Israel Pinheiro

ISRAEL PINHEIRO DA SILVA
(77 anos)
Político

* Caeté, MG (04/01/1896)
+ Caeté, MG (06/07/1973)

Foi um político brasileiro, autoridade responsável pela construção da cidade de Brasília e seu primeiro administrador.

Foi um dos pioneiros da siderurgia no Brasil e diretor da Cia. Cerâmica João Pinheiro. Apoiou a Revolução de 1930 e o Estado Novo de 1937.

Começou na política quando ainda era jovem. Elegeu-se Vereador de Caeté e agente executivo - o prefeito da época - quando tinha somente 26 anos. Logo depois, o governador Benedito Valadares o convidou para ser secretário de Agricultura, Obras Públicas, Indústria e Viação e depois superintendente da Vale do Rio Doce, tornando-se o primeiro presidente da companhia após a sua instituição como empresa.

Escolarização

Israel Pinheiro começou com suas primeiras letras com a preceptora francesa Marie Haulzhuns Melle, que lhe ensinou também francês. Ele teve também outra preceptora, a alemã Marie Lippelt. Apesar de seu pai, João Pinheiro da Silva, ter formação positivista, despediu a preceptora por motivos religiosos.

Com a morte de João Pinheiro da Silva, Helena Pinheiro (sua mãe) foi deixada momentaneamente em sérias dificuldades financeiras, pois a cerâmica que era pertencente à família estava em dívidas. A educação dos filhos foi feita com sacrifício, principalmente na área que incluia a escolarização. Israel que estava com 12 anos e estava pronto para cursar o secundário (segunda série), foi chamado para estudar gratuitamente no Colégio Santa Rosa, mas para seus estudos acabou aceitando a ajuda de Luiz de Vasconcelos, que custeou todos os seus estudos, e também, o ensino superior. Assim, matriculou-se como aluno interno no Colégio Preparatório Santo Estanislau, atual Colégio Anchieta. Ele matriculou-se no colégio no dia 13 de março de 1901.

Em 1912 passa no exame para a Escola de Minas de Ouro Preto, na qual realiza seus estudos superiores. Em 1920 forma-se em Engenharia de Minas, Metalurgia e Civil e viaja à Europa como prêmio de melhor aluno do curso.

Casamento

Casou-se em 2 de fevereiro de 1924 na cidade de Belo Horizonte, com Coracy Uchôa. Coracy era companheira dele nas viagens e encontros políticos, pouco palpitando em seus assuntos particulares e políticos.

Filhos

Junto com Coracy Uchôa teve nove filhos:

- Coracy Uchôa Pinheiro
- Israel Pinheiro Filho
- Helena Uchôa Pinheiro
- Maria Amélia Pinheiro
- João Virgílio Pinheiro
- Maria Eliza Pinheiro
- Maria Inês Uchôa
- Maria Regina Uchôa
- Otávio Uchôa Pinheiro

Formação Política

Em 1945, tornou-se Deputado por Minas Gerais, elaborando a Constituição de 1946, mantendo-se na câmara, reelegendo-se em 1950 e 1954.

Apoiou Juscelino Kubitschek ao governo de Minas Gerais em 1950, e para presidente em 1955.

Tornou-se o presidente da Novacap, a empresa pública que construiu Brasília, tendo sido, após a inauguração oficial em 1960, seu primeiro administrador, durante os últimos meses do Governo Juscelino Kubitschek.

Em 1965, após o Golpe de 1964, candidatou-se ao governo de Minas Gerais, logrando êxito. A sua vitória, junto com a de Negrão de Lima na Guanabara, fez com que o governo militar editasse o AI-2, acabando com o Multipartidarismo.

Apesar de ser oposição ao governo, que durante o seu mandato editou o AI-5, manteve razoáveis relações com o mesmo, completando o mandato. Acabou seu mandato em 1971, falecendo dois anos depois, sendo enterrado na sua terra natal.

Atuação Parlamentar

A trajetória de Israel Pinheiro na Câmara dos Deputados vai da Constituinte de 1946 até a renúncia do mandato, convocado pelo então presidente Juscelino Kubitschek, assumindo a direção da Novacap.

