Linear ou Geometria Prática Popular
1858 - Memória Sobre a Mineração da Província da Bahia
Discursos Sobre a Educação
Gramática Portuguesa
Gramática Francesa
Epítome de Geografia
Livros e Leitura
Vinte e Dois Anos em Prol da Elevação dos Estudos no Brasil
Os Lusíadas de Camões
A Lei Nova do Ensino Infantil
Conferência Sobre o Aparelho Escolar Múltiplo e o Fracionamento
Segundo Livro de Leitura Para Uso da Infância Brasileira
Francisco José Sarno Matarazzo foi um jogador e técnico de futebol brasileiro. Sarno, como ficou conhecido quando era jogador de futebol, nasceu na quarta-feira, 05/11/1924, na cidade fluminense de Niterói e começou sua carreira jogando no Botafogo carioca na década de 40.
Zagueiro de ofício, Sarno defendeu, além do Botafogo, o Palmeiras, o Vasco, o Santos e o Jabaquara Atlético Clube, último time que atuou como zagueiro e primeiro clube que trabalhou como técnico.
Em sua nova posição, no banco de reservas e atuando como técnico, foi conhecido como Francisco Sarno e trabalhou, além do Jabaquara, no Corinthians, Ponte Preta, Noroeste, Guarani, Coritiba, Atlético Paranaense, entre outros, e também dirigiu times na Colômbia.
Seu último trabalho em uma equipe de expressão foi no Campeonato Brasileiro de 1973 no comando do Clube Atlético Paranaense.
Polêmica
Francisco Sarno, por um breve período, foi comentarista esportivo na Radio Tupi de São Paulo em meados da década de 60, porém, não foi em palavras ditas aos ouvintes da rádio que o ex-zagueiro causou uma grande polêmica em 1965 e sim ao escrever e lançar, neste ano, o livro "Futebol, a Dança do Diabo" aonde relata os bastidores e o submundo da bola.
Francisco Sarno conquistou campeonatos como zagueiro e técnico em clubes brasileiros e os principais são:
1951 - Campeão da Copa Rio pelo Palmeiras (Jogador)
1955 - Campeão Paulista pelo Santos (Jogador)
1968/1969 - Bi-campeão Paranaense pelo Coritiba (Técnico)
Falecimento
Francisco Sarno sofria, nos últimos anos, do Mal de Alzheimer e em decorrência deste mal faleceu no domingo, dia 17/01/2010, em São Paulo, SP, aos 85 anos.
Manoel Fiel Filho foi um operário metalúrgico brasileiro morto durante a Regime Militar no Brasil.
As circunstâncias da sua morte são idênticas as do estudante Alexandre Vannucchi Leme, do 1º Tenente da PM, José Ferreira de Almeida e do jornalista Vladimir Herzog. Como ocorreu nesses casos, a morte de Manoel foi registrada, na época, como suicídio, mas abalou significativamente a estrutura do regime militar, provocando o afastamento do general Ednardo D'Ávila Mello, ocorrido três dias após a divulgação de sua morte.
A morte de Manoel Fiel Filho é investigada pela Comissão Nacional da Verdade.
Manoel Fiel Filho saiu do Sítio Gavião, em Quebrangulo, Alagoas, aos 18 anos de idade. Morou na cidade de São Paulo, SP, desde os anos 50. Foi padeiro e cobrador de ônibus antes de se tornar operário metalúrgico na Metal Arte Industrial Reunidas, no bairro da Mooca. Lá trabalhou no setor de prensas hidráulicas por 19 anos.
Ele era casado com Thereza de Lourdes Martins Fiel, tinha duas filhas, e morava num sobrado na Vila Guarani.
Na manhã do dia 16/01/1976, uma sexta-feira, Manoel foi procurado na Metal Arte Industrial Reunidas por dois homens que se identificaram como agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o convidaram a prestar esclarecimentos. De lá os três seguiram para a casa do operário onde os oficiais realizaram uma operação de busca e apreensão. Após ter a casa revistada Manoel Fiel Filho foi autorizado a ficar a sós com sua família por alguns instantes e em seguida entrou no carro dos agentes. O operário foi encaminhado para o Destacamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército e essa foi a última vez que a esposa e as filhas o viram vivo.
