DJANIRA DA MOTTA E SILVA
(64 anos)
Pintora, Desenhista, Ilustradora, Cartazista, Cenógrafa e Gravadora
☼ Avaré, SP (20/06/1914)
┼ Rio de Janeiro, RJ (31/05/1979)
Djanira da Motta e Silva foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira. Nasceu em Avaré, SP, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde foi retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja.
Na década de 30 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morreu na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.
Aos 23 anos, foi internada com tuberculose no Sanatório Dória, em São José dos Campos, SP, onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continuou o tratamento no Rio de Janeiro, e residiu em Santa Teresa, por causa do seu ar puro.
Em 1930, alugou uma pequena casa no bairro e instalou uma pensão familiar. Um de seus hóspedes, o pintor Emeric Marcier, a incentivou e lhe dar aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período travava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que viviam em Santa Teresa e frequentavam o meio artístico.
![]() |
Djanira com um primo, aos dois anos |
Em 1943, realizou sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Em 1945, viajou para New York, onde conheceu a obra de Pieter Bruegel e entrou em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realizou o mural "Candomblé" para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, BA, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis.
Entre 1953 e 1954, viajou a estudou na a União Soviética.
A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre buscou aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 50, após convivência de seis meses, pintou os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador, BA, ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29/01/1920 e com ele se casou no Rio de Janeiro em 15/05/1952, mudando o nome para Djanira da Motta e Silva.
De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se uma das líderes do Movimento Pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura.
Realizou em 1963, o painel de azulejos "Santa Bárbara", para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro.
No ano de 1966, a editora Cultrix publicou um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria.
Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realizou uma grande retrospectiva de sua obra.
Na década de 70, desceu às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viajou para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.
Djanira trabalhou ainda com xilogravura, gravura em metal, e fez desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara no Rio de Janeiro.
Inicialmente nomeada como "primitiva", gradualmente sua obra alcançou maior reconhecimento da crítica. Como apontou o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), "Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final".
"O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979, quinta-feira, às 11:25 hs., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era o Drº Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos."
Djanira se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.
Em sua memória, foi criado em 31/05/2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à "maior artista avareense de todos os tempos", cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal Professor Francisco Rodrigues dos Santos.
No mesmo local foi criado em 02/04/2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.
Obras Mais Conhecidas
- 1958 - Painel de Santa Bárbara (Acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA - RJ)
- 1962 - Festa do Divino em Parati (Acervo do Palácio dos Bandeirantes)
- 1944 - O Circo (Acervo da Funarte)
- Senhora Sant'Ana de Pé (Acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
- 1975 - Inconfidência (Acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
- 1959 - Serradores (Coleção Roberto Marinho)
- 1962 - Anjo Com Acordeão (Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu Arte Moderna, RJ)
- 1956 - Pescadores (Coleção embaixador Taylor)
![]() |
Embarque de Bananas |
Obras Em Avaré
Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Anita Ferreira de Maria
- 1957 - Embarque de Bananas (Óleo sobre tela)
- Década de 40 - Sem Título (Óleo sobre tela)
- 1967 - Viagem (Poema ilustrado)
- 1967 - Canção (Poema ilustrado)
- 1967 - Acalanto (Partitura musical para órgão)
- 1967 - O Corvo (Poema ilustrado)
- 1967 - Prelúdio Para o Motta (Partitura musical para órgão)
- 1966 - Fabrico do Açúcar (Serigrafia)
- Cafezal
Citações
Djanira da Motta e Silva nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
"Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil."
Djanira da Motta e Silva homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:
Cantiga Para Djanira
O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia - e descansar.
Fonte: Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário