Stanislaw Ponte Preta

SÉRGIO MARCUS RANGEL PORTO
(45 anos)
Cronista, Escritor, Radialista e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (11/01/1923)
+ Rio de Janeiro, RJ (30/09/1968)

Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.

Sérgio começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete, e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca.

Nesse mesmo período Tomás Santa Rosa também atuava em vários jornais e boletins como ilustrador. Foi aí que surgiu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas. Uma criação de Sérgio juntamente com Santa Rosa - o primeiro ilustrador do personagem -, inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade.

Sérgio Porto também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais para boates, além de compor a música "Samba do Crioulo Doido" para o Teatro Rebolado.

Foi também o criador e produtor do concurso de beleza As Certinhas do Lalau, onde figuravam vedetes de primeira grandeza, como Anilza Leone, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo, Irma Alvarez e muitas outras.

Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a Ditadura Militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA), uma de suas maiores criações.

FEBEAPA

Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA) tinha como característica simular as notas jornalísticas, parecendo noticiário sério. Era uma forma de criticar a repressão militar já presente nos primeiros Atos Institucionais (que tinham a sugestiva sigla de AI). Um deles noticiou a decisão da Ditadura Militar de mandar prender o autor grego Sófocles, que morreu há séculos, por causa do conteúdo subversivo de uma peça encenada na ocasião.

Satirizando o colunista Jacinto de Thormes (pseudônimo de Maneco Muller), Sérgio, na pele de Stanislaw Ponte Preta, criou uma seção chamada As Certinhas do Lalau, onde cada edição falava de uma musa da temporada, e muitas vedetes e atrizes foram eleitas Certinhas pela pena admirável do jornalista.

Alcançou a fama por seu senso de humor refinado e a crítica mordaz aos costumes nos livros Tia Zulmira e Eu e FEBEAPA. Sua jornada diária nunca era inferior a 15 horas de trabalho. Escrevia para o rádio, para a TV, onde chegou a apresentar programas, e também para revistas e jornais, além de idealizar seus livros. O excesso de obrigações seria demais para o cardíaco Sérgio Porto, que morreu vítima de um infarto aos 45 anos de idade.

Sérgio não viveu para presenciar o AI-5, mas em sua memória um grupo de jornalistas e intelectuais fundou o semanário O Pasquim, em 1969.

Frases

  • "Uma feijoada só é completa quando tem ambulância de plantão"
  • "Todos os dias são do caçador. Só o último dia do caçador é o da caça"
  • "A diferença entre ele mastigando e um boi ruminando está no ar distinto e no olhar inteligente do boi"
  • "A mulher ideal e sempre a dos outros"
  • "Algumas mulheres usam a altivez para esconder a burrice"
  • "As vezes eu tenho a impressão de que meu anjo da guarda esta gozando licença-prêmio"
  • "Dono de cartório de protesto e uma espécie de cafetão da desgraça alheia"
  • "Lavar a honra com sangue suja a roupa toda"
  • "Pelo jeito que a coisa vai, em breve o terceiro sexo estará em segundo"
  • "Cristão é o cara que crê em Cristo, carola é o que teme"
  • "Consciência é como a vesícula: a gente só se preocupa com ela quando dói"
  • "A melhor coisa que existe na televisão é o botão de desligar"
  • "O sol nasce para todos. A sombra para quem é mais esperto"
  • "Quem diz que futebol não tem lógica ou não entende de futebol ou não sabe o que é lógica"
  • "Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato"
  • "Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro"
  • "Política tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da liberdade"
  • "Televisão é uma máquina de fazer doidos"
  • "A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento"
  • "Mentia com tanta ênfase que até mesmo o contrário do que dizia estava longe de ser a verdade"


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