Não sendo um parlamentar de plenário, nem sendo um político voltado para as questões específicas de sua região eleitoral, sua intervenção nos debates se deu através do trabalho nas comissões técnicas, onde tratava das questões do desenvolvimento econômico do país, ao qual procurou dar base estrutural. Basta citarmos um de seus projetos, o da criação do Ministério da Economia, apresentado, com exposição de motivos ao presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, em 1947.

Ingressando na política em 1922, quando foi eleito Vereador em Caeté, presidente da Câmara Municipal, e conseqüentemente agente executivo, não podia deixar de ser um homem envolvido com sua época, participando ativamente do debate que se tratava, principalmente depois da Revolução de 1930, entre as correntes agralista e industrialista, que predominavam os debates parlamentares, sem falta.

Herdeiro e seguidor de um dos pensamentos mais férteis da política mineira, o de seu pai João Pinheiro da Silva, não se filiou a nenhuma das correntes, adotando um próprio discurso liberal, com tentativa de encontrar uma solução viável para o desenvolvimento econônico, que aliasse as duas posições.

A atuação de Israel na Câmara dos Deputados, entre 1946 e 1956, foi marcada por suas intervenções nos debates sobre problemas econômicos, mas muito mais que nos debates eminentemente políticos que se tratavam em plenário.

Mais voltado para os trabalhos nas comissões, sua presença estava sempre ligada às discussões em temas sobre os problemas econônicos e falhas no sistema de economia do país que marcavam o período, como, por exemplo, a criação da Petrobrás, a mudança na capital federal e a aprovação dos planos de desenvolvimento no país.

Iniciando sua carreira parlamentar na Constituinte de 1946, teve papel de destaque quando na discussão do capítulo da Ordem Econômica, ao qual apresentou emendas que iriam delinear seu pensamento, que em relação ao modelo de desenvolvimento, pretendia ver implantando, além de marcar sua posição como presidente da influente Comissão de Finanças.

Quando se iniciou a discussão sobre o anteprojeto constitucional, já se sabia que iria ser aprovado uma Constituição que fosse a imagem do PSD, partido pelo qual fora eleito Eurico Gaspar Dutra. A tentativa de se elaborar uma constituição mais avançada ficaria por conta dos parlamentares do PCB, da Esquerda Democrática, de uma ala do PTB e de alguns deputados e senadores da UDN.

Tragédia da Gameleira

Israel Pinheiro era o governador de Minas Gerais à época do desabamento do Pavilhão de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, tido como o maior acidente da história da construção civil brasileira, em fevereiro de 1971. Centenas de operários trabalhavam em ritmo acelerado para concluir a obra, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Israel tinha pressa, segundo testemunho de sobreviventes e jornalistas, pois pretendia entregar a obra antes do término de seu mandato, em 15 de março daquele ano. Ignorando a opinião de operários, que alertaram os engenheiros sobre fissuras e estalos nos alicerces, foi dada a ordem para a retirada das vigas de sustentação. A estrutura desabou. Foram contados 69 homens mortos e mais de 50 mutilados. Há ainda a suspeita de que muitos outros ficaram soterrados e seus corpos nunca foram encontrados.

O governo e a empresa responsável pela obra, Serviços Gerais de Engenharia S.A. (Sergen), se eximiram da responsabilidade pela tragédia, que causou grande comoção popular. Israel Pinheiro esteve no local da obra no dia anterior. Apesar de ter criado um órgão especialmente para acompanhar a construção, o Estado não cumpriu o seu papel de fiscalização. O pedido de indenização para vítimas e familiares só foi ajuizado em 1984 e até hoje corre na Justiça.

Morte

No dia 4 de julho de 1973, durante um almoço no Palácio da Liberdade com o ex-embaixador japonês no Brasil Fumio Miura, Israel passou mal. Foi levado para o Hospital das Clínicas de Belo Horizonte, onde foi asssistido por médicos. Depois de fazer exames, permaneceu internado por um dia, em observação médica. Os exames estavam normais, exceto por uma hérnia diafragmática antiga, que parecia estrangulada, projetando uma massa na parte alta do abdômen. A compressão da massa causava vários problemas respiratórios, inclusive Angor Pectoris.

No dia seguinte, à noite, Israel reclamou com seu médico que a dor estava terrível. No dia 6 de julho de 1973, ele morreu de fulminante Angina Pectoris.

Fonte: Wikipédia