Morte
Segundo relatório enviado à Agência Central do Serviço Nacional de Informações, durante investigação sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi preso, no dia 15/01/1976, Sebastião de Almeida, que apontou Manoel Fiel Filho como seu contato.
Às 8h30 do dia 17/01/1976, um dia após ser levado para o DOI-COID, Manoel foi interrogado por duas horas e depois encaminhado de volta a cela.
Às 11h00 ele foi novamente chamado para uma acareação, que durou 15 minutos e avaliou sua ligação com Sebastião de Almeida. Dessa vez os agentes concluíram que Manoel Fiel Filho recebia de Sebastião de Almeida, mensalmente, 8 exemplares do jornal a Voz do Operário, o que, diante do regime militar, era motivo suficiente para comprovar sua conexão com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e justificar a prisão.
Ainda segundo o relatório Manoel Fiel Filho foi levado de volta a cela após a acareação e visto vivo e calmo, pelo carcereiro de serviço, por volta do 12h15. Já as 13h00 o carcereiro tomou ciência que "Manoel Fiel Filho suicidara-se no xadrez, utilizando-se de suas meias, que atou ao pescoço, estrangulando-se."
Às 22h00 a família foi comunicada do suicídio de Manoel Fiel Filho, mas a entrega de corpo só foi realizada com a condição de que os parentes o sepultassem o mais rápido possível e que não se falasse nada sobre sua morte.
No domingo, dia 18/01/1976, às 08h00, Manoel Fiel Filho foi sepultado por seus familiares no Cemitério da IV Parada, em São Paulo.
Pós-morte
Na nota em que comunicava o suicídio de Manoel Fiel Filho o II Exército manda instaurar um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Em 30 dias o IPM foi concluído e em parecer datado de 28/04/1976, o procurador militar Darcy de Araújo Rebello pede o arquivamento do processo alegando que:
"As provas apuradas são suficientes e robustas para nos convencer da hipótese do suicídio de Manoel Fiel Filho, que estava sendo submetido a investigações por crime contra a segurança nacional. (...) Aliás, conclusão que também chegou o ilustre Encarregado do Inquérito Policial Militar"
O comandante do II Exército, Ednardo D'Ávila Mello, no entanto, foi exonerado do cargo meses depois do ocorrido, pelo presidente da época Ernesto Geisel. Segundo Paulo Egydio Martins, Ministro do Desenvolvimento de Castelo Branco, em reunião com dirigentes militares após a morte de Vladimir Herzog, Ernesto Geisel teria dito que não toleraria mais esse tipo de crime nas dependências do Exército, o que justificaria a exoneração do militar após a morte de Manoel Fiel Filho.
Em ação judicial movida pela família e patrocinada pelos advogados Marco Antônio Rodrigues Barbosa, Samuel Mac Dowell Figueiredo e Sérgio Bermudes, foi julgado procedente, em 1995, a condenação da União e o reconhecimento de sua responsabilidade pela prisão ilegal, tortura e morte de Manoel Fiel Filho.
Entre os argumentos foram citados: a exoneração do comandante do exercito, o relato dos operários presentes no dia da prisão de Manoel e o depoimento dos presos políticos que presenciaram a tortura de Manoel, dado, em 1978, a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, então integrada por José Carlos Dias, José Gregori, Margaria Genevois, Hélio Bicudo entre outros defensores dos Direitos Humanos.
Vida Em Obra
Documentário
Estreou em 2009, sob a direção de Jorge Oliveira, o documentário "Perdão, Mister Fiel". O filme conta a perseguição política ao metalúrgico pela ditadura militar brasileira, que resultou em seu assassinato nos porões do DOI-CODI, fato que desencadeou o processo de abertura política e redemocratização do país.
Personalidades como Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Jarbas Passarinho e Marival Chaves, ex-agente do DOI-CODI, dão seus depoimentos sobre o episódio.
Livro
Em 1980, foi lançado o livro "Manoel Fiel Filho: Quem Vai Pagar Por Este Crime?", de Carlos Alberto Luppi, pela Editora Escrita.