Andréa de Mayo

ERNANI DOS SANTOS MOREIRA FILHO
(50 anos)
Empresária e Transexual

☼ São Paulo, SP (04/05/1950)
┼ São Paulo, SP (17/05/2000)

Ernani dos Santos Moreira Filho, conhecida como Andréa de Mayo, foi uma empresária do Bas-Fond paulistano e militante travesti pelos Direitos LGBT, nascida em São Paulo, SP, no dia 04/05/1950.

Andréa de Mayo foi engraxate, gari e menino de rua. Dormiu debaixo de um banco na Praça da República. Adolescente, tentou ser cantora pois tinha a voz boa, mas ser homossexual lhe emperrou a  carreira. Tentou ainda ser bailarina, mas nada. Então quis mudar. Aos 20 e poucos anos, Ernani dos Santos Moreira Filho decidiu transformar seu corpo. Nascia assim Andréa de Mayo.

Naquela época, anos 70, quanto mais litros de silicone tivesse um travesti, mais poderoso ele era e mais respeito conquistava em seu meio. E Andréa se encheu de silicone. Fez a famosa viagem a Paris e, na volta, abriu com Valdemir Tenório de Albuquerque, o Val, a boate Val Improviso, lendária casa de shows de travestis na Rua Marquês de Itu.

A Val Improviso e o Val Show, na Frederico Steidel, ajudaram a escrever a história do underground paulistano, com seus shows e sua frenética atividade, que às vezes chegava até o meio-dia. Cazuza foi um dos frequentadores e, não raro, a noite terminava com o cantor ao violão, a Val-Improviso entrou até em letra de música, ou com um prosaico churrasco.

Andréa de Mayo se tornou uma espécie de mãe de todas. Poderosa, protegia e defendia as travestis das intempéries da vida noturna. Quando abriu sua própria boate, a Prohibidu's, na Amaral Gurgel, passou a abrigar esse segmento que, muitas vezes, era discriminado até mesmo dentro da comunidade gay pois muitos clubes noturnos não deixavam entrar travestis.


Na Prohibidu’s, Andréa de Mayo misturou e aceitou todo mundo, em meio a garçons nus que fizeram o sucesso da casa e chamaram a atenção da cidade. Sem falar nos shows sempre no meio da madrugada, 4h00 - 4h30, e o povo da noite que saía de seus trabalhos ou de outros clubes para terminar na boate, já com o dia claro e o centro da cidade pulsante, avançando até 9h00 da manhã.

Tudo funcionava sob o olhar sempre vigilante e severo de Andréa de Mayo. Carismática, sentada em sua cadeira na porta, ao lado do fiel companheiro, o pequinês Al Capone, ela sabia orquestrar o local como ninguém, com seus perigos e atrativos - o fascinante apelo da mondanité. Andréa de Mayo cuidava e dava amparo. Servia de sentinela, de guardiã daquele mundo perigoso e cheio de regras veladas.

Algumas coisas pouca gente sabia da vida de Andréa de Mayo. Às vezes ela era vista sentada no banco da Praça da República, onde costumava dormir quando criança. Ficava ali sozinha, com o amigo Al Capone, pensando. Negociante de carros ajudava também instituições de caridade e favelas. Muitas doações foram feitas para a casa de travestis de Brenda Lee.

Em 1988, sua vida foi um dos temas do filme-documentário do suíço Pierre-Alain Meier, "Dores de Amor", que baseia-se em entrevistas com cinco mulheres transgêneras brasileiras: Andréa de MayoBrenda Lee, Telma Lipp, Condessa da Nostromundo e Cláudia Wonder, que falam de suas vidas, suas dores e seus amores. É uma produção em 16mm com 58 minutos de duração.

Andréa de Mayo vivia como empresária de sua casa noturna, a Prohibidu's, uma boate de estilo trash-cult no centro de São Paulo, desativada pouco após sua morte.

Andréa de Mayo e o inseparável amigo Al Capone
Militância

Militante incansável, Andréa de Mayo era freqüentemente chamada para participar de programas para debater em defesa dos direitos das Travestis e Transexuais. Um de seus embates mais emblemáticos foi no "Programa Livre" de Serginho Groisman, na época ainda do SBT, com o político paulistano Afanásio Jazadji, que assumidamente não simpatizava com as causas LGBTs e chegou a declarar que os homossexuais deviam ser afastados do convívio social, notícia que foi veiculada na Folha de S. Paulo, no dia 19/07/1985.

Na década de 90, Andréa de Mayo procurou alguns políticos garantindo seu voto e daqueles que a seguiam em troca da criação de um estatuto que garantisse os direitos cívicos a todos os integrantes da comunidade GLBT paulistana. Muito conhecida na cena artística paulistana, ela foi inclusive amiga intima de algumas personalidades.

Morte

Andréa de Mayo faleceu em São Paulo, SP, no dia 17/05/200, aos 50 anos. Faleceu em uma clínica de cirurgia plástica um dia após se submeter à retirada de silicone industrial das nádegas e de suas coxas. Morte provavelmente em virtude de embolia.

Antes da cirurgia, contudo, ela havia assinado um termo se responsabilizando pelos riscos da retirada do silicone, que eram bem altos em um procedimento dessa natureza.

Pedro de Lara foi o único famoso a comparecer ao enterro de Andréa de Mayo, que aconteceu no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Além de Pedro de Lara, cerca de 30 pessoas foram dar o último adeus à artista. Pedro de Lara estava muito emocionado e fez diversas declamações de amizade a Andréa de Mayo.

A missa de sétimo dia foi na boate que pertencia a ela, a Prohibidu's.

Na época de seu falecimento, o pai de Andréa de Mayo se negou a sepultá-la e, por isto, seu amigo Pai Walter de Logun Edé, de pronto, concessionário do referido túmulo, garantiu seu sepultamento no primeiro e histórico cemitério municipal da cidade de São Paulo, o Cemitério Consolação.

Homenagens

Em março de 2005, o estilista Walério Araújo ambientou seu desfile na capela do Hospital Humberto Primo, rendendo homenagem póstuma à antológica Andréa de Mayo.

No dia 17/11/2016, o Serviço Funerário do Município de São Paulo organizou uma cerimônia de homenagem a Andréa de Mayo. Foi fixado uma placa com o nome social no túmulo localizado, na Rua 25 LE Terreno 22, no Cemitério da Consolação. Renato Cymbalista, entusiasta da homenagem, doou a placa no túmulo.

Fonte: Wikipédia
#famososquepartiram #andreademayo

3 comentários:

  1. Quem ler irá achar que era isso tudo. Uma cafetina perigosa que assombrou muitas e agora falam dela com toda essa doçura. Por favor não glamourizem esse monstro!

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    1. Deve ter ficado devendo pra ela! Andréa de Mayo sempre foi gente boa, tive a sorte de ser "vizinho" porque morava no mesmo condomínio que ela, conhecido como "predião" na Albuquerque Lins. Ela tinha um Monza Chevrolet bege.

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  2. Eu a conheci. Tranqueira das grandes, já foi tarde

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